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Meu último congresso científico como doutoranda foi o VI Congresso Nacional de Comunicação e Música – Comúsica, que aconteceu no começo deste mês, entre os dias 3 e 5 de julho, na UFRB, em Cachoeira, Bahia (cheguei na Bahia no 2 de julho – pense!). Este foi o último congresso porque defendo em fevereiro de 2020, então o segundo semestre vai ser focado na escrita da tese.

Acho que eu não poderia escolher evento melhor para encerrar essa etapa da minha formação. O VI Comúsica focou nos temas Música, Memória e Sensibilidades, e os encontros dos GTs, além das palestras, levantaram temas que me afetam muito e em diversas instâncias pra além da academia.

A tradição musical que Cachoeira possui – as filarmônicas, o samba de roda, o reggae do Recôncavo – acabou dando um toque muito especial ao evento. Ter a oportunidade de participar de um congresso e ainda entrar em contato com a cultura e a música local é algo incrível, pois suscita questões para a minha própria pesquisa que eu não veria ficando somente na minha cena musical/cultural (falo sobre isso com frequência, pois funciona muito, pelo menos pra mim, sair do meu lugar confortável de vida/pesquisa).

E Cachoeira teve muito a me mostrar: o reggae noturno nos bares, o licor, a dança, os corpos, a maniçoba, a fala devagar, o tempo que corre em um ritmo completamente diferente, as ruelas, a penumbra, os prédios históricos, a ponte, São Félix do outro lado do rio.

Casa do Samba de Dona Dalva

A coordenação do Comúsica organizou uma visita guiada à Casa do Samba de Dona Dalva Damiana de Freitas, cantora e compositora do Samba de Roda Suerdieck, primeiro grupo artístico de Cachoeira, fundado por ela em 1958. O nome do grupo vem da fábrica de charutos homônima, onde dona Dalva trabalhava. Por mais de uma década, as apresentações do Samba de Roda Suerdieck se limitaram aos eventos da fábrica e ao calendário religioso da cidade, quando saía em cortejo pelas ruas e organizava rodas de samba sem o uso  de equipamentos de sonorização.

Seu grupo teve papel importantíssimo para que o Samba de Roda do Recôncavo da Bahia fosse tombado pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial Nacional, e posteriormente reconhecido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Em 2012, Dona Dalva recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

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Momento da oficina do samba de roda (Foto: Morena Melo Dias)

Any Freitas (uma querida!), neta de dona Dalva – e também sambadeira, como sua mãe e sua avó –, foi quem guiou a visita e contou toda a história de vida de sua avó, que infelizmente não estava presente, pois havia contraído uma virose, assim como o resto do grupo. Além de guiar a visita, Any, junto com seu tio (que vergonhosamente esqueci o nome, falha minha), ministraram uma oficina onde pudemos aprender um pouco como se toca o samba de roda em seus principais grupos: lembro que um deles era o samba corrido. Tocamos pandeiro, os blocos de madeira (utilizados pelas sambadeiras para acompanhar o ritmo), batemos palmas, Any dançou, cantou, tocou chocalho, explicou a origem do “samba de raiz”, o pé no chão, a “umbigada” que chama para dançar no centro da roda. Foi uma noite ótima e muito, muito emocionante. A energia presente na Casa do Samba de Dona Dalva é um negócio absurdo, que te atravessa o corpo todo. Fico pensando como é quando ela está lá.

Eu gostaria muito de estar em Cachoeira nos próximos dias, já que de 13 a 17 de agosto acontece a Festa da Nossa Senhora da Boa Morte. Como infelizmente isso não é possível, acompanho pelas redes sociais da Casa de Samba, onde também é possível colaborar com doações.

Lazzo Matumbi – Batuques do Coração  

No dia 6 de julho, após o fim do Comúsica, fui para Salvador. Para minha sorte, estava rolando o show Batuques do Coração, de Lazzo Matumbi, apresentado em duas únicas sessões (6 e 7 de julho) na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, onde o artista homenageou os blocos de samba que recontam a história do povo negro no Brasil, ou seja, fechou demais com o clima e a energia que eu trazia de Cachoeira.

