A quinta edição do festival Morrostock já tem data, acontecerá entre os dias 07 e 16 de outubro em Sapiranga. A partir de 2011 o Morrostock conta com o apoio do Movimento SOMA (Sociedade Organizada pela Música Alternativa) que é um importante coletivo cultural de Porto Alegre e não luta somente pela música e sim pelas ações culturais como um todo. Assim, o festival vai integrar música e cineclube, exposição 5 anos de Morrostock, teatro de rua, entre outras atrações.
No ano passado os shows aconteceram no famoso Bardomorro, mas na próxima edição as apresentações serão divididas em mais locais: A Toca, Centro Cultural de Sapiranga e sítio Picada Verão. A cada edição o Morrostock se consolida como um dos mais importantes festivais de música independente do Brasil trazendo shows nacionais e estrangeiros. A programação é divulgada aos poucos através do twitter e do blog.
Algumas atrações já estão confirmadas, entre elas Graforréia Xilarmônica, Ação Direta (SP), o punk hardcore da Olho Seco (SP), Os Replicantes, Armagedom (SP), Lobotomia, Rattus (Finlândia) e Pupilas Dilatadas. Arthur de Faria e Seu Conjunto e Blackbirds, no dia 13 de outubro, no Centro Cultural de Sapiranga, e no sítio Picada Verão acontecem os shows do rock clássico, e quem vai estreiar no festival é o músico Yanto Laitano apresentando o álbum “Horizontes e Precipícios”.
“Eu sempre quis tocar em um festival como o Morrostock. Lugar aberto, ar puro, longe da cidade, clima neo hippie. Vai ter um monte de gente legal, disposta a novas experiências e novos sons. Vai ser uma grande oportunidade de mostrar minha música pra pessoas que ainda não tiveram contato” afirma Yanto.
O músico ainda comenta que não há pressão a respeito da sua estreia no festival, a responsabilidade fica nas mãos do público (que deve aproveitar ao máximo) e da equipe de produção do Morrostock que vem organizando muito bem a festa há quatro edições. Além disso, ele ainda pretende assistir aos outros shows do festival.
O Morrostock é um evento para todas as tribos, ou seja, ao contrário do que a maioria das bandas está acostumada – como tocar para determinado público – no festival neo hippies e punks vão curtir os shows de rock também. Yanto garante que essa é a parte mais interessante, “o espírito da coisa é a diversidade, música feita com amor entra direto no coração das pessoas”.
Já publicamos aqui uma entrevista com Yanto Laitano, e como foi dito, o artista já se envolveu em várias projetos culturais envolvendo não somente o rock, mas também, o cinema e a música erudita. “Nesses tempos de cada um por si, de cada um em sua casa, em seu quadrado, é muito importante juntar todo mundo que tem posicionamentos parecidos. Tem que agregar, juntar, misturar, trocar, ouvir e ser ouvido. Todas essas coisas fazem parte do espírito do festival” explica Yanto a respeito do apoio do Movimento SOMA ao Morrostock.
O álbum “Horizontes e Precipícios” está disponível para download aqui.
Essa é uma narrativa especial, feita especialmente em comemoração ao Dia Mundial do Rock, 13 de julho. Nela, contamos a história de Roque Enrow, um senhor de 70 anos de idade desiludido com os rumos que sua vida tomou.
13 de julho, 2011
Acho que já passa das 4h da manhã… acabei de chegar em casa depois de uns tragos no boteco da esquina com os camaradas de sempre. Não sei como ainda agüento, não tenho mais idade pra fazer isso. No começo é sempre igual: “só um gole, pra esquentar, e depois vou embora”, o problema é que esse gole sempre se estende, ainda mais em uma noite fria como essa. Anos atrás eu teria motivos para comemorar esse dia 13 de julho, hoje, porém, só queria beber até o frio e as lembranças do passado irem embora. Quando será que vou aprender que as lembranças nunca irão embora?? É, mais um ano de vida, meu velho… mais um ano perdido, sem esperança ou perspectiva. Eu olho para o meu passado e me pergunto: onde foi parar aquele eu revolucionário, aquela sede por mudança? Hoje é tudo uma grandessíssima merda, essa juventude alienada com cérebros atrofiados… no meu tempo, os cérebros eram sequelados pelo tanto de porcaria que a gente usava, mas no final a idéia era só abrir a mente pra conseguir mudar esse mundo! Mas que culpa tem os guris, se está tudo virado num caos mesmo? Depois que tudo desandou desse jeito, não tem mais volta, não, é daqui pra baixo. Não sei, ultimamente eu me olho no espelho e só vejo um velho barbudo perdido, sem rumo. Não sou eu, não me reconheço mais.
