Carol Govari Nunes – @carolgnunes
Acabo de inventar uma categoria nova aqui no blog: a música do dia (funcionava algo parecido no nosso Set List, mas ele está temporariamente aposentado). Só quem tem um blog sobre rock no interior sabe o que é sofrer com a falta de pauta. Às vezes elas até surgem, mas com o tempo tornam-se repetitivas, e não é isso que queremos.
Música é uma das mais belas artes no mundo inteiro – e a minha preferida, se é que restava alguma dúvida. Impressionante como a identificação com certos sons se torna intensa na nossa mente como, por exemplo, “Tendo a Lua”, dos Paralamas do Sucesso, que fez do meu dia muito mais nostálgico. Na verdade, tudo começou com um “desaba guarda-roupas” que me fez tirar várias roupas para doar e uma caixa de papéis que eu trago comigo há uns 10 anos. Tira papel, rasga fotos perdidas, lê, ri, se espanta, lembra, guarda o que ainda vale a pena ser guardado e aí surge o pensamento de “pô, tô jogando tanta coisa fora…”. Automaticamente essa música veio à minha cabeça e continuou fazendo todo o sentido durante a estrofe: “eu vi o meu passado passar por mim / cartas e fotografias, gente que foi embora / a casa fica bem melhor assim”.
Jogo coisas fora com a ilusão de expurgar os registros de ocorrências que habitam meu cérebro, o que nem sempre funciona. Mesmo assim, continuo jogando muita coisa fora. Doo roupas que não me servem, rasgo escritos antigos, corto relações com pessoas que não me acrescentam e faço isso pelo fato de concordar com o que meu professor de Psicologia da Comunicação disse, certa aula, no tempo em que estive estudando em Portugal, sobre a necessidade de podar galhos estragados para que novos e saudáveis possam crescer. Hippie, mas verdade. Aliás, algum filósofo não falou sobre isso? Perdoem minha ignorância filosófica, são 3 da manhã e como de costume eu estou cheia de pensamentos e nada muito focado, então quem sabe seja delírio da minha cabeça.
Falando em delírio, é lógico que o céu de Ícaro, céu dos mitos e do trágico, tem mais poesia que o de Galileu, o astrônomo e físico cheio de satélites e telescópios. Prefiro a audácia de Ícaro ao se jogar ao sol, mesmo seu pai tendo avisado que o calor poderia queimar suas asas, do que a exatidão de Galileu. De física eu entendo lhufas, mas de querer ver mais distante mesmo sem saber voar, meu amigo, toca aqui. Se a casa fica realmente bem melhor assim eu descubro com o tempo. Minha síndrome de esquilo volta e meia me assombra, então quem sabe surja alguma música de arrependimento por ter jogado essas coisas fora. Enquanto isso, segue o link da belíssima canção:
[…] de outros 3, levando um pé na bunda sem saber o porquê, tadinhos. Pena que eu queimei as minhas (naquela velha tentativa de falsamente apagar tudo da memória), pois nelas continham muitas letras de músicas que me […]
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