Archive for the ‘Backstage’ Category

Uma missão discente na UFPE, proporcionada pelo projeto de cooperação Cartografias do Urbano na Cultura Musical e Audiovisual entre as universidades Unisinos/UFF/UFPE, me jogou lindamente por um semestre no Recife e eu acabei dando muita sorte, já que peguei um semestre onde aconteceria o MADA – Música Alimento da Alma, um dos festivais mais importantes do circuito, em atividade desde 1998.

Pioneiro no estado e uma das referências no país por apresentar bandas e artistas emergentes da cena independente ao lado de expoentes do mercado da música, o Mada teve sua 19ª edição durante os dias 29 e 30 de setembro, no Arena das Dunas, em Natal/RN, e eu pude conferir de perto tudo o que aconteceu.

Uma ótima estrutura – dois palcos lado a lado – garantiu a pontualidade dos shows, já que enquanto uma banda tocava, a outra já estava se preparando para entrar no palco. De fato, poucos minutos separaram cada show da noite, o que manteve o público animado e totalmente aquecido durante todo o tempo.

Na sexta-feira, dia 29, os shows foram de Eliano, artista de Pau dos Ferros/RN, que tem um trabalho ligado ao folk rock e a literatura, com banda formada por Ricardo Baya, Júnior Primata e Ericksson Grilo. Após o show intimista de Eliano, a paulistana Deb And The Mentals fez uma apresentação punk, animada e dançante. Com o elogiado disco Mess, lançado no início do ano, a banda formada por Deborah Babilônia (voz), Guilherme Hypolito (guitarra), Giuliano Di Martino (bateria) e Stanislaw Tchaick (baixo) mostrou por que foi a vencedora da Seletiva Nacional do Mada.

Depois de Deb And The Mentals foi a vez da potiguar Seu Ninguém, banda formada por Luana Alves (voz, teclado e escaleta), Erick Allan (baixo), Luan Régio (guitarra e voz), Salomão Henrique (guitarra e teclado) e Italo Alves (bateria), apresentando um show mais indie/pop rock. A banda ainda não tem disco, mas tem vários singles lançados, como “Dois Quarteirões”, “Dia Frio”, “Sua Canção de Amor”, “Termidor”, “Arrojo”, entre outras.

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Baco Exu do Blues (Foto: Carol Govari Nunes)

Quem subiu ao palco às 21h40min foi Baco Exu do Blues, rapper baiano que trouxe ao Mada seu elogiadíssimo disco Esú. Karma, santos, profano, sagrado, amor, desgraça, minorias, ironias: tudo é pauta para as rimas de Baco Exu do Blues, que foi para o meio da galera, nas duas pistas, duas vezes durante o show.  Público cantando tudo o tempo inteiro, certamente um dos shows mais marcantes dessa edição do Mada.

A linda da Mahmundi foi quem tocou após Baco Exu do Blues. Com um som pop/ synthpop, cheio de batidas eletrônicas e refrãos marcantes, Mahmundi conduziu o show sempre interagindo com o público, inclusive dizendo para que as pessoas puxassem assunto uma com as outras ali mesmo no show, conversassem com quem está ao seu lado. Enquanto escrevo, observo o setlist que trouxe pra casa e me pego lembrando das ótimas “Hit”, “Eterno Verão” e “Calor do Amor” (que fechou o show).

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Plutão Já Foi Planeta (Foto: Carol Govari Nunes)

Outra apresentação massa (o line up desse festival tava bom, hein?) foi da também potiguar Plutão Já Foi Planeta, banda que vergonhosamente eu não conhecia e achei a apresentação impecável. Banda ensaiada, em sintonia, com vontade de tocar. Eles lançaram neste ano o disco A Última Palavra Feche a Porta, produzido por Gustavo Ruiz, com participações de Liniker e Maria Gadú. Formada por Natália Noronha (voz, violão, teclado, baixo), Gustavo Arruda (voz, guitarra, baixo), Sapulha Campos (voz, guitarra, ukulele, escaleta), Vitória De Santi (baixo, teclado) & Renato Lelis (bateria), a banda protestou contra a cura gay e fez um beijaço no palco, durante a música “Alto Mar”. Eram uns 15 casais homoafetivos e heterossexuais, que entraram com máscaras do #ForaTemer e do líder-dos-bolsominions, rasgando as máscaras antes de se beijarem. O público também respondeu super bem – participando do protesto, gritando muito, se beijando muito.