Vi o show do dia 7 (no dia 6 acabei ficando pelo Rio Vermelho e fazendo um “passeio” pelos bares alternativos, mas não vou entrar nesse assunto, acho que ele não cabe nesse post), onde, num ambiente totalmente intimista, Lazzo interpretou clássicos do samba, como músicas de Donga, João da Baiana e Heitor dos Prazeres, precursores do gênero. A direção musical do espetáculo foi dividida entre Lazzo e Tote Gira, grande compositor baiano, e os dois conversaram muito com a plateia durante todo o show: contaram como surgiu a ideia desse espetáculo, a seleção das canções, a ideia de ser algo bem íntimo, mesmo, como se fosse na sala da casa de Lazzo.

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Lazzo Matumbi – Batuques do Coração (Foto: Carol Govari Nunes)

Com quase 40 anos de carreira, Lazzo Matumbi, que mistura sonoridades como reggae, batuques africanos, samba, soul, jazz, maracatu, ijexá, aguerê, alujá, entre tantas outras células rítmicas, é considerado um dos maiores intérpretes do Brasil. O artista, que iniciou a carreira no bloco afro Ilê Aiyê, disse que fazia tempo que queria fazer um show onde pudesse ficar perto da plateia, conversando calmamente, algo que não acontece quando está em um trio elétrico.

Após quase 2 horas de show, Lazzo encerrou a noite falando sobre resistência, luta, amor e a força do povo negro. Uma noite memorável para todos os presentes, que na saída da Sala do Coro do Teatro Castro Alves tomaram uma chuva torrencial pra completar de lavar a alma.

Outras histórias

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Capa do Moscote (Divulgação)

Na segunda, dia 8, encontrei o querido Thiago Trad, percussionista, compositor e multi-instrumentista, que trabalha atualmente no show de Moscote, seu primeiro disco solo, após ter integrado o Cascadura durante os seus últimos 15 anos. Moscote é um disco de jazz instrumental contemporâneo, fruto de uma pesquisa in loco na qual ele percorreu o mundo – seja tocando ou apenas investigando sons. Em uma dessas andanças, passou por Porto Alegre, em 2015, com o projeto Bahia Experimental, onde finalmente pudemos nos conhecer pessoalmente.

Thiago e eu conversamos sobre inúmeros assuntos, entre eles algo que eu já havia conversado com Fábio Cascadura, em Toronto: as similaridades e os atravessamentos musicais entre bandas de Porto Alegre e Salvador. E não é só porque “todo mundo morou junto, em São Paulo”, vai além disso e muito antes disso: a influência direta d’Os Cascavelletes no Dr. Cascadura, a forma com que as bandas falam sobre amor, sobre sexo, o humor mais irônico, o jeito “esculhambado”, como disse Thiago – e que aqui em Porto Alegre se aproximaria do que a gente chama de “chinelagem” –, a aversão às normas dominantes e outras características que encontramos em inúmeras canções. Claro que muito disso acaba sendo datado, nas duas capitais, entre meados dos anos 1980 e começo dos anos 2000 – e, claro, também, que são características encontradas em bandas de rock de outras cidades do país. Mas, não sei, sempre tive a sensação de que existe alguma coisa aí que faz uma liga, sim.

