Archive for the ‘Entrevista’ Category

* Thiago Pimentel

Ouça o novo single do grupo, a música “Limbo”

Formada em 2009, a Mad Sneaks têm suas bases sob um rock sujo, visceral. Apesar da influência no stoner e punk rock, a música da banda mineira reverbera um estilo em particular, o grunge. E, em consonância as suas aproximações com Seattle, o power trio – formado por Agno Dissan (guitarra/vocal), Elton Reis (baixo) e Amaury Dias (bateria) – chegara a Jack Endino: o renomado produtor norte-americano (associado a bandas como Nirvana, Soundgarden e Mudhoney) produziu a estreia da Mad Sneaks, o disco Incógnita (2013).

Como mais um fruto da parceria com Endino, o grupo libera em Incógnita, cinco anos após o debut, seu primeiro single, a faixa ‘Limbo’. Além de consolidar o estilo dos mineiros, a composição traz um novo elemento: o uso do inglês. Divulgando seu nome fora do Brasil, a banda faz um passo significativo para expandir seu trabalho.

Confira, logo abaixo, as novidades da Mad Sneaks e, também, alguns dos planos dos músicos para o futuro – além de, claro, conhecer melhor o grupo que chamou atenção de nomes como Charles Cross (crítico musical) e do próprio Jack Endino.

The Backstage: O lançamento de “Limbo” anuncia algumas mudanças para a Mad Sneaks – mais notadamente o uso do inglês, no aspecto lírico. Cinco anos se passaram desde o debute: o que podemos esperar do próximo álbum? E quais as razões para compor, agora, em inglês?

Agno Dissan: Na verdade, nunca tivemos uma intenção concreta sobre como escreveríamos nossas músicas. Para nossa música, a única regra que seguimos é “não manter regras”, sempre mantivemos a liberdade de deixar a arte falar por si só. As músicas com letras em inglês foram apenas consequências desta liberdade. Mas isso também não significa que nos prenderemos com letras somente em inglês, trabalharemos conforme a arte nos conduzir. Um fato curioso, foi que nosso primeiro álbum (Incógnita) teve uma repercussão muito boa fora do nosso país, principalmente em países onde a língua inglesa predominava. As pessoas nos escreviam dizendo que adoravam as músicas, mesmo não entendendo as letras em português e com o lançamento de Limbo em inglês, também já estamos sendo surpreendidos com as pessoas do Brasil nos dando feedbacks positivos. Esta é a magia da arte!

The Backstage: No passado, Jack Endino fez algumas declarações negativas sobre brasileiros cantando em inglês. Em virtude do seu envolvimento com a banda, de que forma ele vê o trabalho da Mad Sneaks? Aproveitando: como vocês realizaram o contato com Endino?

Dissan: Acreditamos que este ocorrido possa ter sido algum tipo de “comentário infeliz” da parte dele, ou até problemas de interpretação. Ele já produziu bandas brasileiras que cantam em inglês após este ocorrido, através de projetos de incentivo de marcas de tênis. Já vimos algumas entrevistas antigas dele, inclusive que ele afirmava que os americanos tinham muito a aprender com as músicas brasileiras para que não ficassem presos somente na mesmice do tempo de 4×4. Enfim, nós particularmente sempre tivemos um bom relacionamento com ele e não temos nada a se queixar dele tanto como pessoal, quanto profissional. Até mesmo porque, se ele dissesse que não gostou do nosso material em inglês, isso jamais nos impediria de lançarmos mesmo assim. De qualquer forma, nós apresentamos uma das músicas a ele, que será a segunda música a ser lançada como single e ele achou ótima. Ele é um produtor independente e deixa claro que somente trabalha com artistas que ele gosta. Mostramos nossas músicas já mixadas para ele, ele gostou do material e nos escreveu perguntando se queríamos trabalhar com ele.

