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Quando eles esgotaram os ingressos em duas noites em abril, Samuel Rosa prometeu: “vamos voltar a Porto Alegre antes do fim”. Como promessa é dívida, o Skank retornou ao Araújo Vianna, nos dias 25, 26 e 27 novembro, para a alegria de milhares de fãs que novamente lotaram o auditório.

Com um setlist totalmente rendido à nostalgia, a banda manteve a energia lá no alto durante toda a apresentação. Samuel desceu do palco para tirar foto com os fãs, conversou, agradeceu a presença de todos. Leu os cartazes, brincou com as torcidas do Inter e do Grêmio, relembrou o primeiro show da banda em Porto Alegre, no antigo bar Opinião, que ficava Joaquim Nabuco (que até hoje não consegui descolar uma foto, mas todo mundo me explica que era tipo um corredor). Falou da relação da banda com o estado, os memoráveis shows no interior e a estreia da banda no Planeta Atlântida, em 1997, durante a explosão d’O Samba Poconé.

Ao longo da noite de sábado, a banda passou pelos principais sucessos, levantando o público principalmente em hits como “É Uma Partida de Futebol”, “Garota Nacional” e “É Proibido Fumar” – dedicada a Erasmo Carlos, que nos deixou recentemente. Entre as baladas, “Resposta” e “Ali” foram cantadas pelo público do começo ao fim.

Com mais de 15 álbuns de estúdio, ao vivo e coletâneas, mais de 140 canções, 46 singles e 25 trilhas de novela, o Skank encerra as atividades sendo um dos maiores grupos do cenário pop rock do país, que atraiu multidões pelos 4 cantos do país nos últimos 30 anos.  

A banda ainda tem algumas datas até O Último Show, que vai acontecer no dia 26 de março de 2023, no Mineirão.

Estava eu lá, parada, de braços cruzados, perto do PA. Vestia calça jeans, jaqueta de couro fechada até o pescoço, e coturno. Uma guria se aproxima e pergunta:

– “Moça, eu posso fumar aqui dentro?”

– “Não. Tu pode fumar lá, ó”, e aponto para o espaço onde era permitido fumar.

– “Ah, muito obrigada”.

Passa alguns minutos, eu penso: ok, ela queria uma informação. Mas por que ela perguntou pra mim, se ao meu lado havia três seguranças? Será que ela pensou que eu também era segurança?

Corta para bem antes desse momento.

Eu sempre existi a partir do rock. Fuçando nas minhas mais antigas memórias, lembro de que por mais que eu escutasse outros gêneros musicais, foi no rock que encontrei energia e outros subsídios para demarcar minha(s) identidade(s). Mas por mais que meu eu seja tecido no rock – e talvez exatamente por causa disso –, me sinto aberta e muito curiosa para apreender outras estéticas e outros sons.

Luísa Sonza apresentou o Baile da Braba no Pepsi on Stage (Foto: Tatyane Larrubia / Amora Imagem)

E foi essa curiosidade que me levou ao Pepsi on Stage, no dia 16 de julho, onde aconteceria o show da Luísa Sonza. Ingressos esgotados, todo mundo comentando, expectativa grande para ver a braba. E eu também queria ver quem é essa guria que saiu ali de Tuparendi e hoje está no topo do Spotify Brasil e de outras plataformas. Confesso que eu sou bem ruim com charts. A maioria eu nunca vi nem consumi e só ouço falar porque trabalho num laboratório de pesquisa em cultura pop. Mas me interessei pela Luísa – embora eu nunca tivesse ouvido uma música por vontade própria ou sequer assistido a um clipe [sim, eu vivo numa bolha] – porque me falaram que ela tinha a melhor performance pop do país. E se tem uma coisa que eu gosto, essa coisa é performance ao vivo.

Eu não me importo de ir ao show de uma artista que eu não conheço: eu me importo é com o impacto que ela causa em mim enquanto está no palco. Já fui a muitos shows de artistas que nunca ouvi (e nem comecei a ouvir depois), mas fui completamente afetada no espaço-tempo do show. Já comentei em algum texto aqui no blog que eu gosto pra dentro: quem me vê de braços cruzados e completamente sisuda nem imagina a emoção que eu estou sentindo. Mas o show da Luísa Sonza, em especial, não era o ambiente onde alguém deveria estar sisuda, atenta, olhando de um lado para o outro (eu amo observar as pessoas) e absolutamente parada.