Ou quem sabe isso seja só uma forma de eu justificar o motivo das minhas bandas preferidas serem gaúchas e baianas. Porque, óbvio, eu preciso encontrar uma explicação pra isso – assim como fico buscando, exaustivamente, explicação pra tudo ao meu redor. Provavelmente não vai ser aqui, nesse texto, que eu vou finalmente encontrar essa explicação. Na verdade, confabular teorias com amigos é muito mais divertido e estimulante do que chegar a uma conclusão. Sorte minha ter tanta gente – e tanta música – massa assim na minha vida.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Para iniciar 2014 a todo vapor, o Cascadura – uma das bandas mais importantes do cenário da Bahia nos últimos anos – realiza mais uma edição do projeto batizado Sanguinho Novo. Além de entreter e levar música de graça para a população, o Cascadura transmite a importância do ato de doar sangue em todo o material gráfico do evento, nas entrevistas, no seu blog e vestindo a camisa da causa. Baseado nas ideias de renovação, circulação, troca e parceria, o Sanguinho Novo assume a atitude de compartilhamento tanto no viés artístico quanto no social. Por e-mail, o vocalista e guitarrista Fábio Cascadura nos contou um pouco sobre o projeto. Confere aí:

The Backstage: Sobre o Sanguinho Novo, o que mudou da edição de 2011 pra cá?

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Cascadura na edição do projeto Sanguinho Novo em 2011 (Foto: Leo Monteiro)

Fábio Cascadura: Em 2011 realizamos a segunda edição do evento. Naquela ocasião, tínhamos algumas coisas que nos ajudaram bastante: estávamos em estúdio, em pleno processo de gestação do disco “Aleluia”; as canções estavam ainda no estágio de gravação e isso dava um frescor a mais para aquela temporada; tudo era curiosidade – a ocasião subimos ao palco com o embrião da formação que temos hoje: sem percussão, mas já com o Du Txai na guitarra (que estreou no Cascadura, bem naquele momento) e ainda com André T e Jô Estrada, nossos produtores… Foi importante tocar com aquela formação para apresentar aquele repertório que hoje é bem conhecido do pessoal todo (o “Aleluia” acabou sendo indicado a Melhor Disco no VMB 2012 e ganhou o Prêmio Dynamite 2013 de Melhor Álbum Pop). Para nossa satisfação, tudo deu muito certo! Foram quatro fins de tarde memoráveis, com muita gente legal indo conferir… Foi uma celebração inesquecível! Queremos mesmo repetir essa dose de emoção no calor do Verão baiano 2014!

TB: Em que ano vocês tiveram a iniciativa de montar essa parceria? Como foi esse início?

FC: A primeira edição foi meio de improviso, num momento de muitas ideias. Era o tempo da Turnê Bogary, tínhamos muitas ideias, todo momento… Essa veio num papo, dentro de um carro, entre eu, Thiago (baterista) e o Dimitri, que era o nosso produtor. Nós comentávamos sobre o grande numero de e-mails que vínhamos recebendo solicitando doação de sangue para alguém que era conhecido de alguém. Sabe? Então pensamos num modo de colaborar com a divulgação dessa necessidade. Eu já era doador de sangue. Procuro doar com alguma frequência. Mas precisávamos de alguma ação mais efetiva para ajudar na conscientização. Daí veio a ideia do projeto Sanguinho Novo.

TB: Esse ano vai ter o stand do HEMOBA?

FC: Nosso menager, Ricardo Rosa, é o Coordenador Geral do projeto nessa edição e está conversando com o pessoal do HEMOBA para vermos o que será possível termos lá. Já é muito importante darmos atenção à matéria. Fazer com que esse tema apareça na agenda das pessoas durante um período que foca mais na festa, badalação e tal… O exercício de debate em torno da consciência para ações como doação de sangue, reciclagem de lixo, cuidados com o meio ambiente, etc, deve ser constante.

TB: Acredito ser meio óbvio, mas qual a importância de um projeto desses em Salvador?

FC: O Verão em Salvador é bem especial. A cidade ganha muita atenção de fora. Mesmo num momento delicado, difícil como o que vivemos agora, com a cidade sob uma convulsão urbana tremenda, quando chega o Verão, ela parece ficar ainda mais interessante. Há uma confluência enorme de pessoas de todo canto que vem pra cá atrás desse clima… Assim, um projeto que propõe apresentar a música de gente que trabalha o ano inteiro na cidade e por ela, e ainda quer falar de um tema importante como o da doação voluntária de sangue é algo muito relevante, ao meu modo de ver. Ainda, com esse crescimento populacional momentâneo na cidade durante a estação, há aumento da necessidade de sangue para transfusões nos postos de saúde e hospitais. Esse é mais um dado que precisa ser levado em consideração.

