Archive for the ‘Rock’ Category

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Depois de 20 anos à frente do Arthur de Faria & Seu Conjunto (que encerrou atividades em 2015, mas está finalizando seu sexto e último disco), Arthur cercou-se de quatro jovens músicos da nova cena de rock (e outras coisas) de Porto Alegre. Quatro grandes instrumentistas, mas não só. Todos donos de estilos bastante pessoais, e com seus próprios projetos musicais.

Numa das guitarras, o prodigioso Erick Endres – que, do alto dos seus 19 anos, prepara já seu segundo disco, além de ser um dos cabeças do Endres Experience, banda-tributo a Jimi Hendrix. Erick é exatamente o perfil do guitar hero setentão, ainda que tenha nascido duas décadas depois.

Na outra, Lorenzo Flach, que também tem seu trabalho solo – além de tocar na banda de Ian Ramil e na OCLA – e é um grande buscador de texturas e sonoridades diferentes no seu instrumento.

No baixo, o suingadíssimo Bruno Vargas, da Quarto Sensorial, uma  das bandas mais interessantes da fervilhante jovem cena da música instrumental da cidade. Bruno também toca com um bocado de gente, de Carmen Corrêa a Marcelo Delacroix.

KAOS4

Foto: Victoria Venturella

Na bateria, o personal japa Lucas Kinoshita, da Trem Imperial e com vastos serviços prestados a dezenas de artistas. Além disso, na sua geração, é talvez o cara que melhor conheça – porque estuda a sério a coisa – os ritmos do cone sul, como a encrenca que é o candombe uruguaio.

Uma formação de banda de rock – voz, duas guitarras, baixo e bateria – para tocar milongas, candombes, xotes… o repertório composto por Arthur nos últimos 25 anos, escolhido entre o material de seus oito discos e infinitos projetos paralelos. Tudo num clima de Jam Band, com um pé na psicodelia.

Sim. Depois de velho, o careca deu pra isso…

O show de estreia desse kaos todo rola na próxima quinta-feira, 26, no Ocidente Acústico, que acontece no Bar Ocidente (João Telles esq. Osvaldo Aranha). O show começa às 23h, mas a casa abre às 21h.  Os ingressos custam  25 pila. Outras informações: www.barocidente.com.br

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Considerado um marco histórico na música nacional, o disco Afrociberdelia, lançado em 1996 por Chico Science & Nação Zumbi, está sendo celebrado em uma turnê comemorativa às duas décadas do disco. Passando por diversas cidades do país, na última quinta-feira, dia 7, a banda se apresentou em Porto Alegre, no bar Opinião, após 7 anos sem fazer shows na capital.

Foi uma noite que trouxe na íntegra o disco que balançou (e redefiniu) a trajetória da música feita no país. No local, muitas pessoas que estiveram ali 20 anos antes, na turnê de lançamento do disco, celebravam a memória de Chico Science. Várias histórias também de pessoas que acabaram não indo por vários motivos (e principalmente pela rápida ascensão da Nação Zumbi, pensando que “certamente logo haveria outro show”) e que não tiveram essa oportunidade devido à morte precoce do frontman da banda. Falando em frontman, ouvi também de amigos “metaleiros” que Chico Science foi o maior frontman que eles viram num palco; que até hoje não há nada parecido com a performance dele. Então além de relembrar um disco sensacional, foi uma noite de relembrar histórias envolvendo Chico, Nação, manguebeat e música pop.

Após tocar o disco na íntegra, com os clássicos “Maracatu Atômico”, “Macô” e “Manguetown”, a banda voltou para um bis com 4 ou 5 músicas. Entre elas, “A Praieira” e “Quando a Maré Encher”. Eventualmente o show foi marcado por problemas técnicos e pessoas mal educadas gritando para o técnico de som “aumenta isso aí, pô!”, como se a banda (ou qualquer profissional) adorasse trabalhar com o som baixo/desregulado. Uma microfonia aparecia, caso o som fosse aumentado. Coisa de show, acontece. Em um momento, Jorge du Peixe teve que explicar calmamente para uma pessoa exaltada, que estava grudada no palco, que não tinha como aumentar o som e que ela estava em um lugar pouco privilegiado, em frente ao meio do palco, e as caixas de som estavam nas laterais. Acreditem: gritar com os músicos ou com a equipe não resolve o problema; se movimentar e tentar encontrar um lugar onde o som está melhor, sim.