Ao comentar essa situação com meu amigo e pesquisador de música pop Thiago Soares, ele disse que a guria me confundir com segurança é claramente a interpretação de um corpo de mulher estático em meio à profusão de rebolados. Por mais que eu seja uma mulher branca e cis, meu corpo, daquela forma, naquele espaço, era lido com muita estranheza.

Isso vai ao encontro das discussões sobre os valores estéticos ligados aos gêneros musicais, e de como os gêneros musicais (acho que também já comentei isso em algum outro texto aqui no blog) tipificam performances. E a performance, em um show, é de todos – não somente do/a artista ou da banda. Minha performance, naquele momento, não era familiar àquele gênero musical. Mesmo com toda a estranheza que minha performance poderia causar, eu me sentia muito confortável naquele ambiente em que Luísa comandava com facilidade uma plateia perdidamente apaixonada. Comandava com coreografias, com frases de empoderamento, numa constante troca com os fãs, que a ovacionavam em absolutamente qualquer brecha. Ponto alto, pra mim, foi curiosamente o momento mais silencioso, em que, sentada, somente acompanhada por um violão, cantou “O Conto dos Dois Mundos (Hipocrisia)”, dedicada ao seu pai, que estava na plateia.

Transitando entre Britney Spears e Billie Eilish, entre a erotização, a introspecção e a raiva, Luísa cumpre o papel de diva pop à qual foi destinada. Estrutura impecável, um palco vivo, ativo, dançarinas e instrumentistas da melhor qualidade (com destaque à maravilhosa baterista Rayani Martins).

Como estou longe demais das capitais e do universo do pop, deixo para meus amigos especialistas uma análise mais profícua sobre Luísa e esse emaranhado de cenários em que ela habita.

Por aqui, entendo o show da Luísa Sonza como uma interrupção no meu cotidiano, tal qual Gumbrecht alertou: há algo que permaneceu para além do momento exato da experiência vivida. Volto para o rock com um olhar alterado pelo pop, com diferentes vislumbres sobre estética, disputas, gênero e política.

Nos vemos no próximo show.

O Skank passou com sua Turnê de Despedida por Porto Alegre nos últimos dias 01 e 02 de abril. Em duas noites, a banda levou ao auditório Araújo Vianna mais de 8 mil pessoas que desejavam se despedir do grupo que tem um dos históricos mais longevos de sucesso comercial no país.

A banda passou por seus principais discos e tocou nada menos que 26 músicas por noite. Fico aqui olhando o setlist e pensando que não deve ser fácil encaixar tudo o que Samuel Rosa (voz e guitarra), Lelo Zanetti (baixo), Haroldo Ferretti (bateria) e Henrique Portugal (teclados) gravaram nas últimas três décadas. Foi literalmente uma coletânea de sucessos, para ninguém colocar defeito. Intercalando muito pop, ska, rock e reggae – e fazendo jus às misturas que foram inseridas na indústria fonográfica por muitas das bandas que surgiram no cenário dos anos 1990 –, faixas como “Dois Rios”, “Amores Imperfeitos”, “Pacato Cidadão”, “Três Lados”, “Vou Deixar”, “Jackie Tequila”, “Te Ver”, “Ainda Gosto Dela”, “Esmola”, “É Uma Partida de Futebol”, “Balada do Amor Inabalável” e “Garota Nacional” estavam entre as preferidas da galera.

Foto: Carol Govari

“Garota Nacional”, inclusive, deu aquele ‘clic’ que todo mundo tem, durante um show, que te transporta imediatamente para outro lugar. No meu caso, curiosamente me levou para o primeiro show que eu vi da banda, em 1997, aos nove anos de idade. Lembro que O Samba Poconé era um dos CDs mais ouvidos na minha casa, e consequentemente se fixou no Top 5 da minha infância. Estávamos em Porto Alegre, pouco antes de ir ao Planeta Atlântida, e minha irmã andava de loja em loja em busca de um “vestidinho preto indefectível”. E ela achou o dito vestidinho preto indefectível. Se não me falha a memória, ela não usou para ir ao Planeta, mas ele aparece em várias fotos das férias escolares daquele verão.

Voltando ao presente, a Turnê de Despedida do Skank não tem nenhum clima de declínio que poderíamos sentir em uma despedida; muito pelo contrário: é visivelmente uma celebração, com toda a energia possível, aos mais de 30 anos de estrada. Foi um show extremamente coerente à energia que a banda sempre transmitiu aos fãs. Inclusive, Samuel Rosa estava tão emocionado de ver o Araújo Vianna lotado daquela forma que garantiu que a banda volta a Porto Alegre antes de encerrar definitivamente suas atividades. Eu que não sou boba de perder essa Turnê de Despedida pt.2.

