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Carol Govari Nunes@carolgnunes

Não sei por onde começar esse texto que já nasce finalizado em minha mente, onde as ideias são pouco amistosas e as palavras se confundem com o receio de que o conteúdo fique repetitivo, pois volto a falar sobre os mesmos artistas.

O duo Agridoce apresentou seu primeiro disco em duas noites no Opinião (Foto: Carol Govari Nunes)

Porém, meus motivos são claros: no último final de semana o Agridoce esteve em Porto Alegre para apresentar seu álbum homônimo no Bar Opinião. Nos dias 20 e 21, Pitty e Martin subiram ao palco por volta das 21h acompanhados dos músicos Luciano Malásia e Loco Sosa e tocaram 14, 15 músicas durante mais ou menos uma hora de apresentação (precisão de dados: não trabalhamos).

Antes mesmo do início do show o público (este reduzido se compararmos à lotação da casa quando Pitty vem com sua banda principal) já ovacionava a espera do show daquela noite. Quando os músicos apareceram, foram cumprimentados com gritos e aplausos por todos que ali estavam curiosos para ver a primeira apresentação do Agridoce em terras gaúchas. Tanto sexta-feira quanto sábado, por mais que o público parecesse em grande parte composto pelas mesmas pessoas, as músicas foram entoadas durante todo o set list.

Para a minha surpresa, “Rainy”, que até então não circulava no meu Top Five do disco, fez todo o sentido quando escutei ao vivo. Talvez o toque intimista causado pela letra sendo escrita à mão no telão, não sei. Tenho um palpite de que cada música aparece na hora certa, não adianta forçar e, além disso, depende muito do teu estado de espírito quando ouve tais canções.

Pitty permaneceu no piano durante a maioria das músicas, saindo apenas em “130 anos” e “Embrace the Devil” (Foto: Carol Govari Nunes)

E assim foi com todas as músicas: quem teve a oportunidade de ir ao Opinião nos dois dias pode apreciar dobrado o disco do Agridoce e  também “Alvorada”, que não entrou no disco, mas aparece no bis, e a bonita versão de “La Javanaise”, de Serge Gainsbourg.

“Dançando”, hit do disco e a mais conhecida pelo público, fez uma galera levantar uma faixa com a frase “O mundo acaba hoje e nós estaremos dançando com vocês”, e me incomodou mais do que o normal com seus versos. Explico: eu, que não saio da parte “Qualquer coisa pra domar / o peito em fogo”, e muito mais para o lado de “O Porto”, “Embrace the Devil” e “130 anos” fiquei com um pouco de inveja desse sentimento que todos pareciam cantar como se fosse realmente verdade.

O fato é que o Agridoce desperta sensações, não interessa se boas ou ruins. Incomodar é sadio, machucar é estimulante, o importante é sentir. E cada música deixa a pista que lhe cabe.

Se quiser reler a entrevista que eles deram para a Revista do Opinião, é só clicar aqui.

Aqui você também encontra alguns devaneios sobre as músicas do Agridoce.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Eles foram surgindo devagar: com um Myspace, algumas demos, um Twitter  e só em novembro lançaram o primeiro disco. “Música doce para pessoas amargas”, dizem os músicos sobre o conceito do disco. Estamos falando do Agridoce, projeto de Pitty Leone e Martin Mendezz, o qual foi criando vida na sala da casa da cantora em idos de 2009.

Influenciados por Nick Drake, Iron&Wine, Elliott Smith e tantos outros artistas, Pitty e Martin, acompanhados do produtor Rafael Ramos, do  engenheiro de som Jorge Guerreiro e do fotógrafo/cinegrafista Otavio Sousa, se isolaram na Serra da Cantareira, onde lá permaneceram durante 22 dias do mês de agosto do ano passado para produzir o disco no qual Martin abusa dos violões e Pitty se relaciona carinhosamente com o piano.