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Mad Sneaks (Divulgação)

The Backstage: Há, claramente, um grande apelo ligado ao grunge e a Mad Sneaks. De que forma o movimento de Seattle motiva a banda? É notável, também, elementos do stoner no grupo – pessoalmente, esses toques me remeteram as bandas (grunge) que enveredavam para esse lado (Screaming Trees e Soundgarden, por exemplo). Além de Seattle, quais as outras influências da Mad Sneaks?

Amaury Dias: A base de influências de cada membro da banda é bastante vasta, vai desde o punk rock ao heavy metal e cada detalhe pessoal dá uma característica e uma forma específica para cada canção. Com certeza temos uma paixão pelas bandas rotuladas como Grunge, mesmo as de fora de Seattle, mas nunca nos prendemos ao rótulo. Gostamos do estilo de músicas com altos e baixos, partes lentas e rápidas, com vocais suaves e gritados. Acreditamos que seríamos assim, mesmo se Seattle não tivesse revelado este movimento cultural, é claro que influências sempre existiram e sempre existirão, mas tocamos como sabemos e cantamos como conseguimos. Estamos sempre à procura de bandas “novas”, mesmo que sejam novas somente para nós. Sempre ficamos felizes quando conhecemos bandas que gostamos do trabalho. Ouvimos bandas como Social Distortion, Rancid, Ramones, QOTSA, Violent Soho, Airbourne, The Virginmarys, Helmet, Drowning Pool, Downface, Iron Maiden e etc. Dentro do Brasil, temos muitas bandas e artistas que gostamos como Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessinger, Garotos Podres, Vivendo do Ócio, CPM22, Raimundos e artistas do underground de qualidade superior a muitos do mainstream e que somos fãs como Dvrill (precisam ouvir este projeto, é surpreendente!), Rádio Attack (rock brasileiro de dar orgulho!).

The Backstage: A banda também prega um discurso de “rock vivo”. Até que ponto o “rock está morto”? De que maneira vocês acreditam que pode contribuir com este cenário?

Dias: O rock nunca morreu, isso é uma grande besteira! Ele só está com esse papo de morto, porque não está presente no mainstream. Talvez isso seja bom, tudo se renova, este processo não é nada mais do que uma outra renovação. O público de rock sempre foi um dos mais fiéis ao estilo e sem dúvidas, quem gosta de rock jamais deixou de gostar só porque passam uma mensagem de que o rock morreu. Se olharmos para trás…o Rock sempre tomou o mundo de assalto em momentos como esse, quando ninguém mais achava que as coisas poderiam piorar, o Rock aparece com força total e vira todo o jogo. Enquanto não acontece esta revolução, mesmo com público reduzido, por falta de suportes, incentivos e estruturas, o rock segue se purificando e isto significa que cada vez mais o estilo está voltando em sua pureza natural. Se alguém duvida disso, basta frequentar shows de bandas fora do mainstream e comprovar, o rock está ficando cada vez mais sincero e puro, como sempre deveria ter sido. E o que é sincero e real, nada pode segurar! O que sempre fazemos questão em colaborar com a cena é manter nossos trabalhos com a melhor qualidade possível e SEMPRE de forma sincera, sempre buscando apoiar outros artistas que vemos que também trabalham de forma sincera com sua arte, o resto é consequência. Já falamos várias vezes, as coisas estão acontecendo, os olhos mais atentos já conseguem enxergar. Quem viver verá! E feliz será aquele que acreditou e participou desta revolução! A história é escrita de acordo com as atitudes tomadas. Sem atitude, não há história.

 The Backstage: Críticos como Charles Cross já teceram elogios à banda. Como vem sendo a repercussão ao novo single? E ao primeiro álbum do grupo?

Elton Reis: Cross é outro cara que temos uma consideração ímpar, ele sempre foi muito solícito conosco, já nos conhecemos há muitos anos. Somos fãs dos trabalhos dele desde sempre. Um fato curioso é que ele conta que o filho dele tem e usa uma de nossas camisetas até hoje, vai pra todos os lugares com ela. Ele foi um dos primeiros a conhecer nosso trabalho fora do país, antes mesmo de lançarmos o Incógnita. Estamos trabalhando duro na divulgação do novo single e fazendo um bom número de shows para divulgá-lo, temos roteiros prontos para clipes que não tardarão a serem produzidos. Acreditamos nossas vidas em nosso trabalho e vamos seguir em frente, não importa quantos muros tenhamos de derrubar. Rock para nós não é somente entretenimento, é estilo de vida!

