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Emicida volta a Porto Alegre na semana que vem, nos dias 1 e 2 de abril, para apresentar o espetáculo “AmarElo” no Araújo Vianna. O show conta com canções do álbum, como a faixa-título e “Quem Tem Um Amigo (Tem Tudo)”, intercaladas com sucessos que marcaram a carreira do cantor. Os ingressos para o dia 2 estão disponíveis na Sympla.

SOBRE O PROJETO

Para um mundo em decomposição, Emicida optou por escrever como quem manda cartas de amor. O resultado desse exercício é o novo projeto de estúdio do rapper paulista, AmarElo, em que ele propõe um olhar sobre a grandeza da humanidade. Agora, o artista leva este trabalho para os palcos. O show tem se revelado uma grande experiência, uma celebração com contornos de comunhão. No repertório as novas canções, como a faixa-título e “Eminência Parda”, além de músicas que marcaram a sua carreira.

O encontro do repertório de AmarElo com o público foi abreviado por conta da pandemia. Durante o período em que Emicida esteve longe dos palcos, as músicas do trabalho ganharam uma outra dimensão, se tornando ferramenta de cura, companhia e esperança para muitas pessoas. Com a retomada dos shows, uma nova camada do experimento social e da relação dos fãs com o artista e com aquelas canções foram criadas. Depois de ter passado por várias capitais do Brasil e do mundo com ingressos esgotados e pelo palco de importantes festivais, o rapper paulistano chega, finalmente, a Porto Alegre com a experiência completa do show de AmarElo. 

“Durante a pandemia, AmarElo fez parte da vida de muita gente e fico imensamente feliz por eu poder ser um instrumento da música por onde algo bom pode fluir”, comenta Emicida. “O abraço que a gente não pode se dar por tanto tempo, finalmente tem data para acontecer”, ele complementa.

O espetáculo de AmarElo traz — por meio do seu setlist e de sua cenografia e telões — memórias do que foi o show histórico de lançamento do mesmo no Theatro Municipal de São Paulo. Canções do álbum, como a faixa-título, “Ismália” e “Quem Tem Um Amigo (Tem Tudo)”, conduzem uma experiência de celebração coletiva, que ganha momentos ainda mais potentes quando intercaladas com faixas que marcaram a carreira de Emicida. 

“Desde que iniciamos essa turnê, o espetáculo evoluiu bastante e vai ser especial chegar com ele em Porto Alegre”, entrega Emicida.

SOBRE O ARTISTA

Emicida nasceu em 1985, em São Paulo, onde vive e exerce a sua arte. Desde que lançou a sua primeira mixtape, “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, até que Eu Cheguei Longe…”  (2009), o rapper construiu uma trajetória que foi conduzida como um experimento social. Assim, não limitou a sua criação à música. Por meio da Laboratório Fantasma, empresa que surgiu para gerenciar a sua carreira, mas que hoje atua como plataforma de entretenimento e de conteúdo transformador, ele deixa a sua marca na música, na moda, na literatura, na sociedade e em todo projeto a qual se dedica. Rapper, escritor, empresário, apresentador e pensador contemporâneo, Emicida tem dois livros infantis lançados “Amoras” (2018) e “E Foi Assim Que Eu e a Escuridão Ficamos Amigas” (2020), além de uma antologia que celebra os 10 anos da sua primeira mixtape. Fez história nos três desfiles que realizou na SPFW, principal semana de moda do Brasil, levando representatividade para passarela. Nos seus trabalhos musicais, ele acumula parcerias com Caetano Veloso, Wilson das Neves, Zeca Pagodinho, Vanessa da Mata, Pabllo Vittar, entre outros nomes. A discografia de Emicida lista ainda a mixtape “Emicídio” (2010), os EPs “Sua Mina Ouve Meu Rep Tamem” (2010), “Doozicabraba e a Revolução Silenciosa” (2011) e os discos “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui” (2013), “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” (2015) e “AmarElo” (2019). Este último, inclusive, ganhou o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa e o elevou ao panteão da música brasileira. AmarElo também marcou história pelo seu show de lançamento ter acontecido no Theatro Municipal de São Paulo. A apresentação serviu de fio condutor para o celebrado documentário AmarElo – É Tudo Pra Ontem, disponível na Netflix, além de ter chegado nos aplicativos de áudio.

