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Carol Govari Nunes@carolgnunes

Foi em cima da hora que eu resolvi ir: estava enfurnada na dissertação, até pensei em não ir, já que fui ao “Nico Tributo”, que rolou ano passado, e me arrependeria profundamente se tivesse ficado em casa.

Desgrazzia ma non troppo: Trupe do Teatro Esperança em “Nico, a grande atração” é bem diferente do “Nico Tributo”. Se você está pensando em não ir porque também foi ao Tributo, digo uma coisa: corre comprar o ingresso. O espetáculo rola até domingo no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.

“Nico Tributo” foi isso: um tributo. Um tributo extraordinário, que eu acabei indo no primeiro dia, fiquei enlouquecida e fui também no último dia. Já “Nico, a grande atração”, é um musical: um espetáculo teatral, divertido e emocionante, encenado pela talentosa Trupe do Teatro Esperança.

Com direção cênica de Márcia do Canto e direção geral de Fernando Pezão, a Trupe do Teatro Esperança revisita os maiores sucessos da brilhante carreira de Nico Nicolaiewsky. O roteiro fica por conta de Cláudio Levitan.

A baita trupe, que é composta por Fernanda Takai (Coqlicot), Pedro Verissimo (Poeta), Nina Nicolaieswky (Jolimarrí), Márcia do Canto (Madame Mô), Cláudio Levitan (Ubaldin), Fernando Pezão (Mago Yakzura), Fernando Corona (Mastrodin), Diego Silveira (Hodin), Luciano Albo (Broncodin) e Bruno Mad (Dôdin), faz uma festa cheia de aventuras e peripécias na cidade Desengano.

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Trupe do Teatro Esperança ao lado de Hique Gomez (Kraunus Sang) e Arthur de Faria (Foto: Carol G. Nunes)

Assistindo ao espetáculo, lembrei de um trecho do livro “A garota da banda”, da Kim Gordom, onde ela fala de um período em que estava em Berlim e se deparou com uma daquelas palavras grandes e cheias de significados dentro delas: Maskenfreiheit. Significa “A liberdade concedida pelas máscaras”. A Trupe do Teatro Esperança traz isso – em meio à poesia, ótima maquiagem, figurino impecável, cenografia e luzes de feitas para a ocasião, sentimos a liberdade que emana do palco e contagia o ambiente. Todos ali, sob suas máscaras, estão livres, encenando as músicas do Nico. Arte é um troço magnífico, não?

Eu, que me preparei psicologicamente pra não chorar – afinal, já havia chorado o suficiente no “Nico Tributo” –, perdi de novo pra emoção. Preciso assumir que me tornei aquelas pessoas que choram mais em shows do que em outras ocasiões, não tem jeito. Primeiro, com “A vida é confusão” (não dá, não consigo, não sei lidar) e depois quando Kraunus Sang entrou correndo no palco, para o bis. Kraunus e Arthur de Faria apareceram para tocar “Só cai quem voa” e “Reunidos por uma noite”. Sensacional. A participação de Kraunus e Arthur no final foi pra fechar a noite com chave de ouro.

Ponto alto para o peso da guitarra de Bruno Mad; Fernanda Takai cantando “Ana Cristina” em japonês é im-per-dí-vel (além de sempre emocionar com “Onde está o amor?”, “A vida é confusão” e “Ser feliz é complicado”); “Cabeça quebra cabeça”, com Bruno Mad, Cláudio Levitan e Nina Nicolaiewsky; Fernando Pezão e Luciano Albo arrasaram em “Romance de uma caveira”; “Advertência”, com todos cantando, foi demais; e teve também “Final feliz”, Picolé no sol”, “Teatro esperança” e muito mais.

Repito: o espetáculo fica em cartaz até domingo, 24. Sério, não perca. NICO VIVE!

 PS: e semana que vem tem Desgrazzia ma non tropo “Kraunus e convidados”. Vamos sim ou com certeza?

