Posts Tagged ‘Pitty’

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Se o título desse post fosse “Pitty surge com hematomas e sem blusa em novo clipe” tenho certeza que eu teria mais visualizações. Às vezes fico curiosa/furiosa pra saber de onde alguns jornalistas tiram esse tipo de chamada, porque, na boa, deve ter curso pra isso. Mas deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem? (ah, Jair Rodrigues, que triste), e vamos ao que realmente interessa.

Capa do disco. Pitty e sua relação com a maçã, o fruto proibido, que vem desde o Admirável Chip Novo. (Imagem: divulgação)

Capa do disco (divulgação)

Viver parece mesmo coisa de insistente. No rock, então, nem se fala. Pitty voltou. Na verdade, pra mim, ela nunca foi a lugar algum. A diferença é que na última quarta-feira, 7 de maio, ela deu uma paulada na cabeça dos fãs adormecidos. Aqueles, os que ficaram lá por 2005, acordaram ensandecidos. Eu mesma, que me julgo das mais tranquilas, parecia uma testemunha de Jeová compartilhando o clipe e pregando insistentemente de timeline em timeline. “Posso te mostrar esse clipe? Posso te mostrar esse clipe?”. Chaaaaaaata. Logo eu, a maior defensora da discrição humana – a que prefere emails, DM’s e inbox – a que faz pose de má e é somente observadora na maioria das ocasiões, estava visivelmente alterada. A real é que eu não me sentia assim há anos, mas a arte faz essas coisas com a gente, né? Ainda bem. (Pra completar, no mesmo dia, Imelda May lança o clipe de Wild Woman. Tudojuntoaomeusmotempo foi sacanagem. Mas outra hora eu comento esse assunto).

E isso que foi só um clipe. Claro, o clipe.  Raul Machado, o qual tem um portfólio gigantesco (mais de 130 clipes incluindo Nação Zumbi, Planet Hemp, Raimundos, Sepultura, Camisa de Vênus e outros vários), dirigiu “SETEVIDAS”, contabilizando mais de 150 mil visualizações até o momento desse post.

Em uma conversa com o diretor, falei que a primeira coisa que me chamou a atenção foi que o clipe se diferencia um pouco de sua própria estética fílmica. Dá pra identificar que o clipe é dele porque Raul tem uma assinatura visual muito forte. Ele tem aquele lance dos músicos enfrentando a câmera, alguns enquadramentos contra-plongée, câmera recuando (veja tudo isso e muito mais aqui) e outros detalhes que não vou me deter. Comentei de seus cortes agressivos, secos, e disse que em “SETEVIDAS” os cortes e os movimentos de câmera estavam “sensuais”. Raul me disse que queria fazer takes longos, cortar menos e queria que tivesse o espírito de show, daí os movimentos felinos e  câmera flutuando como bola de sabão. Lógico, movimentos felinos. Não só os movimentos de câmera, mas todo o videoclipe. Pitty parece um gato escaldado, de beco, que cai, se machuca, fica detonado, mas volta. Com algumas vidas a menos, mas volta. E, vá lá, Pitty nunca fez o tipo gato domesticado.

Casa do Povo, uma associação judia comunista dos anos 50, que fica no Bom Retiro, em São Paulo (SP), serviu de locação para o videoclipe. Segundo o diretor, o local tem um “puta charme decadente” e está meio detonado. Raul, que nem sempre usa roteiros (nesse dia, inclusive, o roteiro ficou em casa), disse que a tomada em que Pitty segue a câmera, por exemplo, foi feita porque ele gostou da sala. “Como a locação era legal demais, eu quis aproveitar todos os ambientes, desde salas ao teatro meio abandonado que fica no subsolo”.

O clipe de “SETEVIDAS” foi gravado no dia do Levante de Varsóvia (google it), o que diminuiu um pouco o tempo de gravação, já que alguns sobreviventes de Auschwitz iam se encontrar no local. As filmagens duraram das 9h às 19h, e o primeiro corte aconteceu poucos dias depois, em uma edição psicografada de cinco horas. Depois disso, só lapidações. Há outros vários detalhes nonsense, mas conversas da madrugada a gente edita na hora de publicar.

Sobre o retorno da cantora, pensemos na cena nacional de 2003 pra cá: Pitty é uma das artistas mais importantes do país. Não é segredo pra ninguém a admiração que eu tenho por ela. Sei que é chover no molhado, mas Pitty é ótima compositora, tem uma presença de palco absurda, suscita indagações e alimenta somente o necessário – principalmente no próprio público. Acreditem, eu sei o que eu estou falando. Sim, meu texto está todo contaminado do olhar de alguém que se identifica com tudo o que ela produziu até hoje, mas justamente por causa disso eu vejo coisas que muitas vezes a grande mídia deixa passar batido, replicando somente o que a assessoria de imprensa envia.