Foto: Caroline Bittencourt

Cantando quase todas as faixas do disco, Pitty entona sua voz com uma incrível doçura, mas não se engane: a aparência doce das músicas reveste letras e contextos azedos.

Para dar vida ao disco no palco eles chamaram outros dois músicos: Luciano Malásia (na percussão) e Loco Sosa (que vai soltar os samples “de tudo que não é violão, nem piano, nem percussão”, explica Martin). “O resultado é intimista, mas o sentimento é rock’n’roll. No fundo sinto a mesma coisa que quando estou tocando uma bateria, só que com um pouco mais de inteligência”, diz Loco Sosa, o cara dos samples. Malásia também comenta que “é muito legal tocar e conviver com eles, as músicas são ótimas e é sempre um desafio, estamos começando a fazer shows. Por mais que a gente ensaie nunca sabemos muito bem o que vai rolar e isso é muito estimulante”.

Um pouco do que aconteceu desde o surgimento das  músicas até o lançamento do disco você confere nessa entrevista feita por e-mail para a Revista do Opinião, agora também no The Backstage – sem edições. Enjoy the trip, porque aqui você lê a original (um pouco maior).

Carol – O Agridoce surgiu na sala de Pitty, tomou uma grande proporção e agora está aí, chamando tanta atenção quanto a banda principal. Podem nos contar um pouco sobre como foi desde o nascimento do projeto até a ideia de gravar o disco?

Martin – Quando o repertório cresceu e começamos a nos sentir mais a vontade com esse novo formato a idéia de gravar um disco e fazer shows foi se tornando cada vez mais um desafio atraente e se mostrando um desdobramento natural do projeto. Rafael acabou sendo o grande catalisador desse disco, ele acompanhou o Agridoce a distância desde o começo e sempre manifestou a intenção de se juntar a nós nessa empreitada e de fazer um registro mais cuidadoso das canções.

Pitty – Demorou bastante desde as jam sessions caseiras até o disco. Já estamos há uns dois anos nessa de compor, maturar as ideias, resolver finalmente transformar o projeto num álbum. No começo, nem sabíamos que seria um projeto e muito menos que viraria disco. A coisa foi indo, foi indo…

C – O Agridoce é fruto de encontros descompromissados entre os dois. Demorou até vocês resolverem disponibilizar “Dançando” na internet, já que inicialmente era algo muito particular, ou foi uma consequência natural?

M – Disponibilizamos “Dançando” na internet no exato momento em que ela ficou pronta. Apesar do caráter particular e pessoal não resistimos ao desejo de compartilhar aquilo que tínhamos acabado de realizar e que tinha nos empolgado tanto.

P – Não lembro exatamente quanto tempo demorou entre só tocar em casa e termos uma música de verdade, pronta. Mas lembro que se passou um certo tempo antes disso.

Foto: Otavio Sousa

C – Se isolar em uma casa no meio do mato deve ter sido uma experiência muito interessante, artisticamente e pessoalmente falando. Dá pra perceber que as músicas saíram de uma casa e foram para outra, sem horário marcado em um estúdio. Isso foi pensado para não perder o caráter intimista?

M – Totalmente. Além disso estávamos atrás da aventura de gravar num ambiente que não foi previamente preparado pra isso, o que acaba gerando ótimos desafios e resultados surpreendentes. A maneira peculiar como os instrumentos soavam lá e os ruídos naturais da casa estão presentes em todo o disco e conferem a ele muita personalidade, essas interferências eram elementos que estávamos buscando quando fomos gravar lá.

P – E a imersão total e completa na coisa, sem interferência externa, sem telefone, internet ou televisão. Só a música e criação, 24h por dia.

C – 22 músicas em 22 dias. Existia alguma rotina na casa ou vocês gravavam, dormiam e jantavam na hora em que sentissem vontade?

M – Respeitamos acima de tudo o ritmo natural do disco, tínhamos um prazo e um trabalho a concluir mas tentamos fazer tudo no seu melhor tempo. Essa prolificidade acabou sendo fruto do clima agradável criado por essa rotina.

