Carol Govari Nunes – @carolgnunes
Vinil 69 é uma banda de “rock/rock com pitadas de rock”. Essa é a autodefinição da banda soteropolitana que vive no underground bahiano há cerca de 5 anos. Eles já participaram de festivais no Nordeste do Brasil, tocaram em capitais nordestinas, lançaram EP’s e dizem ser uma banda de show. Atualmente as coisas estão meio paradas para a Vinil 69, mas por e-mail, o vocalista Leandro Araújo, vulgo Pardal, nos conta um pouco sobre o mundo virtual e as ferramentas que a banda já usou para divulgar o seu trabalho.

A Vinil 69 afirma que ter um bom material para apresentar ao público é indispensável (Foto: divulgação)
The Backstage: Como é a divulgação da banda na internet? Como atingir o público?
Pardal: A internet hoje é uma ferramenta imprescindível, facilita muito a comunicação. Reduz a nada as fronteiras geográficas, facilita a divulgação de novos registros ou agenda de shows. Quando minha banda tocou pela primeira vez em Recife, tinha gente (minoria) cantando algumas músicas. Ano passado fui a São Paulo, onde nunca tocamos, conheci por acaso pessoas que conheciam a banda. Em 2006 fechamos uma turnê por quatro capitais nordestinas (Aracaju, Recife, Natal e João Pessoa) sem dar um telefonema, só por mail e msn.
Porém, se facilita a vida, está longe de resolver todos os problemas. Tanta facilidade é uma faca de dois gumes: a democracia cria um vasto mar de informação de onde é difícil tirar bom pescado. Isso confunde o público, ouve-se tanta coisa que muita gente já vai no link com disposição de não gostar. Pra sobressair, é preciso criar um ambiente (orkut, myspace, site próprio) que seja atrativo e tenha a cara do seu som. Além de ter um som, se não de qualidade, ao menos atrativo. Não adianta estar disponível pra milhões se só os seus amigos tiverem motivos pra acessar. Um bom material é indispensável.
TB: Quais as ferramentas utilizadas?
Pardal: Orkut, fotolog, myspace, youtube e um bom mailing!
TB: Como é lançar um disco através de um selo independente?
Pardal: A definição de selo independente é difícil. Pode ser um grupo profissional que trabalhe certo, agilize contatos, marque shows, prense cd, ponha a música pra tocar na rádio e o clip na TV. Pode ser só um garoto que bota seu cd e camiseta na banquinha do festival da cidade. Ou, cada vez mais comum, pode ser uma estrutura montada pelo próprio artista, que vai lutar contra a maré e ficar com os louros. Não tenho experiência com a primeira opção, mas as duas últimas são ótimas!
TB: Quais os benefícios da internet para a banda?
Pardal: Divulgação das atividades e facilidade de manter contato com selos, produtores, gravadoras e bandas de praças onde a banda não circula.
TB: Como era (anos atrás) antes dessa possibilidade de veiculação online?
Pardal: A Vinil 69 sempre foi uma banda de show. Começamos de brincadeira, em 2001, tocando um repertório cover na casa do baterista. O trabalho autoral fluiu, os shows começaram, o retorno do público foi bom e não paramos mais. Nessa época, divulgação era, se desse, cartaz e panfleto, senão, boca a boca. Não existia orkut, youtube, myspace, fotolog. Adepto tardio da tecnologia, eu não tinha nem e-mail. Mais tarde a internet facilitou a vida, deu alguma visibilidade fora do estado. Mas não mudou tanto assim as coisas dentro da nossa praça (Salvador). É inegável que a net dá uma acelerada no processo, mas o boca a boca continua a principal forma de divulgação, turbinado pelo tecla a tecla. Myspace, orkut, fotolog, isso tudo é ótimo, mas a maioria só baixa o seu disco se alguém falou bem, só paga pelo show se o amigo já viu e elogiou.
A internet é também um celeiro de quase bandas. Antes de se preocupar em compor, ensaiar, fechar um conceito ou mesmo aprender a tocar algum instrumento, o pessoal já tem myspace e fotolog. O cara é designer, faz uma marquinha, põe um nome legal, mas cadê a música? Mais água no mar de informação. Sem internet dava mais trabalho “aparecer”, então o sujeito só investia se acreditasse. E o boca a boca fazia o resto.

Capa do EP "Dentro de você"
TB: E a produção de videoclipe para circulação online, chega perto do efeito causado, caso passasse na TV?
Pardal: Não chega perto, mas ajuda na medida em que a internet libera o artista da necessidade do crivo do produtor, da emissora, gravadora ou quem quer que decida o que passa ou não na TV. Ali você posta o que quiser, e em muitos casos a repercussão gera exposição na mídia tradicional. Mas todo clipe ainda sonha em passar na MTV. Vai chegar o dia em que a net vai engolir a TV, mas ainda não estamos nele.
TB: A disponibilização de EP’s e CD’s inteiros na internet ajuda realmente na divulgação? Como é o retorno? Há retorno financeiro?
Pardal: Ajuda. Pra uma banda independente alcançar praças onde não atua é a única maneira. Mas ganhar dinheiro com CD hoje é difícil até pras gravadoras. Internet, gravadora, MTV, rádio, carro de som, tudo é ótimo, mas ou você tem um show interessante, que mobilize o cidadão a coçar o bolso numa noite de sexta-feira, ou nada de grana.