The Backstage: Desde Incógnita (2013), muita coisa se mudou no “mundo digitalizado”. De que forma a Mad Sneaks se porta diante desses novos paradigmas? Como veem os serviços de streaming, por exemplo?

Reis: São modernidades que vieram pra ficar, não adianta virar a cara para elas, estão em todos os lugares e em questões de comodidade, são excelentes meios de conhecer novos artistas de qualquer lugar do mundo. Como tudo nessa vida tem seus prós e contras, infelizmente o contra disto é que tudo fica mais banal e descartável com mais rapidez. Enquanto um CD durava até anos sendo tocado por inteiro e ininterruptamente, até mesmo pela dificuldade de acesso a outros materiais, hoje um “hit” via streaming pode durar apenas semanas ou até dias. São os dois lados da mesma moeda. Tentamos acompanhar estas tecnologias, estamos em todas as plataformas digitais e lutamos todos os dias para fazer nossas musica ser ouvida. A forma como seremos ouvidos não importa, o que é realmente prazeroso é chegar nas pessoas e provocar boas reações, bons sentimentos, a música ainda é mágica, independente de como ela será recebida, ela ainda tem poderes de tocar os sentimentos das pessoas.

The Backstage: Por fim, o que podemos esperar da Mad Sneaks a longo prazo? Quais novidades podem ser adiantadas ao público?

Dissan: Sobre os lançamentos futuros, o próximo passo é lançar o segundo single e ele será realmente incrível, lançaremos também Videoclipes legais. A concepção original é de lançar singles isoladamente e ir montando o álbum aos poucos e no final juntar os singles lançados com algumas outras surpresas e fecharmos o disco. As novidades serão divulgadas em nosso instagram (@madsneaksrock), Facebook e Youtube. Segue a gente! Estamos na estrada e com uma agenda realmente boa, venham aos nossos shows! Uma coisa podemos garantir, vamos fazer com que sua noite seja insana! Esperem sempre dos Mad Sneaks a maior dedicação em tudo, seja em redes sociais, seja nos shows ao vivo. É tudo sincero, é tudo feito com a alma, é a nossa entrega! Seja lá como for… a história só é escrita com atitudes! Nos vemos na estrada…

 

 * Thiago Pimentel é jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Atualmente é mestrando em Comunicação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde faz parte do L.A.M.A (Laboratório de Análise de Música e Audiovisual). E-mail: thiagopimentelbl@gmail.com

* Ellen Visitário

Há um tempo que eu queria falar sobre a banda Vera Loca, mas não sabia como intercalar com o som dos caras. E então, perambulando na internet, vi o vídeo clipe que eles fizeram sobre a música “Amanhã pode ser bem melhor”, gravado no estúdio Mubemol, com o Humberto Gessinger. Pensei: “Taí uma pauta bacana!”

O convite!

Os integrantes da Vera Loca me contaram que sempre tiveram vontade de convidar o Gessinger para participar de um show deles, mas havia um desencontro nas agendas. Até que a chance de gravar a música – onde a letra é assinada somente pela banda – veio:

“É muito especial essa parceria. Estar com o Humberto em algum momento dessa caminhada da Vera Loca era um sonho da banda. Já havíamos falado com ele em outras oportunidades, convidando para participar de algum show nosso e ele sempre se mostrou afim, porém nunca deram certo as agendas.” – E ainda completou ao dizer que Gessinger não pensou duas vezes em aceitar o convite para gravar esta canção: “Foi muito generoso com a gente, o que só reforçou toda a admiração que temos por ele”, afirmaram os músicos.