SERVIÇO

Onde:
Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)

Quando:
01 de abril de 2023, sábado, às 21h (esgotado)

02 de abril de 2023, domingo, às 20h

Abertura da casa:
19h30

Classificação:
16 anos

Realização: Opinião Produtora

Pontos de venda:

Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – somente em dinheiro):

Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2611 – Loja 249 – Jardim Lindóia – Porto Alegre)
Horário funcionamento: das 10h às 22h.

Bilheteria Araújo Vianna (sem taxa de conveniência – em dinheiro e cartão à vista):
Aberta somente no dia do evento 2 horas antes do início dos shows.
Av. Osvaldo Aranha, 685 – Bairro Bom Fim

Demais pontos de venda (sujeito à cobrança de taxa de conveniência):
Online: www.sympla.com.br/araujovianna

Informações:

www.araujoviannaoficial.com.br
www.facebook.com/araujoviannaoficial
www.twitter.com/araujovianna_

(51) 3211-2838

Fonte: Daniela Sangalli
Assessora de Imprensa – Opinião Produtora
imprensa@opiniao.com.br

Se em 2022 o emo se tornou pauta por causa de um revival no cenário pop mundial, em Porto Alegre, ele prova que sempre se manteve ativo e que não vive apenas de nostalgia. No auge do sucesso, a Fresno, no último dia 18, levou milhares de fãs ao Araújo Vianna. Fãs novos, fãs velhos (os emos mais velhos do mundo, segundo o vocalista Lucas Silveira), fãs eventuais, fãs dos álbuns, fãs dos clipes, fãs do show (meu caso, como confessei no texto sobre o primeiro show que vi da banda).

Reforçando o que eu havia percebido em abril, a Fresno mira no futuro e nem de longe foca em um passado idealizado. A banda convida o público para celebrar uma herança compartilhada nas últimas duas décadas, com um desejo colossal de aproveitar aquele momento em comunhão, mas sempre sinalizando que eles ainda têm muito para viver e realizar.

Foto: Vic Martins

Intercalando clássicos da carreira como “Cada Poça”, “Diga”, “Quebre as Correntes” e “Milonga”, com sucessos do Vou Ter Que Me Virar, como “Fudeu”, “Casa Assombrada”, “Já Faz Tanto Tempo” e “Eles Odeiam Gente Como Nós”, Lucas (vocal e guitarra), Vavo (guitarra) e Guerra (bateria) – acompanhados por Lucs Romero (teclados), Tom Vicentini (baixo) e pela maravilhosa Michelle Abu (percussão), a banda, em perfeita sintonia com a plateia, confirma que nossas identidades são construídas historicamente, em ambientes sociais, através de pertencimentos coletivos. O emo não é apenas um movimento de mídia ou um estilo caracterizado através de um perfil em uma revista de adolescente. O emo, hoje, se consolida como uma das maiores subculturas do país, muito em função de artistas como Lucas Silveira terem tomado o rótulo para si, em um processo de afirmação e que, pasmem, está conquistando mais adeptos do que no começo dos anos 2000.

Apesar de manter as características fundamentais do gênero musical e de abastecer o íntimo dos fãs mais velhos que lotavam o Araújo Vianna, a Fresno caminha em direção a uma fase diferente – e complementar – da que apresentou para seu público 23 anos atrás. Se a banda já havia encontrado seu caminho de expressão e liberdade, com o VTQMV – e a turnê do VTQMV – esses pilares se incorporaram ao ideal de resistência e modernidade, formatando sua performance como uma das mais explosivas do rock nacional.  

E foi com essa performance explosiva, levando o público às lágrimas e às gargalhadas (vocês sabiam que os emos gaúchos se cagam rindo quando o Lucas fala alguma merda? Pois sim), numa troca mútua com a audiência, que a Fresno encerrou o melhor ano da carreira. E encerrou, também, os trabalhos desse blog em 2022.

Que venha 2023! Até o próximo show 😉

Quando eles esgotaram os ingressos em duas noites em abril, Samuel Rosa prometeu: “vamos voltar a Porto Alegre antes do fim”. Como promessa é dívida, o Skank retornou ao Araújo Vianna, nos dias 25, 26 e 27 novembro, para a alegria de milhares de fãs que novamente lotaram o auditório.

