Archive for the ‘Livro’ Category

Natalia Nissen@_natiiiii

Há quem diga que Restart é rock e Metallica não, mas a questão vai muito além de gostar ou não de cada um desses exemplos. Aqui no The Backstage mesmo, muitos comentários de leitores falam se a banda tratada no post é ou não um exemplo plausível de rock. Alguns ficam ofendidos, outros soltam o verbo e mostram todos seus argumentos para poder defender um artista. Como a nossa ideia é dar espaço para quem gosta de música, os comentários são aprovados e discussões são criadas, participa quem quer.

O assunto da semana é o Dia Mundial do Rock e a gente bem sabe que controvérsias rondam a comemoração. Aqui no blog vamos fazer alguns sorteios e até eles podem levantar um debate do que seria ou não rock, já que eles fazem parte das comemorações ao Dia Mundial do Rock e aniversário de dois anos do blog. Sem mais rodeios, esse post é pra falar de um livro que comprei essa semana: “O Que é Rock” da série “Para ler ouvindo música”.

O livro não é uma enciclopédia, pelo contrário, tem pouco mais de 80 páginas e mostra mais que resumidamente a história do rock and roll desde a fusão de outros ritmos. Ninguém vai ficar expert no assunto depois de ler, porém, dá uma luz para quem não tem noção e é interessante pra quem gosta, conhece e sabe que sempre tem coisa boa para aprender. Além do mais, é barato, custou R$11,90 e acho que vale a pena. Os mais conservadores podem reclamar de algumas colocações, por exemplo, de que surf music e emocore são subgêneros do rock. No livro são apresentados alguns paradoxos bem interessantes.

Muitas pessoas tornam-se tão intolerantes que defendem a ferro e fogo um único estilo e não conseguem perceber que os outros têm o seu valor (eu mesma já fiz isso). Assim como podem vir aqui e comentar que eu estou viajando completamente ao defender que existe a possibilidade de aceitar determinados nomes na classificação como bandas de rock and roll. Não gosto de Restart e nem acho que tocam rock, mas que cada um pode ficar no seu canto feliz da vida.

Na verdade nos acostumamos demais com a generalização das coisas, estereótipos da música e tudo mais. Eu gosto de Michael Jackson, nem por isso digo que gosto de pop, mas eu também adoro Beirut e Rolling Stones. Meu namorado toca numa banda de heavy metal e sabe que eu não sou vidrada nesse tipo de som, no entanto, eu reconheço o talento que alguns têm e a importância das bandas de metal para a história do rock.

“O Que é Rock” traz um pouco de cada época e vertente do rock, os ícones, altos e baixos da música que tomou conta dos jovens sedentos de liberdade. É uma leitura fácil e vale para quem acha que rock é só Elvis Presley, Led Zeppelin ou AC/DC.

Bruna Molena@moleeena

Marcelo dos Santos no lançamento de seu romance “O Sopro da Noite” (Foto: Bruna Molena)

No último sábado, 07 de maio, houve o lançamento do livro “O Sopro da Noite” (Editora Multifoco), do escritor iraiense Marcelo dos Santos. O evento aconteceu na livraria Vitrola, na parte da tarde, e contou com a presença de Lara Fontana e Carol Nunes fazendo um som ao vivo, unindo, dessa forma, música e literatura em um só lugar.

A música, por vezes, acaba influenciando diversos trabalhos de artistas de outras áreas, como pintores, estilistas, escritores e cineastas, e tais artes também influenciam a música. É visível, desde o início do rythm and blues, como cada década foi fortemente caracterizada tanto na moda como nas artes plásticas e visuais pela vertente do rock’n’roll que agradava a cada geração.

A literatura é uma dessas artes que pode ter uma estreita relação com a música, e não por causa de rock stars e suas autobiografias, mas pelo caminho inverso: quando a música se inspira na literatura. O grupo britânico The Alan Parsons Project é um exemplo claro disso. Formado na década de 70, seu primeiro álbum, “Tales of Mystery and Imagination”, musicou contos do icônico escritor estadunidense Edgar Allan Poe, entre eles: A Dream Within A Dream, The Tell-Tale Hart, The Raven, que se tornou o tema central da obra e o ponto culminante do álbum, a orquestral e erudita The Fall of the House of Usher.

Mais recentemente foi a vez do nova-iorquino e ex-vocalista da The Velvet Underground, Lou Reed, prestar sua homenagem ao romancista americano. Em 2003 ele lançou “The Raven”, um álbum conceito cujo objetivo era recontar histórias curtas e poemas de Edgar Allan Poe. Algumas faixas eram versões novas e bem diferentes de musicas já conhecidas de Lou Reed e o disco contava com a participação de diversos convidados, como David Bowie, Willem Dafoe e Laurie Anderson.

Edgar Allan Poe também inspira escritores, como o próprio Marcelo dos Santos. Em conversa com o The Backstage, no lançamento de seu livro, ele nos conta que admira muito o contista e que vê como Poe, até hoje, influencia inúmeras bandas. A música também tem um papel fundamental na composição de suas obras, afirma Marcelo, e que, conforme o estilo do que está escrevendo, os gêneros musicais também variam: “se eu for escrever um suspense, eu vou ouvir uma musica mais pesada, um metal, um rock. Se for uma poesia, uma coisa mais leve, como Coldplay e Radiohead. Esse livro tem uma levada meio gótica, então eu ouço música gótica, como Nightwish, Evanesence e Lacuna Coil. Eu pego elementos dessas bandas e passo para o livro”, explica o autor.