Só consigo pensar em como antigamente as coisas eram diferentes… no meu tempo de guri, os anos 50, eu lá com meus 14 anos descobrindo muita coisa boa nessa vida. Foi mais ou menos nessa idade que a música entrou na minha vida, foi uma parada de paixão mesmo, carnal e visceral. Depois que eu segurei minha primeira guitarra, nunca mais quis saber de outra coisa. Lembro que meu velho só sabia falar de guerra, que eu tinha que agradecer por aquilo tudo ter acabado, que minha vida era uma moleza. Eu tava cagando praquilo! Só queria saber de juntar uma grana, comprar uma caranga e poder sair de casa, curtir a vida, ter independência! Eu via aquele cara no cinema, o transviado do topete e da jaqueta de couro, e queria ser como ele, queria ter uma Marylin na carona do carro, pra que mais do que isso? Minha guitarra, um carrão e uma mina. Mas eu não passava de um guri sonhador mesmo, me achava grande coisa com aquele cabelo besuntado de brilhantina e um par de sapatos lustrados…
Lá pelos meados da década de 60 eu consegui juntar uma grana, comprar um Volks meio capenga e sair da casa dos velhos. Liberdade, finalmente! Fui morar num pardieiro com uns cabeças que conheci na faculdade (na época eu cursava Filosofia, um dos tantos cursos que comecei e nunca terminei), era um quarto-sala minúsculo que dividíamos em quatro. Conheci a Lady Babel nessa época, figuraça! Uma guria louca que aparecia de vez em quando lá na kit pra pegar uns ácidos. A gente se entendia, se conectava. É uma das poucas pessoas que fiz questão de manter na minha vida.
Até então eu nunca tinha dado muita bola pra política e essas coisas, só comecei Filosofia porque achei que era o mais fácil, até que conheci o pessoal do curso, trocava umas idéias maneiras com os caras que dividiam a kit comigo. Mas aí eu comecei a me dar conta do tanto de barbaridade que estava acontecendo a minha volta e me decidi: eu tinha que fazer alguma coisa pra mudar aquilo! Arrumei um emprego numa lanchonete perto da onde morava e ganhava uma miséria, mas todos meus trocos iam pra cartolinas e panfletos que fazíamos. “STOP THE WAR!” Eu não tinha tempo nem de tomar banho, vivia desgrenhado e cabeludo, era da faculdade para o trampo, depois para as passeatas, manifestações, arrumava um tempo pra tirar um som com um pessoal que tava na mesma vibe que eu. A gente compunha, batucava, protestava, fazia um som que passava uma mensagem. Engraçado que não consigo me lembrar de nenhuma namorada dessa época… a gente era muito free, se amava muito, sem caretice, sabe. Acho que foi por esses anos que fui numa festa bacana, tal de Woodstock… bem paz e amor, fiquei tão chapado que não lembro de quase nada.
Aí o que aconteceu foi o seguinte: absolutamente nada mudou! A guerra, a fome, a miséria, tudo continua lá como sempre esteve. Meu, isso me deixou puto! De que adiantou a gente protestar, se manifestar, se amar, querer mudar o mundo?! Eu fiquei nessa de ser cabeça, paz e amor e tudo mais até lá por 70 e poucos, mas depois não quis saber mais disso não! Na verdade, eu não queria saber de mais nada. Eu tinha lutado por tanta coisa, almejava tanto e depois vi que tudo aquilo não adiantou bosta nenhuma, eu queria mais era explodir tudo. Larguei a faculdade e fui trabalhar num boteco meio underground que deixava umas bandas tocarem à noite. De dia eu ficava carregando caixas feito um burro de carga e recebia uma miséria, mas pelo menos o dono me deixava ensaiar à noite com uns caras que tinha conhecido por lá e estavam na mesma merda que eu. A gente tocava com raiva mesmo, sem entender direito que som era aquele que tava saindo. Passávamos a maior parte do tempo bêbados e drogados, arranhando qualquer coisa nos instrumentos detonados que tínhamos. Parecia que tudo que a gente queria era demonstrar toda aquela frustração e sensação de vazio que sentíamos pela música, então era uma coisa caótica mesmo, totalmente sem sentido. Uns estudantes metidos a besta que andavam por lá chamavam isso de “niilismo”, pra mim isso era só um nome bonito pra um sentimento escroto. No final das contas foi uma década perdida mesmo, principalmente por causa daquela maldita rebeldezinha que cruzou meu caminho, toda dona de si com sua calça jeans rasgada e seu cabelo colorido. Era um groupie, uma poser, só queria saber de andar comigo por causa da banda, mas eu achava que era de verdade. Ela foi morar na kitnet comigo e, quando não estávamos juntando os trocos pra comprar alguma droga vagabunda e nos chaparmos juntos, a gente brigava, quase se matava. Foi um inferno, mas eu amava aquela vadia. Ficamos por alguns anos nessa vida de cão, até quase o final dos anos 80, nos destruindo… até que o dia em que a peguei na cama com o baixista e até então meu melhor amigo, aí dei um passa-fora na bandida e fiquei sem rumo. Aquela cretina conseguiu me tirar o chão!
