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Carol Govari Nunes@carolgnunes

teste

O show começou pouco depois das 23h e durou cerca de uma hora (Foto: Carol G. Nunes)

Eu estava bem ansiosa pelo show de lançamento do Monstro, o novo disco do Defalla. Em 2014, durante uma entrevista com Edu K sobre a produção do Costa do Marfim, disco mais recente da Cachorro Grande, ele me mostrou algumas faixas em seu computador. Depois disso, me mandou 7 faixas por email e também a capa do disco. Então desde 2014 eu fiquei ouvindo e ouvindo e ouvindo e esperando o lançamento do disco – e principalmente o show de lançamento do disco. Outro fato que aumentava minha ansiedade é que a banda (principalmente Edu K) faz parte do meu corpus de pesquisa no doutorado. Ainda não sei o rumo que minha pesquisa vai tomar (tenho 3 anos e meio pela frente), então acho que pode ser interessante, pelo menos pra mim, deixar registrado essa “pesquisa exploratória”.

Lançado em maio deste ano, o Monstro veio pra Porto Alegre na sexta-feira passada, 10 de junho. O local escolhido para o lançamento foi o bar Ocidente, local simbólico para toda uma geração que acompanhou o Defalla e toda a efervescência cultural que invadiu as ruas de Porto Alegre na década de 1980.

Depois de passar por inúmeras formações, o Defalla conta atualmente com Biba Meira na bateria, Castor Daudt na guitarra, Carlo Pianta no baixo e Edu K no vocal, isto é, a primeira formação da banda. Quem gravou boa parte dos baixos no disco novo foi o Flu Santos, baixista da formação clássica do Defalla. E o Flu também estava no show, ali perto de mim. Assim como o Gerbase, d’Os Replicantes. E mais um monte de gente que queria rever os clássicos do Papaparty, do It’s Fuckin Borin to Death e o que mais a banda quisesse apresentar. Mais da metade do show foi com repertório novo. Do Monstro, 9 músicas foram tocadas – o que é ótimo para um show de lançamento. Particularmente, isso me agradou muito, já que achei o Monstro incrível.

O show foi caótico, cheio de enfrentamentos, provocações e insinuações sexuais por parte de Edu K (estranho seria se não fosse) e com uma banda muito bem ensaiada (Biba, tu é foda!). O público, no início, estava meio frio (a noite estava muito fria!), mas com o passar da noite foi (se) esquentando.

Um relato completo do show pode ser lido no site do POA Music Scenes. Lá eu descrevi bloco por bloco, todo o repertório,  todos os detalhes do show.

No mais, deixo o vídeo de “Fruit Punch Tears (In the Treasure Hunt)”, sétima música do disco novo, mas que no show rolou bem no começo, foi a terceira música a ser tocada.

Sexta-feira eles tocam em Curitiba e sábado no Rio. Outras informações você pode conferir na fanpage da banda.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Edu K é o legítimo boy de mão cheia, boy faz-tudo, boy multiuso: faz cama, mesa, banho, composição, execução, produção, capa, foto e release. Sempre um entusiasta das novidades do mundo da música, da moda, das artes e afins, não vai ser agora que ele vai aposentar seu radar de tendências. Prestes a lançar seu novo EP intitulado “Boy Lixo”, temos, nas linhas abaixo, um rápido panorama de sua carreira (escrito pelo próprio). Respira e vai:

Com seu novo EP, seu terceiro lançamento solo, Edu K invade as pistas bombardeando o povo descolado com o sub-grave monstro do mais novo gênero canibalizado pela  EDM, a famigerada Eletronic Dance Music,  que à tudo devora com sua antropofagia pós-moderna: o TRAP, mais um dos sub-gêneros do hip-hop, domínio que sempre esteve presente em sua carreira.

Foto: Fernanda Chemale

Foto: Fernanda Chemale

Vocalista e fundador da influente Defalla, banda que carrega debaixo do cinto alguns dos álbuns mais icônicos do rock brasileiro como “Papaparty”, “It’s Fucking Boring To Death” e “Kingzobullshit”, e a prova cabal de tal afirmação é “Meu Nome É Edu K”, seu primeiro disco solo, de 95, onde implementou o R&B moderno e eletrônico nos corações e mentes dos baileiros brazucas, emplacando o hit “Vai Tomar No #@”.

Em 2005, veio o mundo: Edu K lança, pelo aclamado selo alemão Man Recordings, seu segundo albúm solo, “Frenétiko”, inciando, assim, uma estrondosa carreira internacional como DJ, detonada pelo sucesso do single “Popozuda Rock’ N’ Roll”. Dessa forma, o músico acabou rodando o mundo inteiro, da Austrália aos Estados Unidos, passando pela Europa, como um dos DJs brasileiros mais requisitados no exterior e remixando grandes nomes como Larry Tee, Perez Hilton, BennyBenassi, Don Omar e Gotan Project.

