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Carol Govari Nunes@carolgnunes

O “Crowdfunding” é um conceito que, em português, significa “fundo colaborativo”. A cooperação coletiva de pessoas que, por meio de seus recursos e rede de contatos, viabiliza a realização de uma iniciativa. De forma resumida, são pessoas que se unem com um objetivo em comum; realizar um evento. Seja ele qual for, pois a internet, através das redes sociais, acabou facilitando o encontro de pessoas com os mesmos interesses e, consequentemente, identificando as possibilidades de realizar um evento.

Baseado no modelo de “Ingresso-Benefício” Leonardo Leone, 24 anos, idealizou o “Budweiser Indie Festival” com a casa de shows Upper Club, em São Paulo. Abaixo, você entende um pouco melhor sobre do que se trata o evento e como pode participar para que ele ocorra.

The Backstage – Como e quando surgiu a ideia pra fazer o “Vamos realizar?”

Leonardo Leone – A “Vamos Realizar” é uma plataforma de vendas on-line. É preciso recursos financeiros, organização e contato e é aí que a “Vamos Realizar” entra negociando com as pessoas, fornecedores e divulgando a iniciativa nas redes sociais. É uma parceira no evento e eu não tenho vinculo com a empresa.

TB – Pode explicar um pouco o que é o “Crowdfunding”?

LL – O Crowdfunding ou Fundo Colaborativo é uma espécie de evento que é garantido pelos fãs. Existem vários modelos e o que criamos para o Budweiser Indie Festival foi o modelo baseado no Ingresso-Benefício: Precisamos vender 650 ingressos através da nossa plataforma online até o dia 20 de Abril para garantir o acontecimento do festival.

Divulgação

TB – Como funciona a venda dos ingressos e o que acontece caso o evento não se realize?

LL – As pessoas que comprarem esses ingressos ganham automaticamente 4 cervejas Budweiser para consumir no dia do evento além de ganhar direito a participar de sorteios de brindes nos intervalos dos shows. Entre os prêmios sorteados, estão 2 letreiros luminosos de neon da Budweiser. É importante falar que caso a meta de ingressos não seja alcançada, o dinheiro de quem comprou o ingresso é automaticamente estornado sem custos para o comprador. Todas as formas de pagamento são aceitas e é possível dividir o valor do ingresso no cartão de crédito.

TB – É a tua primeira experiência com isso?

LL – Trabalho com produção de eventos desde os 14  anos. O Fundo Colaborativo é um conceito novo no Brasil e ainda não é muito conhecido, mas é uma forma de realizar eventos com boa estrutura, boas atrações e segurança para os contratantes.

TB – Qual é a casa de show? Por que a escolha dela?

LL – O evento será no Upper Club (Próximo ao Credicard Hall). Essa casa tem uma estrutura impressionante, mas sempre foi voltada para o corporativo e social (formaturas e casamentos). Os donos do local decidiram tornar uma casa de shows e me chamaram para dirigir os projetos da casa e o Budweiser Indie Festival é o primeiro que vamos realizar.

TB – As bandas que compõe o lineup são todas independentes e estão crescendo muito no cenário atual. Como foi a seleção e o contato com elas?

 LL – Quando se fala em Indie Rock no Brasil todo mundo pensa em Cachorro Grande, em Vanguart. Eu frequento assiduamente os shows de rock independente e decidi o line-up baseado na qualidade das bandas, profissionalismo e mídia. São todos meus amigos pessoais há anos, mas o que realmente contou foi o feed back que tive desses shows que vou. Todas as bandas desse line além de terem gravados excelentes discos, são muito boas ao vivo. Quero que o festival seja um Start up para que o indie rock do Brasil cresça e se espalhe. A cena em São Paulo é muito forte e acho que tem potencial para se espalhar para o Brasil inteiro.

 TB – A divulgação na internet é a principal ferramenta de divulgação para o evento. Além deste meio, há algum outro tipo de contato ou informação que você queira deixar para os leitores do blog?

LL – O site www.vamosrealizar.com é o completo. Tem todas as informações do evento além de e-mails e telefones para tirar dúvidas. Estamos divulgando em parceria com as bandas na internet. Converso com os integrantes e todos sempre falam empolgados com o festival, estão ajudando bastante a mostrar que o evento precisa de venda antecipada para ser concretizado.