Pra não dizer que os anos 80 foram uma grande merda, uma coisa salvou: meu aniversário de 85 foi do caralho! Mas, além disso, só consigo lembrar de viver uma vida de cão pelos becos sujos da cidade, completamente perdido…
Foi só aí que eu percebi que não era mais nenhum guri brincando de rock star, eu tinha uma vida pra viver e bem, se possível! Homem nenhum gosta de admitir isso, mas meu coração ainda estava destruído por causa daquela uma e eu tentava de todas as maneiras superar isso, mas foi difícil. Pelo menos consegui me estabilizar na vida, consegui achar uns caras responsa pra montar uma banda e a gente fez um sucesso relativo. Éramos todos mais experientes e isso se refletia muito na nossa musica, era uma parada mais calma, bem sofrida e amargurada, mas serena. A gente tinha um baita futuro, nosso trabalho era bem reconhecido, mas aí o boca-aberta do vocalista resolveu se suicidar e tudo voltou à estaca zero. Os anos seguintes passaram como um borrão por mim, eu praticamente não os vi. A idade chegou de vez e eu simplesmente desanimei. Cansei da música, cansei de viver disso, cansei de tentar ser alguém.
E agora cá estou eu, no meu septuagésimo aniversário. Um velhote sem história, sem família, sem legado, sem nada. Eu tentei ser alguém na vida, e como tentei. Mas agora nada mais faz sentido, não vejo mais razão em continuar em um mundo no qual eu sempre botei esperanças, tinha fé que fosse se tornar um lugar melhor e, hoje, percebo que eram esperanças ingênuas e vazias… isso aqui só vai de mal a pior!
Uma última dúvida me inquieta: as dezenas de remédios que, supostamente, serviriam para amenizar minhas dores (eles esquecem que dores da alma não tem cura) misturados com o whisky barato, presente de aniversário, ou ela… minha guria, que me acompanhou durante esses anos todos, a única que nunca me abandou, sempre esteve ao meu lado, minha guitarra… acho que, em homenagem aos velhos tempos, vou secar essa garrafa e depois me entender com as cordas afiadas da minha velha amiga.
Roque Enrow
Notícia de última hora sobre o estado de saúde de Roque Enrow:
Enquanto aguardamos e torcemos pela recuperação de Roque, que tal ouvir grandes clássicos que fizeram parte de sua vida? Roque, essa é só uma fase ruim, vai passar. O Roque sobreviverá!
Hoje, 02 de junho, acontece a segunda edição da “Quinta Retrô”, uma festa que veio para resgatar o velho rock’n’roll em Frederico Westphalen. No palco a já conhecida banda Fliperama e depois o dj Mendonça continua a festa com os melhores hits dos anos oitenta.
O evento é uma promoção da segunda turma de Relações Públicas da UFSM/Cesnors em parceria com a banda Fliperama e a boate Mendonça’s. Pâmela Dal Forno Uchôa, membro da comissão organizadora, garante que apesar de o tema da festa ser anos 80, os sucessos das outras décadas também estarão na playlist, “a nossa ideia é criar um conceito diferente, resgatar o rock que tem passado despercebido na maioria das festas na cidade, que priorizam o sertanejo universitário”. A “Quinta Retrô” acontece na primeira quinta-feira de cada mês.
A banda Fliperama durante a primeira edição da "Quinta Retrô" (Foto: Carol Govari Nunes)
O público não deve esperar ouvir as músicas do momento, e sim os clássicos do rock and roll que fizeram a cabeça dos fãs nos anos oitenta. O repertório da banda Fliperama ainda conta com sugestões recebidas no twitter da “Quinta Retrô”, “o pessoal deixa a sugestão e a banda avalia a possibilidade de tocar a música na festa” explica Pâmela.