Também um produtor de mão cheia, Edu K já trabalhou com grandes nomes: Otto, Chico Science, Detonautas Roque Clube, Pavilhão 9, Mundo Livre S.A., Câmbio Negro, entre outros. Recentemente, produziu “Costa do Marfim”, o novo álbum da banda Cachorro Grande, grandes bastiões do rock’n’roll tupiniquim. Também produziu o “King Kong Diamond”, último petardo da banda Comunidade Nin-Jitsu (que vai ser lançado ainda esse mês), precursores da mescla funk carioca + rock, além de “Mais De Mil Palhaços No Salão”, a estreia solo de Daniel Tessler, o Maluco do Cartaz do Pânico, e “Monstro”, o esperado novo disco do Defalla (com previsão de lançamento para a primeira metade de 2015).

“Boy Lixo” é um disco temático – uma espécie de crônica dos personagens que povoam nossas modernas paisagens urbanas, como o famigerado tipo que dá nome ao EP – uma corruptela do Boy Luxo – um bonitão tudo de bom, com uma certa malandragem nada coxa das ruas : ele é o cara dos seus sonhos, mas, quando você acordar,  ele não vai mais estar por perto; as glamorosas “Valley Girls”, gatas descoladas do Vale Dos Sinos, região da Grande Porto Alegre, que está para a capital assim como o San Fernando Valley está para L.A., um paraíso de meninas abastadas que andam voando por aí nas suas SUVs, com uma garrafa de vodka numa mão, o celular da moda na outra,  um par de Louboutins nos ricos pés pedicurados e uma arma letal em sua Fendi handbag, uma coleção de cartões de crédito sem limite e “20çeduzir” um hino à sedução suada e quente, música tema da festa Porto Alegrense de mesmo nome, da qual Edu K é sócio fundador,  com seus personagens transantes e suas cenas picantes na pista.

Com participações especiais – que são especiais de verdade –, como as transudas cantoras, Kekell Sá, DeahRiccio e Andréa Cavalheiro e a diva mór do pop Paraense, Keila Gentil, cantora arrasa quarteirão do grupo de tecnobrega mais amado no mundo todo, a Gang do Eletro, “Boy Lixo” vem para afirmar e firmar aquilo que todo moderno descolado, povo outrora conhecido pela infame alcunha de “hipster”,  já está cansado de saber: Edu K é o grande rei das pistas do nosso Brasil festeiro e, como diz a canção,  vai te botar pra dançar!

boy lixo

DJ SET JUL 2014 (SOUNDCLOUD):

https://soundcloud.com/edukoficial/edu-k-20ceduzir-trap-mix

DJ SET AGO 2014 (YOUTUBE):

https://www.youtube.com/watch?v=uhXAiURTLdc

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Carol Govari Nunes@carolgnunes

Eles tinham ótimo primeiro disco, um amadurecimento nos discos seguintes, estavam prestes a debutar na estrada e tinham uma marca registrada. Quando tudo se solidificou, eles resolveram quebrar a casca e se libertar. Foi mais ou menos assim que Beto Bruno me falou sobre o “Costa do Marfim”, disco novo da Cachorro Grande, num boteco próximo ao Opinião, poucas horas do show de lançamento, dia 9.

Montagem de palco e passagem de som durante a tarde (Foto: Carol Govari Nunes)

Montagem de palco e passagem de som durante a tarde (Foto: Carol Govari Nunes)

Entre um tampico e um suco de uva, Beto falou da necessidade que a banda sentiu em sair do fácil, do cômodo, do sucesso certeiro. Disse que estavam cansados de fazer cover deles mesmos e é enfático quando comenta que a paixão deles é por fazer música, e não sucesso. Mesmo com o jogo ganho (o público conhecendo todas as músicas, turnês bem sucedidas etc), mesmo com tudo lindo, eles se sentiam musicalmente amarrados – daí o lance de quebrar a casca, de se libertar. Inclusive, acho que a palavra “libertador” foi uma das mais usadas pelo vocalista. Dividido entre o cansaço da agenda lotada de entrevistas (mais de 89 (!) desde o lançamento do disco) e a ansiedade pelo show da noite, Beto comentou que o tesão por fazer shows voltou. Não só nele, mas em todos os músicos, e isso era absolutamente visível durante a montagem de palco e a passagem de som.

Quando conversamos sobre a influência de Edu K no produto final, Beto diz que “Edu é do mundo”, por isso o chamaram para a produção do disco. Além de ser um sonho antigo em trabalhar com o líder do Defalla, a banda sabia que Edu seria crucial para a mudança da sonoridade da banda. “Nada no Rio Grande do Sul (e nem no Brasil) se parece com o Edu K”, comenta Beto, pouco antes de sermos interrompidos para ele tirar uma foto com um fã.

