Mas afinal, o que é que o sertanejo universitário tem?

Posted: 25/03/2011 in Rock, Sertanejo Universitário
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Natalia Nissen@_natiiiii

Para início de conversa, o termo “universitário” é usado porque os cantores desse movimento começaram suas carreiras, na maioria, cantando em bares frequentados por estudantes de ensino superior, e não falam da vida no sertão como as músicas do sertanejo de raiz. Com o passar do tempo o estilo atingiu todas as camadas da sociedade e hoje não apenas os estudantes admiram, mas também crianças e adultos.

The Backstage foi criado para expressar as opiniões das autoras e dos leitores sobre música nacional e internacional e, principalmente, o rock’n’roll e suas vertentes. No entanto, não podemos fechar os olhos diante da febre que tem sido o sertanejo universitário – e digo febre porque foi algo que surgiu repentinamente e contagiou milhares de pessoas Brasil afora.

O fenômeno da música sertaneja, Luan Santana (Foto: divulgação)

Exemplos de artistas solo e duplas de sertanejo universitário não faltam. Por mais adepto do rock’n’roll que o indivíduo possa ser, já deve ter ouvido, com certeza, o refrão de alguma canção romântico-sertaneja: “chora, me liga, implora meu beijo de novo, me pede socorro, quem sabe eu vou te salvar”. Luan Santana, João Bosco e Vinícius, Victor e Leo, e a representante feminina, Paula Fernandes, são ícones de uma geração que idolatra uma série de artistas que muitas vezes são severamente criticados por pessoas que preferem outros estilos musicais. Durante muito tempo o sertanejo foi um estilo predominante em regiões do interior do país, mas a difusão da cultura por meio da internet, rádio e televisão, contribuiu para a disseminação por todo o Brasil.

Luiza Kerber, 20 anos, faz faculdade em Rio Grande e comenta sobre a escassez de festas com estilos mais variados. O pagode e o sertanejo predominam, “o sertanejo universitário tem letras com as quais os jovens se identificam, além de ter um ritmo contagiante. Não é um estilo para escutar sempre, mas o ideal é saber aproveitar a parte boa de cada música”.

“Quem escuta sertanejo universitário tem uma cicatriz no cerebelo, você nunca mais vai se livrar dessa mazela”

No dia dois de março, Lobão, um dos mais importantes artistas do rock nacional, deu uma entrevista a uma rádio e fez declarações pejorativas a respeito dos novos ídolos jovens Fiuk, Restart, e do cantor Luan Santana. Para Lobão, quem escuta sertanejo universitário “tem uma cicatriz no cerebelo, você nunca mais vai se livrar dessa mazela”. Apelando ou não, muita gente compartilha da opinião do cantor, afinal, o tópico #falalobao foi o mais comentado do Twitter depois da divulgação da entrevista. Lobão falou aquilo que muita gente tem vontade, mas não tem oportunidade. Admiradores do bom e velho rock’n’roll tem uma certa dificuldade em entender como e por que a febre do sertanejo tem se espalhado tão rápido e contagiado as pessoas como um golpe certeiro.

Na semana passada o ECAD – órgão brasileiro responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais de músicas aos seus autores – divulgou a lista dos autores que mais receberam pelos direitos autorais no Brasil. O compositor Victor Chaves (da dupla Victor e Leo) ficou em primeiro lugar, e depois dele aparecem Sorocaba, Nando Reis, Roberto Carlos, Dorgival Dantas, Euler Coelho, Paul McCartney, Lulu Santos, Erasmo Carlos e Djavan ocupando as outras nove posições, respectivamente. Na região Sul a música sertaneja também é a que mais rende em direitos autorais: o representante do tradicionalismo, Teixeirinha, fica em 11º lugar. Renato Russo, o líder da banda Legião Urbana ocupa o último lugar da lista, 50º.

A estudante Jaqueline Vanessa da S. Domingues tem 14 anos e não gosta muito de rock, mas adora o sertanejo universitário, identifica-se com o gênero. Além da música, ela gosta dos cantores e diz: “o sertanejo universitário veio com tudo, mais romântico, agradando os jovens. Sertanejo romântico da forma como os jovens veem. Transmite palavras que preciso ouvir”.