Para as próximas edições da “Quinta Retrô” a comissão organizadora já planeja algumas mudanças para manter o público e variar o setlist. Na primeira festa o repertório foi escolhido pela própria Fliperama, mas a partir da segunda a comissão e o público interferem diretamente na seleção das músicas. Pâmela afirma que a organização está estudando as sugestões de se fazer festas com os temas das décadas de sessenta e setenta, também.
Para quem quiser sugerir músicas, deixar opiniões e entrar em contato é só seguir o twitter da “Quinta Retrô”, ou adicionar o perfil do Orkut. Pelo twitter da banda Fliperama também é possível sugerir repertório para a festa.
A “Quinta Retrô” começa às 22 horas, no Bar e Pizzaria Mendonça’s. Ingressos antecipados a R$10 com os alunos de Relações Públicas.
Yanto trabalha imagem e som nas apresentações ao vivo (Foto: divulgação)
Procurando uma interação maior com seu público o artista Yanto Laitano se afastou da música erudita e agora está dedicando-se ao rock para transmitir suas ideias. O álbum “Horizontes e Precipícios” é seu instrumento de comunicação e garantiu-lhe o prêmio de “Instrumentista” na categoria Pop/Rock da última edição do Prêmio Açorianos de Música. O cantor e pianista respondeu às perguntas do The Backstage e você confere a seguir um pouco sobre esse trabalho.
Yanto explicou que a mistura bem sucedida de rock e piano é resultado de uma vontade que surgiu desde a adolescência, na década de 80, quando ele morava numa cidade do interior e queria tocar em uma banda. Ouvia Pink Floyd, Led Zeppelin, The Doors, Deep Purple, entre outras bandas já consagradas que utilizavam o teclado. “Um dia, depois de muitos anos, muitas bandas e influências, vi que a coisa soava legal também sem guitarras e resolvi explorar esse caminho”, as referências musicais foram, além das citadas anteriormente, Mutantes, Arnaldo Baptista, Beatles, Charly Garcia e Bem Folds, e também influências não-musicais.
O músico já participou de vários projetos e fez trilhas sonoras para filmes e documentários. O “Horizontes e Precipícios” tem doze faixas, cada uma com suas peculiaridades. Yanto falou porque algumas têm versões diferentes do estúdio quando executadas em shows, cada local permite o uso de recursos específicos. No estúdio é possível fazer sobreposição (overdub) e gravar mais de dez instrumentos, já no palco a apresentação é feita por apenas um trio, assim, os arranjos são adaptados. A grande vantagem de um espetáculo ao vivo é a parte visual, um casamento entre música e cenário, quando as luzes entram em ação e se misturam ao show.
“Um dia, depois de muitos anos, muitas bandas e influências, vi que a coisa soava legal também sem guitarras e resolvi explorar esse caminho”
O processo de composição das doze músicas não seguiu um padrão, algumas surgiram naturalmente no caos do dia a dia, e outras foram detalhadamente pensadas. O cantor não define um momento para compor, a não ser que tenha um prazo para isso, mas afirmou que aquelas que “surgem despretenciosamente” dão mais prazer ao serem criadas. A canção “A flor que nasce” surgiu em vinte minutos, como ele declarou em seu blog, ao contrário de “Promessas” que tinha uma melodia, mas não a letra perfeita.
E falando em letra, as músicas são simples e falam de várias questões, desde a solidão até uma explicação de como nascem os bebês. “Porto Alegre Blues” levou um certo tempo até ser concluída, “por isso ela me parece tratar de uma visão e de um sentimento mais elaborado e racional que mistura uma ode à cidade com uma autobiografia”, declarou Yanto. O disco retrata fases diferentes da vida do cantor, como na canção “Eu não sou daqui” que soa como um desabafo de quem se sente sozinho e pende muito mais para o lado emocional ao racional das coisas.
Yanto disponibilizou para download todas as músicas do novo trabalho, e ao contrário de muitos artistas, é a favor do Movimento Música Para Baixar (MPB). Ele falou que cada artista deve escolher o que fazer com sua música, mas essa escolha tem um preço, e ele entende que assim a divulgação e o acesso à sua música será maior, independente da venda dos discos; e quanto mais as pessoas conhecerem seu trabalho, a divulgação será revertida em venda de cds e de shows. “Mas eu entendo que existam pessoas que não queiram liberar seu material para download. Me parece que esse grupo é formado principalmente por artistas, ou representantes de artistas, que vendiam muito no velho esquema e que perderam bastante com a Era Digital”.