Penúltimo show da noite, a Banda Uó trouxe toda a irreverência do tecno pop com pitadas de brega e funk. Eles vêm de Goiânia, mas claramente têm um pé no Pará, o que resulta em uma mistura de ritmos latinos, paraenses e o legítimo tecnobrega da aparelhagem e do funk. O trio surgiu 2010 e é formado pelos vocalistas Mel Gonçalves (Candy Mel), Davi Sabbag e Mateus Carrilho – todos ótimos no palco, trabalhando o tempo todo com coreografia e muita energia.

Quem encerrou a primeira noite do Mada foi Nando Reis com a turnê Jardim Pomar, que tem show assinado por Roger Velloso. No setlist, músicas do novo disco como, por exemplo, “Só Posso Dizer”, “Azul de Presunto”, “Pra Onde Foi”, “Inimitável”, e também grandes sucessos como “Os Cegos do Castelo”, “Sou Dela”, “All Star” (dedicada à Cássia Eller <3, claro), “Relicário” e “Marvin”. O show terminou às 3h15min, mas o artista voltou para um bis com “O Segundo Sol” e “Do Seu Lado”.

No sábado, dia 30, o Mada começou com a banda Kung Fu Johnny, formada por Cesar Valença (guitarra), Ian Medeiros (bateria e vocais) e Walter Nazário (baixo). O trio de Natal abriu o último dia do festival com uma pegada mais stoner, com guitarras pesadas e apresentou músicas do álbum Day By Day. Logo depois do Kung Fu Johnny, veio a banda Carne Doce, direto de Goiânia, com um show mais psicodélico e letras poéticas. Salma Jô, vocalista, é quem comanda o show ao lado de João Victor Santana (guitarra e sintetizador), Ricardo Machado (bateria) e Anderson Maia (baixo).

Outro trio potiguar que se apresentou no festival foi DuSouto, que apresentou o álbum Conecta, lançado recentemente nas plataformas digitais e inédito ao vivo até o momento em que subiram no palco do Mada. A banda traz influências da música eletrônica e acaba misturando ritmos latinos, nordestinos, com reggae e dub.

Na sequência, um dos nomes femininos mais fortes do rap nacional, Karol Conká. Com um show vibrante e que agitou o público, Karol preencheu todo o (grande, para quem está somente acompanhada de um DJ) palco do Mada, apresentando uma sequência de sucessos e muito bom humor. O público, participativo durante todo o tempo, se esmagava na grade para ficar mais próximo da cantora, e alguns ainda tiveram a sorte de subir ao palco para dançar com Karol. Hits como “Lalá”, “É o Poder”, “Tombei” e “Maracutaia” foram entoados como hinos pelo público.

Uma versão de “Back to Black”, de Amy Winehouse, finalizou o show. Karol saiu do palco, mas não foi embora: ficou à espero de uma participação especial no show que viria a seguir, de Pitty.

Meu relógio marcava 23h50min quando Pitty subiu ao palco, ovacionada pelas 7 mil pessoas presente no Arena das Dunas. A primeira fila era marcada por fãs que estavam ali desde antes da banda Kung Fu Johnny e que não se movimentaram, como a maioria do público da pista Rockstage, entre as trocas de palco.

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Pitty (Foto: Carol Govari Nunes)

A banda abriu o show com “SETEVIDAS” e nesse momento eu percebi que não conseguiria me movimentar, como nos shows anteriores. Tentei descer para as pistas, mas elas estavam abarrotadas de gente e ninguém queria ceder ou dividir o espaço que conseguiu ficando tantas horas ali, em pé, à espera daquele show. Eu entendo perfeitamente, então voltei para a coxia e vi todo o show dali, o que me proporcionou uma visão do público que eu nunca tinha tido e que foi muito interessante. Se eu tinha sentido uma mini frustração porque não ia conseguir ver a banda de frente, essa frustração foi rapidamente apagada ao perceber que teria uma experiência diferente e enriquecedora de poder observar as trocas, os vínculos e as negociações entre Pitty e público.

A cantora conversou com a galera o tempo todo: se ajoelhou, fez reverências, agradeceu quem estava ali naquela noite, inclusive se deslocando de outros estados. Um show só acontece porque ali há ações, interações e relacionamentos – mesmo que aqui eu esteja falando da atuação de Pitty, a performance é algo que acontece entre performer e sua audiência, ou seja, é uma prática relacional. No caso do público de Pitty presente no Mada, foi notória a participação deste no processo e na reconfiguração do evento performático, onde pude perceber uma conexão super afetuosa entre cantora e plateia.

