Archive for the ‘Porto Alegre’ Category

Em parceria com a Arquipélago Editorial, o jornalista, músico, compositor, arranjador, escritor, instrumentista, radialista, incansável pesquisador & meu amigo Arthur de Faria, também conhecido como o autor do excelente livro Elis – uma biografia musical e já já autor da tese de doutorado Lupicínio – uma biografia musical, acaba de lançar uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para publicar o primeiro volume de Porto Alegre – uma biografia musical.

Materialização do trabalho de uma vida de um autor que há décadas faz parte da cena cultural da cidade, o projeto é também um presente para Porto Alegre em seu aniversário de 250 anos. Nas páginas que o compõem, está o resultado de 32 anos de pesquisa do Arthur, que compartilha com a gente um amplo e aprofundado conhecimento sobre Porto Alegre, sua música e seus personagens. O livro – que é o primeiro volume de uma série que passa por todas as décadas da cidade –, já está escrito e eu tive a honra de ler algumas páginas (mais especificamente 12 arquivos, que começa contando a história da música lá em 1900). Atesto e dou fé que além da pesquisa minuciosa, Arthur escreve de uma forma leve e que te leva pra dentro do contexto da época.

Divulgação

Sobre o autor

Como comentado anteriormente, Arthur de Faria canta, dança, sapateia, toca, produz e escreve. Natural de Porto Alegre (14 de dezembro de 1968), é também mestre e quase doutor em Literatura Brasileira (UFRGS), com ênfase em canção, e já ministrou cursos sobre música popular brasileira no Brasil, Argentina e Uruguai. Trabalhou por 23 anos em rádio – e por 18 deles foi coapresentador do programa Cafezinho da Rádio Felusp, depois Pop-Rock FM e por fim Mix FM. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Radiodifusão, e atuou como jornalista na Zero Hora e na revista Veja, além de ser colaborador da revista Aplauso. Durante 20 anos liderou o Arthur de Faria & Seu Conjunto, com cinco discos lançados (um deles no Brasil e Argentina) e mais de uma centena de shows em 10 estados brasileiros, Argentina, Uruguai, Espanha, Áustria e República Tcheca. Produziu 27 discos, escreveu 35 trilhas para cinema e teatro, integra o Duo Deno, a Surdomundo Imposible Orchestra, o espetáculo Música de Cena e Música Menor – duo com o argentino Omar Giammarco. Além disso, publicou dezenas de ensaios, artigos, livros e fascículos sobre música popular.

Faz muito tempo que o rock deixou de se restringir exclusivamente à sua má fama: drogas, farra, sexo e amnésia. E mais: não se restringe à péssima fama reacionária que se instalou por aí. O rock foi amplificado e virou adjetivo. Não é só um gênero musical, não simboliza tão-somente melodias específicas, cortes de cabelo, vestuário e hábitos lidos como toscos. Rock é liberdade – Raul Seixas já havia nos orientado sobre isso no thelêmico refrão “faz o que tu queres, pois é tudo da lei”. O rock, primo-irmão do blues, não se acomoda prontamente dentro de nós. Ele não é indulgente. O rock é assimilado através da pele. Atiça-excita-bagunça e provoca reações físicas diversas. Desperta um bicho-tarado-faminto, um profanador, um subversivo.

Foto: Gabriela Baum (Amora Imagem)

Na noite de 17 de fevereiro, quinta-feira passada, Pitty fez um show de rock no Araújo Vianna. O primeiro dela no auditório, e o segundo após a encenação do fim do mundo. Um público saudoso a recebeu sob fortes gritos e aplausos, e o show se desenrolou da melhor – e mais pesada – forma possível noite adentro.