Por e-mail, o Humberto também me disse sobre a satisfação em dividir esta parceria com uma banda que está há 15 anos na estrada: “Eu já tinha recebido convites para participar de show da VL, eles fizeram uma gravação bacana de “Parabólica”, mas minha agenda sempre impedia. A participação em estúdio foi mais fácil de armar. Foi um prazer participar”.

Quando duas bandas se encontram…

Para quem não sabe, a Vera Loca nasceu no Rio Grande do Sul, mas que está tomando uma dimensão maior em outros cantos do país. “Quando se fala de música, essas barreiras de tempo e espaço são bem menos importantes do que as pessoas imaginam. É legal tocar com quem se tem afinidade, independente de quando e onde” – destacou Gessinger quando foi questionado sobre essa ligação com uma banda que surgiu em uma época diferente da sua.

E ainda os caras da Vera Loca contaram que sempre se espelharam nos artistas de outras gerações, pois eles se reinventam na música. “A gente tenta seguir os passos. E também esses artistas estão sempre se renovando, nunca acomodados com o que já conquistaram.”

De fato, a internet colabora muito para que as novas bandas do rock gaúcho cresçam na cena musical. Quando eu perguntei ao Humberto Gessinger sobre a sua percepção diante deste universo tecnológico, a resposta foi a seguinte: “Gostaria de ter estas ferramentas quando comecei, se bem que… se minha circunstância fosse diferente, sabe lá como eu seria”, finalizou o músico.

Recentemente, o quinteto Vera Loca lançou um disco de inéditas, intitulado “A certeza de como valeu navegar nesse mar”. E quem também está com novidade na praça é o Humberto Gessinger com a turnê “Desde Aquele Dia” – em comemoração aos 30 anos do álbum “A Revolta dos Dândis”.

* Ellen Visitário é graduanda do 7º período de jornalismo no Centro Universitário FIAM FAAM, em São Paulo/SP. Portfólio: http://ellenvisitario.wixsite.com/portfolio

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Se o título desse post fosse “Pitty surge com hematomas e sem blusa em novo clipe” tenho certeza que eu teria mais visualizações. Às vezes fico curiosa/furiosa pra saber de onde alguns jornalistas tiram esse tipo de chamada, porque, na boa, deve ter curso pra isso. Mas deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem? (ah, Jair Rodrigues, que triste), e vamos ao que realmente interessa.

Capa do disco. Pitty e sua relação com a maçã, o fruto proibido, que vem desde o Admirável Chip Novo. (Imagem: divulgação)

Capa do disco (divulgação)

Viver parece mesmo coisa de insistente. No rock, então, nem se fala. Pitty voltou. Na verdade, pra mim, ela nunca foi a lugar algum. A diferença é que na última quarta-feira, 7 de maio, ela deu uma paulada na cabeça dos fãs adormecidos. Aqueles, os que ficaram lá por 2005, acordaram ensandecidos. Eu mesma, que me julgo das mais tranquilas, parecia uma testemunha de Jeová compartilhando o clipe e pregando insistentemente de timeline em timeline. “Posso te mostrar esse clipe? Posso te mostrar esse clipe?”. Chaaaaaaata. Logo eu, a maior defensora da discrição humana – a que prefere emails, DM’s e inbox – a que faz pose de má e é somente observadora na maioria das ocasiões, estava visivelmente alterada. A real é que eu não me sentia assim há anos, mas a arte faz essas coisas com a gente, né? Ainda bem. (Pra completar, no mesmo dia, Imelda May lança o clipe de Wild Woman. Tudojuntoaomeusmotempo foi sacanagem. Mas outra hora eu comento esse assunto).

E isso que foi só um clipe. Claro, o clipe.  Raul Machado, o qual tem um portfólio gigantesco (mais de 130 clipes incluindo Nação Zumbi, Planet Hemp, Raimundos, Sepultura, Camisa de Vênus e outros vários), dirigiu “SETEVIDAS”, contabilizando mais de 150 mil visualizações até o momento desse post.

