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Após a instabilidade e a incerteza que assolaram a área da cultura durante os anos 2020 e 2021, 2022 foi um ano onde o mercado de eventos voltou a respirar.

Em Porto Alegre, a Opinião Produtora realizou 445 eventos nas casas administradas pelo grupo (Bar Opinião, Pepsi on Stage e Auditório Araújo Vianna), contando atrações de produtoras parceiras, eventos privados e datas da prefeitura.

As doações de alimentos via Ingressos Solidários vão de 1 a 6 toneladas por show e, no total, o grupo estima arrecadar cerca de 500 toneladas de alimentos até o final de 2022. “Essa é uma forma de garantir acesso à cultura com valores mais acessíveis ao público e apoiar a comunidade com as doações”, afirmam os sócios-diretores. 

Nos shows do Skank, por exemplo, foram arrecadadas 7 toneladas de alimentos, em parceria com o Movimento Rio Grande Sem Fome

Público do Auditório Araújo Vianna em um dos shows de despedida do Skank (Foto: Vic Martins)


EXPECTATIVAS PARA 2023

As expectativas para o próximo ano é de ainda mais movimento. Não existem mais datas livres para o primeiro semestre nos espaços administrados pela Opinião Produtora, que trabalha no momento com poucos dias disponíveis no final de 2023. Com atrações nacionais e internacionais confirmadas, estão divulgados diversos shows com ingressos já à venda:

Pagode 90 do Opinião 10 anos com Bruno Diegues | 19/01/2023 | Bar Opinião

Júpiter Day | 26/01/2023| Bar Opinião

Belvedere | 01/02/2023 | Bar Opinião

Kamelot & Turilli/Lione Rhapsody | 07/02/2023 | Bar Opinião

Krisiun | 26/02/2023 | Bar Opinião

Gilberto Gil | 03 e 04/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Grunge Night com Black Circle – Tributo Pearl Jam | 10/03/2023 | Bar Opinião

Elvis Experience | 10/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Frejat Trio | 11/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Marco Luque |12/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Sonata Arctica | 15/03/2023 | Bar Opinião

Palestra com Pastor Cláudio Duarte | 21/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Zezé di Camargo e Luciano | 25/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

ANGRAFEST | 26/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Rael + Rashid | 30/03/2023 | Auditório Araújo Vianna

Emicida | 01/04/2023 | Auditório Araújo Vianna

Paulinho da Viola | 15/04/2023 | Auditório Araújo Vianna

Baile do Nego Véio 2 | 20/04/2023 | Auditório Araújo Vianna

Tributo a Jon Lord com Bruce Dickinson | 25/04/2023 | Auditório Araújo Vianna

Roupa Nova | 29/04/2023 | Auditório Araújo Vianna

Fito Paez | 06/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

The Calling | 09/05/2023 | Bar Opinião

Fundo de Quintal | 07/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

Marisa Monte | 12/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

Baile do Magal | 21/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

Snarky Puppy | 24/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

Queen Celebration in Concert | 26/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

BLITZ | 27/05/2023 | Auditório Araújo Vianna

Jorge Ben Jor | 10/06/2023 | Auditório Araújo Vianna

Péricles | 26/08/2023 | Auditório Araújo Vianna

A agenda completa e links para a venda de ingressos estão disponível no site da Opinião Produtora.

Fonte: Daniela Sangalli
Assessora de Imprensa – Opinião Produtora
imprensa@opiniao.com.br

Quando eles esgotaram os ingressos em duas noites em abril, Samuel Rosa prometeu: “vamos voltar a Porto Alegre antes do fim”. Como promessa é dívida, o Skank retornou ao Araújo Vianna, nos dias 25, 26 e 27 novembro, para a alegria de milhares de fãs que novamente lotaram o auditório.