Uma missão discente na UFPE, proporcionada pelo projeto de cooperação Cartografias do Urbano na Cultura Musical e Audiovisual entre as universidades Unisinos/UFF/UFPE, me jogou lindamente por um semestre no Recife e eu acabei dando muita sorte, já que peguei um semestre onde aconteceria o MADA – Música Alimento da Alma, um dos festivais mais importantes do circuito, em atividade desde 1998.

Pioneiro no estado e uma das referências no país por apresentar bandas e artistas emergentes da cena independente ao lado de expoentes do mercado da música, o Mada teve sua 19ª edição durante os dias 29 e 30 de setembro, no Arena das Dunas, em Natal/RN, e eu pude conferir de perto tudo o que aconteceu.

Uma ótima estrutura – dois palcos lado a lado – garantiu a pontualidade dos shows, já que enquanto uma banda tocava, a outra já estava se preparando para entrar no palco. De fato, poucos minutos separaram cada show da noite, o que manteve o público animado e totalmente aquecido durante todo o tempo.

Na sexta-feira, dia 29, os shows foram de Eliano, artista de Pau dos Ferros/RN, que tem um trabalho ligado ao folk rock e a literatura, com banda formada por Ricardo Baya, Júnior Primata e Ericksson Grilo. Após o show intimista de Eliano, a paulistana Deb And The Mentals fez uma apresentação punk, animada e dançante. Com o elogiado disco Mess, lançado no início do ano, a banda formada por Deborah Babilônia (voz), Guilherme Hypolito (guitarra), Giuliano Di Martino (bateria) e Stanislaw Tchaick (baixo) mostrou por que foi a vencedora da Seletiva Nacional do Mada.

Depois de Deb And The Mentals foi a vez da potiguar Seu Ninguém, banda formada por Luana Alves (voz, teclado e escaleta), Erick Allan (baixo), Luan Régio (guitarra e voz), Salomão Henrique (guitarra e teclado) e Italo Alves (bateria), apresentando um show mais indie/pop rock. A banda ainda não tem disco, mas tem vários singles lançados, como “Dois Quarteirões”, “Dia Frio”, “Sua Canção de Amor”, “Termidor”, “Arrojo”, entre outras.

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Baco Exu do Blues (Foto: Carol Govari Nunes)

Quem subiu ao palco às 21h40min foi Baco Exu do Blues, rapper baiano que trouxe ao Mada seu elogiadíssimo disco Esú. Karma, santos, profano, sagrado, amor, desgraça, minorias, ironias: tudo é pauta para as rimas de Baco Exu do Blues, que foi para o meio da galera, nas duas pistas, duas vezes durante o show.  Público cantando tudo o tempo inteiro, certamente um dos shows mais marcantes dessa edição do Mada.

A linda da Mahmundi foi quem tocou após Baco Exu do Blues. Com um som pop/ synthpop, cheio de batidas eletrônicas e refrãos marcantes, Mahmundi conduziu o show sempre interagindo com o público, inclusive dizendo para que as pessoas puxassem assunto uma com as outras ali mesmo no show, conversassem com quem está ao seu lado. Enquanto escrevo, observo o setlist que trouxe pra casa e me pego lembrando das ótimas “Hit”, “Eterno Verão” e “Calor do Amor” (que fechou o show).

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Plutão Já Foi Planeta (Foto: Carol Govari Nunes)

Outra apresentação massa (o line up desse festival tava bom, hein?) foi da também potiguar Plutão Já Foi Planeta, banda que vergonhosamente eu não conhecia e achei a apresentação impecável. Banda ensaiada, em sintonia, com vontade de tocar. Eles lançaram neste ano o disco A Última Palavra Feche a Porta, produzido por Gustavo Ruiz, com participações de Liniker e Maria Gadú. Formada por Natália Noronha (voz, violão, teclado, baixo), Gustavo Arruda (voz, guitarra, baixo), Sapulha Campos (voz, guitarra, ukulele, escaleta), Vitória De Santi (baixo, teclado) & Renato Lelis (bateria), a banda protestou contra a cura gay e fez um beijaço no palco, durante a música “Alto Mar”. Eram uns 15 casais homoafetivos e heterossexuais, que entraram com máscaras do #ForaTemer e do líder-dos-bolsominions, rasgando as máscaras antes de se beijarem. O público também respondeu super bem – participando do protesto, gritando muito, se beijando muito.

