Bruna Molena – @moleeena
Como vocês já devem ter visto por aqui, sexta-feira, 08/04, foi comemorado o quarto aniversário do Vinil Rock Café, com um tributo aos clássicos do rock no Clube Harmonia, e a equipe do The Backstage esteve lá para conferir tudo o que rolou. A princípio o clube estava meio vazio, até pensamos até que não ia dar em nada… ledo engano! Aos poucos o pessoal foi chegando, se aglomerando em frente ao palco, pronto pra curtir o melhor do rock. A casa não estava cheia, mas quem compareceu fez valer o ingresso: cantavam, pulavam e batiam cabelo como qualquer fã de rock que se preze faria.

A banda frederiquense The Elizabeth's abre a noite de shows, com cover de bandas punk como The Clash, Ramones e Sex Pistols (Foto: Josefina Toniolo)
A noite começou com a apresentação da única banda local do evento: The Elizabeth’s (já leu sobre o ensaio deles?). E, por ser sua primeira vez, mandou muito bem. Dava pra sentir a energia dos integrantes saindo dos instrumentos e atingindo o público na cara: ninguém ficava parado! O punk rock contagiou a todos, até que alguém grita “roda punk!” e salve-se quem puder. Eles se apresentaram por cerca de meia hora, com um repertório já definido, porém não resistiram ao coro de “mais um” e nos presentearam com a ótima “Should I Stay Or Should I Go”, da britânica The Clash.
Entre uma apresentação e outra, fomos no camarim ver o que estava acontecendo por lá. Os guris da The Elizabeth’s tinham acabado de chegar, extasiados após sua primeira performance ao vivo. Os integrantes da Back Doors Band, última banda a se apresentar, também estavam por lá, relaxando e se concentrando para quando fosse sua vez de subir no palco. Conversamos com alguns deles, todos pela primeira vez em Frederico Westphalen, e afirmaram estar ansiosos para tocar e muito satisfeitos com a energia que viram o público transmitir.

O baixista Fernando Ferreira e o guitarrista Marcos Buschmann (Foto: Bruna Molena)
Logo após foi a vez da banda catarinense, de Joinville, Sexy Pearl e, para quem tinha recém enfrentado 12h de estrada, eles estavam muito bem, obrigado. Com um repertório forte e recheado de clássicos, eles praticamente botaram a casa abaixo. Também tocaram composições próprias, como “Ela Está em Chamas” e “Meu Ouro, Seu Medo” que, mesmo desconhecidas para o público local, fizeram todos sair do chão. A iluminação do palco contribuiu bastante para o efeito dramático de algumas músicas, era tudo muito envolvente. A performance do vocalista Dinho é contagiante e sua voz casa perfeitamente com músicas legendárias, como “Man in The Box”, “Paradise City” e “Hound Dog”. O show estava tão quente que o baterista, Juliano, e o guitarrista, Marcos, não se aguentaram e tiraram as camisetas, incendiando a mulherada! Mas não era para menos, quando o Marcos e o Fernando, no baixo, vinham solar na frente do palco, não havia nem homem que se controlava, o hard rock da Sexy Pearl envolvia todo mundo. A melhor apresentação da noite, na opinião dessa humilde repórter que vos fala, pois o set list abrangia diversas facetas diferentes do rock que eles conseguiram harmonizar tudo em um conjunto só, encaixando-se no estilo deles e assim tornando única cada versão.
Depois do show, acompanhamos a Sexy Pearl até o camarim a fim de conversamos sobre a história da banda e a relação deles com a música. O vocalista Dinho passou a palavra para Marcos que, sendo o fundador da banda, saberia explicar melhor o começo de tudo. Ele nos conta que a Sexy Pearl nasceu em 2005 e que sua ideia era de alcançar um lugar de destaque tocando rock’n’roll, mas com composições próprias. A proposta não convenceu os integrantes que acabaram deixando a banda, dando espaço para os músicos que a compõe atualmente: o vocalista Dinho, o baterista Juliano Stumm e o baixista Fernando Ferreira, além do próprio Marcos. A partir de então eles começaram a investir em composições e em 2008 gravaram seu primeiro EP em um estúdio em Joinville. Após participar do 9° Festival Coletânea de Bandas, do qual saiu vencedora da etapa Sul, a banda se apresentou no Hard Rock Café Rio, onde foi gravado o DVD do Festival.