A estrutura de som e iluminação é excelente e isso também conta, pois a ideia é que o público enxergue as bandas como grandes bandas de rock nacional que são. Ser Indie não quer dizer tocar em pequenos bares para pequenos públicos sempre. É continuar fazendo um som visceral, sincero e impactante. Quanto mais apoio e estrutura as bandas tiverem, melhor o resultado do trabalho deles. A nossa parte, de trabalhar para fazer o evento acontecer, está sendo feita da melhor forma possível. Quem comprar o ingresso-beneficio, além das 4 Budweisers e dos sorteios, não vai se arrepender do que vai ver no dia 11 de maio. Após a venda dos 650 ingressos, será aberto o segundo lote. O valor do ingresso será maior que o lote inicial e não terá direito a consumação ou participação no sorteio. Quem comprar os primeiros ingressos, além de apoiar o evento terá vantagens. Isso não existe em nenhum modelo de Fundo Colaborativo. Criei exclusivamente para o Budweiser Indie Festival.

Natalia Nissen@_natiiiii

Vera Loca é uma das bandas de rock mais importantes do Rio Grande do Sul e hoje completa 10 anos de carreira. A celebração já começou, a banda está fazendo shows pelo estado, mobilizando os fãs nas redes sociais e continua fazendo sucesso com músicas que contagiam o público desde o lançamento. O nome “Vera Loca” é uma “homenagem” à vizinha que reclamava do barulho que a banda fazia durante os ensaios na sala de um apartamento, mas todos garantem que já está tudo em paz.

Vera Loca completa 10 anos de carreira fazendo shows pelo RS (Foto: divulgação)

Frederico Westphalen já foi palco para a Vera Loca e os fãs sempre pedem o retorno, aqui no The Backstage você confere uma entrevista e fica conhecendo um pouco mais sobre a história da banda formada por Diego Floreio nos teclados, Fabrício Beck no vocal e guitarra, Hernán González na guitarra, Luigi Vieira na bateria e Mumu no contrabaixo.

The Backstage – Como a Vera Loca começou? Desde o início a intenção foi fazer música profissionalmente?

Vera Loca – A Vera Loca se formou em Porto Alegre, mas três integrantes são do interior do estado, temos um argentino na banda e apenas um integrante é de POA. Diego e Fabrício são amigos de infância e desde criança estão no meio da música, assim como Mumu, Luigi e Hernán também, nos encontramos porque temos afinidades musicais, temos o mesmo pensamento e aí se formou a Vera Loca. Sempre trabalhamos com música paralelamente aos estudos. Quando nos mudamos para POA largamos nossas faculdades para nos dedicarmos exclusivamente à música. Nunca brincamos de ter uma banda pois escolhemos a música como profissão, talvez por isso nunca se cogitou desistir.

TB – Quais são as influências da banda?

VL – Ouvimos muitas coisas em comum, como as bandas tradicionais do Rock, Rolling Stones, The Beatles, AC/DC, mas acho que está nas diferenças o tempero do nosso som. Nosso vocalista gosta bastante de bossa nova, Tom Jobim, Ivan Lins, temos o Rock Argentino muito presente na banda, Gustavo Cerati, Fito Paez, Charly Garcia e também bandas mais recentes como Kings Of Leon, The Strokes. Ouvimos muita música.

Fazemos músicas de várias formas. Às vezes alguém chega com a música e letra pronta e arranjamos nos ensaios, mas a maioria das músicas são feitas em parceria entre dois ou três integrantes, ou até mesmo a banda toda. Como todos compõem na banda, nossa dificuldade sempre foi escolher o repertório, um problema bom. Temos músicas já gravadas que acabaram não entrando nos discos que um dia podem aparecer.

TB – Com 10 anos de estrada, teve algum momento/show que marcou muito os integrantes?

VL – Tudo que passamos na música serviu para fortalecer o nosso trabalho, desde os shows no começo da banda, onde ninguém conhecia e não tínhamos muito público até hoje quando estamos vendo todos os nossos shows lotados. Tivemos um show em 2011 que foi especial que foi o Planeta Atlântida, onde uma multidão se mobilizou para ver nosso show, como pode ser visto no youtube. Temos certeza que vai marcar muito os shows que faremos de comemoração dos 10 anos de banda.

TB – A Vera Loca tem uma relação muito forte com os fãs através do Twitter. Como esse contato acontecia antes da popularização da rede social?

VL – Sempre nos achamos um pouco atrasados nesse sentido no começo da banda. Quando começamos a nos dar conta da importância disso, entramos a fundo nesse meio.  Mas sempre tentamos atender a todos de forma individual, valorizando bastante aqueles que gostam do nosso trabalho, logicamente cada vez mais se torna impossível fazer isso com o crescimento do público, mas tentamos dar toda atenção possível, sem mandar recados através da produção da banda. Nós mesmos abastecemos esses meios. Antes das redes sociais esse contato era apenas direto nos shows e ainda tentamos fazer o máximos que conseguimos.