Sem falar no lance do mistério que envolveu todo o lançamento do single e do clipe, me identifico horrores com isso e inclusive já escrevi algumas linhas sobre o assunto (não necessariamente sobre Pitty, mas sobre artistas e mistério em geral). A curiosidade agora é pelo resto das músicas. Dia 3 de junho o disco físico chega às lojas. Em breve, no site, vai rolar a pré-venda.  Eu que não sou boba de perder.

E dia 21 de agosto tem show no Opinião, vou comemorar meu aniversário lá. Aí, sim, o bicho vai pegar.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Por culpa de uma tendinopatia de flexores e extensores no carpo, estou há mais de dois meses com o punho direito imobilizado. Prestes a mergulhar de vez na loucura por não poder escrever, eis que apareço para um curto e necessário texto no blog – necessário para mim, por questões de sanidade mental. Não posso escrever, não posso digitar e não posso tocar nenhum instrumento (nem air guitar!), e se isso não é motivo para pirar na batatinha e ficar lelé da cuca, não sei o que pode ser. Sempre me expressei melhor através da escrita, sou silenciosa e dou um dedo (ou um punho, no caso) para ficar escrevendo, então esses dois meses fizeram alguns estragos emocionais e afloraram a Drama Queen que habita em mim. Para a sorte de vocês, sou obrigada a me abster de maiores detalhes.

Após essa rápida introdução que minha habilidade na mão esquerda possibilitou (porque, sim, só estou digitando com a mão esquerda e logo vou lançar uma cartilha intitulada “Relatos de uma garota com tendinopatia: da escovação dentária ao artigo científico”), preciso contar que tenho cantado repetidamente “Rainy” para mim mesma.

 Até hoje, e principalmente hoje, não consigo avaliar se essa música me faz bem ou mal. Tem um si menor ali que acaba com a minha vida. Não, não é exagero. Ok, é exagero, assim como tudo nesse texto. Mas aquele si menor é destruidor e faz doer. Desconfio que os violões de Martin tenham uma ligação direta com os neurotransmissores que enviam um impulso do meu cérebro direto pra boca do meu estômago, causando uma sensação de agonia e resignação, se é que isso é possível. Tenho tentado lembrar do meu “sunny side” nesses dias em que estou “rainy”, e por vezes a música até consegue me fazer entender que não adianta, que é melhor se acostumar, que nunca vai parar, mas se o dia dura o ano inteiro, já pensou dois meses nessa abstinência científica-jornalística-violeira-emocional?!

“So calm down, season is about to change”.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Os tempos estão mudando, a repressão ainda ta pegando, a galera ta se pronunciando, mas a nossa liberdade não é total, a gente sabe. Não digo só a liberdade do país, que ta querendo nos atar cada vez mais com projetos de leis inacreditáveis, mas a liberdade individual de cada um. Muita coisa nos prende internamente, mas já são tantas as prisões externas que acredito que não devemos cultivar as internas.

Não vou me deter no assunto dos protestos, das leis, da copa, mas tudo isso me levou a pensar em liberdade. Fico pensando por quanto tempo a gente se acorrenta a definições, a escolhas, a identidades. Hall (2006) disse que não existe uma identidade unificada, que “se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu””. Woodward (2000) também falou que a diferença pode ser concebida como princípio da diversidade, heterogeneidade e hibridismo, o que vem a enriquecer as identidades. É lógico que em algum momento isso apareceria no meu texto – estou finalizando um TCC e não leio outra coisa senão estudos sobre identidade, diferença e o enriquecimento cultural que essa mistura pode causar. Mas também não vou me aprofundar (tanto) nesse assunto.

Sendo assim, preciso contar que hoje eu me apaixonei novamente.

Não por uma nova pessoa, mas por uma nova música. A música não é uma mistura, apesar de a intérprete vir de outras raízes. Falando em raízes, lembrei que raízes também podem nos acorrentar. Raízes ou certezas, tanto faz. Eu tenho as minhas, tu provavelmente também tenha as tuas. Eu sou isso, sou contra aquilo, sou a favor disso, só canto esse estilo de música, detesto aquele outro estilo. Isso dá segurança para a gente e para os outros, é muito mais cômodo não trocar de hábitos, não  adquirir outros gostos, não infringir as identidades que os outros já construíram sobre nós, mas eu gosto de pensar, repensar, voltar atrás, ir para o lado, mudar de objetos de estudo e de direção. Também gosto de pessoas assim: pessoas que dão a cara à tapa, pessoas que se atrevem a trabalhar longe da sua zona de conforto, pessoas que não pisam em ovos, pessoas diretas, pessoas confortáveis, sim, mas com situações diferentes. E Pitty me pareceu extremamente confortável cantando “Roda Ciranda” (Martinho da Vila) – tão confortável que fez com que eu me apaixonasse novamente por sua voz. Sua personalidade firme atrelada à malemolência e doçura do samba de Martinho da Vila resultou numa mistura encantadora.