Com um setlist totalmente rendido à nostalgia, a banda manteve a energia lá no alto durante toda a apresentação. Samuel desceu do palco para tirar foto com os fãs, conversou, agradeceu a presença de todos. Leu os cartazes, brincou com as torcidas do Inter e do Grêmio, relembrou o primeiro show da banda em Porto Alegre, no antigo bar Opinião, que ficava Joaquim Nabuco (que até hoje não consegui descolar uma foto, mas todo mundo me explica que era tipo um corredor). Falou da relação da banda com o estado, os memoráveis shows no interior e a estreia da banda no Planeta Atlântida, em 1997, durante a explosão d’O Samba Poconé.

Ao longo da noite de sábado, a banda passou pelos principais sucessos, levantando o público principalmente em hits como “É Uma Partida de Futebol”, “Garota Nacional” e “É Proibido Fumar” – dedicada a Erasmo Carlos, que nos deixou recentemente. Entre as baladas, “Resposta” e “Ali” foram cantadas pelo público do começo ao fim.

Com mais de 15 álbuns de estúdio, ao vivo e coletâneas, mais de 140 canções, 46 singles e 25 trilhas de novela, o Skank encerra as atividades sendo um dos maiores grupos do cenário pop rock do país, que atraiu multidões pelos 4 cantos do país nos últimos 30 anos.  

A banda ainda tem algumas datas até O Último Show, que vai acontecer no dia 26 de março de 2023, no Mineirão.

Eduardo Galeano disse: recordar, do latim re-cordis, significa “voltar a passar pelo coração”. Quando dois dos maiores compositores da música brasileira se encontram no palco e desfilam hits de quase quatro décadas de existência, muitos sentimentos voltam a passar por nossos corações. Músicas que contam amores e desamores; que discutem e se abraçam; que compartilham certezas, belezas e dúvidas; que falam do passado, do presente e do futuro; que têm perguntas que ainda esperam resposta.

Quando vi que Pitty iniciaria uma turnê com Nando Reis, minha primeira reação foi: como assim? Sério? Como é que Pitty vai dividir seu local mais sagrado – o palco – com outro artista?  A resposta eu tive nos dias 22 e 23 de outubro, no palco do Araújo Vianna, em Porto Alegre, quando vi que o show PittyNando – As Minhas, As Suas e As Nossas não é uma divisão: é uma soma.

Nessa soma de coloridos tonais (e geracionais), de texturas harmônicas, de intercâmbios melódicos e de permutações disponíveis e possíveis (e se não for possível, aparentemente Pitty, Kishimoto e Nando inventam), entendemos por que Pitty e Nando se juntaram, e por que são raras as parcerias envolventes: ambos não se apoiam em figuras formais ou em artifícios instrumentais. Não há exibicionismo exacerbado e nem disputa de ego. O que há, sim, nesse jogo-show, é um duelo de espirituosidade e de carisma. Mas os dois jogam no mesmo time, o que faz com que o público seja completamente arrebatado durante as duas horas de espetáculo.

Foto: Tatyane Larrubia (Amora Imagem)

Acompanhados de Martin Mendonça (guitarra), Daniel Weksler (bateria), Felipe Cambraia (baixo), Alex Veley (teclados) e Paulo Kishimoto (lap steel e percussão), Pitty e Nando abusam da elegância no trato dos sentimentos – seja pela sofisticação das melodias, pelo delicado silêncio que eventualmente escapa, pela valorização da arte. Com criação de Pitty e Nando Reis, direção musical de Pitty e Paulo Kishimoto, e direção geral e artística de Pitty, As Minhas, As Suas e As Nossas apresenta um show que parece ter nascido da necessidade de dizer. De compartilhar. Quando verdadeira, a música não encontra quem a detenha. Se lhe negamos o canto pela boca, ela fala pelas mãos, pelos olhos, pelos poros, pela mente. Inclusive, no momento em que escrevo este texto, “Os Cegos do Castelo” ecoa repetidamente na minha cabeça. Na voz de Pitty, pois foi assim que ela se fixou em mim após os shows. Isso significa que a música de Nando, cantada por Pitty – e o contrário, como em “Na Sua Estante”, “Temporal”, entre outros exemplos – são palavras que merecem ser celebradas por todos nós. O “Nossas”, no título da turnê, pode ser em relação às composições dos dois, mas o que senti no Araújo Vianna é que este é, de fato, um show nosso. De celebração. De recordação. De passar de novo pelo coração.