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Ontem eu decidi ser público. Não queria ser jornalista e entrevistar, não queria ser pesquisadora e analisar, não queria prestar atenção em nada que não fosse o espetáculo. Fotos, umas 5, apenas para registro. Confesso que pra mim isso é algo desafiador e que eu venho lutando muito nos últimos shows, pois mesmo quando não estou trabalhando acabo sendo extremamente racional e observadora. Mas ontem, mesmo que não completamente (por mais que eu tente, não consigo me livrar de mim – acho que dá para notar nos próximos parágrafos), consegui não pensar tanto e ser público.

E fui público no primeiro dia do espetáculo “Nico Tributo”, em homenagem ao grande Nico Nicolaiewsky. Com direção musical de Fernando Pezão (que também cantou, tocou bateria e piano) e uma banda formada especialmente para o evento, Hique Gomez, Cláudio Levitan, Arthur de Faria, Marco Lopes, Silvio Marques, Nina Nicolaiewsky e Fernanda Takai interpretaram canções de diferentes fases de Nico. Foi de se lavar chorando. Tenho certeza que muitas pessoas que estavam lá concordam comigo, inclusive o sisudo senhor que estava sentado ao meu lado esquerdo e que volta e meia tirava os óculos para enxugar suas lágrimas.

A banda abriu com “Só cai quem voa”, e foram 3 segundos até eu começar a chorar. A iluminação de palco estava sensacional. O cenário delicado e muito honesto. A banda? Nem sei o que falar. O público, para mim, também foi uma experiência à parte. Tenho adorado assistir a shows em lugares que eu não frequentava, como teatros e salão de atos, onde encontro senhoras simpáticas no banheiro e eventualmente dou um papel para uma criança que quer pedir um autógrafo. Além disso, quase nenhuma luz de câmera fotográfica ligada, muito menos celular. Apenas palmas emocionadas e ensurdecedoras.

Cada momento foi único e especial. Hique se derreteu – e nos derreteu – ao cantar “Feito um picolé no sol”; Cláudio Levitan, além dos textos, fez todos cantarem “Marcou bobeira”; Nina, filha de Nico, emocionou com “Vida sem razão”; Pezão arrasou em “Final feliz”; Arthur de Faria trouxe a linda “Schafran” e Fernanda Takai deu aquela graça que só ela tem às canções “Onde está o amor?”, “Ser feliz é complicado” e “A vida é confusão”. E essas são só algumas das músicas – ainda teve “Poeta analfabeto”, “Flor” (cantada lindamente por Silvio Marques) e muitas, muitas outras. No bis, cantamos e procuramos todos juntos “A verdadeira maionese” e saímos do teatro com “Só cai quem voa”, a mesma que abriu o espetáculo. Lá fora, mesmo com chuva, todos cantaram, pularam, dançaram, aplaudiram e gritaram “NICO! NICO! NICO!”. Quem não se emocionou bom sujeito não é.

Quem perdeu ontem, ainda tem hoje (sexta), sábado e domingo. No domingo, além dos nomes citados acima, tem a participação de John Ulhoa, do Pato Fu. John produziu o disco “Onde está o amor?”, que Nico lançou em 2007.

Abaixo, um trecho de “A vida é confusão”. Essa é uma das músicas mais importantes da minha vida, e justamente por isso só filmei um trecho. Eu queria prestar atenção em cada segundo dela. Vocês vão perceber isso pela filmagem trêmula, já que eu nunca olho para a câmera, e sim para o palco, mas mesmo assim achei que devia compartilhar um pedacinho dessa noite especial.

Acreditem, tudo isso que eu escrevi não passa de um breve relato. Quem puder, vá até o Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, centro, Porto Alegre) e assista a esse espetáculo fenomenal e comovente.

 UPDATE

Eu fiquei tão extasiada com a apresentação de quinta-feira que precisei repetir a dose. Fui no domingo, no último dia da temporada, e foi tão emocionante quanto o primeiro. O último espetáculo foi filmado pela Estação Filmes e vai sair em DVD ou programa de televisão. A direção fica por conta do Rene Goya Filho, então fiquem ligados!

No dia 11 eu fiz dois registros: “Feito um picolé no sol”, com Hique Gomez e Arthur de Faria; e “Ser feliz é complicado”, com participação de Fernanda Takai e John Ulhoa.

