Archive for the ‘Rock’ Category

O álbum Admirável Chip Novo foi um marco na música brasileira por vários motivos. Um disco de rock de uma cantora e compositora baiana lançado por uma gravadora independente fez enorme sucesso em todo Brasil. Um primeiro single, um rock pesado, cantando por uma mulher com o refrão “O importante é ser você mesmo que seja estranho, mesmo que seja bizarro”. Pitty apareceu não só marcando presença, mas abrindo caminho e sendo uma referência tanto para os artistas que viriam pela frente como para o público, que encontrava uma artista falando sobre assuntos que futuramente ganhariam ainda mais importância: feminismo, respeito às diversas existências, o excesso do culto à imagem e o controle da mídia, isso antes das redes sociais.

Vinte anos depois de seu lançamento, as músicas do Admirável Chip Novo (Deck), produzido por Rafael Ramos, são comentadas, discutidas e extremamente atuais, talvez mais atuais do que na época. Um disco que gerou muitos hits (“Teto de Vidro”, “Admirável Chip Novo”, “Máscara”, “Equalize”, “Semana que Vem” e “Temporal”, entre outras), que terminou o ano com um Disco de Platina (250 mil cópias vendidas), o prêmio de “Revelação” no Prêmio Multishow de Música Brasileira e o clipe da faixa-título como o mais pedido da MTV. A cantora também levou para casa os dois principais prêmios do VMB 2004: “Escolha da Audiência” e “Clipe de Rock”.

Foto: Caio Lírio

Por essas e outras, Pitty resolveu comemorar esse aniversário de 20 anos revisitando esse álbum, não num movimento saudosista, mas entendendo seu lugar no mundo em 2023. Batizada de ACNXX, a turnê vai rodar o Brasil, com o disco sendo tocado na íntegra com novos arranjos. “Não é para ser o que ele era em 2003, é para ser o que ele é agora, o que essas músicas representam hoje. Faremos novos arranjos, respeitando os originais, mas com elementos novos, usando as tecnologias disponíveis, interpretando o disco hoje”.

Pitty, que também assina a direção do show, será acompanhada por sua banda Martin Mendonça (guitarra), Paulo Kishimoto (baixo) e Jean Dolabella (bateria).

Além dos shows, os vinte anos de Admirável Chip Novo presenteará os fãs com outras surpresas, que em breve serão anunciadas. Aguarde um box especial cheio de novidades.

As datas confirmadas você pode encontrar aqui  https://www.pitty.com.br/agenda

Em Porto Alegre, o show está marcado para o dia 22 de abril, no Auditório Araújo Vianna, e os ingressos já estão disponíveis no Sympla. Confira, abaixo, o serviço completo:

SERVIÇO
Onde: Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)
Quando: 22 de abril 2023, sábado, a partir das 21h
Abertura da casa: 19h30
Classificação: 16 anos

Ingressos:

Lote 1:

Plateia Alta Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 60
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 55
Inteira: R$ 110

Plateia Alta Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 70
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 65
Inteira: R$ 130

Plateia Baixa Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 90
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 85
Inteira: R$ 170

Plateia Baixa Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 140
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 135
Inteira: R$ 270

Plateia Gold:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível):R$ 180
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 175
Inteira: R$ 350

Lote 2:

Plateia Alta Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 70
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 65
Inteira: R$ 130

Plateia Alta Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 90
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 85
Inteira: R$ 170

Plateia Baixa Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 110
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 105
Inteira: R$ 210

Plateia Baixa Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 160
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 155
Inteira: R$ 310

Plateia Gold:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível):R$ 200
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 195
Inteira: R$ 390

* Os alimentos deverão ser entregues no Auditório Araújo Vianna, no momento da entrada ao evento.
** Para o benefício da meia-entrada (50% de desconto), é necessária a apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) na entrada do espetáculo. Os documentos aceitos como válidos estão determinados na Lei Federal 12.933/13.