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TB: Quais as informações que o público deve saber sobre esses shows de 2014?

FC: Acho que cada edição reflete um momento especial. Em 2011 tivemos a honra de contar com parceiros artistas muito incríveis – Maglore, Dub Stereo, Vendo 147 e Velotroz, são realidades muito expressivas no contexto artístico da Bahia, seja por suas obras e atuações no cenário local e nacional, seja pelo desdobramento de sua produção em outros projetos. Esses artistas refletiam o que vinha sendo mais celebrado como novidade, naquele instante, e se afirmaram, por seus próprios méritos, como grandes artistas da Bahia. Os shows foram incríveis! Marcou aquele Verão! Essa edição de 2014 trará gente que cremos estar em consonância com o projeto e o momento da música na Bahia: Clube de Patifes, de Feira de Santana/BA e Falsos Modernos. A primeira tem 15 anos de carreira e é um importante representante da cena no interior do Estado, sendo responsável pelo surgimento e fortalecimento de um novo contexto de produção cultural no eixo Feira de Santana/Camaçari. Acho que essa produção do interior da Bahia foi um grande destaque de 2013 e cremos que com a Clube de Patifes teremos uma representação a altura desse momento bacana. Além disso, eles estão lançando um novo trabalho, acústico. Eu até participei! É bacana! Já a Falsos Modernos é uma banda que vem revigorar o panorama de Salvador. São músicos experimentados, mostrando uma nova possibilidade para a cidade. Gostamos da rapaziada e pomos a maior fé neles. Vai ser lindo.

Bom, nós do Cascadura poremos o melhor de nós no palco. Afinal, é o que fazemos: tocar nossa música! Vai ter de tudo um pouco e espero ainda um pouco mais de tudo… Vamos aguardar que aquela moçada apareça para cantar, curtir e celebrar, na paz! (Fábio Cascadura)

Carol Govari Nunes@carolgnunes

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A banda passou por São Paulo, onde fez show e participou do projeto de Rafael Kent (Foto: Rafael Kent)

A sala de um apartamento no Centro de São Paulo serve de estúdio. O numero do imóvel é 62 de uma rua transversal, a famosa R. Augusta. Ali mora e trabalha o fotógrafo Rafael Kent e é onde ele realiza um projeto que vem ganhando cada vez mais atenção na internet: o Studio 62. Por ele, já passaram nomes como a cantora Ana Cañas, o cantor Max de Castro, o compositor Ivo Mozart e o líder do grupo Exaltasamba, Péricles. Logo virão participações de Negra Li e outros.

Essa semana foi ao ar pela página oficial do projeto no Facebook a performance do CASCADURA. Com a passagem da banda por São Paulo para cumprir agenda de shows e divulgação do novo CD, “Aleluia”, Kent resolveu convidá-los.

Numa formação reduzida, sob o apoio de um violão e um mini-kit de bateria, Fábio Cascadura e Thiago Trad apresentaram três canções: duas de seu repertório autoral – “Juntos somos nós”, do Bogary (2006) e “Soteropolitana”, do recém-lançado “Aleluia” – e ainda um cover. As músicas foram sendo sugeridas na hora da gravação e por motivos óbvios “Soteropolitana” foi incluída, afinal, é o tema do mais novo vídeo clipe da banda. Já “Juntos Somos Nós”, acabou sendo incluída casualmente e o próprio mentor do projeto, Rafael Kent, na página oficial do projeto, depõe sobre esta música e sua relação com o grupo baiano:

 Foi uma das bandas que mais ouvi nos primeiros anos em São Paulo, tempos MUITO difíceis, exclusivamente pela solidão e pela mudança repentina de casa, de ambiente e de referências. Naquela época estava saindo do “Vivendo em grande estilo” ,que quase furou o disco de tanto ouvir, e ia todos os dias nas bancas saber quando que o álbum novo, o grande Bogary, iria ser lançado (na época, na revista OUTRA COISA), perdi as contas de quantos nãos eu recebi do jornaleiro até que um dia ele tinha chegado. Foram músicas que me acompanharam por todo esse período, que me faziam me sentir mais perto de casa (ou ex-casa como preferir) e supriam a minha saudade natural na época.

