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Uma noite para cantar junto: de “Campo Minado” a “Fim de Tarde com Você”, passando por “Sandina” e “Infinita Highway”, sem deixar de fora a tríade sagrada “Amigo Punk”, “Sob um Céu de Blues” e “Um Lugar do Caralho”. Nos últimos 50 anos, o rock gaúcho produziu muitos clássicos. Alguns dos mais memoráveis foram escolhidos para compor uma noite repleta de música e nostalgia, que, na noite do último domingo, dia 29 de maio, ecoaram por todo o Araújo Vianna.

Uma plateia tímida – mas que lotava o auditório – recebeu com muitos aplausos a Orquestra de Câmara da Ulbra e um quarteto vocal formado por Beatriz Domingues, Atos Flores, Débora Dreyer e Iuri Correa. Regida sob a batuta do maestro Tiago Flores, a Orquestra tocou 15 clássicos ao lado de grandes nomes da nossa música: Nei Lisboa, Jimi Joe, Wander Wildner, Jimi Joe, Pedro Veríssimo, Frank Jorge, Carlo Pianta, King Jim, Julia Barth, Tonho Crocco, Nei Van Soria, Marcio Petracco, Julio Reny, Edu K, Rafael Malenotti e Luciano Albo (que ficou responsável pela guitarra durante toda a noite).

Do IAPI ao Moinhos de Vento – onde ficava o Bafo de Bira, de Rafael Malenotti –, mas majoritariamente no Bom Fim, esses clássicos foram criados por jovens sedentos por viver de música. Considerado “a casa do rock gaúcho a partir da metade da década de 1980”, o bairro foi o berço dos artistas Nei Lisboa e Julio Reny, e das bandas DeFalla, Os Replicantes, TNT, Graforreia Xilarmônica, entre outras. Não à toa, essa celebração ocorrer no Araújo Vianna, localizado no centro do Parque Farroupilha, reforça o caráter simbólico da celebração: inaugurado em 1927 e tombado Patrimônio Histórico e Cultural do município, o Araújo foi e é palco de shows que marcaram e ainda marcarão a vida de muitas gerações. E esse simbolismo se fez presente durante a noite: todos os artistas que subiram para cantar com a Orquestra se mostravam muito emocionados por estarem ali.

Destaque para os arranjos belíssimos feitos por Iuri Corrêa (“Berlim Bom Fim” – talvez o melhor da noite), Alexandre Ostrowki (“Não me Mande Flores” – que também ficou sensacional!), Pedro Figueiredo (“Bebendo Vinho”), Rodrigo Bustamante (“Sob um Céu de Blues”), Arthur de Faria (“Amor e Morte”), Arthur Barbosa (“Fim da Tarde com Você”), e Daniel Wolff (“A Irmã do Doctor Robert”).

Enfim, um espetáculo para ficar na memória de todos os presentes.

Não vejo a hora de atravessar a Osvaldo Aranha e entrar no Parque Farroupilha para o próximo show.

Todos os músicos no palco ao final do show (Todas as fotos por Gabriela Baum / Amora Imagem)

Carol Govari Nunes@carolgnunes

No último sábado, 22, o Salão de Atos da UFRGS foi palco para mais uma noite de “Concertos Dana”, dessa vez com a Cachorro Grande. Regida pelo Maestro Tiago Flores, a Orquestra de Câmara da ULBRA fez arranjos lindíssimos para grandes sucessos de todos os álbuns da banda convidada.

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Foto: Carol Govari Nunes

O Salão de Atos estava lotado para assistir à apresentação. De tarde, Beto comentou que estava preocupado porque tinha ficado sabendo que a procura por ingressos tinha sido baixa. Eu comentei que também não tinha visto muita divulgação online, e Gross interrompeu minha fala dizendo que tinha visto várias vezes na mídia impressa e na televisão. Talvez isso explique o fato de o local estar cheio de idosos. Eu, acostumada a um público de show de rock, achei que a divulgação tinha sido péssima. Erro meu – o público alvo era outro. E com razão: depois fiquei sabendo que os Concertos Dana são um sucesso há 13 anos, sempre superando as expectativas – inclusive as minhas. Além das pessoas mais velhas, muitas crianças habitavam as cadeiras com expressões curiosas e felizes. Adultos que eu também não costumo encontrar nos shows que vou, ou seja, era um público bem diferente do público da banda e bem diversificado entre si. Acho que era um público dos Concertos Dana, isso sim, mas que gostou muito da Cachorro Grande, pois aplaudiram muito e apreciaram cada minuto do espetáculo.

Houve uma necessidade de a banda se adaptar ao evento: nada de palhetada violenta na guitarra, corda arrebentando, nem baqueta quebrando na caixa. Aliás, as baquetas do Boizinho eram específicas para o concerto (aquelas baquetas pra Acústicos, tipo do Nirvana). Então foi tudo muito bem tocado, bem cantado, com uma interação extremamente gentil com o público e com a Orquestra. E que Orquestra. Criaram arranjos lindos, interessantes, e tudo tocado perfeitamente. Talvez eu tenha ficado tão boquiaberta porque onde eu vou geralmente tem um monte de gente bêbada, gritando e pulando em cima do palco. Confesso que eu já estava mais interessada e apaixonada por violinos do que por guitarras, e muitas vezes fiquei mais vidrada na própria Orquestra do que na banda.

No dia seguinte, conversei com Gross e ele comentou que as baladas foram privilegiadas, além de músicas que eles imaginavam que ficassem legais com orquestra, mas sempre desviando das “pauleiras”. Contou também que a banda ficou muito emocionada quando chegou para o ensaio em Canoas, na ULBRA, na tarde anterior, e os arranjos estavam lindíssimos. Sobre o concerto, disse que foi muito legal e muito louco porque eles estão acostumados a tocar para o público do Opinião, em nightclub, e ali tinha um monte de gente para quem eles nunca tocaram (ou não estão acostumados a tocar).

Disse também que a maior dificuldade foi ter que tocar baixinho, pois eles estão acostumados a tocar muito alto, mas que eles conseguiram fazer o que o Maestro havia dito sobre “segurar a mão para ressaltar o que a Orquestra estava fazendo”.

Então esse foi o lance essencial daquela noite: destacar a música como um todo, não só uma coisa ou outra. Não só a banda. Não só a Orquestra. E eu saí de lá com a impressão de que todos foram muito felizes nisso.

Outras fotos

Vídeo de Hey Amigo

PS: Se você quiser saber um pouco mais sobre o concerto, no blog do projeto CULTPOP tem um relato detalhado da noite.