Penúltimo show da noite, a Banda Uó trouxe toda a irreverência do tecno pop com pitadas de brega e funk. Eles vêm de Goiânia, mas claramente têm um pé no Pará, o que resulta em uma mistura de ritmos latinos, paraenses e o legítimo tecnobrega da aparelhagem e do funk. O trio surgiu 2010 e é formado pelos vocalistas Mel Gonçalves (Candy Mel), Davi Sabbag e Mateus Carrilho – todos ótimos no palco, trabalhando o tempo todo com coreografia e muita energia.

Quem encerrou a primeira noite do Mada foi Nando Reis com a turnê Jardim Pomar, que tem show assinado por Roger Velloso. No setlist, músicas do novo disco como, por exemplo, “Só Posso Dizer”, “Azul de Presunto”, “Pra Onde Foi”, “Inimitável”, e também grandes sucessos como “Os Cegos do Castelo”, “Sou Dela”, “All Star” (dedicada à Cássia Eller <3, claro), “Relicário” e “Marvin”. O show terminou às 3h15min, mas o artista voltou para um bis com “O Segundo Sol” e “Do Seu Lado”.

No sábado, dia 30, o Mada começou com a banda Kung Fu Johnny, formada por Cesar Valença (guitarra), Ian Medeiros (bateria e vocais) e Walter Nazário (baixo). O trio de Natal abriu o último dia do festival com uma pegada mais stoner, com guitarras pesadas e apresentou músicas do álbum Day By Day. Logo depois do Kung Fu Johnny, veio a banda Carne Doce, direto de Goiânia, com um show mais psicodélico e letras poéticas. Salma Jô, vocalista, é quem comanda o show ao lado de João Victor Santana (guitarra e sintetizador), Ricardo Machado (bateria) e Anderson Maia (baixo).

Outro trio potiguar que se apresentou no festival foi DuSouto, que apresentou o álbum Conecta, lançado recentemente nas plataformas digitais e inédito ao vivo até o momento em que subiram no palco do Mada. A banda traz influências da música eletrônica e acaba misturando ritmos latinos, nordestinos, com reggae e dub.

Na sequência, um dos nomes femininos mais fortes do rap nacional, Karol Conká. Com um show vibrante e que agitou o público, Karol preencheu todo o (grande, para quem está somente acompanhada de um DJ) palco do Mada, apresentando uma sequência de sucessos e muito bom humor. O público, participativo durante todo o tempo, se esmagava na grade para ficar mais próximo da cantora, e alguns ainda tiveram a sorte de subir ao palco para dançar com Karol. Hits como “Lalá”, “É o Poder”, “Tombei” e “Maracutaia” foram entoados como hinos pelo público.

Uma versão de “Back to Black”, de Amy Winehouse, finalizou o show. Karol saiu do palco, mas não foi embora: ficou à espero de uma participação especial no show que viria a seguir, de Pitty.

Meu relógio marcava 23h50min quando Pitty subiu ao palco, ovacionada pelas 7 mil pessoas presente no Arena das Dunas. A primeira fila era marcada por fãs que estavam ali desde antes da banda Kung Fu Johnny e que não se movimentaram, como a maioria do público da pista Rockstage, entre as trocas de palco.

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Pitty (Foto: Carol Govari Nunes)

A banda abriu o show com “SETEVIDAS” e nesse momento eu percebi que não conseguiria me movimentar, como nos shows anteriores. Tentei descer para as pistas, mas elas estavam abarrotadas de gente e ninguém queria ceder ou dividir o espaço que conseguiu ficando tantas horas ali, em pé, à espera daquele show. Eu entendo perfeitamente, então voltei para a coxia e vi todo o show dali, o que me proporcionou uma visão do público que eu nunca tinha tido e que foi muito interessante. Se eu tinha sentido uma mini frustração porque não ia conseguir ver a banda de frente, essa frustração foi rapidamente apagada ao perceber que teria uma experiência diferente e enriquecedora de poder observar as trocas, os vínculos e as negociações entre Pitty e público.

