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*Danilo Lucio

No final da tarde de domingo, dia 22 de maio, com ingressos esgotados, o Recife recebeu o terceiro show da turnê Bréa Extreme, com um line up composto por quatro bandas de som extremo. Um dos mais esperados da noite pelo público era justamente o show de abertura, da banda de death metal Crypta, composta por quatro musicistas mulheres que proporcionaram um instigante e ótimo show no seu primeiro show da nova turnê. Muitos fãs no local cantavam as músicas do Echoes Of The Soul, disco de estreia, lançado em 2021. Vale ressaltar que praticamente todo o estoque de souvenir da banda, como camiseta, CDs e adesivos se esgotou. Prova de uma banda que já nasceu grande.

O segundo show foi dos paulistanos do Nervochaos, que continuaram empolgando o público com seu thrash/death metal simples e bem executado. Durante praticamente todo o show, formou-se uma grande roda de pogo, com uma caótica organização, garantindo a diversão do público.

Na sequência, se apresentando pela primeira vez no Recife, ocorreu o show da lendária banda de black metal austríaca Belphegor. Com um repertório que passou por todos os discos da banda, a Belphegor fez um show muito bom. Destaque para a mixagem do som da banda para o público, que contou com uma dose de “grave” extra, para evidenciar a afinação mais baixa das guitarras e transpassando as sensações sombrias e pesadas que a sonoridade da banda executa.

Encerrando a noite de música extrema, os gaúchos do Krisiun. O trio, de fato, é melhor banda de death metal brasileira e a performance ao vivo evidencia isso, além de uma excelente interação com o público. O line up desta turnê foi montado para o público cativo e fã do metal extremo.

Fernanda Lira, da banda Crypta (Foto: Danilo Lucio)

Alguns pontos a melhorar: os shows ocorreram na casa de shows Estelita. A Crypta começou seu show com um atraso (infelizmente comum), mas a casa ainda estava com uma fila gigantesca do lado de fora, pois havia somente um único segurança na porta para conferir toda documentação exigida para entrada. Isso fez com que parte do público não conseguisse assistir ao show da banda de abertura – que a maioria estava lá para ver. Em função disso, muitas críticas foram feitas na hora do show, assim como nas redes sociais da casa. Outro problema foi que o monitor do palco do Moyses Kolesne, do Krisiun, parou de funcionar na parte final do show, fruto do superaquecimento do equipamento.

*Danilo Lucio é Mestrando em música pela UFPE, especialista em Gestão e Produção Cultural e bacharel em Comunicação Social – habilitação em Rádio e TV. Atua em pesquisas sobre produções audiovisuais e performance musical no thrash metal.

A 14ª edição do festival Coquetel Molotov aconteceu no dia 21 de outubro, no Caxangá Golf & Country Club, na cidade de Recife/PE. Forram mais de 12 horas de programação – incluindo shows, palestras, aulas de yoga – em 5 espaços diferentes, entre eles o Espaço Uplanet, onde aconteceram as aulas de yoga, palestras com diferentes temas e o Som Na Rural, de Roger de Renor (“cadê Roger? cadê Roger? cadê Roger? ô!”), um dos mais importantes agitadores culturais de Pernambuco, onde discotecaram DJs conhecidos na cidade, além de Lia de Itamaracá (conhecida como a maior cirandeira do país) e os rappers da Batalha da Escadaria (tradicional encontro de MCs do centro do Recife).

Os palcos Aeso, Velvet e Sonic receberam artistas locais, nacionais e internacionais. O palco Aeso ficou responsável por apresentar os novos talentos da cena musical brasileira, investindo muito na cena pernambucana. Os artistas que se apresentaram no Palco Aeso foram Pupila Nervosa (PE), Cellestino (PE), Lady Laay (PE), Gorduratrans (RJ), Soledad (CE) e Romero Ferro (PE), que recebeu Priscila Senna, vocalista da banda Musa, para cantar “Novo Namorado”, resultando em um dos momentos mais animados do palco Aeso (mesmo com a chuva que insistia em cair no Recife).