Em suma, foi um show ótimo e emocionante. Eu nunca tinha visto a Nação Zumbi ao vivo e sempre tive curiosidade. Saí do bar satisfeita e louca pela próxima.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

“Aos 14 anos, Flávio Basso pensou: “quero formar uma banda que seja mais famosa que Beatles e Rolling Stones juntas!”, e assim criou o TNT, no início dos anos 1980 (…). Depois, veio Os Cascavelletes, com quem lançou os discos Os Cascavelletes (1988) e Rock’a’ula (1989). Após Os Cascavelletes, virou o Júpiter Maçã, o nowhere man que a cada disco aparece com algo diferente. Do porn rock à bossa nova, passando pela psicodelia e contornando o mod, Flavio Basso é de Porto Alegre e não é de lugar nenhum. “O Júpiter Maçã usa aquela sunga de tricô que Caetano usa no disco Araçá Azul. Já o Apple, se aproxima do apfel, da manzana – ele é universal. O Apple pode ser amigo da Yoko (Ono)”: é assim que Flavio Basso define seus “eus” na série “Viajo por Porto Alegre”, de 2012.”

O parágrafo acima faz parte do meu projeto de tese de doutorado, aprovado na metade de dezembro de 2015, poucos dias antes da morte de Flávio Basso. Eu tinha passado tanto tempo imersa na obra do Flávio, em função do projeto, que não tive condições de escrever nada a respeito da morte dele. Agora, passada a fase do “luto” (como fã), estou pensando quais desdobramentos minha pesquisa de doutorado vai acabar tendo, mas esse assunto é tão longo, problemático e cheio de possibilidades que fica para uma outra.

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Império da Lã e Frank Jorge durante a música “Menstruada” (Foto: Carol G. Nunes)

Agora vamos falar sobre o Domingo no Parque – Império da Lã apresenta: A Efervescente Mente de Júpiter Maçã, que aconteceu no último dia 13, num lotado Araújo Vianna. Lotado. Com filas gigantescas, gente brigando por ingresso, xingando os organizadores do evento por terem liberado tão poucos ingressos durante a semana. Todo mundo queria ver Nei Van Soria, Frank Jorge, Marcio Petracco, Tchê Gomes, Edgard Scandurra, Carlinhos Carneiro, Marcelo Gross, Rafael Malenotti, entre outros (confira aqui todos os artistas presentes no evento), homenageando o man. Imagina que louco se todo esse povo estivesse lá para ver algum dos últimos shows do Júpiter, ainda em 2015? Será que haveria tanto desespero pelos ingressos? Será que teria sido menos “circo”, com menos pessoas rindo e xingando um artista no palco? Será? Não vou entrar (tanto) nessa discussão de uma possível necrocultura/necrofilia da arte, de como é clichê adorar alguém depois que este se vai, mas eu realmente fico refletindo acerca dessas questões. Mas não vou ser (tão) chata neste momento. Em hipótese alguma questiono a veracidade das homenagens – muito pelo contrário – sei que todos que estavam lá, na plateia e no palco, tinham os corações repletos de amor e saudades do Flávio Basso, do Júpiter Maçã, de todos eles – do homem e do artista que compôs os maiores hinos do “rock gaúcho”. (Vamos entrar na discussão de rock gaúcho? Vamos sim! Mas mais para a frente. Vamos por partes).

Então, 13 de março, pra mim, ficou marcado como um dia muito feliz na minha vida. Mais do que ver toda aquela galera que eu convivo e adoro ir aos shows, como Bidê ou Balde, Malenotti (Acústicos & Valvulados), Gross (Cachorro Grande) etc, eu vi Nei Van Soria, Luciano Albo, Tchê Gomes, Márcio Petracco e Frank Jorge tocando músicas do TNT e dOs Cascavelletes. Eu nunca tinha visto o Nei Van Soria no palco, por exemplo. Eu não vi nenhum show do TeNenTe Cascavel. Ver e ouvir “Ana Banana”, “Menstruada”, “Morte por Tesão”, “Identidade Zero”, “Cachorro Louco”, “Entra Nessa”, “Sob um Céu de Blues”, “Nega Bom Bom”, “Lobo da Estepe”, “Minissaia sem Calcinha” e “Carro Roubado” foi incrível. E também foi ótimo ouvir inúmeras músicas da carreira solo de Júpiter Maçã/Apple na voz de artistas emocionados e que se divertiam contando histórias do man.