A cantora conversou com a galera o tempo todo: se ajoelhou, fez reverências, agradeceu quem estava ali naquela noite, inclusive se deslocando de outros estados. Um show só acontece porque ali há ações, interações e relacionamentos – mesmo que aqui eu esteja falando da atuação de Pitty, a performance é algo que acontece entre performer e sua audiência, ou seja, é uma prática relacional. No caso do público de Pitty presente no Mada, foi notória a participação deste no processo e na reconfiguração do evento performático, onde pude perceber uma conexão super afetuosa entre cantora e plateia.

Por mais que haja um roteiro estabelecido (um setlist a ser seguido), há também uma reinvenção e uma (re)experimentação de Pitty durante o show. “SETEVIDAS”, mesmo, e as músicas que vieram na sequência, como “Admirável Chip Novo”, “Anacrônico” e “Memórias”, foram apresentadas com mudanças nos arranjos e experenciadas pelo público de forma diferente.

A participação de Karol Conka em “Respect”, número que as duas tinham feito no Criança Esperança deste ano, e do BaianaSystem, cantando “Duas Cidades”, do álbum Duas Cidades, do Baiana, foram ótimos momentos dessa edição do Mada. Além dessas participações, que me levam a pensar 1) na reafirmação da cantora em seu local de fala sobre empoderamento feminino, cantando, com Karol, um do maiores hinos feministas de todos os tempos, e 2) um desapego da estética performática padrão do rock ao dialogar com a guitarra baiana e  todos os ritmos trazidos pelo BaianaSystem, temos também a inserção de trechos de “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas, no meio de “Admirável Chip Novo”, “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, no meio de “Memórias” e “Bom Senso”, de Tim Maia, no meio de “Máscara”, além de, claro, “Dê Um Rolê”, dos Novos Baianos, que marcam, de forma intencional ou não, uma forte ligação da cantora com o Nordeste e com a música brasileira.

Depois de Pitty, Kaya Conky, a “dona de Natal”, apresentou seu maior sucesso “E Aí Bebê”, além de canções do seu novo EP e covers de Anitta e Ludmilla.

Pra fechar a edição 2017 do Mada veio o combo sonoro do BaianaSystem, formado pelo carismático Russo Passapusso e os multi-instrumentistas Roberto Barreto, SekoBass e Filipe Cartaxo. Foi um dos shows mais pesados e com público respondendo insanamente que eu lembro de ter presenciado. É uma interação bem diferente de show de rock, por exemplo. A banda traz uma riqueza rítmica de sons ancestrais da Bahia, do samba do Recôncavo, dos tambores, guitarra baiana, do samba reggae, ijexá, axé e kuduro misturados ao sound system da Jamaica, o que faz com que todo mundo dance muito. Nesse show eu fiquei durante a maior parte do tempo na lateral do palco, mas também consegui caminhar pela pista Rockstage – fui pra sentir como era lá de baixo, como a galera vivia aquele show. O negócio era um absurdo. O meu corpo nem reconhecia aquela atividade direito – sou público, jornalista e pesquisadora de rock, com uma memória corporal típica do rock, então imaginem a desordem do meu corpo vendo BaianaSystem pela primeira vez. E vendo Banda Uó. E vendo Kaya Conky. E shows de música brega, aqui no Recife. Se o Nordeste não amolecer o meu corpo formatado pelo rock gaúcho, não sei o que vai.

Acaba de entrar nas principais plataformas mundiais para download e streaming, como iTunes e Spotify, o novo EP do Fire Department ClubHuman Nature.

epO terceiro EP do quarteto de Porto Alegre conserva a energia frenética de seu indie rock já característico, agora, adicionando refrões e sintetizadores ainda mais poderosos. Human Nature é o resultado de meses de trabalho, com a banda imersa em um mundo de referências oitentistas catapultadas por sua evolução musical e a experiência em festivais na América do Norte. As quatro faixas são complexas e diferentes entre si, mas surpreendem pelo tom “pop”. O vocalista André Ache afirma: “São canções fortes, cheias de nuances e elementos ocultos mas que você pode sair cantando junto na primeira ouvida!”.

Com instrumentais gravados no Estúdio Soma em Porto Alegre, e vocais no TDS Studio de Los Angeles, Human Nature tem a assinatura do produtor musical Luc Silveira. A Mixagem, também feita no TDS Studio, é de Tiago D’Errico, e masterização de Dave Locke (Smashing Pumpkins). Entre os colaboradores do projeto estão o artista plástico Patrick Rigon, responsável pela capa de Human Nature, além da escritora e liricista Gisele Firmino, que mais uma vez contribui nas letras da banda.

Clique aqui e escolha onde quer ouvir o novo EP da banda.