Com um setlist totalmente rendido à nostalgia, a banda manteve a energia lá no alto durante toda a apresentação. Samuel desceu do palco para tirar foto com os fãs, conversou, agradeceu a presença de todos. Leu os cartazes, brincou com as torcidas do Inter e do Grêmio, relembrou o primeiro show da banda em Porto Alegre, no antigo bar Opinião, que ficava Joaquim Nabuco (que até hoje não consegui descolar uma foto, mas todo mundo me explica que era tipo um corredor). Falou da relação da banda com o estado, os memoráveis shows no interior e a estreia da banda no Planeta Atlântida, em 1997, durante a explosão d’O Samba Poconé.

Ao longo da noite de sábado, a banda passou pelos principais sucessos, levantando o público principalmente em hits como “É Uma Partida de Futebol”, “Garota Nacional” e “É Proibido Fumar” – dedicada a Erasmo Carlos, que nos deixou recentemente. Entre as baladas, “Resposta” e “Ali” foram cantadas pelo público do começo ao fim.

Com mais de 15 álbuns de estúdio, ao vivo e coletâneas, mais de 140 canções, 46 singles e 25 trilhas de novela, o Skank encerra as atividades sendo um dos maiores grupos do cenário pop rock do país, que atraiu multidões pelos 4 cantos do país nos últimos 30 anos.  

A banda ainda tem algumas datas até O Último Show, que vai acontecer no dia 26 de março de 2023, no Mineirão.

Eduardo Galeano disse: recordar, do latim re-cordis, significa “voltar a passar pelo coração”. Quando dois dos maiores compositores da música brasileira se encontram no palco e desfilam hits de quase quatro décadas de existência, muitos sentimentos voltam a passar por nossos corações. Músicas que contam amores e desamores; que discutem e se abraçam; que compartilham certezas, belezas e dúvidas; que falam do passado, do presente e do futuro; que têm perguntas que ainda esperam resposta.

Quando vi que Pitty iniciaria uma turnê com Nando Reis, minha primeira reação foi: como assim? Sério? Como é que Pitty vai dividir seu local mais sagrado – o palco – com outro artista?  A resposta eu tive nos dias 22 e 23 de outubro, no palco do Araújo Vianna, em Porto Alegre, quando vi que o show PittyNando – As Minhas, As Suas e As Nossas não é uma divisão: é uma soma.

Nessa soma de coloridos tonais (e geracionais), de texturas harmônicas, de intercâmbios melódicos e de permutações disponíveis e possíveis (e se não for possível, aparentemente Pitty, Kishimoto e Nando inventam), entendemos por que Pitty e Nando se juntaram, e por que são raras as parcerias envolventes: ambos não se apoiam em figuras formais ou em artifícios instrumentais. Não há exibicionismo exacerbado e nem disputa de ego. O que há, sim, nesse jogo-show, é um duelo de espirituosidade e de carisma. Mas os dois jogam no mesmo time, o que faz com que o público seja completamente arrebatado durante as duas horas de espetáculo.

Foto: Tatyane Larrubia (Amora Imagem)

Acompanhados de Martin Mendonça (guitarra), Daniel Weksler (bateria), Felipe Cambraia (baixo), Alex Veley (teclados) e Paulo Kishimoto (lap steel e percussão), Pitty e Nando abusam da elegância no trato dos sentimentos – seja pela sofisticação das melodias, pelo delicado silêncio que eventualmente escapa, pela valorização da arte. Com criação de Pitty e Nando Reis, direção musical de Pitty e Paulo Kishimoto, e direção geral e artística de Pitty, As Minhas, As Suas e As Nossas apresenta um show que parece ter nascido da necessidade de dizer. De compartilhar. Quando verdadeira, a música não encontra quem a detenha. Se lhe negamos o canto pela boca, ela fala pelas mãos, pelos olhos, pelos poros, pela mente. Inclusive, no momento em que escrevo este texto, “Os Cegos do Castelo” ecoa repetidamente na minha cabeça. Na voz de Pitty, pois foi assim que ela se fixou em mim após os shows. Isso significa que a música de Nando, cantada por Pitty – e o contrário, como em “Na Sua Estante”, “Temporal”, entre outros exemplos – são palavras que merecem ser celebradas por todos nós. O “Nossas”, no título da turnê, pode ser em relação às composições dos dois, mas o que senti no Araújo Vianna é que este é, de fato, um show nosso. De celebração. De recordação. De passar de novo pelo coração.