Sexy Pearl durante a conversa no camarim (Foto: Bruna Molena)
Dinho admite que, para ele, tudo começou com o sonho de ser rockstar. Ele já tocava antes, porém na Sexy Pearl todos evoluíram muito como músicos. O cover foi só uma maneira de conseguir um espaço no cenário musical, porque o interesse deles realmente é tocar suas próprias músicas, tanto que já estão gravando um disco.
Quando tocamos no assunto do lado negro do rock’n’roll – o lucro, Dinho desabafa: “O pessoal acaba abandonando o rock’n’roll por não ter retorno financeiro imediato, é como uma faculdade, tu gasta muito, mas depois tem a recompensa, é um investimento”. Mas garante que não há dinheiro que pague tocar uma música e ver a galera pulando.
Sobre o show daquela noite, disseram que vai ficar marcado, porque era um lugar pequeno, não tão cheio, mas quem estava ali era porque curtia. Segundo eles, os shows no interior sempre surpreendem de um modo positivo, já que nas capitais o público costuma ser mais frio. Respondendo à clássica pergunta “o que vocês acharam de tocar aqui?”, Dinho é enfático: “animal, a gente quer voltar quando vezes puder”.
Saindo do backstage e voltando à frente do palco, era a vez da porto-alegrense Back Doors Band se apresentar. A incrível semelhança do vocalista, Piá de Lucce, com Jim Morrison só contribuiu para fazer o publico se sentir realmente em um show do The Doors. Ricardo Farfisa mandava muito bem no teclado, que substituía o baixo também, enquanto Geovane Benedet comandava a bateria e Ellias Pedra ficava na guitarra. Mesmo nunca tendo visto um show do The Doors ao vivo, garantimos que o show vale muito à pena, eles incorporam as músicas e as executam com maestria. Um cover excelente que recomendamos, nem que seja só para conferir performance perfeita do vocalista. O estudante Diesmen Luís, 22 anos, diz que não esperava que a noite fosse tão boa: “fui preparado pra sair fazendo críticas negativas sobre o show dos caras. Raramente saio aqui em Frederico, os shows quase nunca me despertam vontade, mas eu sabia que ia encontrar amigos lá e resolvi ir. Mordi a língua! Os caras são uma banda cover decente, cumprem direitinho o papel de banda cover. A calça de couro estava lá, a psicodelia estava lá”.

Giovane, Piá e Ricardo, da Back Doors Band, no camarim enquanto aguardam sua vez de tocar (Foto: Bruna Molena)
Sobre a festa como um todo, ele acrescenta que curtiu tudo: “não teve briga, não teve poser bêbado enchendo os caras pra tocar Raul. Gosto quando o show começa tarde e acaba tarde, é assim que um show de rock deve ser, pelo menos pra mim”. Ele ainda finaliza com um pedido: “que venham mais shows assim para essas bandas”.
No final da noite, latas vazias e corpos cansados compunham o cenário do clube quase vazio, porém a satisfação era visível. As luzes foram acessas, o lixo estava sendo recolhido e, mesmo assim, as pessoas insistiam em ficar, em beber mais uma cerveja, conversar mais um pouco, talvez para que aquele momento não acabasse. O que prometia ser uma noite de clássicos foi além do combinado e acabou se tornando clássica, uma festa memorável que vai deixar saudades.
Veja todos as fotos da cobertura do The Backstage em nossa página no Flickr.
Gostar disto:
Gosto Carregando...