Em uma conversa com o diretor, falei que a primeira coisa que me chamou a atenção foi que o clipe se diferencia um pouco de sua própria estética fílmica. Dá pra identificar que o clipe é dele porque Raul tem uma assinatura visual muito forte. Ele tem aquele lance dos músicos enfrentando a câmera, alguns enquadramentos contra-plongée, câmera recuando (veja tudo isso e muito mais aqui) e outros detalhes que não vou me deter. Comentei de seus cortes agressivos, secos, e disse que em “SETEVIDAS” os cortes e os movimentos de câmera estavam “sensuais”. Raul me disse que queria fazer takes longos, cortar menos e queria que tivesse o espírito de show, daí os movimentos felinos e  câmera flutuando como bola de sabão. Lógico, movimentos felinos. Não só os movimentos de câmera, mas todo o videoclipe. Pitty parece um gato escaldado, de beco, que cai, se machuca, fica detonado, mas volta. Com algumas vidas a menos, mas volta. E, vá lá, Pitty nunca fez o tipo gato domesticado.

Casa do Povo, uma associação judia comunista dos anos 50, que fica no Bom Retiro, em São Paulo (SP), serviu de locação para o videoclipe. Segundo o diretor, o local tem um “puta charme decadente” e está meio detonado. Raul, que nem sempre usa roteiros (nesse dia, inclusive, o roteiro ficou em casa), disse que a tomada em que Pitty segue a câmera, por exemplo, foi feita porque ele gostou da sala. “Como a locação era legal demais, eu quis aproveitar todos os ambientes, desde salas ao teatro meio abandonado que fica no subsolo”.

O clipe de “SETEVIDAS” foi gravado no dia do Levante de Varsóvia (google it), o que diminuiu um pouco o tempo de gravação, já que alguns sobreviventes de Auschwitz iam se encontrar no local. As filmagens duraram das 9h às 19h, e o primeiro corte aconteceu poucos dias depois, em uma edição psicografada de cinco horas. Depois disso, só lapidações. Há outros vários detalhes nonsense, mas conversas da madrugada a gente edita na hora de publicar.

Sobre o retorno da cantora, pensemos na cena nacional de 2003 pra cá: Pitty é uma das artistas mais importantes do país. Não é segredo pra ninguém a admiração que eu tenho por ela. Sei que é chover no molhado, mas Pitty é ótima compositora, tem uma presença de palco absurda, suscita indagações e alimenta somente o necessário – principalmente no próprio público. Acreditem, eu sei o que eu estou falando. Sim, meu texto está todo contaminado do olhar de alguém que se identifica com tudo o que ela produziu até hoje, mas justamente por causa disso eu vejo coisas que muitas vezes a grande mídia deixa passar batido, replicando somente o que a assessoria de imprensa envia.

Sem falar no lance do mistério que envolveu todo o lançamento do single e do clipe, me identifico horrores com isso e inclusive já escrevi algumas linhas sobre o assunto (não necessariamente sobre Pitty, mas sobre artistas e mistério em geral). A curiosidade agora é pelo resto das músicas. Dia 3 de junho o disco físico chega às lojas. Em breve, no site, vai rolar a pré-venda.  Eu que não sou boba de perder.

E dia 21 de agosto tem show no Opinião, vou comemorar meu aniversário lá. Aí, sim, o bicho vai pegar.

Natalia Nissen@_natalices

Promessa dada, é promessa cumprida. E assim como a internet facilitou o contato entre Nenhum de Nós e fãs, facilitou da imprensa com os artistas. O Carlos Stein, um dos guitarristas da banda, respondeu a algumas perguntas do The Backstage Blog por e-mail. A banda já tem 27 anos de estrada, mais de um milhão de discos vendidos e turnês Brasil afora. E no dia 2 de maio, no Parque de Exposições de Frederico Westphalen, a NDN vai tocar seus principais sucessos e canções do último disco de inéditas.

The Backstage – São quase três décadas de Nenhum de Nós. Que momento foi mais marcante na carreira, até agora?

