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Faz quase 10 anos que Marcelo Gross vem lançando trabalhos solos: no primeiro, em 2013 (Use o Assento para Flutuar), o guitarrista ainda estava na Cachorro Grande. Com uma lista infinita de composições – e após sua saída (e o fim) da Cachorro Grande – Gross passou a se dedicar exclusivamente à sua carreira solo. Desde então, lançou também Chumbo & Pluma, Tempo Louco e, hoje, entra em todas as plataformas digitais o álbum Exilado, concebido durante a primeira temporada da pandemia.

Com produção musical do mesmo, Bridy e Vini Tupeti, o álbum foi captado, mixado e masterizado no estúdio da Holiday Produtora. Em Exilado, o artista faz um caminho de volta à sua essência, resgatando composições guardadas em diários da adolescência. Como todo processo do álbum foi feito durante o confinamento, Gross é responsável pela gravação todos os instrumentos do disco.

Capa do disco. Foto de Marcelo Gross

De acordo com o artista, “Exilado é um disco concebido durante o isolamento da pandemia e gravado nesse período nos estúdios da Holiday onde, além de dividir a produção com Vini Tupeti e Bridy, acabei tocando todos os instrumentos e fazendo todos os vocais, como tinha feito nas demos do disco”.

Gross ainda comenta que “as canções refletem esse período de retiro e foram uma forma de extravasar nesse momento em que não rolavam shows, e também foi um momento de introspecção, em que tive que gravar tudo sozinho em função do isolamento. Em algumas canções usei letras  que tinha escrito a muito tempo, já que estava vivendo esse exílio na casa onde passei a minha  infância e adolescência, tendo recorrido a antigos cadernos de poesia. No estúdio, eu tinha apenas a companhia do técnico, portanto é o meu álbum mais pessoal, em que usei a prática de compor e gravar como um exercício para me expressar nesse momento que foi muito peculiar e desafiador”.

Exilado está disponível em todas as plataformas digitais. Escolha a sua preferida clicando aqui.

Desde que voltou à sua terra natal, Marcelo Gross não está para brincadeira: o artista vem trabalhando muito, gravando clipes e fazendo inúmeros shows. Na última terça-feira, dia 1º de novembro, o ex-guitarrista e fundador da banda Cachorro Grande fez um show no bar Opinião com tudo o que tinha direito: rock rolando solto e muitas participações especiais.

Foto: Carol Govari

Gross apresentou seu quarto trabalho solo, intitulado Exilado, que foi gravado nos estúdios da Holiday Produtora e será lançado pelo selo da produtora, em parceria com a ONErpm, tem uma pegada de resgate das raízes do cantor. “Voltei a morar no Sul durante a pandemia, no mesmo lugar onde morava na infância, então resgatei minhas origens e acabei musicando poemas que tinha escrito aos 17 anos”, comenta o músico. Como foi concebido e gravado durante a pandemia, Gross gravou todos os instrumentos e os vocais, além de fazer a produção ao lado de Bridy e Vini Tupeti, que também fizeram a engenharia de som.

Para o lançamento do Exilado – e divulgação da edição em vinil de Tempos Loucos, primeiro álbum fora da Cachorro Grande –, o artista juntou nada menos que um “dream team” do rock para tocar antigos sucessos e canções novas: a participação mais esperada era a do ex-Titãs Paulo Miklos, que também está com trabalho novo, o recém-lançado Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. Do álbum novo, Miklos cantou “Todo Esse Querer”, “É Assim que Eu Sei” e “Sabotage Está Aqui”. Dos Titãs, trouxe sucessos como “Sonífera Ilha”, “Polícia”, “Flores”, entre outras. Claro que não poderia faltar “Dia Perfeito”, da Cachorro Grande, que ficou conhecida por sua participação no Acústico MTV Bandas Gaúchas.

Além de Miklos, subiram ao palco Rafael Malenotti, dos Acústicos & Valvulados, que cantou “Um Lugar do Caralho”, de Júpiter Maçã; Serginho Moah, do Papas da Língua, que cantou “Sinceramente”; Duda Calvin, ex-Tequila Baby, que cantou “Sexperienced” e Lucas Hanke (Identidade, Júpiter Maçã), que participou de “O Novo Namorado”, entre outras de Júpiter Maçã. Quem fez o aquecimento pré-show foi o DJ Bruno Suman e a abertura foi da já conhecida banda Jogo Sujo que, além de abrir os trabalhos no palco, ainda seguiu com Gross, tocando mais de três horas de puro rock.

A apresentação da noite ficou por conta da jornalista e radialista Camila Diesel, que aproveitou para dar uma palhinha em “Eu Quero Ser Seu Amigo de Novo”, última música do show, que juntou no palco todos os participantes da noite, no maior clima de festa.

Tu pode garantir a tua cópia do vinil de Tempo Louco aqui.