Kent nasceu no Rio de Janeiro, mas é baiano desde os 4 anos de idade, quando foi com os pais para morar em Salvador. Em 2004, se mudou para Sampa. Depois de muita busca, se descobriu fotógrafo e trabalhou com nomes como Nação Zumbi, Seu Jorge, Fresno, Vivendo do Ócio e outros. Atua na publicidade e dirigindo clipes de artistas brasileiros e de outros países. Vem conquistando cada vez mais espaço no mercado de audiovisual voltado para a música e certamente é dos nomes mais promissores dessa área no Brasil.

Clicando aqui, você vê o vídeo de “Juntos Somos Nós” e aproveita para conhecer a página do Studio 62 no Youtube.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Mostrando o período de gravação e depoimentos dos envolvidos no disco, o Cascadura disponibilizou hoje, 19, o documentário #AleluiaCASCADURA, no qual mostra também cenas de shows e imagens da cidade de Salvador.

O documentário, que inicia com “Um engolindo o outro”, apresenta na sequência várias faixas do disco e depoimentos de Fábio Cascadura, Thiago Trad, André t e Jô Estrada – os quatro principais responsáveis pelo projeto – além de Jajá Cardoso (Vivendo do Ócio), Gabriel Guedes e Letieres Leite (Orkestra Rumpilezz). Dirigido por Fábio Cascadura em parceria com Léo Monteiro, o vídeo, que tem quase 31 minutos de duração, apresenta tomadas da vida cotidiana de Salvador se misturando com tomadas internas do estúdio de gravação, dando realidade à imagem construída no disco, que é o quinto na carreira da banda.

O documentário confirma a sólida carreira da banda e mostra que, mesmo após 20 anos de estrada, o Cascadura tem gás suficiente para inovar a cada disco.

Abaixo, você assiste o documentário na íntegra. Aqui, faz o download do disco duplo da banda.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

A primeira etapa do VMB tá aí: os primeiros cinco colocados serão classificados para a próxima etapa, e aí então concorrerão aos prêmios de Melhor Clipe, Melhor Disco, Melhor Música etc.

Aqui no The Backstage Blog eu vou dar a minha lista (quanta audácia, I know) de indicados em cada categoria – explicando o porquê da minha escolha – e você, leitor, decide se concorda com a minha campanha e vota em seguida em cada link.

Clipe do Ano: Vanguart  – Mi Vida Eres Tu
Ricardo Spencer é um dos meus diretores favoritos e isso já conta 50%. O clipe narra a fantasia de um guri de 7 anos que sonha em ser um adulto – um beatnik, pra ser mais exata. Kerouac e Bukowski estão presentes no clipe. A contracultura e toda uma geração americana também. Eu sou o guri do clipe, fantasiava com as mesmas coisas que ele. Não é de hoje que digo que o cérebro de Spencer tem um parentesco com o demônio, e eu acho isso lindo. A música, inclusive, é belíssima, assim como todo o disco. Enfim, não tinha como dar errado. Eu sei, o clipe da Fresno é massa. Criolo também é massa, mas eles estão em outras categorias, então em Clipe do Ano eu fico com Vanguart.

Melhor Banda: Agridoce
Preciso explicar? Pitty me ganhou (poor thing) em 2003 e desde então já fui a mais de 15 shows. O Agridoce é a multiplicação dos pães de Jesus Cristo, gente (ou do vinho? ou do peixe?). O que eu quero dizer é que é uma banda massa procriando e trazendo à tona outra banda massa. Pra não encher o saco e deixar esse post gigante, você encontra minha opinião e o motivo de eu escolher o Agridoce como Melhor Banda aquiaqui e aqui.