Aos poucos a cultura da sociedade muda e ainda é necessário muito debate para construir novas percepções a respeito dessa relação entre música e internet. “Mas pra isso todo mundo tem que ser ouvido, artistas, produtores, distribuidores, divulgadores, imprensa, governo e quem mais fizer parte da cadeia produtiva de música. Além disso, temos que ficar ligados para que as regras do jogo sejam justas”, Yanto ainda afirma que o problema é o sistema, também não se pode colocar a culpa na pirataria “o buraco é bem mais embaixo”.
Dylan foi do folk ao rock passando pelo country e gospel (Foto: divulgação)
Na próxima terça-feira, 24, Robert Allen Zimmerman completa setenta anos de idade. Não entendeu? Estou falando do Bob Dylan, o artista norte-americano de mil e um talentos. Quando criança já escrevia poemas, autodidata aprendeu a tocar piano e guitarra na adolescência.
Bob Dylan ficou conhecido em todo os EUA depois de participar do Newport Folk Festival, em 1963, a convite de Joan Baez, cantora revelada na primeira edição do festival, conhecida por sua voz característica e o talento na guitarra acústica.
As músicas de Bob Dylan, assim como de outros importantes artistas, transformaram-se em hinos de protesto, mas a grande sacada era a união das declarações reclamonas com a poesia, assim ele foi considerado um dos mais influentes músicos de folk do início da década de 60. Já em 1964 ele começou a escrever canções mais pessoais, falando de amor, entre outras questões que já deixavam de lado as críticas sociais. Os fãs do Dylan que tocava folk ficaram decepcionados com a nova faceta rock-blues do cantor.
A nova fase do Dylan foi influenciada pela releitura que os ingleses fizeram do rock americano. Os críticos aprovaram e os fãs se multiplicaram, mesmo com o mau-juízo dos adeptos ao folk. Nessa época Bob Dylan lançou os clássicos “Mr. Tambourine Man”, “Like a Rolling Stone” e “Just Like a Woman”. Na década de 70 o cantor passou por maus-momentos e entre suas poucas boas obras estavam “Knockin’ on Heaven’s Door”(recebeu versões de Guns’n’Roses, Avril Lavigne e Zé Ramalho) e “Forever Young”.
Tiago Spezzatto, 21 anos, é um admirador da boa música. Em uma rede social ele escreveu aos seguidores “agora que você já voltou, saia de novo e vá ouvir um Bob Dylan. Fique assim até pegar no sono”. Ele explica que escreveu isso pela qualidade da música do Dylan, que ouvir as músicas é um aprendizado. Tiago ainda complementa “a música folk teve um papel relevante nos movimentos sociais da década de 60 nos EUA. Era o tempo da Guerra Fria e o povo temia novos confrontos. Nesse contexto que surgiu a obra de Dylan, dando gás ao movimento da contracultura e da luta pelos direitos civis norte-americanos”.
Além do folk, blues e rock, o cantor ainda passou pelo estilo gospel e country, e também lançou um livro de desenhos, uma auto-biografia e um livro de romance-poema. Bob Dylan dedicava-se a pintura e criou 40 telas inspiradas nas paisagens brasileiras que conheceu durante as turnês por aqui (a última foi “Never Ending Tour” em 2008).
“May you always be courageous, stand upright and be Strong, may you stay forever young”
Joan Baez e Bob Dylan (Foto: divulgação)
O cantor brasileiro Zé Ramalho gravou um álbum tributo ao Dylan, o “Tá tudo mudando”. Na capa do disco aparece Zé Ramalho com um cartaz, recriando as cenas do clipe “Subterranean Homesick Blues”. O trabalho traz 11 versões em português e uma regravação das músicas do Bob.
Para quem quiser saber mais sobre Bob Dylan, ainda tem o filme “I’m Not There” lançado em 2007. O filme conta a história do artista em várias fases, inclusive há 6 atores para interpretá-lo. Cate Blanchett recebeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (2008) pela interpretação, e o filme foi vencedor do Globo de Ouro no mesmo ano. Vale à pena.
O projeto mais recente do cantor é uma coletânea com músicas inéditas do Hank Williams – ícone da música country norte-americana. Dylan convidou artistas como Jack White e Alan Jackson para terminarem de fazer as melodias das músicas que tinham apenas letras. Há boatos de que Dylan venha ao Brasil para se apresentar na edição deste ano do festival SWU.
No seu septuagésimo aniversário o que se pode desejar é que Bob Dylan fique sempre jovem, que ele suba os degraus da escada que ele mesmo construiu em direção às estrelas. E que seja sempre corajoso para continuar com seus projetos ousados sem deixar de lado a boa música que sempre fez.