Perceba que eu me perco entre suave, firme, confortável, doce. Bom, tire suas próprias conclusões. Conhecer músicas (e coisas) novas, pensar, ouvir, observar, se atrever – tudo isso já é um ensaio de liberdade. E olha que daqui a pouco vão começar a nos cobrar por esse ensaio de liberdade (tomara que não, entretanto, não ando muito confiante no mundo). Do jeito que a coisa ta, um samba vai bem para alegrar =)

Essa música faz parte do Sambabook, projeto em comemoração aos 75 anos de idade e 45 anos de carreira do Martinho da Vila. Vale conferir, tem uma galera massa.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Acabo de inventar uma categoria nova aqui no blog: a música do dia (funcionava algo parecido no nosso Set List, mas ele está temporariamente aposentado). Só quem tem um blog sobre rock no interior sabe o que é sofrer com a falta de pauta. Às vezes elas até surgem, mas com o tempo tornam-se repetitivas, e não é isso que queremos.

Música é uma das mais belas artes no mundo inteiro – e a minha preferida, se é que restava alguma dúvida. Impressionante como a identificação com certos sons se torna intensa na nossa mente como, por exemplo, “Tendo a Lua”, dos Paralamas do Sucesso, que fez do meu dia muito mais nostálgico. Na verdade, tudo começou com um “desaba guarda-roupas” que me fez tirar várias roupas para doar e uma caixa de papéis que eu trago comigo há uns 10 anos. Tira papel, rasga fotos perdidas, lê, ri, se espanta, lembra, guarda o que ainda vale a pena ser guardado e aí surge o pensamento de “pô, tô jogando tanta coisa fora…”. Automaticamente essa música veio à minha cabeça e continuou fazendo todo o sentido durante a estrofe: “eu vi o meu passado passar por mim / cartas e fotografias, gente que foi embora / a casa fica bem melhor assim”.

Jogo coisas fora com a ilusão de expurgar os registros de ocorrências que habitam meu cérebro, o que nem sempre funciona. Mesmo assim, continuo jogando muita coisa fora. Doo roupas que não me servem, rasgo escritos antigos, corto relações com pessoas que não me acrescentam e faço isso pelo fato de concordar com o que meu professor de Psicologia da Comunicação disse, certa aula, no tempo em que estive estudando em Portugal, sobre a necessidade de podar galhos estragados para que novos e saudáveis possam crescer. Hippie, mas verdade. Aliás, algum filósofo não falou sobre isso? Perdoem minha ignorância filosófica, são 3 da manhã e como de costume eu estou cheia de pensamentos e nada muito focado, então quem sabe seja delírio da minha cabeça.

Falando em delírio, é lógico que o céu de Ícaro, céu dos mitos e do trágico, tem mais poesia que o de Galileu, o astrônomo e físico cheio de satélites e telescópios. Prefiro a audácia de Ícaro ao se jogar ao sol, mesmo seu pai tendo avisado que o calor poderia queimar suas asas, do que a exatidão de Galileu. De física eu entendo lhufas, mas de querer ver mais distante mesmo sem saber voar, meu amigo, toca aqui. Se a casa fica realmente bem melhor assim eu descubro com o tempo. Minha síndrome de esquilo volta e meia me assombra, então quem sabe surja alguma música de arrependimento por ter jogado essas coisas fora. Enquanto isso, segue o link da belíssima canção:

Carol Govari Nunes@carolgnunes

A primeira etapa do VMB tá aí: os primeiros cinco colocados serão classificados para a próxima etapa, e aí então concorrerão aos prêmios de Melhor Clipe, Melhor Disco, Melhor Música etc.

Aqui no The Backstage Blog eu vou dar a minha lista (quanta audácia, I know) de indicados em cada categoria – explicando o porquê da minha escolha – e você, leitor, decide se concorda com a minha campanha e vota em seguida em cada link.