TB – E qual o posicionamento da Vera Loca em relação ao download de músicas na internet?

VL – Queremos que as pessoas conheçam nossas músicas. Isso vem em primeiro lugar. Hoje vendemos muitos discos, pois as pessoas que gostam do trabalho não abrem mão de ter o disco físico. Vendemos muito nos shows e também na loja do nosso site.

TB – O The Backstage Blog nasceu em Frederico Westphalen, vocês já fizeram show lá e a galera sempre pede para a banda voltar. Alguma previsão de show para a cidade ou região? A organização da Expofred mencionou o interesse em levar a Vera Loca para se apresentar na festa.

VL – Fizemos um show em Frederico que foi histórico pra gente, pois na época era um dos lugares mais longes que estávamos indo. Ficamos pensando, será que conhecem nossa música por aqui? Quando subimos ao palco foi inacreditável o reconhecimento do público, além do local estar lotado, quase todas as pessoas que estavam no local cantavam todas as nossas músicas. Então após esse show, que faz bastante tempo, Frederico é uma das cidades que mais pedem Vera Loca e a gente sempre costuma dizer que não depende da gente, a pressão tem que ser em cima de quem faz os eventos na cidade. Começou uma mobilização muito grande no twitter para levar a Vera Loca para Expofred. Não sabemos em que pé anda essa situção, pois nossa produção só costuma nos comunicar quando o show está 100% fechado. Então ficamos na torcida. Certamente se ocorrer esse show, será a prova que a voz do povo é a voz de Deus (rsrs)!

Carol Govari Nunes@carolgnunes

2012 começou agradavelmente promissor em relação ao rock nacional com o disco “O Pensamento é um ímã”, da banda Vivendo do Ócio. Com Jajá Cardoso no vocal/guitarra, Davide Bori na guitarra, Luca Bori no baixo/vocal e Dieguito Reis na bateria, o quinteto baiano vem se destacando desde que ganhou a “Aposta MTV”, em 2009.

Para dar vida às músicas que já estão fazendo sucesso desde que a banda disponibilizou o álbum para audição no Facebook, os músicos se dividiram entre os Estúdios Costella (de Chuck Hipolitho – você pode reler uma entrevista com ele aqui) e Tambor (no Rio de Janeiro, do produtor Rafael Ramos). Com 11 músicas no CD, a faixa que claramente tem se destacado é “Nostalgia”, música composta pela banda em parceria com Pablo Dominguez e gravada com participação de Pitty nos vocalizes durante o refrão e Martin na guitarra (você pode reler a entrevista com o Agridoce aqui).

O show de lançamento do disco acontece dia 16/02 no Beco 203, em São Paulo.  Por e-mail, Jajá Cardoso conversou com o The Backstage e o papo você confere a seguir:

Capa do disco - Divulgação

The Backstage – Como foi o processo de composição do disco “O pensamento é um ímã”? Foi diferente do “Nem sempre tão normal”?

Jajá Cardoso – Completamente diferente, a maioria das músicas do “Nem Sempre Tão Normal” foram compostas em 2006/2007, de lá pra cá muita coisa aconteceu, crescemos em todos os sentidos e passamos a morar juntos, esse último fator é o mais importante na composição, porque a música se tornou ainda mais coletiva. Também passamos uma época em Morro de São Paulo (BA), é um pedaço de paraíso e fizemos muitas músicas lá e isso fica explicito nas novas composições, essa mistura da nossa vida urbana com as férias no litoral.

TB – Quanto à produção/gravação, sabemos que o disco é produzido por Chuck Hipolitho e Rafael Ramos. Vocês se dividiram entre SP e RJ, ou como foi durante esse tempo?

 JC – Começamos gravando em Sampa no estúdio Costella e terminamos no Tambor (RJ). Foi uma ótima experiência pra todo mundo, Chuck e Rafael são caras bem diferentes um do outro, mas com ideias que combinam muito bem. Essa parceria rendeu bastante, estamos muito felizes com o resultado final do disco.

TB – Vocês vivem juntos em SP desde que saíram da Bahia. É uma característica comum no mundo dos novos músicos, várias bandas acabam saindo de sua cidade natal e se firmando em SP. A banda morar junta influencia na hora de compor, ou funciona cada um na sua?

JC – Influencia bastante, hoje fazemos as músicas de uma forma mais coletiva e isso é muito bom porque a música ganha mais identidade.