Se as especificidades artísticas de Pitty e Nando Reis já transbordavam nas carreiras solos de ambos, juntos eles se tornam um desses felizes encontros da natureza (com muito trabalho envolvido), como a história do rock é beneficiada aqui e acolá. Se por conexão cósmica ou ambiente, se por simples intuição na hora de escolher o repertório, se por pura sabedoria pragmática, a verdade é que a graça (e talvez o sentido?) da arte é essa: reconhecer-se virgem. Nando aprendendo a fazer uma performance sem tocar violão; Pitty percebendo que não conseguia mexer no arranjo de “Na Sua Estante” e passando o bastão para Nando a modificar. Com soberba não se aprende nada – e é isso que a gente também aprende ao ver dois artistas entregues ao que de melhor eles sabem fazer, mas fazendo de forma singular e inédita.

Não espere ver a performance solo de Pitty neste show. Não é um Matriz 3.0. E também não espere ver a performance solo de Nando – não é um dos inúmeros projetos que ele tem na estrada. PittyNando é completamente diferente. Veja e depois me diga o que achou 😉

Na quarta faixa de Sobre Viver, seu álbum mais recente, Criolo avisa: “Se o mundo é terra de ninguém/ E o mal quer te subtrair / A fé do povo brasileiro / Não vai te deixar cair”. Força, garra, luta, fé. E foi em busca dessa fé que me dirigi ao Araújo Vianna, sábado passado, dia 23, para a apresentação do rapper paulistano.

O fato de o show ter começado com “Ogum Ogum” que, no álbum, tem a participação de Mayra Andrade, me remeteu imediatamente à festa de sabores e saberes que se encontram para inventar o Brasil generoso do qual fala Simas Rufino em Corpo Encantado das Ruas. O Brasil (e o povo brasileiro) de que/quem Criolo fala, é o Brasil que desafia o Brasil tacanho, boçal, mesquinho, fundamentalista, que vende a Amazônia no eBay.

Criolo, em Sobre Viver, mistura o rap, o ragga, o samba e outros gêneros musicais gerados e transformados em territórios afro e afrodiaspóricos. Para amplificar essas sonoridades, é muito bem acompanhado por DJ DanDan e os instrumentistas Ed Trombone, Bruno Buarque e Maurício Badé. Inclusive, é através dos tambores de Bruno, Maurício e Ed que ocorre a sacralização do corpo pela dança; um diálogo – ritualístico, até – dos corpos de todos os presentes com os tambores, especialmente em “Moleques São Meninos, Crianças São Também”.

Criolo / show Sobre Viver (Foto: Carol Govari)

Enquanto personagem subalterno do sistema que odeia ver pretos ganhando dinheiro, Criolo inventa sobrevivência e sociabilidade. Divide a indignação, mas também divide o amor. Em um momento em que o Brasil se desmantela num oceano de ódio, Criolo usa o ódio para fazer poesia. Bate palma, sorri, encanta. Fala de dor, de violência, de solidão, de revolta, mas, como um bom brasileiro, sabe que o que espanta a desgraça é a festa. E Criolo deixa muito explícito, em suas letras, que não se faz festa porque a vida é boa: é justamente o contrário. O povo faz festa porque a vida é dura. Sem o descanso na alegria, ninguém aguentaria. Por isso, Criolo celebra. E celebra, inclusive – e por mais dilacerante que a dor seja – a vida de quem não está mais aqui, como em “Pequenina”, que não apareceu no show, mas que dialoga com a potente “Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais”.