Continuamos num papo que vocês já devem ter lido por aí: que eles criaram tudo na hora, que não ensaiaram antes de gravar o disco, que é o disco mais experimental, que o Edu K fez eles pensarem um jeito diferente de fazer música. O que talvez vocês não tenham lido por aí é sobre a dificuldade de chegar onde a banda chegou. Quer dizer, chegar é fácil, o problema é se manter. E a Cachorro Grande, mesmo sem ter tido muito apoio da mídia no começo, tem se mantido firme desde então. Mas essa segurança não impediu a mudança sonora e estética da banda – quando falo em estética, penso (e Beto confirma) que não adiantava mudar o som e eles aparecerem de terninho, por exemplo. E também não adiantava continuar fazendo sucesso e eles se sentindo musicalmente estagnados. E, por mais a vida de estrada pareça “rock’n’roll all night and party every day”, Beto fala com muita seriedade da ideologia da banda, do trabalho duro de fazer um disco melhor que o outro, um show melhor que o outro, de se reciclar.

Quando somos interrompidos novamente para Beto tirar outra foto com duas fãs, ele diz que eu sou sua fotógrafa particular e que acabei de chegar da França. E foi assim que, por ora, terminamos um papo confortável sobre a cena local, a dificuldade do começo, o trabalho da banda, alucinações da vida y otras cositas más.

A banda interagiu com o público durante todo o tempo. Beto Bruno dedicou o show a seu pai, Bocajão, falecido recentemente (Foto: Carol Govari Nunes)

A banda interagiu com o público durante todo o tempo. Beto Bruno dedicou o show ao seu pai, Bocajão, falecido recentemente (Foto: Carol Govari Nunes)

Costa do Marfim, o show

Um público por volta de 980 pessoas aguardava ansiosamente por Beto, Gross, Pelotas, Coruja e Boizinho. Dividido em dois atos (o primeiro com as músicas do disco novo; o segundo com o “baile dos Cachorro Grande”), o show foi alucinante. As músicas novas foram executadas perfeitamente, e abrir com “Nuvens de fumaça” foi uma ótima escolha. Quem estava no meio do público era Edu K. Me arrisco a dizer que ele era um dos mais emocionados de todos que estavam ali. Também, pudera. Beto comentou, durante a tarde, que Edu não foi só um produtor, mas um integrante da banda, contribuiu em absolutamente tudo que estava no disco – as músicas que estavam sendo tocadas também eram dele.

E foi mais ou menos nesse clima que o show terminou (Foto: Carol Govari Nunes)

E foi mais ou menos nesse clima que o show terminou (Foto: Carol Govari Nunes)

O show seguiu com “Eu não vou mudar”, “Como era bom”, “Crispian Mills”, “Use o assento para flutuar”, “Eu quis jogar” e “O que vai ser”, e, mesmo sabendo que esse era todo o Ato 1, confesso que fiquei esperando mais músicas do disco novo. Desde que foi lançado, não ouço outra coisa senão o Costa do Marfim. E ver todo esse disco no palco deve ser a vontade de muita gente. Entretanto, preciso ser coerente e dizer que o Ato 2, para o público, em geral, foi o mais animado do show. Na verdade, são duas situações completamente diferentes: o Ato 1 é um desfrute sensorial, são várias texturas, somos jogados para dentro do (baita) telão e suas imagens psicodélicas, as músicas são tocadas em cima de uma base, é outro clima. O Ato 2 é um show pra fora, animadão. Mesmo que eu esteja total na vibe Costa do Marfim, entendo que foram as músicas “Lunático”, “Hey amigo”, “Deixa fuder”, “Bom brasileiro”, “A hora do Brasil”, “Roda gigante”, “Que loucura”, “Dia perfeito”, “Sinceramente”, “Velha amiga” e “Você não sabe o que perdeu” que levaram todos à loucura (externa).

Quem subiu para cantar “Helter Skelter” junto com a banda foi Edu K. “Subiu” foi um jeito educado de dizer que ele entrou correndo, arrancando o microfone do pedestal do Coruja (consequentemente perdendo o cabo do microfone, ou seja, começou a cantar sem sair som) e praticamente se jogando em cima do Beto Bruno. Foi um final catártico para todos, com direito a beijos na boca e bateria destruída no palco. E isso é tudo que eu me permito escrever – só quem estava lá é que sabe.

Term fotos de todos esses momentos na fanpage do blog, no Facebook. Clicando aqui você vai direto pra lá.

Nos dias 17 e 18 será a vez de São Paulo conhecer o Costa do Marfim. Uma boa viagem a todos.