Demais descontos:
* 50% para idosos: Lei Federal 10.741/03 – obrigatória apresentação de identidade ou documento oficial com foto.
* 50% para jovens pertencentes a famílias de baixa renda: Lei Federal 12.933/13 – obrigatória apresentação da Carteira de Identidade Jovem e de documento oficial com foto.
* 50% para pessoas com deficiência (e acompanhante quando necessário): Lei Federal 12.933/13 – obrigatória apresentação do Cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da Pessoa com Deficiência ou de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
* 50% para doadores regulares de sangue: Lei Estadual n° 13.891/12 – obrigatória apresentação de documento oficial válido e expedido pelos hemocentros/bancos de sangue.
* 50% para sócio do Clube do Assinante ZH.

Pontos de venda:
Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – somente em dinheiro):

Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2611 – Loja 249 – Jardim Lindóia – Porto Alegre)

Horário funcionamento: das 10h às 22h.

Online: https://site.bileto.sympla.com.br/araujovianna/

Informações: 
www.araujoviannaoficial.com.br
www.facebook.com/araujoviannaoficial
www.instagram.com/araujoviannaoficial
www.twitter.com/araujovianna_

Telefone: 51 3211-2838

Fontes:
Piky – Mariana Candeias
Assessora de Imprensa – Elemess

Daniela Sangalli
Assessora de Imprensa – Opinião Produtora

Se em 2022 o emo se tornou pauta por causa de um revival no cenário pop mundial, em Porto Alegre, ele prova que sempre se manteve ativo e que não vive apenas de nostalgia. No auge do sucesso, a Fresno, no último dia 18, levou milhares de fãs ao Araújo Vianna. Fãs novos, fãs velhos (os emos mais velhos do mundo, segundo o vocalista Lucas Silveira), fãs eventuais, fãs dos álbuns, fãs dos clipes, fãs do show (meu caso, como confessei no texto sobre o primeiro show que vi da banda).

Reforçando o que eu havia percebido em abril, a Fresno mira no futuro e nem de longe foca em um passado idealizado. A banda convida o público para celebrar uma herança compartilhada nas últimas duas décadas, com um desejo colossal de aproveitar aquele momento em comunhão, mas sempre sinalizando que eles ainda têm muito para viver e realizar.

Foto: Vic Martins

Intercalando clássicos da carreira como “Cada Poça”, “Diga”, “Quebre as Correntes” e “Milonga”, com sucessos do Vou Ter Que Me Virar, como “Fudeu”, “Casa Assombrada”, “Já Faz Tanto Tempo” e “Eles Odeiam Gente Como Nós”, Lucas (vocal e guitarra), Vavo (guitarra) e Guerra (bateria) – acompanhados por Lucs Romero (teclados), Tom Vicentini (baixo) e pela maravilhosa Michelle Abu (percussão), a banda, em perfeita sintonia com a plateia, confirma que nossas identidades são construídas historicamente, em ambientes sociais, através de pertencimentos coletivos. O emo não é apenas um movimento de mídia ou um estilo caracterizado através de um perfil em uma revista de adolescente. O emo, hoje, se consolida como uma das maiores subculturas do país, muito em função de artistas como Lucas Silveira terem tomado o rótulo para si, em um processo de afirmação e que, pasmem, está conquistando mais adeptos do que no começo dos anos 2000.

Apesar de manter as características fundamentais do gênero musical e de abastecer o íntimo dos fãs mais velhos que lotavam o Araújo Vianna, a Fresno caminha em direção a uma fase diferente – e complementar – da que apresentou para seu público 23 anos atrás. Se a banda já havia encontrado seu caminho de expressão e liberdade, com o VTQMV – e a turnê do VTQMV – esses pilares se incorporaram ao ideal de resistência e modernidade, formatando sua performance como uma das mais explosivas do rock nacional.  

E foi com essa performance explosiva, levando o público às lágrimas e às gargalhadas (vocês sabiam que os emos gaúchos se cagam rindo quando o Lucas fala alguma merda? Pois sim), numa troca mútua com a audiência, que a Fresno encerrou o melhor ano da carreira. E encerrou, também, os trabalhos desse blog em 2022.