 

Ao mesmo tempo, no Palco Sonic, aconteciam os shows de Giovani Cidreira (BA), Kalouv (PE), banda instrumental que apresentou o disco Elã, E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante (SP), tocando pela primeira vez no Recife, Kiko Dinucci (SP), com o disco Cortes Curtos, Hinds (Espanha), banda composta só por mulheres, uma das mais aguardadas da noite, Curumin (SP), que apresentou o disco Boca, lançado pelo Natural Musical, Alessandra Leão (PE), em turnê com o disco Língua, Afrobapho (BA), nome do show do grupo The Black’s, que tem se destacado no cenário de dança baiano, NoPorn (SP), projeto da artista plástica Liana Padilha, e Mamba Negra (SP).

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Arnaldo Baptista e seu “Sarau o Benedito?” (Foto: Carol Govari Nunes)

Os shows no Palco Velvet começaram às 18h com ninguém menos que Arnaldo Baptista, acompanhado apenas de um piano de cauda, onde apresentou o show Sarau o Benedito?. Músicas marcantes de toda a carreira do mutante, como “Balada do Louco”, “Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?” e “Não Estou Nem Aí”, não podiam faltar no longo repertório, o qual ele cantou sem nenhuma pausa e quase sem interações com o público. No telão, projeções de desenhos e pinturas de Arnaldo colaboravam com o clima totalmente intimista e subjetivo da apresentação.

Na sequência, O Terno, acompanhado de um trio de metais, fez um show pesado ao apresentar o novo disco Melhor Do Que Parece (também lançado pelo Natura Musical). Vindo dos EUA, o grupo DIIV, liderado pelo vocalista e guitarrista Zachary Cole Smith, apresentou suas influências de shoegaze, krautrock e dream pop.

Luiza Lian trouxe um espetáculo multimídia para o Palco Velvet. A cantora paulistana apresentou o show “Oyá Tempo, que se destaca por suas composições que evocam divindades divinas de religiões afrobrasileiras. Um show esteticamente muito bonito, diga-se de passagem.

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Linn da Quebrada apresentou o disco Pajubá (Foto: Carol Govari Nunes)

Uma das atrações mais aguardadas dessa edição do Coquetel Molotov era Linn da Quebrada, MC que sacudiu o cenário brasileiro com o hit “Enviadecer”. Seu novo disco Pajubá, produzido com financiamento coletivo na internet, foi entoado por uma multidão de fãs que se aglomeravam desde cedo no Palco Velvet à espera da apresentação da artista. Foi, de longe, o público que mais me chamou a atenção – mais emocionado, mais animado, mais ativo, mais vivo. A artista conversou com sua audiência durante toda a apresentação, falando da importância da diversidade, da resistência, da união, da luta e, claro, muita diversão. Certamente uma das performances mais marcantes da noite, Linn da Quebrada é a prova de que representatividade importa. Para fechar com chave de ouro, Nega do Babado, cantora muito importante na cena do brega recifense, fez uma participação no show de Linn com o que foi apresentado como sendo o “hino de Recife”, a canção Milk Shake.

Depois de Linn foi a vez de Rincon Sapiência, artista da cena de hip hop paulistana e que dialoga com ritmos que vão desde a capoeira até o blues, passando pelo coco e afrobeat. O rapper também convidou uma artista local para participar de seu show: Lia de Itamaracá, ciranceira que já tinha se apresentado no Som Na Rural. Rincon apresentou o disco Galanga Livre, lançado neste ano, que foi inspirado, entre outras coisas, na literatura de cordel e na MPB.

 

Fechando o Palco Velvet, os baianos do Attooxxa misturaram ritmos baianos com diferentes remixes e batidas eletrônicas, uma verdadeira convergência de sons para não deixar ninguém parado. Muito do “pagodão”, ritmo periférico soteropolitano, aparece nas composições do grupo.

Assim terminou a edição de 2017 do Coquetel Molotov, a primeira que presenciei e fiquei muito bem impressionada com a organização, line up e ótima estrutura oferecida ao público.

Uma dica pra quem perdeu o festival no dia 21 é ficar ligado nos shows que acontecerão  no dia 28:

O Instituto Conceição Moura apresenta No Ar Coquetel Molotov 2017 – etapa Belo Jardim.
Local: Parque do Bambu – R. Antônino Gonzaga, 363 – São Pedro
Data: 28.10
Horário: Shows a partir das 16h.
EVENTO GRATUITO

Outras informações: http://coquetelmolotov.com.br/novo/anunciados-os-grupos-selecionados-da-convocatoria-2017-do-no-ar-etapa-belo-jardim/