Matriz 3.0 é um show urgente. Embora ainda exista uma inevitável hesitação em todos nós, o vigor da presença física escancara que Pitty, Martin, Daniel e Kishimoto saíram do isolamento com gana, tesão, pressa e prontos para o palco. Martin até comentou em uma rede social que é como andar de bicicleta. Nesse caso, sem rodinhas. Pitty as tirou há muito tempo. Mesmo após dois anos sem tocar em Porto Alegre, a artista segue tendo o público na palma da mão. Pitty conduz, envolve, diverte e se diverte, até quando o PA morre em consequência de uma versão de “Watermelon Sugar”, do Harry Styles.

Em um momento em que estamos saindo de tempos gélidos e isolados, Matriz 3.0 celebra o lado quente da vida – inclusive em suas cores incendiárias, pendendo especialmente para o vermelho: sangue, veias, coração, pimenta, calor, sedução, vinho, cereja, morango, melancia. Vermelho, a cor que pulsa. E são os pulsantes que fazem a diferença. Watermelon sugar high total.

“Tempo de Brincar”, “Diamante” e “Na Pele” (com uma emocionante homenagem à eterna Elza Soares), embora sonoramente muito diferentes – ou talvez exatamente por isso –, reforçam aquilo que a gente sabe, mas que volta e meia alguém choraminga: sim, a Pitty ainda é rock. Pasmem. Pitty é roqueira pra caralho cantando música pop. Roqueira pra caralho cantando rocksteady. Roqueira pra caralho se misturar samba com jazz – ou com o que ela quiser. Ser roqueira, nesse caso, é assumir um compromisso não necessariamente com o gênero musical, mas em aceitar – e buscar! – mudanças, abdicando de uma comodidade musical, com autoconfiança para ser quem verdadeiramente ela quer ser naquele momento, esteja no palco ou não, no estúdio ou não, com público ou não. Rock pra caralho.

Exagero? Pode ser. Mas sabem como é: quando o assunto é show de rock, eu não me economizo.

Quando eu cheguei na Olelê Music para conversar com o Leandro “Lelê” Bortholacci sobre ‘qualquer coisa que ele quisesse me contar sobre a cena musical de Porto Alegre’, já que eu estava procurando algo que me interessasse para pesquisar, jamais imaginei que chegaríamos ao Costa do Marfim. Comentei, sem pretensão alguma, que eu era integrante de um projeto de pesquisa que fazia um mapeamento das cenas musicais de Porto Alegre e Manchester, e então ele me mostrou algumas músicas do novo disco da Cachorro Grande (uns quatro meses antes do lançamento), o qual tinha “uma pegada Manchester”, como ele mesmo disse ao dar play nas músicas.

Este parágrafo acima inicia o artigo Costa do Marfim: a repaginação da banda Cachorro Grande, publicado nos anais do II Congresso Internacional de Estudos do Rock, em 2015. Foi nesse escritório na Lopo Gonçalves, em Porto Alegre, que eu conheci o Lelê. E que também encontrei o meu objeto de dissertação de mestrado. Muito tempo se passou, defendi minha dissertação – que óbvio, foi sobre a Cachorro Grande –, a transformei em um livro, fiz um doutorado e segui meu caminho na área acadêmica. (Nunca pensei em fazer nada fora da academia – tenho este blog por pura necessidade de escrever sobre shows, porque é escrevendo sobre os shows que eu os entendo. Sei lá por que eu preciso entender um show. Se eu não escrevo, parece que o show fica entalado dentro de mim. Inclusive, sem shows, esse blog ficou entregue às moscas, com um textinho ou outro.)

Ainda durante o doutorado, recebi um convite do Lelê para colocar um projeto na rua. O nome? EU QUERO SER SEU AMIGO DE NOVO. Ele explicou a ideia, eu fiquei tri empolgada. O projeto foi tomando diferentes formas, ficou um tempo na gaveta, até que, um dia, durante a primeira temporada da pandemia, recebi uma ligação dele perguntando se eu topava fazer um podcast sobre a história da Olelê, mais ou menos na mesma pegada do que já estávamos conversando. Imediatamente respondi “CLARO!” – afinal, escrevo sobre todas as bandas que a Olelê produziu durante suas quase duas décadas de atuação no mercado. Na hora, não pensei num detalhe: eu escrevo sobre as bandas, eu não falo sobre as bandas. Minha comunicação é totalmente através da escrita, e por mais que eu tenha facilidade em dar aulas, palestras, e apresentar trabalhos, é totalmente diferente de gravar um podcast. Mas tudo bem, né? Afinal, eu já tinha tido algumas experiências na extinta rádio Unisinos, inclusive apresentando programa (o Divã Pop, que depois virou o podcast do Cultpop), então beleza, tranquilo, vamos lá.