P – E acabamos criando um fuso horário completamente particular. Café da manhã às duas da tarde, almoço às sete da noite e dormir só quando o último pedia arrego, rsrs. E gravar e tocar o tempo todo que desse vontade.

C – É perceptível que até mesmo as músicas que vocês tinham disponibilizado no Myspace acabaram tomando novos rumos, ficando mais sofisticadas. Ficar apenas entre 5 pessoas ajudou nessa composição, já que vocês não sofriam influências exteriores?

M – Sim. Realizar esse disco em parceria com Rafael Ramos foi um fator crucial pro trabalho tomar esses novos rumos. Temos uma relação muito boa com ele, tanto profissional quanto pessoal, e sabíamos que permitir essa interferência seria muito proveitoso e enriquecedor.

P – É a questão da confiança e da sincronicidade de ideias que permite essa interferência. Desde o começo sabíamos que queríamos o mínimo de gente possível, porque cada um que chega vem com uma energia a mais. E sabíamos que as energias tinham que combinar, então cada um ali foi escolhido a dedo.

Foto: Caroline Bittencourt

C – Alguma ideia sobre o que fazer com as músicas que não entraram no disco, ou ainda é cedo para pensar nisso?

M – Ao seu tempo algumas delas vão tomando seu rumo, por exemplo “La Javanaise”, versão de Serge Gainsbourg que gravamos, entrou como bônus track na venda do disco pelo iTunes.

P – “BDay” apesar de não ter entrado no disco está no repertório do show, e por aí vai. Conteúdo nunca se perde.

C – Martin é guitarrista e no seu projeto com Duda (Martin e Eduardo) apareceu como letrista e vocalista. Como é dividir as composições? Vocês dividiram também as letras, ou um chegava com a letra e o outro com a melodia?

M – Essa divisão é uma característica do projeto, já tínhamos colaborado em composições anteriormente, mas o Agridoce é baseado nessa parceria. Não temos um método para compor, geralmente alguém chega com uma idéia e vamos desenvolvendo, mas temos casos de canções que já chegaram quase prontas e outras em que fizemos tudo juntos partindo do zero.

P – Eu tenho mais costume de fazer as letras/melodias e ele as harmonias por ser mais o terreno de cada um, mesmo. No Agridoce rolaram outros processos além desse, mas ainda prevaleceu a coisa de “cada um canta sua letra”. A tendência é misturar cada vez mais, acho eu, até o ponto de ninguém mais saber quem fez o quê.

C – “Upside down”, só para exemplificar, ratifica a cumplicidade entre a dupla. A letra é natural, bonita e simples, além de uma amargura no refrão. Aquele “I don’t belong here” não vem de hoje, acredito eu. Pensando nisso e na música brasileira, parece que estamos todos em uma geração que foi perdendo a sua personalidade… Infelizmente existe a necessidade de se encaixar para ter espaço. Como vocês enxergam essa adaptação das bandas à modinha atual?

M – Acho que isso se deve a uma “preguiça” que foi inoculada no grande público pelos meios de comunicação em massa, as pessoas esperam que a mensagem venha facilmente digerível e numa embalagem familiar. Apesar dessa estética predominar ainda existem bons exemplos de artistas na contramão dessa tendência, e como tudo é tão volátil quando se fala de mercado acredito que essa mesa, mais cedo ou mais tarde, vai virar.

P – A gente não pensa nem em se encaixar nem em desencaixar. A gente gosta de fazer as coisas que a gente gosta, e depois fica torcendo para que haja um nicho pra ela em algum lugar do mundo. Eu não acredito nessas bandas ou artistas que buscam “se encaixar”. É o que você falou, não tem personalidade e fica evidente a farsa. Só engana quem não tem um pouco de senso crítico- o que, infelizmente, pode ser a maioria.

Foto: Otavio Sousa

C – Você assinam todas as músicas do disco, exceto “Say” e “Please, please, please, let me get what I want”, uma versão do The Smiths. Quem também assina “Say” é Ricardo Spencer, diretor/roteirista que já fez vários trabalhos com vocês. Como foi a composição dessa música? 

