Josefina Toniolo – @jositoniolo
Slash, ex- Guns N’ Roses e atual Velvet Revolver, é mestre no que faz e quanto a isso não há dúvidas. Neste ano mostrou mais uma vez sua genialidade ao lançar seu primeiro trabalho solo. Nomeado de “Slash”, o álbum, lançado em abril nos Estados Unidos, conta com várias participações pra lá de especiais. Com 14 faixas dignas de repeat, pode ser considerado um dos grandes lançamentos do ano.
Há coisas que só o gosto pela boa música pode explicar. Quem diria que Ozzy Osbourne, Fergie e Adam Levine, com características tão distintas, fariam parte de um mesmo CD? E pior, quem diria que isso ficaria realmente bom? Pois é, o Slash merece esses créditos.
Depois de ouvi-lo dezenas de vezes e ler algumas críticas cheguei a conclusão de que, talvez, o único defeito do disco seja a falta de identidade. Isso acontece pela troca de vocalista a cada faixa, mas não chega a ser algo tão grave que diminua a genialidade dessa obra.
O CD possui desde músicas agitadas até baladas, passando pelo clima característico dos trabalhos do Ozzy e por uma faixa instrumental super bacana. As composições são muito interessantes e os riffs e solos são geniais. Não era de se esperar menos do Slash, o cara sabe o que faz. E pelo que parece se esforçou para dar o melhor de si nesse disco e conseguiu!
Se você curte baladas, daquelas de apenas ouvir com os olhos fechados, curtindo toda a calmaria, “Gotten”, “Promise”, “Starlight” e “Saint is a Sinner Too” são boas opções. Mas não se engane, não se tratam de melodias iguais, com vocais chorosos e enjoados. Cada uma traz alguma singularidade e esse é um dos méritos do disco. Adam Levine (Maroon 5), Chris Cornell (Soundgarden), Myles Kennedy (Alter Bridge) e Rocco Deluca emprestaram suas vozes e um pouco dos seus estilos para essas canções.
A “Promise” é a mais agitada, quase foge a minha “pseudo-classificação”, a “Saint is a Sinner Too” é a mais tranquila, praticamente um Rivotril 2mg. Já a “Gotten” gruda na mente, como todas as músicas do Adam Levine, mas é gostosa de se ouvir e a “Starlight” é daquelas de chorar, gritar e afogar as mágoas em um pote de sorvete.
Agora, se você quer música para bater cabelo e pular a noite inteira tem também: “Doctor Alibi”, “I Hold On”, “We’re All Gonna Die”. Com Lemmy Kilmister (Motörhead) , Kid Rock e Iggy Pop, respectivamente, dão conta do recado. E não era pra menos, com nomes de peso como esses não há como ficar parado. Nem que seja apenas batendo o pézinho, mesmo que involuntariamente, seu corpo vai fazer-lhe entrar no clima.
Desse trio eu destacaria uma simplesmente por seu refrão incrivelmente fácil de decorar e cantar: “Doctor Alibi” na voz poderosa de Lemmy fica na cabeça o resto do dia: “Doctor, there’s nothin’ wrong with me! Doctor, doctor, can’t you see? Doctor, I ain’t gonna die. Just write me an alibi!“
Com um clima quase que de faroeste, daqueles que nos fazem querer apenas um conversível, uma estrada e um bom rock, “Ghost”, “By the Sword” e “Back from Cali” acariciam os ouvidos. Gravadas em parceria com Ian Astbury (The Cult), Andrew Stockdale (Wolfmother) e Myles Kennedy (Alter Bridge) em sua segunda participação no álbum, são aquelas músicas típicas para viajar com o som a todo volume, sem pressa alguma de chegar.
A parte mais pesada e obscura fica por conta de Ozzy Osbourne e M. Shadows (Avenged Sevenfold). A “Crucify the Dead” começa calminha e logo todo o poder da voz inconfundível de Ozzy toma conta do ambiente. Não há muito o que falar sobre ela, são “apenas” dois dos maiores mestres do rock em uma música envolvente, dessas que dá vontade de apenas fechar os olhos, acender um cigarro e ouvir. Curtindo cada nota, cada sílaba…
A “Nothing to Say” também tem um pouco desse clima “das trevas”, mas é mais acelerada e o M. Shadows com seu vocal meio rouco e ritmado, gritado em algumas partes dá um charme a mais para a música. Se você está meio estressado, ouça e sinta o poder das guitarras tomando conta do seu ser.
Entre todas essas obras fonográficas há uma surpresa: uma música totalmente instrumental. Ótima, diga-se de passagem e que não é cansativa como esse tipo de som costuma ser. “What This Dave” foi feita em parceria com o Dave Grhol (Foo Fighters) e com, o ex-colega de Guns, Duff Mckagan. A música é intensa e em momento nenhum sente-se a falta de vocais, pois apenas os instrumentos já bastam para torná-la irresistível.
Por último, mas não menos importante, vem a maior polêmica do álbum: Fergie (Black Eyed Peas). Imaginá-la cantando rock era algo impossível, pelo menos para mim. E não é que ela dá conta do serviço? E olha que sou meio preconceituosa com vocal feminino… Na “Beautiful Dangerous” a cantora conseguiu deixar muita vocalista de rock no chinelo. Ela tem a manha, sabe o que faz. Ouso dizer que entende mais do negócio que o Fiuk. O resultado, é claro, foi excelente.
E com esse álbum, o Slash provou que não há fronteiras para a boa música. E também, que mesmo muitos anos depois do auge da sua carreira, ele continua sendo mestre no que faz e servindo de inspiração para muitos iniciantes, apreciadores e até veteranos do rock.
Depois de toda essa apresentação, trago uma notícia “fresquinha” para vocês. Essa madrugada, há 2 horas atrás, o Slash divulgou em seu twitter que o clipe da “Beautiful Dangerous” será lançado no canal Veevo do site YouTube, dia 28 de outubro. Então, se você curtiu a proposta e as músicas do novo trabalho do cara, fica ligado! E vamos esperar para ver quais as surpresas do vídeo dessa mistura inusitada de um disco pra lá de diversificado.
[…] 6. Slash: a mistura inusitada que deu certo […]
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