O roqueiro Lobão alfinetou os ídolos da nova geração (Foto:divulgação)

Existem tantas bandas que passam longos anos tentando um lugar ao sol e, de repente, nos deparamos com a ascensão “meteórica” de jovens com seus violões cantando músicas que falam de amores não correspondidos e traições. Talvez mais carisma que as caras amarradas de alguns rockstars, mas, ainda, menos talento que a poesia da MPB. Mais recursos para investir em divulgação também pode contribuir para o sucesso de um artista, assim como uma marca que contrata a modelo mais bonita para estrelar as fotos da campanha. Para uma música tornar-se “a mais pedida” na rádio influente pode haver muito mais por trás da história que um público fanático e talento propriamente dito.

Mateus Zanolla Chaves é estudante de Música na UPF e, como bom entendedor do assunto, diz que a música sertaneja é simples, por isso as pessoas gostam tanto. É um som para dançar, aproveitar e não para “ouvir” e pensar a respeito, além de ser composto de versos simples e melodias clichês. “Não é ruim, só é simples. Beatles também tem seus discos simples e é a maior banda do mundo. Música não é complexidade”, finaliza Mateus.

Em Frederico Westphalen a situação não é diferente. Mesmo estando longe dos pólos da música sertaneja, os habitantes do município já demonstram afinidade com o estilo e essa característica está refletida nos eventos que as pessoas frequentam. Algumas festas e estabelecimentos têm como atração apenas, ou na maioria das vezes, o sertanejo universitário.

Site do ECAD.

Entrevista com o Lobão.

Comentários
  1. Bom, vejamos
    nao tive paciencia para ler o post inteiro, admito
    então venho dar a minha opinião sobre o sertanejo:
    O que antes era chitãozinho e xororó, leandro e leonardo, hoje já não pode mais ser chamado de sertanejo, porque o sertanejo virou outra coisa, concordam?

    Vou parafrasear um paragrafo seu:
    Mateus Zanolla Chaves é estudante de Música na UPF e, como bom entendedor do assunto, diz que a música sertaneja é simples, por isso as pessoas gostam tanto. É um som para dançar, aproveitar e não para “ouvir” e pensar a respeito, além de ser composto de versos simples e melodias clichês. “Não é ruim, só é simples. Beatles também tem seus discos simples e é a maior banda do mundo. Música não é complexidade”, finaliza Mateus.

    é exatamente. Musica simples, atinge todos (ou quase todos) os ouvidos, letrinhas mimimi (coisa que mulherzinha chata AMA né, incrivel)

    Agora o porque do meu preconceito com o estilo: além de ser tudo igual (é sim, não diga que não. é tudo a mesma coisa em frases diferentes)
    Fora que a maioria dos meninos que eu conheço ouvem pra pegar mulher
    E as mulheres que ouvem.. nem preciso dizer né

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  2. Thiers diz:

    Eu tenho preconceito sim com esse… “estilo musical”… Como Franciele ai falou, é tudo a mesma coisa, com frases, não digo nem diferentes, mas levemente modificadas, pra dizer a mesma coisa, de formas “diferentes”… Ok, é um som simples, é, mas nem por isso, por ser simples, precisa ser ruim, chato e sem criatividade, Legião Urbana tinha sonoridade super simples, mas era muito bom, uma banda de qualidade, com músicas de qualidade, com som simples e muitas vezes com letras simples sim, muito bem feitas, mas simples, nem todas eram complexas cheias de metáforas, então o tal sertanejo universitário é ruim porque é ruim mesmo, discordo do Mateus, é ruim sim, som simples não precisa ser ruim e quem ouve isso de fato, vai ficar mesmo com cicatriz no cérebro e nunca mais vai se recuperar disso…

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  3. THIS, e preconceito musical é meu sobrenome. Bom gosto não se discute.

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  4. não é ruim, porque tá tudo dentro dos padrões. e, PELO MESMO FATO, não é bom. uma música assim nunca vai te levar a pensar sobre nada e tu vai acabar te limitando. tu vai ser um pé de alface pro resto da vida e nunca via se desenvolver enquanto humano. a questão é, como falei pra nati, não se limitar. se tu queres ouvir sertanejo, escute. mas não te limite a isso. da mesma forma que acho errado um rockeiro se limitar APENAS ao rock. nao digo, no caso, só ouvir. só ouvir é um direito. mas existe um abismo de diferença entre quem NÃO OUVE porque nunca ouviu e nunca buscou informação e de quem não ouve porque sabe que aquilo não te acrescenta em nada por isso, isso e isso. é a velha história do “não gostar sem experimentar”. opiniao pessoal, (esquecendo o profissional): é legal pra dançar em festa e interagir com todos os públicos. mas pra escutar em casa, no dia-a-dia, pra refletir, pensar, é uma bosta completa. mas apesar de ser uma bosta, não consigo encontrar um erro aparente do caso: “fora da tonalidade”. como vejo nesse tal auto entitulado “happyrock”. por isso ele não é ruim, quesito musical.
    e sobre ser tudo igual, como li um post acima, sim, É TUDO IGUAL. isso na letra, como na instrumentação. a letra só variam os termos. e na música em si, só os tons. é sempre tudo a mesma sequencia. com 4 acordes SIMPLES tu faz 90% das músicas do estilo.
    claro, cada um tem seu gosto. fica de cada um concordar ou nao. =)
    mas a questão é: QUEM SE LIMITA, É LIMITADO.
    abrir a mente é o caminho…

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  5. ah, e outra. as bandas contratadas pelas duplas são todas FANTASTICAS. e são elas quem seguram os front man, que geralmente, são uns bostas. auto tune bufa nos estúdios.

    isso é fato. cada dupla é uma empresa.

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  6. Paulo Dias diz:

    Gosto de Rock nos seus mais variados estilos, ouço The Beatles, Sepultura, Legião, Raul Seixas, e muitos outros, mas tambem sou bem eclético em se tratando de musica, pois curto muito MPB, samba raiz, bossa nova, musica classica, e principalmente curto musicas que estão associadas à cultura regional tais como a musica nordestina – Zé Ramalho, Luis Gonzaga, Alceu Valença etc – A musica da região de influencia paulista-caipira – Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho, Milionario e José Rico, Sergio Reis, Renato Teixeira, Almir Sater etc – A musica do Rio De janeiro – Tom Jobim, Martinho da Vila, Clara Nunes, Zéca Pagodinho, Bezerra da Silva etc – A musica ‘gauthesca’ do Rio Grande do Sul e por ai vai, amo tudo isto, precisamos valorizar as nossas tradições.
    para encerrar faço uma observação: A verdadeira musica sertaneja, ou melhor musica caipira nada tem a ver com chitãozinho e Xororó e muito menos com sertanejos universitarios, pois a musica caipira que nasceu em São Paulo e se espalhou pela região da Paulistânia ( area de influencia caipira ) tem belissimas letras, tem conteudo, passa mensagens positivas de amor à natureza, aos animais, à terra natal, à DEUS, ao próximo, à familia, etc, mas infelizmente sempre foi rejeitada pela grande midia.

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  7. Paulo Dias diz:

    Tambem ouço o tal de universitario às vezes quando estou com minha namorada, e tenho certeza que não vou emburrecer por causa disto, mesmo que ouvisse só isto, pois o meu maior prazer em primeirissimo lugar é a leitura, de onde tiro tudo o que preciso para manter o meu razoavel nivel cultural, agora que é bom ser eclético em relação à musica, com certeza é, saber tirar o melhor de todos os estilos musicais, pois como dizia o Rei da Vióla Caipira – Tião Carreiro – ‘Existem dois tipos de musica, a musica bonita e a musica feia’.

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  8. jeff freitas diz:

    Patetico. Cliche muito parecido com o funk realmente muito ridiculo quem ouve essa merda tem que ficar surdo e tao imbecil esse genero musical que nao existe ofensas para descrever o quanto e desprezivel.

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  9. Jésus diz:

    NÃO EXISTE SERTANEJO UNIVERSITÁRIO, este tipo de música é estilo este tipo de música NÃO ESTILO DEFINIDO, não são cantores, É UMA OFENSA A VERDADEIRA MÚSICA SERTANEJA, NÃO EXISTE SERTÃO NA UNIVERSIDADE E NEM UNIVERSIDADE NO SERTÃO, ENTÃO NÃO PROCEDE O GÊNERO ” Sertanejo Universitário “, música horrível.

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  11. betão diz:

    pq não inventam outro nome pra esse estilo ? menos sertanejo e nem universitario!

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