A certeza dessa celebração é de que a arte nunca morre. Eu poderia ficar horas escrevendo sobre o último espetáculo, sobre a atmosfera linda que tomou conta do teatro, sobre amor, sobre tudo; mas resumo em uma frase: Nico, tua vida nunca vai se desmanchar feito um picolé no sol.

Natalia Nissen@_natalices

Quando a imprensa divulgou que o Nico Nicolaiewsky estava doente, eu pensei que ele passaria por um longo tratamento e o Tangos e Tragédias voltaria com tudo algum tempo depois. Mas para a infelicidade dos fãs,  quinze dias depois veio a triste notícia que o maestro Pletskaya ia descansar e o palco ficaria “meio” vazio.

Imagem: divulgação

Imagem: divulgação

Meses depois e eu ainda fico arrepiada de ler a entrevista que o Hique Gomez concedeu à ZH falando sobre a morte do companheiro de Tangos e Tragédias. Os fãs diziam “não deixe a Sbórnia morrer”. Pois bem, dia 30 de outubro estreia nos cinemas ~ e nos mares do mundo ~ o longa “Até que a Sbórnia nos separe”, que conta uma história de amor nesta ilha tão emblemática.

Estou contando os dias para pegar meu saquinho de pipoca e assistir à adaptação. Só de ver o trailer no cinema já deu vontade de cantar junto “bah!”. Não é “música do dia”, nem lançamento de disco, nem resenha de show e muito menos post pago. Mas é uma dica de filme que eu nem vi, mas tenho certeza que vale cada centavo do ingresso investido. Se alguém for e não gostar, pode vir aqui me xingar. É um programão para todas as idades. E também tem Fernanda Takai na dublagem!

“Até que a Sbórnia nos separe” ganhou o Prêmio de Melhor Filme Longa-Metragem, na escolha do Júri Popular, e Melhor Direção de Arte no Festival de Cinema de Gramado. Também li por aí que o longa está entre as melhores animações brasileiras.  Bonito de ver :). É filme pra nenhum gaúcho botar defeito.

“Sobre o filme

Até que a Sbórnia nos separe é uma fábula que fala do direito dos lugares de permanecerem com suas identidades próprias, sem necessariamente assimilar a padronização de culturas hegemônicas. Para isso, adaptou-se para o cinema a metáfora  do mundo sborniano.

Até que a Sbórnia nos separe faz uso da técnica de animação 2D clássica, valendo-se também de recursos de 3D para otimização da produção em cenas que envolvam reutilização de cenários e movimentos de câmera mais ousados”.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Tenho um constante choro engasgado desde a morte do Nico Nicolaiewsky. Na verdade, desde a morte do Coutinho, a morte do Nico só intensificou isso e me deixou imobilizada a ponto de não conseguir escolher as palavras pra me manifestar. Desde então, fico ensaiando mentalmente para escrever sobre “A vida é confusão”, música que ficou martelando na minha cabeça no dia 7 de fevereiro, e como a Fernanda Takai a deixou mais bela, mais triste, mais profunda e mais delicada. Me permito fazer uma mistura de canções nesse texto, já que o que me impulsionou a escrever foi “Seu Tipo”, novo single da Fernanda Takai, que foi disponibilizado para download ontem à tarde. Como de costume, uma música leva à outra e “Seu tipo” me levou a “A vida é confusão”, ou seria o contrário?

Não sei, só sei que as duas foram feitas para a voz da Fernanda. Talvez seja uma heresia da minha parte e Nico que me perdoe, mas “A vida é confusão” fica perfeita e encaixa tanto na voz da Fernanda que chega a doer. Já “Seu tipo”, parceria de Fernanda e Pitty, não poderia ser cantada senão por Fernanda. A delicadeza, a suavidade, a doçura; a melodia, o timbre, os elementos sonoros (ouça no fone de ouvido), a métrica, a afinação.

Como às vezes a verdade dói demais e eu sou do tipo que pergunta o signo, esse texto pode não fazer sentido algum para quem está lendo. Eu entendo. A vida é mesmo confusão e eu sou do tipo que ainda tem memória, que não sabe se foi por ti ou por mim, que guarda sigilo e que não sabe de nada. Só que a vida vai seguir e que os deuses vão dançar.