De “Quem Planta Amor Aqui Vai Morrer” até “Aprendendo a Sobreviver” – e sem deixar de passar por “Não Existe Amor em SP”, “Menino Mimado” e “Grajauex” – Criolo lembra que a ocupação das ruas atormenta o poder. Especialmente quando a ocupação é feita pelos corpos que transgridem a lógica colonial e o sistema que diz que tu não é nada.

A música do Criolo restaura uma humanidade que insiste em desaparecer no meio da violenta desumanização que nos acomete enquanto sociedade.  

Eu precisava de fé para enfrentar o desmonte da educação que estamos vivendo, e por isso fui no show do Criolo. Mais do que fé, encontrei a pulsão necessária para continuar lutando contra todo esse sistema que odeia gente como a gente. A luta por outras educações, experiências, linguagens e gramáticas, como apontou Rufino, dessa vez em Pedagogia das Encruzilhadas, é uma luta pela vida.

E, como disse Criolo, a real revolução um dia virá com arte e educação. Por isso, seguimos.

Uma noite para cantar junto: de “Campo Minado” a “Fim de Tarde com Você”, passando por “Sandina” e “Infinita Highway”, sem deixar de fora a tríade sagrada “Amigo Punk”, “Sob um Céu de Blues” e “Um Lugar do Caralho”. Nos últimos 50 anos, o rock gaúcho produziu muitos clássicos. Alguns dos mais memoráveis foram escolhidos para compor uma noite repleta de música e nostalgia, que, na noite do último domingo, dia 29 de maio, ecoaram por todo o Araújo Vianna.

Uma plateia tímida – mas que lotava o auditório – recebeu com muitos aplausos a Orquestra de Câmara da Ulbra e um quarteto vocal formado por Beatriz Domingues, Atos Flores, Débora Dreyer e Iuri Correa. Regida sob a batuta do maestro Tiago Flores, a Orquestra tocou 15 clássicos ao lado de grandes nomes da nossa música: Nei Lisboa, Jimi Joe, Wander Wildner, Jimi Joe, Pedro Veríssimo, Frank Jorge, Carlo Pianta, King Jim, Julia Barth, Tonho Crocco, Nei Van Soria, Marcio Petracco, Julio Reny, Edu K, Rafael Malenotti e Luciano Albo (que ficou responsável pela guitarra durante toda a noite).

Do IAPI ao Moinhos de Vento – onde ficava o Bafo de Bira, de Rafael Malenotti –, mas majoritariamente no Bom Fim, esses clássicos foram criados por jovens sedentos por viver de música. Considerado “a casa do rock gaúcho a partir da metade da década de 1980”, o bairro foi o berço dos artistas Nei Lisboa e Julio Reny, e das bandas DeFalla, Os Replicantes, TNT, Graforreia Xilarmônica, entre outras. Não à toa, essa celebração ocorrer no Araújo Vianna, localizado no centro do Parque Farroupilha, reforça o caráter simbólico da celebração: inaugurado em 1927 e tombado Patrimônio Histórico e Cultural do município, o Araújo foi e é palco de shows que marcaram e ainda marcarão a vida de muitas gerações. E esse simbolismo se fez presente durante a noite: todos os artistas que subiram para cantar com a Orquestra se mostravam muito emocionados por estarem ali.

Destaque para os arranjos belíssimos feitos por Iuri Corrêa (“Berlim Bom Fim” – talvez o melhor da noite), Alexandre Ostrowki (“Não me Mande Flores” – que também ficou sensacional!), Pedro Figueiredo (“Bebendo Vinho”), Rodrigo Bustamante (“Sob um Céu de Blues”), Arthur de Faria (“Amor e Morte”), Arthur Barbosa (“Fim da Tarde com Você”), e Daniel Wolff (“A Irmã do Doctor Robert”).

Enfim, um espetáculo para ficar na memória de todos os presentes.

Não vejo a hora de atravessar a Osvaldo Aranha e entrar no Parque Farroupilha para o próximo show.

Todos os músicos no palco ao final do show (Todas as fotos por Gabriela Baum / Amora Imagem)