Que venha 2023! Até o próximo show 😉

Faz quase 10 anos que Marcelo Gross vem lançando trabalhos solos: no primeiro, em 2013 (Use o Assento para Flutuar), o guitarrista ainda estava na Cachorro Grande. Com uma lista infinita de composições – e após sua saída (e o fim) da Cachorro Grande – Gross passou a se dedicar exclusivamente à sua carreira solo. Desde então, lançou também Chumbo & Pluma, Tempo Louco e, hoje, entra em todas as plataformas digitais o álbum Exilado, concebido durante a primeira temporada da pandemia.

Com produção musical do mesmo, Bridy e Vini Tupeti, o álbum foi captado, mixado e masterizado no estúdio da Holiday Produtora. Em Exilado, o artista faz um caminho de volta à sua essência, resgatando composições guardadas em diários da adolescência. Como todo processo do álbum foi feito durante o confinamento, Gross é responsável pela gravação todos os instrumentos do disco.

Capa do disco. Foto de Marcelo Gross

De acordo com o artista, “Exilado é um disco concebido durante o isolamento da pandemia e gravado nesse período nos estúdios da Holiday onde, além de dividir a produção com Vini Tupeti e Bridy, acabei tocando todos os instrumentos e fazendo todos os vocais, como tinha feito nas demos do disco”.

Gross ainda comenta que “as canções refletem esse período de retiro e foram uma forma de extravasar nesse momento em que não rolavam shows, e também foi um momento de introspecção, em que tive que gravar tudo sozinho em função do isolamento. Em algumas canções usei letras  que tinha escrito a muito tempo, já que estava vivendo esse exílio na casa onde passei a minha  infância e adolescência, tendo recorrido a antigos cadernos de poesia. No estúdio, eu tinha apenas a companhia do técnico, portanto é o meu álbum mais pessoal, em que usei a prática de compor e gravar como um exercício para me expressar nesse momento que foi muito peculiar e desafiador”.

Exilado está disponível em todas as plataformas digitais. Escolha a sua preferida clicando aqui.

Quando eles esgotaram os ingressos em duas noites em abril, Samuel Rosa prometeu: “vamos voltar a Porto Alegre antes do fim”. Como promessa é dívida, o Skank retornou ao Araújo Vianna, nos dias 25, 26 e 27 novembro, para a alegria de milhares de fãs que novamente lotaram o auditório.

Com um setlist totalmente rendido à nostalgia, a banda manteve a energia lá no alto durante toda a apresentação. Samuel desceu do palco para tirar foto com os fãs, conversou, agradeceu a presença de todos. Leu os cartazes, brincou com as torcidas do Inter e do Grêmio, relembrou o primeiro show da banda em Porto Alegre, no antigo bar Opinião, que ficava Joaquim Nabuco (que até hoje não consegui descolar uma foto, mas todo mundo me explica que era tipo um corredor). Falou da relação da banda com o estado, os memoráveis shows no interior e a estreia da banda no Planeta Atlântida, em 1997, durante a explosão d’O Samba Poconé.

Ao longo da noite de sábado, a banda passou pelos principais sucessos, levantando o público principalmente em hits como “É Uma Partida de Futebol”, “Garota Nacional” e “É Proibido Fumar” – dedicada a Erasmo Carlos, que nos deixou recentemente. Entre as baladas, “Resposta” e “Ali” foram cantadas pelo público do começo ao fim.

Com mais de 15 álbuns de estúdio, ao vivo e coletâneas, mais de 140 canções, 46 singles e 25 trilhas de novela, o Skank encerra as atividades sendo um dos maiores grupos do cenário pop rock do país, que atraiu multidões pelos 4 cantos do país nos últimos 30 anos.  

A banda ainda tem algumas datas até O Último Show, que vai acontecer no dia 26 de março de 2023, no Mineirão.

Revista BIZZ, março de 1989. Um manifesto assinado pelas bandas Defalla, Os Replicantes e Nenhum de Nós estampa a oitava página da revista. No final, a seguinte sentença: “Todo mundo precisa de um lugar para onde voltar. A opção fundamental de retornar ao Sul”.

Mais de 30 anos depois, esse movimento de circular pelo país – e pelo exterior – ainda é recorrente. Mas todo mundo precisa de um lugar para onde voltar. Em 2022, quem fez esse movimento de retorno ao Sul foi Jonathan Corrêa. Após andar pelo mundo em turnês gigantescas à frente do Ego Kill Talent, o artista anunciou sua saída da banda e que sua volta, com o Voz & Reação, projeto visceral e intimista que teve registro ao vivo em 2018 e que se tornou álbum em 2022, ultrapassando mais de 1 milhão de plays em pouco mais de seis meses, ocorreria em um local muito simbólico: o lendário palco do Opinião. Em menos de 48 horas, os ingressos esgotaram e foi preciso abrir uma sessão extra (as duas sessões ocorreram na noite de 18 de novembro), visto que os recmaníacos estavam sedentos para reencontrar seu ídolo.

Jonathan Corrêa – Voz & Reação (Foto: Vic Martins)

Da data do anúncio à noite dos shows, Jonathan alimentou sua audiência da melhor forma possível: acionando um constante pathos nostálgico, elevando a expectativa dos fãs que não o viam há 4 anos no formato Voz & Reação. Esse pathos que Jonathan acionou é similar à noção de retórica aristotélica, isto é, alusivo ao aspecto sentimental presente nos discursos sociais – tanto em relação ao seu conteúdo enunciado, conjunto de símbolos que inteiram a mensagem, quanto na possibilidade de despertar sentimentos na sua recepção.  

E, se tem uma coisa que Jonathan sabe fazer, é falar sobre – e despertar – sentimentos. Em duas sessões, vivemos a entrega do artista e do público, que não era apenas local: fãs de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná; gente que veio de Campinas de moto; gente que chegou na fila às 15h; que se conheceu por causa das canções da Reação em Cadeia e consolidou o amor com um pedido de casamento no palco.

Uma espécie de retromania tomou conta do bar – e, se pensarmos na retromania como baliza do pathos nostálgico, temos o prefixo re: revisão, reapresentação, reencenação. Nesse caso, podemos acrescentar reação – sim, reação de Reação em Cadeia (fonte: vozes da minha cabeça, mas também estou escoradíssima em Simon Reynolds e no meu amigo Thiago Pereira para falar sobre retromania): um boom de memória coletiva, a expressão absoluta de um pathos nostálgico, de forma acelerada, na ideia de que vivemos um tempo de recordação total, onde a música e a memória são amplamente conectadas, satisfazendo um afeto saudosista. (Algo muito comum na cultura pop e que estamos vivenciando não apenas com a Reação em Cadeia, mas com o retorno dos Titãs e de outras bandas que ainda vão anunciar o retorno aos palcos).

Ao lado de Jonathan, Luciano Reis ampliou o tom sentimental ao participar de “Entre teus dedos”, “7 noites”, “Infierno”; na segunda sessão, Serginho Moah, que estava na plateia, subiu para cantar “Pó de Pimenta”, do Papas da Língua, e ambos trocaram carinho e muitos elogios, já que, segundo Jonathan, Serginho foi um dos primeiros a apoiá-lo e incentivá-lo no início de sua carreira.

Mas nem só de nostalgia vive Jonathan e os recmaníacos – muito pelo contrário!: ontem, dia 21, o artista anunciou o retorno da Reação em Cadeia em um dos festivais mais emblemáticos do estado e do país: o Planeta Atlântida. Ou seja, esse reencontro no Opinião foi só uma prévia do que vem pela frente. Os ingressos para o Planeta estão à venda. E eu é que não vou perder essa volta da Reação.

Outras fotos do show: aqui.