Se as especificidades artísticas de Pitty e Nando Reis já transbordavam nas carreiras solos de ambos, juntos eles se tornam um desses felizes encontros da natureza (com muito trabalho envolvido), como a história do rock é beneficiada aqui e acolá. Se por conexão cósmica ou ambiente, se por simples intuição na hora de escolher o repertório, se por pura sabedoria pragmática, a verdade é que a graça (e talvez o sentido?) da arte é essa: reconhecer-se virgem. Nando aprendendo a fazer uma performance sem tocar violão; Pitty percebendo que não conseguia mexer no arranjo de “Na Sua Estante” e passando o bastão para Nando a modificar. Com soberba não se aprende nada – e é isso que a gente também aprende ao ver dois artistas entregues ao que de melhor eles sabem fazer, mas fazendo de forma singular e inédita.

Não espere ver a performance solo de Pitty neste show. Não é um Matriz 3.0. E também não espere ver a performance solo de Nando – não é um dos inúmeros projetos que ele tem na estrada. PittyNando é completamente diferente. Veja e depois me diga o que achou 😉

Uma noite para cantar junto: de “Campo Minado” a “Fim de Tarde com Você”, passando por “Sandina” e “Infinita Highway”, sem deixar de fora a tríade sagrada “Amigo Punk”, “Sob um Céu de Blues” e “Um Lugar do Caralho”. Nos últimos 50 anos, o rock gaúcho produziu muitos clássicos. Alguns dos mais memoráveis foram escolhidos para compor uma noite repleta de música e nostalgia, que, na noite do último domingo, dia 29 de maio, ecoaram por todo o Araújo Vianna.

Uma plateia tímida – mas que lotava o auditório – recebeu com muitos aplausos a Orquestra de Câmara da Ulbra e um quarteto vocal formado por Beatriz Domingues, Atos Flores, Débora Dreyer e Iuri Correa. Regida sob a batuta do maestro Tiago Flores, a Orquestra tocou 15 clássicos ao lado de grandes nomes da nossa música: Nei Lisboa, Jimi Joe, Wander Wildner, Jimi Joe, Pedro Veríssimo, Frank Jorge, Carlo Pianta, King Jim, Julia Barth, Tonho Crocco, Nei Van Soria, Marcio Petracco, Julio Reny, Edu K, Rafael Malenotti e Luciano Albo (que ficou responsável pela guitarra durante toda a noite).

Do IAPI ao Moinhos de Vento – onde ficava o Bafo de Bira, de Rafael Malenotti –, mas majoritariamente no Bom Fim, esses clássicos foram criados por jovens sedentos por viver de música. Considerado “a casa do rock gaúcho a partir da metade da década de 1980”, o bairro foi o berço dos artistas Nei Lisboa e Julio Reny, e das bandas DeFalla, Os Replicantes, TNT, Graforreia Xilarmônica, entre outras. Não à toa, essa celebração ocorrer no Araújo Vianna, localizado no centro do Parque Farroupilha, reforça o caráter simbólico da celebração: inaugurado em 1927 e tombado Patrimônio Histórico e Cultural do município, o Araújo foi e é palco de shows que marcaram e ainda marcarão a vida de muitas gerações. E esse simbolismo se fez presente durante a noite: todos os artistas que subiram para cantar com a Orquestra se mostravam muito emocionados por estarem ali.

Destaque para os arranjos belíssimos feitos por Iuri Corrêa (“Berlim Bom Fim” – talvez o melhor da noite), Alexandre Ostrowki (“Não me Mande Flores” – que também ficou sensacional!), Pedro Figueiredo (“Bebendo Vinho”), Rodrigo Bustamante (“Sob um Céu de Blues”), Arthur de Faria (“Amor e Morte”), Arthur Barbosa (“Fim da Tarde com Você”), e Daniel Wolff (“A Irmã do Doctor Robert”).

Enfim, um espetáculo para ficar na memória de todos os presentes.

Não vejo a hora de atravessar a Osvaldo Aranha e entrar no Parque Farroupilha para o próximo show.

Todos os músicos no palco ao final do show (Todas as fotos por Gabriela Baum / Amora Imagem)