M – A música nasceu na varanda da casa de Pitty entre algumas cervejas enquanto nos preparávamos pra ir a um show. Spencer tinha a idéia de uma melodia, peguei o violão e fomos encaixando as coisas. Gravamos toscamente no celular e depois num ensaio eu e ela finalizamos o arranjo enquanto Spencer terminava a letra, foi tudo muito rápido e divertido, essa música foi um presente pra nós.

C – O videoclipe de “Dançando” já tem mais de 320 mil visualizações no Youtube, e sabemos que o Otavio Sousa registrou todo o período em que vocês ficaram na casa. Há previsão de um novo clipe por aí ou um possível DVD?

M – Ainda não sabemos o que vai se tornar o material, mas já assistimos alguns trechos e temos muita vontade de mostrar isso pras pessoas.

P – Eu acho que pode virar alguma coisa; não sei se documentário, filme ou tudo misturado. Mas tem todo o processo de gravação documentado, e acho que pode ser interessante dividir isso em algum momento.

* Nos dias 20 e 21 de abril o Agridoce tocará no Opinião. Como citado no início do texto, essa entrevista está na Revista do Opinião e você pode encontrá-la na própria casa de shows e também no Pepsi On Stage, UFRGS, PUC, ESPM, Lojas Vivo, Lancheria do Parque, Zeppelin CD’s, A Place e Casa da Traça, em Porto Alegre.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

O objeto que desencadeou toda essa história (Foto: Carol Govari Nunes)

Eu não notava a diferença entre um abajur e uma luminária até me mudar para Portugal. Em Frederico Westphalen eu tenho uma luminária: lâmpada fluorescente, luz branca, clara, boa para ler, dar foco, enxergar melhor. A casa onde moro, aqui em Faro, já estava toda mobiliada quando cheguei, e no meu quarto havia um abajur. Eu não me lembro de ter um abajur desde que era muito criança. O meu era colorido e peixinhos ficavam girando ao redor da lâmpada. Depois da luminária (e das lâmpadas fluorescentes, em geral), ficou tudo muito claro, muito limpo, muito nítido. Tudo parece uma farmácia. Eu sei, devemos economizar energia e as lâmpadas fluorescentes são mais econômicas e têm maior durabilidade, mas só aqui fui valorizar o toque intimista que o abajur dá em um quarto – ou em qualquer lugar em que ele esteja. Pode parecer idiotice, mas a penumbra portuguesa me faz querer chorar de tão confortável que eu me sinto. O abajur ilumina, mas não grita, assim como todas as luzes da cidade velha aqui em Faro.

Você pode estar pensando que eu sou louca por escrever sobre isso em um blog de música e que deveria escrever no diário que eu nem tenho. A verdade é que nem sei onde eu quero chegar com esse assunto. Talvez eu não chegue a lugar algum, são apenas coisas da minha cabeça, até porque o Agridoce ainda não lançou o disco. Eu pensei em esperar o CD da dupla sair para postar, mas acredito que não faria tanto sentido – pelo menos não pra mim. Além do mais, o The Backstage nunca foi um blog de furos de reportagens, “Extra! Extra!”, nunca nos preocupamos em postar primeiro ou seguir um critério vazio de cumprimento de pautas só porque “está acontecendo no momento”.

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As luzes da cidade velha aqui em Faro, na Freguesia da Sé, bairro onde eu moro (Foto: Carol Govari Nunes)

Ok, nem estou tão fora assim, já que “Dançando”, primeiro single oficial do Agridoce, saiu há alguns dias, porém, eu só consegui ouvir agora, devido a um problema na internet da minha casa. Assim como “Upside Down”, que não sai do repeat desde então. Músicas de abajur.