Exilado chega às plataformas digitais no dia 18 de novembro. Siga o perfil do artista no Spotify para não perder nenhuma novidade 😉

Nascido em Porto Alegre em 26 de janeiro de 1968, Flávio Basso é considerado por parte da imprensa como o “criador do rock gaúcho”, alguém que serviu de modelo para toda uma geração que viria a seguir. Foi fundador de duas bandas seminais dos anos 80: TNT, ao lado de Márcio Petracco, Charles Master e Felipe Jotz. Mais tarde, quando Nei Van Soria entrou para o grupo como guitarrista, Flávio Basso, que também tocava guitarra, ficou exclusivamente no vocal. Apesar de não terem lançado nenhum disco com essa formação (Flávio e Nei Van Soria deixariam a banda para formar Os Cascavelletes, na sequência), o artista participou da coletânea Rock Grande do Sul, lançada em 1986. Quando saíram do TNT, Flávio Basso e Nei Van Soria juntaram-se a Frank Jorge e Alexandre Barea e formaram Os Cascavelletes, com quem o artista lançou os discos de estúdio Os Cascavelletes (1988) e Rock’a’ula (1989).

Em carreira solo, após adotar o nome Júpiter Maçã, lançou os discos A Sétima Efervescência (1997), Plastic Soda (1999) – quando “Júpiter Maçã” virou “Jupiter Apple”; Hisscivilization (2002), Jupiter Apple and Bibmo Presents: Bitter (2007) e Uma Tarde na Fruteira (2008). Em 2021, um disco inédito foi lançado: The Apartment Jazz, gravado em 1999, entrou nas plataformas digitais. O álbum, na verdade, é a trilha sonora do filme de mesmo nome, também escrito pelo artista. De acordo com amigos próximos, Flávio Basso estava trabalhando em um disco novo quando faleceu, em 2015.

Show “Cachorro Louco” contou com a participação de Márcio Petracco (guitarra) e Paulo Arcari (bateria), companheiros de Flávio no TNT, além de Preza (vocal) e Juliano Pereira (baixo). Foto: Tatyane Larrubia / Amora Imagem

E desde 2015 muitos músicos gaúchos trabalham para manter viva a obra de Flávio, em especial Lucas Hanke, que sempre está bolando algum evento para celebrar a memória do man. A última sexta-feira, dia 16 de junho, foi mais um desses dias para reforçar a importância cult-underground de Júpiter na música brasileira. Com apresentação da jornalista e radialista Camila Diesel, o Júpiter Day – Efervescente Frenesi contou com shows de quatro bandas que passaram por todas as fases da carreira de Flávio Basso. Ao todo, mais de 40 músicas foram tocadas por artistas como Lucas Hanke, Julio Sasquatt, Márcio Petracco, Luiz Thunderbird, Tatá Aeroplano, Paulo Arcari, Preza, Carlinhos Carneiro, Pedro Petracco, Marcelo Gross, Chico Bretanha, Bibiana Graeff, Rodrigo Chaise, entre outros. Veja a lista completa na página do evento porque a quantidade de músicos circulando pelo palco era realmente enorme!

A festa durou mais de cinco horas e, além dos shows, teve também uma exposição fotográfica com curadoria de Fábio Alt e participação dos fotógrafos Fernanda Chemale, Cisco Vasques e André Peninche. Nos intervalos entre os shows, pudemos assistir a projeções (com direção da Avalanche) de entrevistas, videoclipes, imagens raras – e outras nem tanto, como a apresentação d’Os Cascavelletes cantando “Eu quis comer você” no Clube da Criança, comandado por Angélica, na TV Manchete. Além dos vídeos do/sobre o próprio artista, também foram projetados depoimentos de músicos como Edgar Scandurra, relembrando a admiração que todo o Ira! tinha por Flávio e o sucesso que foi “Miss Lexotan 6mg Garota”.

Uma noite que reafirmou o caráter mítico que Júpiter construiu ao longo de sua carreira e que segue sendo alimentado por fãs, jornalistas, músicos e demais admiradores que se recusam a se mudar para outro planeta do Sistema Solar.

Uma noite para cantar junto: de “Campo Minado” a “Fim de Tarde com Você”, passando por “Sandina” e “Infinita Highway”, sem deixar de fora a tríade sagrada “Amigo Punk”, “Sob um Céu de Blues” e “Um Lugar do Caralho”. Nos últimos 50 anos, o rock gaúcho produziu muitos clássicos. Alguns dos mais memoráveis foram escolhidos para compor uma noite repleta de música e nostalgia, que, na noite do último domingo, dia 29 de maio, ecoaram por todo o Araújo Vianna.

Uma plateia tímida – mas que lotava o auditório – recebeu com muitos aplausos a Orquestra de Câmara da Ulbra e um quarteto vocal formado por Beatriz Domingues, Atos Flores, Débora Dreyer e Iuri Correa. Regida sob a batuta do maestro Tiago Flores, a Orquestra tocou 15 clássicos ao lado de grandes nomes da nossa música: Nei Lisboa, Jimi Joe, Wander Wildner, Jimi Joe, Pedro Veríssimo, Frank Jorge, Carlo Pianta, King Jim, Julia Barth, Tonho Crocco, Nei Van Soria, Marcio Petracco, Julio Reny, Edu K, Rafael Malenotti e Luciano Albo (que ficou responsável pela guitarra durante toda a noite).