Artista do Ano: Agridoce
Eles se livraram de todas as amarras e estão trabalhando na turnê do disco homônimo. Enfrentam grandes e pequenos públicos, muitos curiosos, alguns preconceituosos que ainda insistem em pedir que Pitty volte a ser punk-rock-hard-core-sabe-onde-é-que-faz e coisas do gênero. Pelo disco, pelo DVD, pelos shows, pela coragem em nadar contra a corrente, Artista do Ano.

 Hit do Ano: Agridoce
“O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você”

Quem nunca cantarolou esse refrão que atire a primeira pedraaaa-a-a (sorry, I can’t help it).

Melhor Artista Feminino: Rita Lee
Eu não acredito que Rita Lee se importe com esse tipo de premiação, mas, pra mim, ela é o melhor artista feminino. Rita Lee solidificou uma carreia brilhante em seus 60 e poucos anos de vida, o “Reza” é um baita disco, ela continua sendo genial, inteligente e linda. Ela é a RITA LEE.

Melhor Artista Masculino: Criolo
Simpatizo com ele. Conheço apenas “Não existe amor em SP”, confesso, mas ele me parece um grande artista. Bom, essa é uma categoria que eu não tenho tanta certeza assim. Também tenho uma simpatia muito grande pelo Seu Jorge, então sei lá, sou café-com-leite aqui.

o Cascadura lançou recentemente o “Aleluia” e já concorre a Melhor Disco do Ano (Foto: Ricardo Prado)

 Melhor disco: Cascadura – Aleluia
Nessa categoria eles tentaram acabar comigo. Vivendo do Ócio, Agridoce e Cascadura. Três das minhas bandas favoritas com brilhantes discos recentemente lançados. Se fosse por nome, ficaria com “Boa Parte de Mim Vai Embora”, do Vanguart.  Ou “O Pensamento é Um Ímã”. Adoro esse tipo de nome de disco/música. Assim como “Hospício Azul do Sol Poente” e “O Pesadelo é Sempre Maior na Minha Cabeça”. Mas como não estamos falando de nomes e sim de um álbum inteiro, fico com o Cascadura, inclusive por ser a única categoria que a banda concorre.  20 anos de estrada, 4 discos na bagagem. Sou louca pelo Cascadura e o “Aleluia” é genial. Fábio Cascadura é um ótimo compositor, o disco é duplo, é experimental, é de chorar. Não entendo como a banda não é uma das mais famosas do Brasil. Escrevi um rápido texto sobre o “Aleluia” aqui, então não vou estender minha explicação. Adoro “O Pensamento É um Ímã”, mas ele estará representado na categoria abaixo.

Melhor música: Vivendo do Ócio – Nostalgia
Porque a música é de arrepiar. Dá saudade da Bahia que eu nem conheço. O arranjo é todo melancólico e nos convida ao deleite da nostalgia – aquele gosto amargo, mas impossível de evitar. (By the way, a banda acabou de lançar o clipe dessa música, também dirigido por Ricardo Spencer).

Melhor Capa: Agridoce
Pitty e Martin. Já assistiu o DVD “20 passos”? Tem o embrião da capa do disco lá. O filme do DVD está todo youtube, mas compre pelos extras que são geniais (Arte da capa: Rogério Fires/Otávio Sousa).

Artista Internacional: Katy Perry
Não que a categoria me importe, mas eu acho a cantora divertida e curti muito ela no início da carreira. E gosto do “Teenage Dream”. E paro na frente da TV pra ver seus shows cheios de algodão doce e pirulitos gigantes. Vai entender.

Revelação e Aposta: abstenho-me, não conheço nada.

Se você teve paciência para ler tudo isso, por que não votar? Voltamos a conversar na segunda etapa.