Pitty nunca foi lá muito “luminária” e agora com o Agridoce isso está mais notável. Martin também e isso eu já havia percebido no “Dezenove vezes amor”, onde pudemos ver o guitarrista como letrista e cantando pela primeira vez.

Se eu pudesse escolher como gostaria de ver o show do Agridoce, escolheria um lugar com poucas luzes e uma plateia silenciosa. Por favor, não coloquem holofotes na cara dos músicos, não peçam para cantar “Memórias”, esqueçam que “Me Adora” existe, não gritem, não decomponham o clima. Se não for pedir demais, aplaudam apenas nos intervalos, me deixem ouvir e sentir o que está acontecendo no palco. Mas é lógico que esse show só existe na minha cabeça pensante ao lado do abajur do meu quarto semiescuro, but’s ok, eu vou superar esse pensamento até o dia em que conseguir ver o show deles. Ou não.

Sei que o CD tá chegando e sorte de quem já garantiu o seu na pré-venda. Eu vou comprá-lo quando voltar para o Brasil, gosto bastante da dupla, mas o frete pra cá não é muito barato (então já fica o meu pedido para que alguma alma boa o coloque para download).

Também estou curiosa pra ver as imagens que o Otavio Sousa fez durante as gravações. Talvez eu nem escreva por aqui sobre o lançamento do CD, mas aposto que tem coisa boa vindo por aí.

(Aí eu escrevi isso ontem a noite e eles resolvem lançar um clipe hoje. Não vou modificar nada se não isso aqui vai virar uma folia, mas veja abaixo o lindo clipe):

Carol Govari Nunes@carolgnunes

“A Trupe Delirante no Circo Voador” é o segundo DVD ao vivo da cantora (Foto: Carol Govari Nunes)

Na última quinta-feira, 16, o Bar Opinião apresentou o show de lançamento do DVD A Trupe Delirante no Circo Voador, da cantora Pitty.  Gravado em dezembro de 2010 e lançado há pouco mais de um mês, a cantora veio até a capital gaúcha com sua trupe, além de Hique Gomez fazer uma participação especial durante as músicas “Água Contida” e “Só Agora”, deixando os gaúchos enlouquecidos.

Com início por volta das 23h, Pitty e banda mostraram que continuam lotando a casa mesmo depois de 8 anos do primeiro show no Opinião. Pessoas já viajaram de vários lugares do estado – e até do país – para prestigiarem o show no Bar. Quando, em 2009, Pitty se apresentou no Pepsi On Stage, o público compareceu da mesma forma, porém, há quem diga que não rolou a mesma química que acontece dentro do Opinião. Esta é a magia de shows em lugares pequenos: público perto do artista não apenas assistindo ao show, mas fazendo parte do show. Em lugares grandes como a Fiergs e Pepsi On Stage isso não acontece, daí o calor absurdo e a vibração que você consegue sentir de qualquer canto do Bar.

Juntando isso com a qualidade do artista, não tem como não dar certo: durante uma hora e meia, ou mais, ou menos (não exija tanto assim de mim), Pitty apresentou as músicas do novo DVD e outros vários sucessos da sua carreira. Já passaram pela banda outros dois guitarristas e agora um novo instrumentista apareceu, o tecladista Brunno Cunha.

Não posso deixar de comentar o amadurecimento da cantora e banda no palco. Isso é completamente perceptível e sadio, apesar dos que insistem em chorar dizendo que não é a mesma banda do início da carreira. E é assim que as coisas devem ser, não? Mudar, evoluir. Já pensou que cansativo se a Pitty continuasse gravando discos iguais ao Admirável Chip Novo e fazendo o mesmo tipo de show?

Pitty tocou sucessos dos seus três discos de estúdio (Foto: Carol Govari Nunes)

Um detalhe interessante é que o público do Opinião mudou e o público da artista também. Há os que agiram preconceituosamente com “Me Adora” e não escutaram todo o Chiaroscuro – uma pena, já que A Trupe Delirante no Circo Voador comprova que com o passar dos anos Pitty infringiu as regras dos que queriam que ela continuasse do mesmo jeito e se solidificou como uma artista forte, independente e que evolui a cada disco.