O público prestigia o escritor enquanto a tarde é embalada pelo rock tocado por Lara e Carol (Foto: Bruna Molena)

Sobre o processo de criação do livro, Marcelo diz que a parte mais difícil é a primeira: a criação de capítulos e personagens. Depois disso feito, é só jogar no papel e dar continuidade à história, o que ele faz nas madrugadas, bebendo café ou whisky e, claro, ouvindo música.

Sua obra recém-lançada, “O Sopro da Noite”, é um suspense sobre um escritor que se envolve em uma aventura permeada de mistérios e paixões, explorando uma cidade que mistura o gótico dos monumentos e ruas ao charme das praças e cafés. “Ousado e sedutor”, como Marcelo o define, e instigante do princípio ao final surpreendente.

São fatores como esses que fazem tanto a música como a literatura renascerem a cada geração. Uma banda atual pode se inspirar em uma obra de séculos passados e torná-la atual, como um escritor pode basear toda uma nova obra em grandes músicos do passado. A arte, quando é boa, se eterniza através de seus admiradores e os inspira a renová-la através dos tempos.

Débora Giese@dee_boraa / Josefina Toniolo @jositoniolo

Verissimo sobe ao palco em Frederico Westphalen (Foto: Caroline Nunes)

Luis Fernando Verissimo foi um dos escritores convidados para a 28ª Feira do Livro de Frederico Westphalen, que acontece na Praça da Matriz até o dia 12 desse mês. Para a surpresa de muitos que desconheciam o talento musical de Verissimo, esse subiu ao palco ao lado da sua banda, Jazz 6, após a sessão de autógrafos e entrevistas.

Bem humorado, o escritor que no momento assumia papel de músico, ao ser aplaudido na sua entrada, respondeu a acolhida com a frase: “Vocês estão me aplaudindo porque ainda não me ouviram tocar”.

A banda se apresentou com Jorge Gerhardt no contrabaixo, Adão Pinheiro no teclado, Edinho Spindola na bateria, Luiz Fernando Rocha no trompete e flugelhorn além de Verissimo no sax. Eles se autointitulam o menor sexteto do mundo, por ser formado por apenas 5 integrantes.

No set list, muito jazz e bossa nova. Músicas consagradas de ambos os estilos embalaram o público durante uma hora e meia. Mesmo quem nunca teve contato com esse tipo de música ficou impressionado com a apresentação. Isso explica o grande número de pessoas presentes, aproximadamente setecentas, segundo a Polícia Militar.

No local houve um encontro de diferentes gerações.  Nádia Dalla Nora de 50 anos, que acompanhava tudo com seu marido, definiu o que assistia como maravilhoso e comentou que, depois desse dia, passará a ouvir mais esse estilo musical. O garoto de 8 anos, Bernardo Binotto, falou com entusiasmo: “Nunca tinha ouvido esse tipo de música e estou gostando muito, muito, muito”.   Isso demonstra que a Jazz 6 conquistou os frederiquenses, agradando a todas as idades.

O evento foi um sucesso, pois mesmo não sendo mais “tão jovens” eles demonstraram muita vitalidade e prazer em tocar. A platéia podia sentir isso e o ambiente entrou no clima do jazz e da bossa nova, transformando a praça em um lugar aconchegante, mesmo com a temperatura cada vez mais baixa.

Merecidamente, os músicos foram aplaudidos em pé, uma forma bonita de agradecimento pela bela noite que proporcionaram e também um convite do próprio público para que voltem mais vezes.

Jazz 6: o menor sexteto do mundo (Foto: Caroline Nunes)

Amanhã você confere uma matéria sobre o backstage da Jazz 6 e uma conversa com todos os integrantes da banda.

Josefina Toniolo@jositoniolo

Capa da autobiografia

No Scream Awards 2009, ao anunciar Keith Richards como o Imortal do Rock do ano, Johnny Depp usou a seguinte frase: “Muito tempo depois de a humanidade incinerar o mundo, as únicas coisas que permaneceram vivas foram as baratas… e Keith Richards.”

Mesmo que essa piada seja velha, faz todo sentido. O homem tem 66 anos, abusou do uso de drogas praticamente toda vida  e está aí “firme e forte”. Com sua postura rebelde e com sua guitarra em mãos continua fazendo shows pelo mundo com os Rolling Stones.

Em outubro desse ano, ele lançou sua autobiografia chamada “Life” que, como era de se esperar, está causando muita polêmica. O projeto foi anunciado pelo guitarrista em 2007 e conforme o previsto foi finalizado esse ano.

O livro traz declarações pesadas  sobre a relação de amor e ódio com Jagger, sobre o uso quase  científico de drogas e sobre a banda. Mas as consequências já estão aparecendo.

Há boatos de que ele será cortado do quarto filme da franquia Piratas do Caribe, pois a produção diz que sua presença com toda a apologia que ele faz as drogas, não faz bem para a imagem do filme.

Também não era para menos, com declarações como essa presente no seu livro:

Não apenas à alta qualidade das drogas que tomei que atribuo minha sobrevivência. Eu era muito meticuloso quanto à quantidade. Eu nunca tomaria mais para ficar um pouco mais alterado. É aí que muitos se f… com as drogas.

Talvez alguns pais realmente não gostariam que seus filhos tivessem contato com alguém que fala esse tipo de coisa… Como se isso fosse possível! Tudo bem que ele falou algumas besteiras no seu livro, alguns gostaram e outros não.  Mas o cara é uma lenda viva do rock e disso não há como e nem porquê discordar.

E indo contra todas as leis da natureza, ele ainda viverá muitos anos, pois provavelmente encontrou a fonte da juventude eterna… E quem sabe daqui a outros 66 anos, em alguma futura biografia, ele conte seu segredo a nós, meros mortais.