Por mais que haja um roteiro estabelecido (um setlist a ser seguido), há também uma reinvenção e uma (re)experimentação de Pitty durante o show. “SETEVIDAS”, mesmo, e as músicas que vieram na sequência, como “Admirável Chip Novo”, “Anacrônico” e “Memórias”, foram apresentadas com mudanças nos arranjos e experenciadas pelo público de forma diferente.

A participação de Karol Conka em “Respect”, número que as duas tinham feito no Criança Esperança deste ano, e do BaianaSystem, cantando “Duas Cidades”, do álbum Duas Cidades, do Baiana, foram ótimos momentos dessa edição do Mada. Além dessas participações, que me levam a pensar 1) na reafirmação da cantora em seu local de fala sobre empoderamento feminino, cantando, com Karol, um do maiores hinos feministas de todos os tempos, e 2) um desapego da estética performática padrão do rock ao dialogar com a guitarra baiana e  todos os ritmos trazidos pelo BaianaSystem, temos também a inserção de trechos de “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas, no meio de “Admirável Chip Novo”, “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, no meio de “Memórias” e “Bom Senso”, de Tim Maia, no meio de “Máscara”, além de, claro, “Dê Um Rolê”, dos Novos Baianos, que marcam, de forma intencional ou não, uma forte ligação da cantora com o Nordeste e com a música brasileira.

Depois de Pitty, Kaya Conky, a “dona de Natal”, apresentou seu maior sucesso “E Aí Bebê”, além de canções do seu novo EP e covers de Anitta e Ludmilla.

Pra fechar a edição 2017 do Mada veio o combo sonoro do BaianaSystem, formado pelo carismático Russo Passapusso e os multi-instrumentistas Roberto Barreto, SekoBass e Filipe Cartaxo. Foi um dos shows mais pesados e com público respondendo insanamente que eu lembro de ter presenciado. É uma interação bem diferente de show de rock, por exemplo. A banda traz uma riqueza rítmica de sons ancestrais da Bahia, do samba do Recôncavo, dos tambores, guitarra baiana, do samba reggae, ijexá, axé e kuduro misturados ao sound system da Jamaica, o que faz com que todo mundo dance muito. Nesse show eu fiquei durante a maior parte do tempo na lateral do palco, mas também consegui caminhar pela pista Rockstage – fui pra sentir como era lá de baixo, como a galera vivia aquele show. O negócio era um absurdo. O meu corpo nem reconhecia aquela atividade direito – sou público, jornalista e pesquisadora de rock, com uma memória corporal típica do rock, então imaginem a desordem do meu corpo vendo BaianaSystem pela primeira vez. E vendo Banda Uó. E vendo Kaya Conky. E shows de música brega, aqui no Recife. Se o Nordeste não amolecer o meu corpo formatado pelo rock gaúcho, não sei o que vai.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

O Fire Department Club acaba de lançar um clipe do segundo single do EP Best Intuition: “Never Learn” traz cenas de shows e bastidores da turnê que os guris fizeram nos EUA em outubro do ano passado. No clipe, há imagens dos shows que aconteceram em Nova York, Los Angeles e San Francisco. Além disso, também acompanhamos algumas imagens finais da gravação do disco de estreia da banda, com lançamento previsto para este ano.

Assista ao clipe abaixo:

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Por culpa de uma tendinopatia de flexores e extensores no carpo, estou há mais de dois meses com o punho direito imobilizado. Prestes a mergulhar de vez na loucura por não poder escrever, eis que apareço para um curto e necessário texto no blog – necessário para mim, por questões de sanidade mental. Não posso escrever, não posso digitar e não posso tocar nenhum instrumento (nem air guitar!), e se isso não é motivo para pirar na batatinha e ficar lelé da cuca, não sei o que pode ser. Sempre me expressei melhor através da escrita, sou silenciosa e dou um dedo (ou um punho, no caso) para ficar escrevendo, então esses dois meses fizeram alguns estragos emocionais e afloraram a Drama Queen que habita em mim. Para a sorte de vocês, sou obrigada a me abster de maiores detalhes.

Após essa rápida introdução que minha habilidade na mão esquerda possibilitou (porque, sim, só estou digitando com a mão esquerda e logo vou lançar uma cartilha intitulada “Relatos de uma garota com tendinopatia: da escovação dentária ao artigo científico”), preciso contar que tenho cantado repetidamente “Rainy” para mim mesma.