 Mais fotos você pode ver no nosso Flickr.

Outros vídeos do show:

“Comum de dois”: http://migre.me/564zL

“Água Contida”: http://migre.me/564AB

“Hotel” (Sabonetes), por Martin: http://migre.me/564Cl

Amplifica Indie Rock

A noite seguiu no Porão do Beco, onde estava acontecendo o Amplifica Indie Rock (falamos do evento aqui) com as bandas Acústicos & Valvulados, Gulivers, The Modê e Tabascos.

Os Acústicos & Valvulados foram a última atração do Amplifica Indie Rock (Foto: Carol Govari Nunes)

Chegamos ao local por volta das 3h30min e pude assistir apenas ao show dos Acústicos & Valvulados. Depois de lançar discos com selos de importantes gravadoras, a A&V retornou ao cenário independente criando a produtora Mico e Jeg Fac, responsável pelos projetos da banda.  Mesclando sucessos dos 20 anos de carreira e do álbum Grande Presença, a banda animou os sobreviventes do Porão do Beco, já que era a última atração da noite.

E isso é tudo o que eu posso contar para os leitores do The Backstage. O resto o meu eu-etílico esqueceu, mas talvez um dia ele lembre. Ou não.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Lançado no final do ano passado, o videoclipe de “Só Agora”, da cantora Pitty, circula pelas primeiras posições da MTV, além de ter passado de trezentas mil visualizações no youtube.

Dirigido por Ricardo Spencer, que tinha em punho uma Super 8mm, o clipe de “Só Agora” foi filmado em uma chácara em São Paulo, onde foram capturados momentos da banda, filhos e amigos próximos.

Cantora e diretor durante as gravações do clipe (Foto: Otavio Sousa)

Passados quase dois meses do lançamento, sonhei com cenas do vídeo. Curioso, pois o assisti poucas vezes, revendo só hoje. Na noite em que foi lançado, mandei um email para o diretor contando as sensações que as cenas tinham me causado – “uma montanha-russa de emoções”, disse a ele.

Ricardo Spencer também dirigiu os clipes de “Memórias” (junto com Alexandre Guena), “Deja Vu” e “Me Adora”, além do “Sessões Anacrônicas”, documentário sobre as gravações do disco Anacrônico (também com Alexandre Guena), o making of do “(Des) Concerto ao vivo” e “Chiaroscope”, uma espécie de home movie do disco Chiaroscuro.

Tendo isso para analisar, sentir e simplesmente ver, todas essas produções causam em mim, como espectadora, uma montanha-russa de emoções. Na verdade, um parque de diversão de emoções. Para que serve a arte, senão para divertir, sentir, se jogar? Pois esse é o tipo de arte que te acelera, excita, aperta o peito, surpreende e arrepia os pelos do corpo inteiro.

Spencer também dirigiu o clipe da música “Me Adora”, com mais de um milhão de views no youtube (Foto: Otavio Sousa)

Talvez o trabalho de Spencer vista tão bem as músicas da Pitty porque a música dela causa justamente esse sentimento meio (meio?) montanha-russa, não se encaixando no conceito de indústria musical que a mídia nos mostra. Ninguém esperava todo o experimentalismo do Chiaroscope, nem a música “Só Agora” como single e o estilo do clipe que assistimos. Acho isso curioso e lindo, porque o que mais vemos são bandas idênticas e com músicas idênticas, tudo produzido para ser absorvido da maneira mais fácil pelo público.

Acredito que vender com originalidade, não fazer o que todo mundo faz e, mesmo assim, crescer, conquistar espaço, é uma grande vitória para qualquer artista, independente do ramo.

Sobreviver em um meio que deseja e consome um acervo de coisas palatáveis demanda lutar bravamente contra essa previsibilidade artística, tão presente em nossos aparelhos de rádio e televisão.

É bom perceber que ainda há artistas lutando contra isso.