Carlos Stein – Foram, como era de se esperar, muitos momentos marcantes nesses anos todos. A primeira música a tocar no rádio (People Are), o absurdo sucesso de Camila, que revolucionou não só a história da banda, como a nossa vida. Logo depois o sucesso de Astronauta, que nos levou ainda mais longe. Logo depois tocamos no Rock in Rio II. Teve também o prêmio da MTV do melhor clipe nacional de 93. O nosso primeiro acústico nos mostrou um novo caminho. Nosso primeiro Planeta Atlântida foi inesquecível. Foram muitos os momentos marcantes que fizeram do Nenhum o que ele é hoje.

TB – Como é a relação das bandas com os fãs? Muita coisa mudou desde os primeiros passos da Nenhum de Nós, e agora com a internet é possível ficar mais próximo do público?

Stein – É mais fácil de manter contato, sim. O Nenhum sempre procurou ficar próximo aos fãs. Eles são uma referência para nós. Temos até algumas canções que contam histórias desse relacionamento. A internet tornou toda a nossa comunicação mais fácil e ágil.

TB – E como foi a recepção do público com o novo DVD Contos Acústicos de Água e Fogo?

Stein – As pessoas ficaram surpresas com o formato, mas todo mundo falou que a ideia de fazer um não-show foi muito boa. Além disso, é um trabalho de muita qualidade.

TB – No último disco de inéditas há participações de Duca Leindecker e Leoni. Como acontecem essas parcerias?

Stein – São amizades que fazemos durante nossas jornadas. Gostamos muito desse intercâmbio. É uma grande forma de aprender.

TB – Vocês estão produzindo alguma novidade ou apenas fazendo shows e divulgando o DVD?

Stein – Temos planos de lançar algo ainda esse ano.

TB – O que o público frederiquense deve esperar do show da NDN?

Stein – Uma grande festa. Estamos lançando o DVD, mas no show podem esperar ouvir as músicas que fizeram o Nenhum ser conhecido. Os sucessos estarão lá.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Para iniciar 2014 a todo vapor, o Cascadura – uma das bandas mais importantes do cenário da Bahia nos últimos anos – realiza mais uma edição do projeto batizado Sanguinho Novo. Além de entreter e levar música de graça para a população, o Cascadura transmite a importância do ato de doar sangue em todo o material gráfico do evento, nas entrevistas, no seu blog e vestindo a camisa da causa. Baseado nas ideias de renovação, circulação, troca e parceria, o Sanguinho Novo assume a atitude de compartilhamento tanto no viés artístico quanto no social. Por e-mail, o vocalista e guitarrista Fábio Cascadura nos contou um pouco sobre o projeto. Confere aí:

The Backstage: Sobre o Sanguinho Novo, o que mudou da edição de 2011 pra cá?

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Cascadura na edição do projeto Sanguinho Novo em 2011 (Foto: Leo Monteiro)

Fábio Cascadura: Em 2011 realizamos a segunda edição do evento. Naquela ocasião, tínhamos algumas coisas que nos ajudaram bastante: estávamos em estúdio, em pleno processo de gestação do disco “Aleluia”; as canções estavam ainda no estágio de gravação e isso dava um frescor a mais para aquela temporada; tudo era curiosidade – a ocasião subimos ao palco com o embrião da formação que temos hoje: sem percussão, mas já com o Du Txai na guitarra (que estreou no Cascadura, bem naquele momento) e ainda com André T e Jô Estrada, nossos produtores… Foi importante tocar com aquela formação para apresentar aquele repertório que hoje é bem conhecido do pessoal todo (o “Aleluia” acabou sendo indicado a Melhor Disco no VMB 2012 e ganhou o Prêmio Dynamite 2013 de Melhor Álbum Pop). Para nossa satisfação, tudo deu muito certo! Foram quatro fins de tarde memoráveis, com muita gente legal indo conferir… Foi uma celebração inesquecível! Queremos mesmo repetir essa dose de emoção no calor do Verão baiano 2014!

TB: Em que ano vocês tiveram a iniciativa de montar essa parceria? Como foi esse início?

