“Araçá Azul”, “Reconvexo”, “Lua de São Jorge”, “Itapuã”, “Meu Coco”: são quase 60 anos que Caetano Veloso nos presenteia com sua arte.
Na noite de 16 de dezembro, no Araújo Vianna, o artista apresentou mais uma vez seu mais recente álbum, Meu Coco. Com cenário de Luiz Henrique Sá (a partir de esboço do artista plástico Hélio Eichbauer) e iluminação de Gabriel Farinon, Meu Coco é, sem sombra de dúvidas, um dos shows mais bonitos que já passaram pelo auditório. Com produção executiva de João Franklin, assistente de produção Anabella Esteves, Stylist Felipe Veloso, produção de Paula Lavigne e realização da UNS Produções Artísticas, Caetano faz questão de passar a ficha técnica do espetáculo antes mesmo de o show começar.
Ao lado de um legítimo bandão da porra composto por Lucas Nunes (guitarra e direção musical), Alberto Continentino (baixo), Rodrigo Tavares (teclados), Kainã de Jejê (bateria) e Thiago da Serrinha (percussão), Caetano segurou – e muito bem! – a plateia que lotava o auditório para prestigiá-lo. Entregou simpatia, muito carisma e 23 canções que passaram por todas as fases de sua carreira.
Ao longo do show, contou histórias que marcaram seus 80 anos de vida, como os quatro dias em que gravou o Transa, em Londres, e da gratidão que sente em ver o álbum sendo relevante até hoje. Relembrou o Doces Bárbaros – quiçá a maior junção de artistas do PLANETA –, reverenciou a eterna Gal Costa, se emocionou ao cantar “Baby”, mostrou a “marcha caetaneada” que Gil nomeou.
Antes de tocar “A Outra Banda da Terra” (a música), lembrou das inúmeras festas que aconteciam, no final dos anos 70, nos estúdios em São Paulo. Depois de A Outra Banda da Terra (a banda), montou a Banda Nova, e tirou sarro da própria falta de criatividade (além do fato de Antônio Carlos Jobim ter montado uma banda e ter dado o mesmo nome). Muito humilde, Caetano falou da falta de coragem para chamar Jaques Morelenbaum para trabalhar com ele, e de que, quando finalmente criou essa coragem, Jaques quase conseguiu acabar com sua timidez musical.
Caetano também falou da banda C, no formato baixo-guitarra-bateria, rock, MPB, samba, sociedade, política. Se mostrou, como sempre, engajado, vivo, sem tempo de temer a morte. Além das canções de Meu Coco, não deixou de fora clássicos como “A Bossa Nova é Foda” , “You Don’t Know Me”, “Menino do Rio” e “Cajuína”. Declamou “O Pulsar”, de Augusto de Campos”, musicada por ele no álbum Velô, de 1984; no bis, trouxe “Mansidão”, “Odara” e “Noite de Cristal”.



Mais do que um show, Caetano, em Meu Coco, nos absorve para dentro do seu mundo, de sua vida. É impossível tirar os olhos do artista, que domina o palco com a leveza e a firmeza de quem sabe que não está neste mundo a passeio.
E hoje tem mais um show! Ingressos mediante disponibilidade na bilheteria do auditório.