Pois bem: fomos na Cubo Filmes, produtora audiovisual responsável pelas gravações do podcast, e aí eu descobri que o programa seria gravado e veiculado também em vídeo, nesses formatos mesacast. Travei, óbvio. Expliquei para o Lelê sobre o meu desconforto em frente às câmeras (não à toa este blog se chama backstage; holofotes – especialmente se forem três, gigantes, me iluminando – me deixam mais introvertida do que eu já sou) e ele foi muito paciente nesse processo. Não que tenha melhorado muito, mas aprendi a lidar com aquela luz toda. Depois de algumas gravações eu consegui fingir naturalidade e até olhar para a câmera. Um avanço e tanto. Mesmo que eu tope fazer tudo e qualquer coisa que envolva música, me peguei pensando se eu era a pessoa indicada pra apresentar o programa com o Lelê. Acho que o Lelê confia no meu trabalho porque sacou um negócio que eu demorei umas oito gravações para sacar: eu sou fã, jornalista e pesquisadora de todas essas bandas – ou seja, vou do afetivo ao profissional, vi milhares de shows, sei todos os discos de trás pra frente, tenho muita proximidade com os músicos, mas também consigo ter um distanciamento na hora de escrever (ops); todas essas instâncias (afetiva, jornalística e científica) são meio misturadas, mas funcionam muito bem.

Além disso, somos de gerações diferentes, temos experiências diferentes, e consequentemente temos visões diferentes sobre essas décadas de história. E é sobre isso que o Eu Quero Ser Seu Amigo de Novo vai falar: histórias. Causos, tretas, separações, reconciliações, tudo sendo contado por quem vivenciou esses acontecimentos. Eu ali, ouvindo, cavocando nos arquivos do Lelê – porque, sim, peguei todo o arquivo físico dele para digitalizar, e, para quem pesquisa memória, isso é um parque de diversões! –, relembrando coisas antigas e descobrindo muuuuitas coisas novas, também.

Foto: Tatyane Larrubia / Amora Imagem

O programa vai estrear em março, na Cubo Play, plataforma da Cubo Filmes, e também nas principais plataformas de streaming.

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Na última quinta-feira, 24 de novembro, a banda Ultramen subiu ao palco do Opinião para lançar o DVD Máquina do Tempo, gravado 8 anos atrás naquele mesmo palco.

Além do lançamento do DVD, o show marcou a comemoração dos 25 anos da banda, que tem 4 discos de estúdio lançados e intercalou sucessos de todos os álbuns, além de “Robot Baby”, composição inédita do grupo. Pouco antes do show começar, o público assistiu a um vídeo do Mestre Guitarreiro Luis Vagner contra o fechamento da TVE e FM Cultura, movimento que a Ultramen também faz parte e endossou essa posição durante boa parte do show, principalmente no bis, quando todos os músicos voltaram com a camiseta “Salve salve a TVE e a FM Cultura” e Tonho Crocco disse que o medo dele – e da banda – não é perder espaço na mídia, mas sim perder a Fundação Piratini, essencial para bandas independentes, artes cênicas e cultura em geral.