 Até hoje, e principalmente hoje, não consigo avaliar se essa música me faz bem ou mal. Tem um si menor ali que acaba com a minha vida. Não, não é exagero. Ok, é exagero, assim como tudo nesse texto. Mas aquele si menor é destruidor e faz doer. Desconfio que os violões de Martin tenham uma ligação direta com os neurotransmissores que enviam um impulso do meu cérebro direto pra boca do meu estômago, causando uma sensação de agonia e resignação, se é que isso é possível. Tenho tentado lembrar do meu “sunny side” nesses dias em que estou “rainy”, e por vezes a música até consegue me fazer entender que não adianta, que é melhor se acostumar, que nunca vai parar, mas se o dia dura o ano inteiro, já pensou dois meses nessa abstinência científica-jornalística-violeira-emocional?!

“So calm down, season is about to change”.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Antes tarde do que mais tarde: a festa de um ano do Les Paul Rock Pub foi dia 9, mas só hoje eu consegui passar as fotos/vídeos para o computador e sentar para escrever alguma coisa.

Quem tocou na festa foi DaniElvis, cover de Elvis Presley desde 2007. Quem acompanha o intérprete que estudou canto popular e erudito por quatro anos é a Banda Presley, formada por Éderson Guedes, Charles Machado, Thiago Viegas e Pedro Keller.

Daniel Keller contou que começou a gostar de Elvis Presley com 16 anos e que foi tudo por acaso: sua semelhança física e timbre de voz quase idêntico o levaram a interpretar o Rei do Rock. Seu repertório tem os maiores clássicos de Elvis, incluindo músicas do início até o fim da carreira do cantor e ator norte-americano.

No vídeo abaixo, você confere a incrível semelhança entre DaniElvis e o eterno Rei do Rock:

Outras imagens do show você vê na Fanpage do The Backstage Blog

Carol Govari Nunes@carolgnunes

O último final de semana foi agitado por dois shows de rock em Frederico Westphalen. Aconteceu na Ecco Eventos o Green Festival, que trouxe duas conhecidas bandas gaúchas: Tequila Baby e Bidê ou Balde.

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Divulgando seu último disco, a Bidê ou Balde passou por Frederico Westphalen no último sábado, 15 (Foto: Carol Govari Nunes)

Freguês da cidade, esse é o terceiro ano consecutivo que a Bidê ou Balde vem se apresentar em Frederico. Por volta das 2h20min do último sábado, 15 (madrugada de domingo), a banda chegou à Ecco Eventos e logo depois iniciou o show que durou mais ou menos uma hora e meia. Antes do show, Carlinhos Carneiro conversou com o The Backstage e contou que a divulgação do novo disco está melhor do que se esperava. Por enquanto, a banda está divulgando o CD intitulado “Eles são assim. E assim por diante” apenas no Rio Grande do Sul, mas em janeiro de 2013 eles já partem para São Paulo fazendo shows com o repertório mais voltado para o novo disco – até o momento, eles ainda intercalam sucessos como “Bromélias”, “Microondas” e “Mesmo que mude” (que ganhou um bônus track lindo no novo disco #ficaadica), além de músicas do EP lançado em 2010.

A parte audiovisual da banda também está a todo vapor: eles estão com o clipe de “Lucinha” quase pronto e no início do próximo ano eles já começam a gravar o clipe de “+Q1 Amigo”. A ideia é emendar outros vários clipes na sequência, mostrando que o quarto disco da banda veio com tudo.

Carlinhos contou que a gravação do “Eles são assim. E assim por diante”, a qual durou mais ou menos um ano e meio, foi bem bizarra: eles gravavam estrofes soltas, refrão por refrão, tudo separado. Desde 2010, a banda gravou umas 24 músicas inéditas e ainda será lançado mais um EP. É a Trilogia BidêouBaldilística: um EP, um CD e outro EP.

De volta à rotina independente, o disco foi produzido pela banda e por Gilberto Ribeiro Junior.

– Trabalhamos muito nesse disco, então valia mais a pena divulgarmos sozinhos. Ficamos um tempo com o Lelê, mas não estava sendo proveitoso nem pra gente, nem pra ele, afirmou o charmoso vocalista.

Outra novidade é que ano que vem um tecladista acompanhará a Bidê ou Balde na turnê do novo disco: Leonardo Bofe entra para a trupe e embeleza ainda mais a presença de palco que observamos no último sábado.

Pra quem ainda não comprou, “Eles são Assim. E assim por diante” está à venda no site da banda. De quebra, sua compra ainda vem com foto autografada, adesivos e você concorre a otras cositas más, ou seja, é uma edição super especial.

Se o mundo não acabar dia 21, esperamos que ano que vem a Bidê ou Balde volte com o show completo do seu novo disco, porque o mundo seguirá assim, e assim por diante.

Outro vídeo do show (+Q1 Amigo) você assiste clicando aqui.
Mais fotos você encontra na fanpage do The Backstage Blog.