Clipe do Ano: Vanguart  – Mi Vida Eres Tu
Ricardo Spencer é um dos meus diretores favoritos e isso já conta 50%. O clipe narra a fantasia de um guri de 7 anos que sonha em ser um adulto – um beatnik, pra ser mais exata. Kerouac e Bukowski estão presentes no clipe. A contracultura e toda uma geração americana também. Eu sou o guri do clipe, fantasiava com as mesmas coisas que ele. Não é de hoje que digo que o cérebro de Spencer tem um parentesco com o demônio, e eu acho isso lindo. A música, inclusive, é belíssima, assim como todo o disco. Enfim, não tinha como dar errado. Eu sei, o clipe da Fresno é massa. Criolo também é massa, mas eles estão em outras categorias, então em Clipe do Ano eu fico com Vanguart.

Melhor Banda: Agridoce
Preciso explicar? Pitty me ganhou (poor thing) em 2003 e desde então já fui a mais de 15 shows. O Agridoce é a multiplicação dos pães de Jesus Cristo, gente (ou do vinho? ou do peixe?). O que eu quero dizer é que é uma banda massa procriando e trazendo à tona outra banda massa. Pra não encher o saco e deixar esse post gigante, você encontra minha opinião e o motivo de eu escolher o Agridoce como Melhor Banda aquiaqui e aqui.

Artista do Ano: Agridoce
Eles se livraram de todas as amarras e estão trabalhando na turnê do disco homônimo. Enfrentam grandes e pequenos públicos, muitos curiosos, alguns preconceituosos que ainda insistem em pedir que Pitty volte a ser punk-rock-hard-core-sabe-onde-é-que-faz e coisas do gênero. Pelo disco, pelo DVD, pelos shows, pela coragem em nadar contra a corrente, Artista do Ano.

 Hit do Ano: Agridoce
“O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você”

Quem nunca cantarolou esse refrão que atire a primeira pedraaaa-a-a (sorry, I can’t help it).

Melhor Artista Feminino: Rita Lee
Eu não acredito que Rita Lee se importe com esse tipo de premiação, mas, pra mim, ela é o melhor artista feminino. Rita Lee solidificou uma carreia brilhante em seus 60 e poucos anos de vida, o “Reza” é um baita disco, ela continua sendo genial, inteligente e linda. Ela é a RITA LEE.

Melhor Artista Masculino: Criolo
Simpatizo com ele. Conheço apenas “Não existe amor em SP”, confesso, mas ele me parece um grande artista. Bom, essa é uma categoria que eu não tenho tanta certeza assim. Também tenho uma simpatia muito grande pelo Seu Jorge, então sei lá, sou café-com-leite aqui.

o Cascadura lançou recentemente o “Aleluia” e já concorre a Melhor Disco do Ano (Foto: Ricardo Prado)

 Melhor disco: Cascadura – Aleluia
Nessa categoria eles tentaram acabar comigo. Vivendo do Ócio, Agridoce e Cascadura. Três das minhas bandas favoritas com brilhantes discos recentemente lançados. Se fosse por nome, ficaria com “Boa Parte de Mim Vai Embora”, do Vanguart.  Ou “O Pensamento é Um Ímã”. Adoro esse tipo de nome de disco/música. Assim como “Hospício Azul do Sol Poente” e “O Pesadelo é Sempre Maior na Minha Cabeça”. Mas como não estamos falando de nomes e sim de um álbum inteiro, fico com o Cascadura, inclusive por ser a única categoria que a banda concorre.  20 anos de estrada, 4 discos na bagagem. Sou louca pelo Cascadura e o “Aleluia” é genial. Fábio Cascadura é um ótimo compositor, o disco é duplo, é experimental, é de chorar. Não entendo como a banda não é uma das mais famosas do Brasil. Escrevi um rápido texto sobre o “Aleluia” aqui, então não vou estender minha explicação. Adoro “O Pensamento É um Ímã”, mas ele estará representado na categoria abaixo.

Melhor música: Vivendo do Ócio – Nostalgia
Porque a música é de arrepiar. Dá saudade da Bahia que eu nem conheço. O arranjo é todo melancólico e nos convida ao deleite da nostalgia – aquele gosto amargo, mas impossível de evitar. (By the way, a banda acabou de lançar o clipe dessa música, também dirigido por Ricardo Spencer).

Melhor Capa: Agridoce
Pitty e Martin. Já assistiu o DVD “20 passos”? Tem o embrião da capa do disco lá. O filme do DVD está todo youtube, mas compre pelos extras que são geniais (Arte da capa: Rogério Fires/Otávio Sousa).

Artista Internacional: Katy Perry
Não que a categoria me importe, mas eu acho a cantora divertida e curti muito ela no início da carreira. E gosto do “Teenage Dream”. E paro na frente da TV pra ver seus shows cheios de algodão doce e pirulitos gigantes. Vai entender.

Revelação e Aposta: abstenho-me, não conheço nada.

Se você teve paciência para ler tudo isso, por que não votar? Voltamos a conversar na segunda etapa.