Posts Tagged ‘Marquise 51’

Desde que voltou à sua terra natal, Marcelo Gross não está para brincadeira: o artista vem trabalhando muito, gravando clipes e fazendo inúmeros shows. Na última terça-feira, dia 1º de novembro, o ex-guitarrista e fundador da banda Cachorro Grande fez um show no bar Opinião com tudo o que tinha direito: rock rolando solto e muitas participações especiais.

Foto: Carol Govari

Gross apresentou seu quarto trabalho solo, intitulado Exilado, que foi gravado nos estúdios da Holiday Produtora e será lançado pelo selo da produtora, em parceria com a ONErpm, tem uma pegada de resgate das raízes do cantor. “Voltei a morar no Sul durante a pandemia, no mesmo lugar onde morava na infância, então resgatei minhas origens e acabei musicando poemas que tinha escrito aos 17 anos”, comenta o músico. Como foi concebido e gravado durante a pandemia, Gross gravou todos os instrumentos e os vocais, além de fazer a produção ao lado de Bridy e Vini Tupeti, que também fizeram a engenharia de som.

Para o lançamento do Exilado – e divulgação da edição em vinil de Tempos Loucos, primeiro álbum fora da Cachorro Grande –, o artista juntou nada menos que um “dream team” do rock para tocar antigos sucessos e canções novas: a participação mais esperada era a do ex-Titãs Paulo Miklos, que também está com trabalho novo, o recém-lançado Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. Do álbum novo, Miklos cantou “Todo Esse Querer”, “É Assim que Eu Sei” e “Sabotage Está Aqui”. Dos Titãs, trouxe sucessos como “Sonífera Ilha”, “Polícia”, “Flores”, entre outras. Claro que não poderia faltar “Dia Perfeito”, da Cachorro Grande, que ficou conhecida por sua participação no Acústico MTV Bandas Gaúchas.

Além de Miklos, subiram ao palco Rafael Malenotti, dos Acústicos & Valvulados, que cantou “Um Lugar do Caralho”, de Júpiter Maçã; Serginho Moah, do Papas da Língua, que cantou “Sinceramente”; Duda Calvin, ex-Tequila Baby, que cantou “Sexperienced” e Lucas Hanke (Identidade, Júpiter Maçã), que participou de “O Novo Namorado”, entre outras de Júpiter Maçã. Quem fez o aquecimento pré-show foi o DJ Bruno Suman e a abertura foi da já conhecida banda Jogo Sujo que, além de abrir os trabalhos no palco, ainda seguiu com Gross, tocando mais de três horas de puro rock.

A apresentação da noite ficou por conta da jornalista e radialista Camila Diesel, que aproveitou para dar uma palhinha em “Eu Quero Ser Seu Amigo de Novo”, última música do show, que juntou no palco todos os participantes da noite, no maior clima de festa.

Tu pode garantir a tua cópia do vinil de Tempo Louco aqui.

Exilado chega às plataformas digitais no dia 18 de novembro. Siga o perfil do artista no Spotify para não perder nenhuma novidade 😉

Nascido em Porto Alegre em 26 de janeiro de 1968, Flávio Basso é considerado por parte da imprensa como o “criador do rock gaúcho”, alguém que serviu de modelo para toda uma geração que viria a seguir. Foi fundador de duas bandas seminais dos anos 80: TNT, ao lado de Márcio Petracco, Charles Master e Felipe Jotz. Mais tarde, quando Nei Van Soria entrou para o grupo como guitarrista, Flávio Basso, que também tocava guitarra, ficou exclusivamente no vocal. Apesar de não terem lançado nenhum disco com essa formação (Flávio e Nei Van Soria deixariam a banda para formar Os Cascavelletes, na sequência), o artista participou da coletânea Rock Grande do Sul, lançada em 1986. Quando saíram do TNT, Flávio Basso e Nei Van Soria juntaram-se a Frank Jorge e Alexandre Barea e formaram Os Cascavelletes, com quem o artista lançou os discos de estúdio Os Cascavelletes (1988) e Rock’a’ula (1989).

Em carreira solo, após adotar o nome Júpiter Maçã, lançou os discos A Sétima Efervescência (1997), Plastic Soda (1999) – quando “Júpiter Maçã” virou “Jupiter Apple”; Hisscivilization (2002), Jupiter Apple and Bibmo Presents: Bitter (2007) e Uma Tarde na Fruteira (2008). Em 2021, um disco inédito foi lançado: The Apartment Jazz, gravado em 1999, entrou nas plataformas digitais. O álbum, na verdade, é a trilha sonora do filme de mesmo nome, também escrito pelo artista. De acordo com amigos próximos, Flávio Basso estava trabalhando em um disco novo quando faleceu, em 2015.

Show “Cachorro Louco” contou com a participação de Márcio Petracco (guitarra) e Paulo Arcari (bateria), companheiros de Flávio no TNT, além de Preza (vocal) e Juliano Pereira (baixo). Foto: Tatyane Larrubia / Amora Imagem

E desde 2015 muitos músicos gaúchos trabalham para manter viva a obra de Flávio, em especial Lucas Hanke, que sempre está bolando algum evento para celebrar a memória do man. A última sexta-feira, dia 16 de junho, foi mais um desses dias para reforçar a importância cult-underground de Júpiter na música brasileira. Com apresentação da jornalista e radialista Camila Diesel, o Júpiter Day – Efervescente Frenesi contou com shows de quatro bandas que passaram por todas as fases da carreira de Flávio Basso. Ao todo, mais de 40 músicas foram tocadas por artistas como Lucas Hanke, Julio Sasquatt, Márcio Petracco, Luiz Thunderbird, Tatá Aeroplano, Paulo Arcari, Preza, Carlinhos Carneiro, Pedro Petracco, Marcelo Gross, Chico Bretanha, Bibiana Graeff, Rodrigo Chaise, entre outros. Veja a lista completa na página do evento porque a quantidade de músicos circulando pelo palco era realmente enorme!

A festa durou mais de cinco horas e, além dos shows, teve também uma exposição fotográfica com curadoria de Fábio Alt e participação dos fotógrafos Fernanda Chemale, Cisco Vasques e André Peninche. Nos intervalos entre os shows, pudemos assistir a projeções (com direção da Avalanche) de entrevistas, videoclipes, imagens raras – e outras nem tanto, como a apresentação d’Os Cascavelletes cantando “Eu quis comer você” no Clube da Criança, comandado por Angélica, na TV Manchete. Além dos vídeos do/sobre o próprio artista, também foram projetados depoimentos de músicos como Edgar Scandurra, relembrando a admiração que todo o Ira! tinha por Flávio e o sucesso que foi “Miss Lexotan 6mg Garota”.

Uma noite que reafirmou o caráter mítico que Júpiter construiu ao longo de sua carreira e que segue sendo alimentado por fãs, jornalistas, músicos e demais admiradores que se recusam a se mudar para outro planeta do Sistema Solar.