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Interação entre banda e público foi intensa durante toda a noite (Foto: Carol G. Nunes)

Mas retomando o início do show, que começou com “Tubarãozinho” (depois da “Intro”, seguindo a mesma ordem do DVD), e seguiu com clássicos da banda como “Grama Verde”, “Bico de Luz”, “Dívida”, “General”, “Preserve”, “Máquina do Tempo” e outras várias faixas que estão no DVD, tivemos uma noite com uma energia incrível e público super presente. Aliás, o público era bem mais diversificado do que o do último show que eu tinha visto da Ultramen, no ano passado. Gente de todas as faixas etárias e cores e sabores e amores lotaram o Opinião. Sem cotoveladas e sem empurra-empurra. Andei umas 5 vezes pelo bar, de ponta a ponta, e apesar de estar bem difícil de se locomover por causa da quantidade de pessoas, ninguém trancava a passagem ou te olhava de cara feia. Acho que um público também faz o show. Eu sou jornalista, mas eu também sou público. Eu gosto de circular, de observar – ainda não perdi isso da etnografia, confesso –, e shows da Ultramen são sempre interessantes – do ponto de vista jornalístico e também do ponto de vista etnográfico.

Várias participações também rolaram durante a noite: Buiu em “Esse é o Meu Compromisso”, Manos do Rap (rapper Du e Curumano) em “Erga Suas Mãos”, PX em “Peleia” e o Gibão, batera da Comunidade Nin-Jitsu entrou em “Hip Hop Beatbox com vocal e James Brown”.

O DVD Máquina do Tempo está disponível no youtube e você também pode comprá-lo no site da HBB Store.

A Galáxia de Tonho Crocco

Antes tarde do que mais tarde:

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BNegão participou em “Baobá” e “Dívida” (Foto: Carol G. Nunes)

No dia 20 de outubro, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, Tonho Crocco lançou o baita disco Das Galáxias. Com participação de BNegão em “Baobá” e acompanhado da in-crí-vel banda Partenon 80, Tonho tocou todas as faixas do disco Das Galáxias e faixas d’O lado brilhante da lua, além de algumas músicas da Ultramen. Além de BNegão, PX também fez uma participação especial em “Peleia”, junto com o mini-sobrinho de Tonho, que estava de aniversário, e matou a pau na coreografia de “Peleia” 🙂

O projeto foi contemplado pelo edital Natura Musical Rio Grande do Sul e já teve seus shows de lançamento por Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Vi na agenda que em dezembro eles vão tocar de novo em Porto Alegre e a dica é: vale conferir, pois o show é incrível, muito bem produzido e formatado.

Você pode baixar o Das Galáxias no site da Natura. O disco também está disponível em CD e vinil (comprei o vinil e o som é uma beleza, vale o investimento!).

 

Carol G. Nunes@carolgnunes

FDC_San Francisco

FDC no Sofar Sonds, em San Francisco (Foto: divulgação)

Foram 8 shows em 20 dias em algumas das mais importantes cidades dos Estados Unidos (Nova York, Los Angeles e San Francisco). Os gaúchos do Fire Department Club retornam de sua primeira turnê internacional com muita história pra contar e objetivos ainda maiores para o futuro próximo.

O quarteto de indie rock foi convocado para tocar no CMJ Music Marathon em Nova York, em outubro. FDC, único representante brasileiro, fez apresentações vibrantes e encantou um dos consultores do CMJ, Robert Singerman, que já convidou a banda para retornar no ano que vem.

Após o festival, a banda atravessou o país rumo à California para um roteiro recheado de shows intensos, gravações e o lançamento da versão especial do disco “Best Intuition”. O EP de 6 faixas estreou em 17º lugar nas paradas das rádios universitárias americanas.

Agora, o Fire Department Club está de volta ao Brasil e tem show marcado para o sábado, 28 de novembro, no Opinião. É a 7ª edição do Fellas Music Fest, que ainda contará com as bandas Second Hand e DR. HANK.

Então todo mundo já sabe: Fellas Music Fest, dia 28/11, às 23, no bar Opinião. Ingressos antecipados nas lojas Youcom (lote promocional: R$ 20; antecipados R$ 25 e na hora R$ 35).