Bom, mas tentando contar um pouco o que aconteceu no Domingo no Parque, o Império da Lã (que é maior do que todos os impérios que conseguimos estudar na escola, só não é maior que o Júpiter Maçã, como disse Carlinhos Carneiro) comandou muito bem a festa, diga-se de passagem. Era um entra e sai de artista que eu tentei anotar quem tocou o que em cada música, mas acabei desistindo. Um momento sensacional foi em “O Novo Namorado”, com Bidê ou Balde, Frank Jorge no teclado e Marcelo Gross na bateria. Ponto alto também para “Beatle Geoge” (sério, linda <3), Lobo da Estepe (só com Nei Van Soria cantando e tocando), Miss Lexotan 6mg (com Edgard Scandurra e Silvia Tape), “A Marchinha Psicótica de Dr. Soup” e “Um Lugar do Caralho”, no final, com todos os artistas no palco. Na verdade, é difícil escolher só um momento. O setlist foi muito bem pensado e todos estavam engajados em deixar aquele domingo na memória de todos os presentes. Foi uma bela celebração.

Esse Domingo no Parque, em especial, pode ser pensado não somente como uma homenagem à obra de Júpiter Maçã, mas como um evento que problematiza várias questões acerca da cena de rock em Porto Alegre. 2.500 pessoas estavam presentes no evento. Será, mesmo, que a cena musical de rock gaúcho perdeu espaço e prestígio junto ao público? Será que, de fato, o rock gaúcho sumiu do mapa? E de qual mapa estamos falando, como questionou Gerbase, em uma publicação em sua página no Facebook?

Eu acho que o evento aparece em um momento onde podemos e devemos discutir sobre a ressignificação de uma cena. Não interessa, nesse ponto da discussão, o que originou o evento. Interessa que ele aconteceu, que há artistas para tocar e há público para assistir. O rock gaúcho morreu? Ele está hibernando? Quais argumentos temos para fazer esse diagnóstico? Será que essa não é uma discussão apressada e leviana? Me parece mais interessante discutir e tentar entender a reconfiguração dessa cena, até porque a vida na cidade cria um ambiente totalmente efêmero, o que torna inviável que uma cena se mantenha a mesma desde quando Flávio Basso formou o TNT até hoje, por exemplo.

Mas essa discussão sobre a reconfiguração da cena de rock gaúcho ainda vai muito, muito longe. Por ora, ter visto o Império da Lã e seus trocentos convidados me fez pensar que não é só a mente de Júpiter Maçã que é efervescente. Segue o baile.

 

 

Em 2016, Abstrai

Posted: 15/02/2016 in Rock
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Natalia Nissen@_natalices

Ano-Novo é a desculpa para tomar vergonha na cara e encerrar ciclos que já deveriam ter sido encerrados muito antes. Então para começar o ano, uma ‘Música do Dia’ que vale para o ano inteiro.

Não é música nova e, inclusive, apareceu no meu ‘Descobertas da semana’ no Spotify. Veio em boa hora porque às vezes é preciso um empurrãozinho pra gente não levar a sério algumas coisas. Em 2016, desencana e abstrai.

Não é um publieditorial, mas é uma dica preciosa para quem ainda não viu vantagem em pagar assinatura do Spotify. Quando comecei a assinar fiquei meio na dúvida de pagar R$ 15 para ouvir música. Mas o negócio vale o investimento (ainda mais agora que os discos dos Beatles estão lá!!!).

Tem muita música disponível e não rola anúncio chato para atrapalhar. No modo Premium, ainda dá pra fazer um ‘download’ e ouvir as músicas quando o dispositivo estiver offline. E dá pra baixar no celular e no computador (e controlar a música do computador pelo celular, ai que tecnológico!).

Também tem a “Descobertas da semana” que é uma playlist baseada nas músicas que você ouve. Na segunda-feira o Spotify disponibiliza a mixtape com as músicas da semana. Algumas são bem toscas, outras são velhas e já tinham sido esquecidas, mas sempre aparecem algumas interessantes e que acabam indo pra playlist favoritos ou para a que eu denominei como “zueraneverends”.

Se você é uma pessoa que passa horas ouvindo música, ou sente falta disso, vale super a pena. Dá para criar as playlists e ainda ouvir aquelas que já estão prontas. Tem opção para escolher o artista, o estilo de música ou conforme o momento – “para comer”, “para relaxar”, “para correr”, “para treinar”, e mil outras.

Fica a dica e feliz ano-novo! Que 2016 nos traga boas músicas e boas histórias para compartilhar. 😉

Carol Govari Nunes@carolgnunes

O Fire Department Club acaba de lançar um clipe do segundo single do EP Best Intuition: “Never Learn” traz cenas de shows e bastidores da turnê que os guris fizeram nos EUA em outubro do ano passado. No clipe, há imagens dos shows que aconteceram em Nova York, Los Angeles e San Francisco. Além disso, também acompanhamos algumas imagens finais da gravação do disco de estreia da banda, com lançamento previsto para este ano.

Assista ao clipe abaixo: