Carol Govari Nunes – @carolgnunes
Chegamos à Feira do Livro correndo e improvisando. Improvisando cartão, improvisando pergunta e improvisando equipamento, já que tudo o que tínhamos eram dois celulares e uma câmera digital. Depois de dar uma visualizada no local, soube que aquele homem de camiseta vermelha parado na porta do camarim improvisado na banca de jornal era Felipe Bier, assessor da Jazz 6. Imediatamente, fui até ele. Me identifiquei, entreguei o cartão do blog e disse que queria fazer algumas perguntas aos integrantes da banda. Felipe disse que dependia da disposição de Verissimo, pois ele já tinha concedido uma coletiva de imprensa no hotel onde todos estavam hospedados. Sem problemas. Enquanto esperava alguma resposta, fiz um sinal para Josefina e Débora, que vieram com nossa câmera e nosso microfone (do celular).
Minutos depois, Verissimo saiu do camarim e Felipe mostrou o cartão do blog ao escritor, dizendo que estávamos aguardando para fazer algumas perguntas sobre a banda. De imediato, Verissimo posicionou-se em minha frente e respondeu minhas perguntas. Na verdade, tudo não passou de uma conversa. Trocamos influências musicais: ele falou de Louis Armstrong, Charlie Parker, saxofones, jazz e bossa nova. Eu falei sobre The Ronettes, Imelda May, violões, guitarras e castanholas.
Com os outros membros não foi diferente: entramos no camarim e eles nos recepcionaram com um belo sorriso, nos convidando para sentar e fazendo brincadeiras o tempo todo. Quando perguntei o que acontecia no backstage do Jazz 6, Jorge Gerhardt disse: “é melhor você perguntar o que não acontece no nosso backstage”! Todos riram, mantendo o mesmo clima descontraído durante toda a conversa. Disseram que Edinho Espindola nasceu ritmista: chacoalhava a mamadeira. Discutiam sobre as minhas perguntas: “mas ela perguntou influências, e vocês estão falando de mamadeira”! Eu, praticamente mediando a conversa dos quatro, disse que tudo bem, podia ser influência, quando começaram a tocar, qualquer coisa – afinal, estávamos ali pra ver o que rolava no backstage dos músicos.
Edinho Espindola falou de músicos da noite, Beatles e que começou tocar aos 15 anos. Adão Pinheiro, tecladista, disse que sempre gostou de jazz (na verdade, o que ele mais fazia era interromper os outros enquanto eles estavam falando: “mas esse não é teu nome, cara! Teu nome é Edson!”, sempre arrancando risadas de todos que ali estavam). Luiz Fernando Rocha falou da banda do colégio (onde começou tocar), Miles Davis, do prazer em tocar, fazer o que eles gostam.
Jorge Gerhardt, baixista e intitulado o orador do grupo, falou sobre violão clássico, contrabaixo, música progressiva e também os anos que morou em São Paulo e Rio de Janeiro. Comentou a falta de público para a música progressiva nos anos 80. Conversamos sobre como era a noite de Porto Alegre, enquanto ele intercalava outros assuntos como, por exemplo, circuitos musicais, prêmios e a tentativa de reativar o grupo de música progressiva formado em 1977, finalizando que deixaria para a próxima encarnação, já que o público está mais desligado do que nos anos 70/80. Adão Pinheiro emendou: “eu não disse que ele não parava de falar?”
Saímos dali porque a banda logo subiria ao palco para fazer um show de aproximadamente uma hora e meia. Porque se fosse pela irreverência, carinho e atenção dos músicos, passaríamos a noite ali ouvindo as experiências musicais do menor sexteto do mundo.