A banda faz o show de lançamento do disco no dia 16 de fevereiro, em São Paulo (Foto: divulgação)

TB – Vocês já tocaram na Inglaterra, Holanda e Itália e gravaram clipes nessas viagens. Como é a recepção do público fora do Brasil?

JC – A recepção é muito boa, curtimos muito tocar lá, o público foi aberto e participativo. Esperamos voltar muitas e muitas vezes.

TB – A Bahia tem uma cena rock’n’roll incrivelmente rica, porém, não aparece muito na mídia. Tu tem alguma ideia do por que disso? Cultura local, talvez. Sair de Salvador foi ponto chave pra vocês conseguirem engatar a carreira?

 JC – Sem dúvida, a cultura local é o maior fator, isso gera naturalmente menos espaço para os “artistas alternativos”. A mudança pra Sampa foi crucial pro crescimento do nosso trabalho, as coisas acontecem mais rápido, tem muito mais espaço e contatos, em Salvador chegaria um momento que não teríamos mais o que fazer e não teria mais lugar pra tocar, então, ter nossa base em SP e fazer alguns shows no ano por lá é muito mais produtivo pra nós.

TB – “Nostalgia” dói no peito de qualquer pessoa que esteja longe de casa – é impossível não se identificar. A música fala por si, mas pode nos contar um pouco sobre ela?

JC – Foi a última música a entrar, a lista do disco já estava pronta quando um dia nosso amigo Pablo Dominguez veio nos visitar e fazendo uma jam session saiu essa música. Gravamos uma pré-produção, curtimos e mandamos para os nossos produtores Rafael e Chuck, eles ouviram e disseram que essa música tinha que entrar no disco de qualquer jeito, que talvez a gente nem tivesse noção da força que ela tem. E foi uma decisão muito certa, é uma música que está na lista das preferidas de todo mundo que escuta.

TB – “O pensamento é um ímã” acaba trazendo à tona a “Lei da Atração”. É isso mesmo que o nome do disco quer representar?

JC – Isso mesmo. O que acontece na sua vida é reflexo do que se passa com sua mente. Se canalizar sua energia e pensamentos para certo intuito é justamente o que vai ter em troca, cedo ou tarde.

Natalia Nissen@_natiiiii

A banda Identidade é figurinha carimbada do rock gaúcho. Já tem uma carreira sólida, três discos oficiais, concorreu ao Prêmio Açorianos de Música, participou de quatro edições do Planeta Atlântida,  entre outros importantes eventos de música.  Agora você vai conhecer um pouco mais do trabalho desse grupo de amigos que formou uma banda em 1998.

O objetivo da banda é sempre fazer o melhor, assim, demora bastante para concluir todo o processo de composição e gravação de um álbum. O resultado é um conjunto de canções que a banda acredita que tenham um potencial, os músicos são exigentes e isso justifica o fato de novos trabalhos não serem lançados com tanta frequência, mas estão sempre na ativa fazendo shows. O trabalho em equipe é o que move o grupo, alguém tem a ideia e todos desenvolvem até a música ficar pronta.

O grupo de amigos faz música há 13 anos (Foto: Rafael Cony)

O The Backstage sempre questiona as bandas sobre a relação delas com a internet, e no caso da Identidade não é diferente. A banda garante que as ferramentas da web são de extrema importância para quem quer divulgar um trabalho, principalmente através de Facebook, Twitter e MySpace, mantendo-se sempre alerta às novas formas de fazer essa divulgação. Quanto aos downloads das músicas trata-se de algo muito pessoal de cada artista, a Identidade é a favor e acredita que essa possibilidade reflete em divulgação e shows.

O grupo conta com o apoio da produtora Marquise 51 (produz algumas das bandas de maior respaldo do Rio Grande do Sul) e reconhece a importância de uma produtora que aposta no rock, “isso nos dá apoio e um suporte muito importante pra podermos desenvolver cada vez mais nosso trabalho”.

E apesar do crescente número de bandas que se dizem do rock, quando na verdade não são, a Identidade afirma que cada dia surgem grupos muito bons “estamos numa grande safra”. “Hoje em dia existem zilhões de estilos e é muito mais fácil e oportuno para as grandes empresas apostarem em estilos onde as pessoas não pensam ou contestam”, nos anos oitenta, por exemplo, o rock era popular e agora o espaço na grande mídia, bares, casas de shows é cada vez menor.