FC: A primeira edição foi meio de improviso, num momento de muitas ideias. Era o tempo da Turnê Bogary, tínhamos muitas ideias, todo momento… Essa veio num papo, dentro de um carro, entre eu, Thiago (baterista) e o Dimitri, que era o nosso produtor. Nós comentávamos sobre o grande numero de e-mails que vínhamos recebendo solicitando doação de sangue para alguém que era conhecido de alguém. Sabe? Então pensamos num modo de colaborar com a divulgação dessa necessidade. Eu já era doador de sangue. Procuro doar com alguma frequência. Mas precisávamos de alguma ação mais efetiva para ajudar na conscientização. Daí veio a ideia do projeto Sanguinho Novo.

TB: Esse ano vai ter o stand do HEMOBA?

FC: Nosso menager, Ricardo Rosa, é o Coordenador Geral do projeto nessa edição e está conversando com o pessoal do HEMOBA para vermos o que será possível termos lá. Já é muito importante darmos atenção à matéria. Fazer com que esse tema apareça na agenda das pessoas durante um período que foca mais na festa, badalação e tal… O exercício de debate em torno da consciência para ações como doação de sangue, reciclagem de lixo, cuidados com o meio ambiente, etc, deve ser constante.

TB: Acredito ser meio óbvio, mas qual a importância de um projeto desses em Salvador?

FC: O Verão em Salvador é bem especial. A cidade ganha muita atenção de fora. Mesmo num momento delicado, difícil como o que vivemos agora, com a cidade sob uma convulsão urbana tremenda, quando chega o Verão, ela parece ficar ainda mais interessante. Há uma confluência enorme de pessoas de todo canto que vem pra cá atrás desse clima… Assim, um projeto que propõe apresentar a música de gente que trabalha o ano inteiro na cidade e por ela, e ainda quer falar de um tema importante como o da doação voluntária de sangue é algo muito relevante, ao meu modo de ver. Ainda, com esse crescimento populacional momentâneo na cidade durante a estação, há aumento da necessidade de sangue para transfusões nos postos de saúde e hospitais. Esse é mais um dado que precisa ser levado em consideração.

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TB: Quais as informações que o público deve saber sobre esses shows de 2014?

FC: Acho que cada edição reflete um momento especial. Em 2011 tivemos a honra de contar com parceiros artistas muito incríveis – Maglore, Dub Stereo, Vendo 147 e Velotroz, são realidades muito expressivas no contexto artístico da Bahia, seja por suas obras e atuações no cenário local e nacional, seja pelo desdobramento de sua produção em outros projetos. Esses artistas refletiam o que vinha sendo mais celebrado como novidade, naquele instante, e se afirmaram, por seus próprios méritos, como grandes artistas da Bahia. Os shows foram incríveis! Marcou aquele Verão! Essa edição de 2014 trará gente que cremos estar em consonância com o projeto e o momento da música na Bahia: Clube de Patifes, de Feira de Santana/BA e Falsos Modernos. A primeira tem 15 anos de carreira e é um importante representante da cena no interior do Estado, sendo responsável pelo surgimento e fortalecimento de um novo contexto de produção cultural no eixo Feira de Santana/Camaçari. Acho que essa produção do interior da Bahia foi um grande destaque de 2013 e cremos que com a Clube de Patifes teremos uma representação a altura desse momento bacana. Além disso, eles estão lançando um novo trabalho, acústico. Eu até participei! É bacana! Já a Falsos Modernos é uma banda que vem revigorar o panorama de Salvador. São músicos experimentados, mostrando uma nova possibilidade para a cidade. Gostamos da rapaziada e pomos a maior fé neles. Vai ser lindo.

Bom, nós do Cascadura poremos o melhor de nós no palco. Afinal, é o que fazemos: tocar nossa música! Vai ter de tudo um pouco e espero ainda um pouco mais de tudo… Vamos aguardar que aquela moçada apareça para cantar, curtir e celebrar, na paz! (Fábio Cascadura)