Carol Govari Nunes – @carolgnunes
Para iniciar 2014 a todo vapor, o Cascadura – uma das bandas mais importantes do cenário da Bahia nos últimos anos – realiza mais uma edição do projeto batizado Sanguinho Novo. Além de entreter e levar música de graça para a população, o Cascadura transmite a importância do ato de doar sangue em todo o material gráfico do evento, nas entrevistas, no seu blog e vestindo a camisa da causa. Baseado nas ideias de renovação, circulação, troca e parceria, o Sanguinho Novo assume a atitude de compartilhamento tanto no viés artístico quanto no social. Por e-mail, o vocalista e guitarrista Fábio Cascadura nos contou um pouco sobre o projeto. Confere aí:
The Backstage: Sobre o Sanguinho Novo, o que mudou da edição de 2011 pra cá?
Fábio Cascadura: Em 2011 realizamos a segunda edição do evento. Naquela ocasião, tínhamos algumas coisas que nos ajudaram bastante: estávamos em estúdio, em pleno processo de gestação do disco “Aleluia”; as canções estavam ainda no estágio de gravação e isso dava um frescor a mais para aquela temporada; tudo era curiosidade – a ocasião subimos ao palco com o embrião da formação que temos hoje: sem percussão, mas já com o Du Txai na guitarra (que estreou no Cascadura, bem naquele momento) e ainda com André T e Jô Estrada, nossos produtores… Foi importante tocar com aquela formação para apresentar aquele repertório que hoje é bem conhecido do pessoal todo (o “Aleluia” acabou sendo indicado a Melhor Disco no VMB 2012 e ganhou o Prêmio Dynamite 2013 de Melhor Álbum Pop). Para nossa satisfação, tudo deu muito certo! Foram quatro fins de tarde memoráveis, com muita gente legal indo conferir… Foi uma celebração inesquecível! Queremos mesmo repetir essa dose de emoção no calor do Verão baiano 2014!
TB: Em que ano vocês tiveram a iniciativa de montar essa parceria? Como foi esse início?
FC: A primeira edição foi meio de improviso, num momento de muitas ideias. Era o tempo da Turnê Bogary, tínhamos muitas ideias, todo momento… Essa veio num papo, dentro de um carro, entre eu, Thiago (baterista) e o Dimitri, que era o nosso produtor. Nós comentávamos sobre o grande numero de e-mails que vínhamos recebendo solicitando doação de sangue para alguém que era conhecido de alguém. Sabe? Então pensamos num modo de colaborar com a divulgação dessa necessidade. Eu já era doador de sangue. Procuro doar com alguma frequência. Mas precisávamos de alguma ação mais efetiva para ajudar na conscientização. Daí veio a ideia do projeto Sanguinho Novo.
TB: Esse ano vai ter o stand do HEMOBA?
FC: Nosso menager, Ricardo Rosa, é o Coordenador Geral do projeto nessa edição e está conversando com o pessoal do HEMOBA para vermos o que será possível termos lá. Já é muito importante darmos atenção à matéria. Fazer com que esse tema apareça na agenda das pessoas durante um período que foca mais na festa, badalação e tal… O exercício de debate em torno da consciência para ações como doação de sangue, reciclagem de lixo, cuidados com o meio ambiente, etc, deve ser constante.
TB: Acredito ser meio óbvio, mas qual a importância de um projeto desses em Salvador?
FC: O Verão em Salvador é bem especial. A cidade ganha muita atenção de fora. Mesmo num momento delicado, difícil como o que vivemos agora, com a cidade sob uma convulsão urbana tremenda, quando chega o Verão, ela parece ficar ainda mais interessante. Há uma confluência enorme de pessoas de todo canto que vem pra cá atrás desse clima… Assim, um projeto que propõe apresentar a música de gente que trabalha o ano inteiro na cidade e por ela, e ainda quer falar de um tema importante como o da doação voluntária de sangue é algo muito relevante, ao meu modo de ver. Ainda, com esse crescimento populacional momentâneo na cidade durante a estação, há aumento da necessidade de sangue para transfusões nos postos de saúde e hospitais. Esse é mais um dado que precisa ser levado em consideração.
TB: Quais as informações que o público deve saber sobre esses shows de 2014?
FC: Acho que cada edição reflete um momento especial. Em 2011 tivemos a honra de contar com parceiros artistas muito incríveis – Maglore, Dub Stereo, Vendo 147 e Velotroz, são realidades muito expressivas no contexto artístico da Bahia, seja por suas obras e atuações no cenário local e nacional, seja pelo desdobramento de sua produção em outros projetos. Esses artistas refletiam o que vinha sendo mais celebrado como novidade, naquele instante, e se afirmaram, por seus próprios méritos, como grandes artistas da Bahia. Os shows foram incríveis! Marcou aquele Verão! Essa edição de 2014 trará gente que cremos estar em consonância com o projeto e o momento da música na Bahia: Clube de Patifes, de Feira de Santana/BA e Falsos Modernos. A primeira tem 15 anos de carreira e é um importante representante da cena no interior do Estado, sendo responsável pelo surgimento e fortalecimento de um novo contexto de produção cultural no eixo Feira de Santana/Camaçari. Acho que essa produção do interior da Bahia foi um grande destaque de 2013 e cremos que com a Clube de Patifes teremos uma representação a altura desse momento bacana. Além disso, eles estão lançando um novo trabalho, acústico. Eu até participei! É bacana! Já a Falsos Modernos é uma banda que vem revigorar o panorama de Salvador. São músicos experimentados, mostrando uma nova possibilidade para a cidade. Gostamos da rapaziada e pomos a maior fé neles. Vai ser lindo.
Bom, nós do Cascadura poremos o melhor de nós no palco. Afinal, é o que fazemos: tocar nossa música! Vai ter de tudo um pouco e espero ainda um pouco mais de tudo… Vamos aguardar que aquela moçada apareça para cantar, curtir e celebrar, na paz! (Fábio Cascadura)