A Identidade lançou recentemente o vídeo clip “Vícios” e pretende gravar quatro músicas e fazer um EP. No início de 2012 a banda deve lançar o quarto álbum, e ainda este ano deve sair o DVD “3X Rock” com Identidade, Os Replicantes e Acústicos & Valvulados.

Natalia Nissen@_natiiiii 

Yanto trabalha imagem e som nas apresentações ao vivo (Foto: divulgação)

Procurando uma interação maior com seu público o artista Yanto Laitano se afastou da música erudita e agora está dedicando-se ao rock para transmitir suas ideias. O álbum “Horizontes e Precipícios” é seu instrumento de comunicação e garantiu-lhe o prêmio de “Instrumentista” na categoria Pop/Rock da última edição do Prêmio Açorianos de Música. O cantor e pianista respondeu às perguntas do The Backstage e você confere a seguir um pouco sobre esse trabalho.

Yanto explicou que a mistura bem sucedida de rock e piano é resultado de uma vontade que surgiu desde a adolescência, na década de 80, quando ele morava numa cidade do interior e queria tocar em uma banda. Ouvia Pink Floyd, Led Zeppelin, The Doors, Deep Purple, entre outras bandas já consagradas que utilizavam o teclado. “Um dia, depois de muitos anos, muitas bandas e influências, vi que a coisa soava legal também sem guitarras e resolvi explorar esse caminho”, as referências musicais foram, além das citadas anteriormente, Mutantes, Arnaldo Baptista, Beatles, Charly Garcia e Bem Folds, e também influências não-musicais.

O músico já participou de vários projetos e fez trilhas sonoras para filmes e documentários. O “Horizontes e Precipícios” tem doze faixas, cada uma com suas peculiaridades. Yanto falou porque algumas têm versões diferentes do estúdio quando executadas em shows, cada local permite o uso de recursos específicos. No estúdio é possível fazer sobreposição (overdub) e gravar mais de dez instrumentos, já no palco a apresentação é feita por apenas um trio, assim, os arranjos são adaptados. A grande vantagem de um espetáculo ao vivo é a parte visual, um casamento entre música e cenário, quando as luzes entram em ação e se misturam ao show.

“Um dia, depois de muitos anos, muitas bandas e influências, vi que a coisa soava legal também sem guitarras e resolvi explorar esse caminho”

O processo de composição das doze músicas não seguiu um padrão, algumas surgiram naturalmente no caos do dia a dia, e outras foram detalhadamente pensadas. O cantor não define um momento para compor, a não ser que tenha um prazo para isso, mas afirmou que aquelas que “surgem despretenciosamente” dão mais prazer ao serem criadas. A canção “A flor que nasce” surgiu em vinte minutos, como ele declarou em seu blog, ao contrário de “Promessas” que tinha uma melodia, mas não a letra perfeita.

E falando em letra, as músicas são simples e falam de várias questões, desde a solidão até uma explicação de como nascem os bebês. “Porto Alegre Blues” levou um certo tempo até ser concluída, “por isso ela me parece tratar de uma visão e de um sentimento mais elaborado e racional que mistura uma ode à cidade com uma autobiografia”, declarou Yanto. O disco retrata fases diferentes da vida do cantor, como na canção “Eu não sou daqui” que soa como um desabafo de quem se sente sozinho e pende muito mais para o lado emocional ao racional das coisas.

Yanto disponibilizou para download todas as músicas do novo trabalho, e ao contrário de muitos artistas, é a favor do Movimento Música Para Baixar (MPB). Ele falou que cada artista deve escolher o que fazer com sua música, mas essa escolha tem um preço, e ele entende que assim a divulgação e o acesso à sua música será maior, independente da venda dos discos; e quanto mais as pessoas conhecerem seu trabalho, a divulgação será revertida em venda de cds e de shows. “Mas eu entendo que existam pessoas que não queiram liberar seu material para download. Me parece que esse grupo é formado principalmente por artistas, ou representantes de artistas, que vendiam muito no velho esquema e que perderam bastante com a Era Digital”.

Aos poucos a cultura da sociedade muda e ainda é necessário muito debate para construir novas percepções a respeito dessa relação entre música e internet. “Mas pra isso todo mundo tem que ser ouvido, artistas, produtores, distribuidores, divulgadores, imprensa, governo e quem mais fizer parte da cadeia produtiva de música. Além disso, temos que ficar ligados para que as regras do jogo sejam justas”, Yanto ainda afirma que o problema é o sistema, também não se pode colocar a culpa na pirataria “o buraco é bem mais embaixo”.

Site oficial.

Vídeo oficial da música “Meu Amor“.