Do IAPI ao Moinhos de Vento – onde ficava o Bafo de Bira, de Rafael Malenotti –, mas majoritariamente no Bom Fim, esses clássicos foram criados por jovens sedentos por viver de música. Considerado “a casa do rock gaúcho a partir da metade da década de 1980”, o bairro foi o berço dos artistas Nei Lisboa e Julio Reny, e das bandas DeFalla, Os Replicantes, TNT, Graforreia Xilarmônica, entre outras. Não à toa, essa celebração ocorrer no Araújo Vianna, localizado no centro do Parque Farroupilha, reforça o caráter simbólico da celebração: inaugurado em 1927 e tombado Patrimônio Histórico e Cultural do município, o Araújo foi e é palco de shows que marcaram e ainda marcarão a vida de muitas gerações. E esse simbolismo se fez presente durante a noite: todos os artistas que subiram para cantar com a Orquestra se mostravam muito emocionados por estarem ali.

Destaque para os arranjos belíssimos feitos por Iuri Corrêa (“Berlim Bom Fim” – talvez o melhor da noite), Alexandre Ostrowki (“Não me Mande Flores” – que também ficou sensacional!), Pedro Figueiredo (“Bebendo Vinho”), Rodrigo Bustamante (“Sob um Céu de Blues”), Arthur de Faria (“Amor e Morte”), Arthur Barbosa (“Fim da Tarde com Você”), e Daniel Wolff (“A Irmã do Doctor Robert”).

Enfim, um espetáculo para ficar na memória de todos os presentes.

Não vejo a hora de atravessar a Osvaldo Aranha e entrar no Parque Farroupilha para o próximo show.

Todos os músicos no palco ao final do show (Todas as fotos por Gabriela Baum / Amora Imagem)

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Foto: Carol Govari Nunes

Na última quarta-feira, dia 16, rolou no Opinião a estreia do espetáculo De Volta Para a Garagem – uma peça de teatro/show que remete a um encontro fictício entre Biba Meira, Edu K, Frank Jorge, Flávio Basso e Charles Master, abordando toda a música, angústia, chinelagem, diversão e repressão vivida durante os anos 80 em Porto Alegre.

O encontro acontece em uma noite chuvosa, onde os músicos se unem sob um teto para esperar a chuva passar – e o amanhecer chegar – e, enquanto isso, conversam, bebem, deliram e fazem música. Tópicos como viver de rock’n’roll, questões identitárias, as dores e as delícias de viver em Porto Alegre, fracasso, putaria, o sonho de se tonar um ídolo mundial (maior que os Beatles, tal qual Flávio Basso certamente foi – pelo menos aqui em Porto Alegre), astrologia, budismo, censura e outros vários assuntos surgem durante a noite.

Com texto inicial baseado no belíssimo Pode ser que seja só o leiteiro lá fora, de Caio F, e texto final e direção de Bob Bahlis, De Volta Para a Garagem diz ser uma “homenagem ao rock gaúcho”, mas acredito ser muito mais do que isso: é uma homenagem à trupe que habitou o bairro Bom Fim em sua década de maior efervescência e resistência, e compila, em uma só noite, rastros de poesia, literatura, música e teatro, tudo ao som do que, agora sim, ficou conhecido como “rock gaúcho” e suas principais bandas: Taranatiriça, Defalla, Julio Reny, TNT, Os Cascavelletes, Graforréia Xilarmônica, Os Replicantes, Bandaliera, entre outros. Ou seja, o “rock gaúcho” atua, na peça, como um guarda-chuva que abriga tudo o que o rótulo – odiado por uns, amado por outros – significou para essa geração que estava recém saindo de uma ditadura militar, que queria se expressar, se divertir, que sentia-se culpada – ou simplesmente era apontada como culpada – por ser diferente e que, mesmo tomando atraque da polícia em plena Osvaldo Aranha, seguia fazendo arte e resistindo culturalmente. E resistiu tanto – e fez tanta, tanta arte – que mais de 30 anos depois ainda estamos aqui, reverenciando tudo o que essa década significou para a cultura gaúcha.

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Grandes sucessos do rock gaúcho foram tocados pelo elenco (Foto: Carol Govari Nunes)

O elenco é composto por Bruno Bazzo (guitarra, ator), Leonardo Barison (gaita, ator), Nina Rouge (cantora, atriz), Samuel Reginatto (guitarra, ator) e Zé Fernandes (contrabaixo, ator).  Os músicos que reforçam a banda são André Hernandes (Guitarra) e Tazz Goetems (bateria).

Ao final da noite, Bob Bahlis subiu ao palco para fazer um agradecimento e chamou Charles Master e Biba Meira, presentes na plateia, para se juntarem aos atores/músicos. Rolou “Não Sei”, um dos maiores clássicos do TNT, e no vídeo abaixo você pode conferir como foi: