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Carol Govari Nunes@carolgnunes

O “Crowdfunding” é um conceito que, em português, significa “fundo colaborativo”. A cooperação coletiva de pessoas que, por meio de seus recursos e rede de contatos, viabiliza a realização de uma iniciativa. De forma resumida, são pessoas que se unem com um objetivo em comum; realizar um evento. Seja ele qual for, pois a internet, através das redes sociais, acabou facilitando o encontro de pessoas com os mesmos interesses e, consequentemente, identificando as possibilidades de realizar um evento.

Baseado no modelo de “Ingresso-Benefício” Leonardo Leone, 24 anos, idealizou o “Budweiser Indie Festival” com a casa de shows Upper Club, em São Paulo. Abaixo, você entende um pouco melhor sobre do que se trata o evento e como pode participar para que ele ocorra.

The Backstage – Como e quando surgiu a ideia pra fazer o “Vamos realizar?”

Leonardo Leone – A “Vamos Realizar” é uma plataforma de vendas on-line. É preciso recursos financeiros, organização e contato e é aí que a “Vamos Realizar” entra negociando com as pessoas, fornecedores e divulgando a iniciativa nas redes sociais. É uma parceira no evento e eu não tenho vinculo com a empresa.

TB – Pode explicar um pouco o que é o “Crowdfunding”?

LL – O Crowdfunding ou Fundo Colaborativo é uma espécie de evento que é garantido pelos fãs. Existem vários modelos e o que criamos para o Budweiser Indie Festival foi o modelo baseado no Ingresso-Benefício: Precisamos vender 650 ingressos através da nossa plataforma online até o dia 20 de Abril para garantir o acontecimento do festival.

Divulgação

TB – Como funciona a venda dos ingressos e o que acontece caso o evento não se realize?

LL – As pessoas que comprarem esses ingressos ganham automaticamente 4 cervejas Budweiser para consumir no dia do evento além de ganhar direito a participar de sorteios de brindes nos intervalos dos shows. Entre os prêmios sorteados, estão 2 letreiros luminosos de neon da Budweiser. É importante falar que caso a meta de ingressos não seja alcançada, o dinheiro de quem comprou o ingresso é automaticamente estornado sem custos para o comprador. Todas as formas de pagamento são aceitas e é possível dividir o valor do ingresso no cartão de crédito.

TB – É a tua primeira experiência com isso?

LL – Trabalho com produção de eventos desde os 14  anos. O Fundo Colaborativo é um conceito novo no Brasil e ainda não é muito conhecido, mas é uma forma de realizar eventos com boa estrutura, boas atrações e segurança para os contratantes.

TB – Qual é a casa de show? Por que a escolha dela?

LL – O evento será no Upper Club (Próximo ao Credicard Hall). Essa casa tem uma estrutura impressionante, mas sempre foi voltada para o corporativo e social (formaturas e casamentos). Os donos do local decidiram tornar uma casa de shows e me chamaram para dirigir os projetos da casa e o Budweiser Indie Festival é o primeiro que vamos realizar.

TB – As bandas que compõe o lineup são todas independentes e estão crescendo muito no cenário atual. Como foi a seleção e o contato com elas?

 LL – Quando se fala em Indie Rock no Brasil todo mundo pensa em Cachorro Grande, em Vanguart. Eu frequento assiduamente os shows de rock independente e decidi o line-up baseado na qualidade das bandas, profissionalismo e mídia. São todos meus amigos pessoais há anos, mas o que realmente contou foi o feed back que tive desses shows que vou. Todas as bandas desse line além de terem gravados excelentes discos, são muito boas ao vivo. Quero que o festival seja um Start up para que o indie rock do Brasil cresça e se espalhe. A cena em São Paulo é muito forte e acho que tem potencial para se espalhar para o Brasil inteiro.

 TB – A divulgação na internet é a principal ferramenta de divulgação para o evento. Além deste meio, há algum outro tipo de contato ou informação que você queira deixar para os leitores do blog?

LL – O site www.vamosrealizar.com é o completo. Tem todas as informações do evento além de e-mails e telefones para tirar dúvidas. Estamos divulgando em parceria com as bandas na internet. Converso com os integrantes e todos sempre falam empolgados com o festival, estão ajudando bastante a mostrar que o evento precisa de venda antecipada para ser concretizado.

A estrutura de som e iluminação é excelente e isso também conta, pois a ideia é que o público enxergue as bandas como grandes bandas de rock nacional que são. Ser Indie não quer dizer tocar em pequenos bares para pequenos públicos sempre. É continuar fazendo um som visceral, sincero e impactante. Quanto mais apoio e estrutura as bandas tiverem, melhor o resultado do trabalho deles. A nossa parte, de trabalhar para fazer o evento acontecer, está sendo feita da melhor forma possível. Quem comprar o ingresso-beneficio, além das 4 Budweisers e dos sorteios, não vai se arrepender do que vai ver no dia 11 de maio. Após a venda dos 650 ingressos, será aberto o segundo lote. O valor do ingresso será maior que o lote inicial e não terá direito a consumação ou participação no sorteio. Quem comprar os primeiros ingressos, além de apoiar o evento terá vantagens. Isso não existe em nenhum modelo de Fundo Colaborativo. Criei exclusivamente para o Budweiser Indie Festival.

Natalia Nissen@_natiiiii

Quem mora em Frederico Westphalen já conhece, mas agora o The Backstage Blog vai mostrar um pouco mais sobre a banda que surgiu no final de 2007 em Santa Maria para resgatar os clássicos do rock and roll. Bito Maria (bateria/vocais), Zeh Maria (guitarra/vocais) e Fernandinho (contrabaixo/vocais) são Os Marias, eles fazem show no próximo sábado, dia 10, na Green Lounge na festa de retorno às aulas.

The Backstage – Os Marias começaram a fazer shows para resgatar o rock em Santa Maria. Vocês acham que o rock não está numa boa fase?

Zeh Maria – Não achamos que o rock está em má fase ou sem espaço. Sempre tem lugar pra se ouvir/curtir um rock and roll e pra quem tem banda sempre tem lugares pra tocar rock and roll. Isso é fato. É só ir atrás. O rock perdeu um pouco de espaço com a ascensão de outros estilos que passaram a dividir o espaço dos grandes eventos com o rock and roll. Achamos que o público em geral, talvez, esteja passando por uma má fase, aceitando material sem qualidade e deglutindo tudo sem ter um pouco mais de critério.

Os Marias se apresentam em FW no próximo sábado (Foto: Marcos Piaia)

TB – O repertório dos shows conta com grandes clássicos do rock nacional e internacional. Quando vocês se apresentam em Frederico Westphalen, quais são as considerações feitas em relação a esse repertório? Aqui os shows têm músicas diferentes dos outros lugares?

ZM – Dificilmente repetimos um repertório. É claro que certas canções não podem faltar, pois já são nosso cartão de visitas, por assim dizer, mas procuramos sempre tocar aquelas canções que achamos que podem soar melhor nos lugares que tocamos. Ainda não decidimos o repertório pra Frederico, ele vai ser feito provavelmente no hotel ou no camarim da Green Lounge. Precisamos sentir o clima da festa e da cidade no dia para podermos escolher as canções. Geralmente ocorrem mudanças no setlist no meio do show mesmo.

TB – A banda tem uma agenda intensa de shows. Vocês têm projetos paralelos?

ZM – Fazemos mais de 120 apresentações por ano, é bem puxado, mas muito gratificante. Projetos paralelos não temos, não, trabalhamos nas nossas áreas de graduação. O Bito é medico veterinário e possui uma clínica veterinária aqui em Santa Maria, O Fernandinho é Analista de Sistemas e eu sou Relações Públicas, mas só vivo da música. Conciliamos tudo da melhor maneira possível.

TB – Quais são os planos da banda para 2012?

ZM – Pretendemos manter a média e a qualidade dos shows. Também estamos em um forte processo de composição nesse início do ano e, se tudo der certo, lançaremos muitas músicas novas e talvez um disco completo se o mundo não acabar (risos). Mas o mais importante é que queremos tocar muito, levar o nosso trabalho cada vez mais longe para que cada vez mais pessoas possam nos conhecer.

Iremos assistir ao mestre Dylan em Porto Alegre somente. Em 2008 conseguimos falar com ele em Buenos Aires e tirar fotos. Presenteamos ele com uma camiseta da banda. Uma pena é não podermos exibir nada disso devido aos direitos de imagem (risos).

TB – Bob Dylan faz parte das influências d’Os Marias? E quais outras vocês têm?

ZM – Certamente tem grande influência sobre nosso trabalho. É um grande compositor, talvez um dos maiores de todos os tempos. Toco harmônica em grande parte por causa dele. Seria difícil citar todas as nossas influências aqui, gostamos de muitas bandas, mas acho que o nosso trabalho é muito influenciado pelas nossas vidas, nas experiências que temos, nas pessoas que conhecemos e naquilo em que acreditamos.

TB – Os Marias estão entre as bandas mais queridas do público de Frederico Westphalen, para finalizar, o que o público pode esperar da apresentação no próximo sábado?

ZM – Gostamos muito de tocar em Frederico, somos sempre muito bem recebidos e temos grandes amigos por aí. É um dos lugares mais rock and roll que conhecemos aqui no RS, galera muito receptiva e participativa nos shows. O que podem esperar d´Os Marias é muito volume, dedicação e energia pra executar os clássicos do rock da melhor maneira possível.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

2012 começou agradavelmente promissor em relação ao rock nacional com o disco “O Pensamento é um ímã”, da banda Vivendo do Ócio. Com Jajá Cardoso no vocal/guitarra, Davide Bori na guitarra, Luca Bori no baixo/vocal e Dieguito Reis na bateria, o quinteto baiano vem se destacando desde que ganhou a “Aposta MTV”, em 2009.

Para dar vida às músicas que já estão fazendo sucesso desde que a banda disponibilizou o álbum para audição no Facebook, os músicos se dividiram entre os Estúdios Costella (de Chuck Hipolitho – você pode reler uma entrevista com ele aqui) e Tambor (no Rio de Janeiro, do produtor Rafael Ramos). Com 11 músicas no CD, a faixa que claramente tem se destacado é “Nostalgia”, música composta pela banda em parceria com Pablo Dominguez e gravada com participação de Pitty nos vocalizes durante o refrão e Martin na guitarra (você pode reler a entrevista com o Agridoce aqui).

O show de lançamento do disco acontece dia 16/02 no Beco 203, em São Paulo.  Por e-mail, Jajá Cardoso conversou com o The Backstage e o papo você confere a seguir:

Capa do disco - Divulgação

The Backstage – Como foi o processo de composição do disco “O pensamento é um ímã”? Foi diferente do “Nem sempre tão normal”?

Jajá Cardoso – Completamente diferente, a maioria das músicas do “Nem Sempre Tão Normal” foram compostas em 2006/2007, de lá pra cá muita coisa aconteceu, crescemos em todos os sentidos e passamos a morar juntos, esse último fator é o mais importante na composição, porque a música se tornou ainda mais coletiva. Também passamos uma época em Morro de São Paulo (BA), é um pedaço de paraíso e fizemos muitas músicas lá e isso fica explicito nas novas composições, essa mistura da nossa vida urbana com as férias no litoral.

TB – Quanto à produção/gravação, sabemos que o disco é produzido por Chuck Hipolitho e Rafael Ramos. Vocês se dividiram entre SP e RJ, ou como foi durante esse tempo?

 JC – Começamos gravando em Sampa no estúdio Costella e terminamos no Tambor (RJ). Foi uma ótima experiência pra todo mundo, Chuck e Rafael são caras bem diferentes um do outro, mas com ideias que combinam muito bem. Essa parceria rendeu bastante, estamos muito felizes com o resultado final do disco.

TB – Vocês vivem juntos em SP desde que saíram da Bahia. É uma característica comum no mundo dos novos músicos, várias bandas acabam saindo de sua cidade natal e se firmando em SP. A banda morar junta influencia na hora de compor, ou funciona cada um na sua?

JC – Influencia bastante, hoje fazemos as músicas de uma forma mais coletiva e isso é muito bom porque a música ganha mais identidade.

A banda faz o show de lançamento do disco no dia 16 de fevereiro, em São Paulo (Foto: divulgação)

TB – Vocês já tocaram na Inglaterra, Holanda e Itália e gravaram clipes nessas viagens. Como é a recepção do público fora do Brasil?

JC – A recepção é muito boa, curtimos muito tocar lá, o público foi aberto e participativo. Esperamos voltar muitas e muitas vezes.

TB – A Bahia tem uma cena rock’n’roll incrivelmente rica, porém, não aparece muito na mídia. Tu tem alguma ideia do por que disso? Cultura local, talvez. Sair de Salvador foi ponto chave pra vocês conseguirem engatar a carreira?

 JC – Sem dúvida, a cultura local é o maior fator, isso gera naturalmente menos espaço para os “artistas alternativos”. A mudança pra Sampa foi crucial pro crescimento do nosso trabalho, as coisas acontecem mais rápido, tem muito mais espaço e contatos, em Salvador chegaria um momento que não teríamos mais o que fazer e não teria mais lugar pra tocar, então, ter nossa base em SP e fazer alguns shows no ano por lá é muito mais produtivo pra nós.

TB – “Nostalgia” dói no peito de qualquer pessoa que esteja longe de casa – é impossível não se identificar. A música fala por si, mas pode nos contar um pouco sobre ela?

JC – Foi a última música a entrar, a lista do disco já estava pronta quando um dia nosso amigo Pablo Dominguez veio nos visitar e fazendo uma jam session saiu essa música. Gravamos uma pré-produção, curtimos e mandamos para os nossos produtores Rafael e Chuck, eles ouviram e disseram que essa música tinha que entrar no disco de qualquer jeito, que talvez a gente nem tivesse noção da força que ela tem. E foi uma decisão muito certa, é uma música que está na lista das preferidas de todo mundo que escuta.

TB – “O pensamento é um ímã” acaba trazendo à tona a “Lei da Atração”. É isso mesmo que o nome do disco quer representar?

JC – Isso mesmo. O que acontece na sua vida é reflexo do que se passa com sua mente. Se canalizar sua energia e pensamentos para certo intuito é justamente o que vai ter em troca, cedo ou tarde.

Natalia Nissen@_natiiiii

Difícil encontrar algum jovem que more no Rio Grande do Sul e nunca tenha escutado hits como “Detetive” e “Ejaculação Precoce”. A banda “Comunidade Nin-Jitsu” mistura elementos do rock, reggae e funk, há quase vinte anos e já abriu show até para os californianos do Red Hot Chili Peppers. Em novembro a Comunidade gravou o primeiro DVD com a participação de Chorão (Charlie Brown Jr.), Serginho Moah e Léo Henkin (Papas da Língua), entre outras figuras importantes da música.

Foto: divulgação

E engana-se quem pensa que carnaval é só axé e micareta! Entre os dias 17 e 21 de fevereiro acontece no Parque de Exposições em Frederico Westphalen a 5ª edição do “Park Folia”, a comemoração do carnaval no município. Uma das atrações da festa é a “Comunidade Nin-Jitsu” que se apresenta no dia 18 a partir da meia-noite, uma oportunidade para aqueles que já estavam quase sem esperança de ter boas atrações em Frederico aproveitarem.

A banda é diversão garantida para quem curte um som irreverente com uma presença de palco importante, também vale para relembrar os grandes sucessos. A formação atual é composta por Mano Changes (vocal), Fredi Endres (guitarra), Nando Endres (baixo) e Gibão Bertolucci (bateria).

A organização do evento afirma que não será permitida a entrada de menores de 16 anos no local mesmo que estejam acompanhados dos responsáveis. Os ingressos custam R$10 por noite (antecipados) e R$15 na hora, pessoas inscritas em blocos podem comprar um passaporte para os 4 dias de festa por R$25. A programação completa está disponível aqui.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

Eles foram surgindo devagar: com um Myspace, algumas demos, um Twitter  e só em novembro lançaram o primeiro disco. “Música doce para pessoas amargas”, dizem os músicos sobre o conceito do disco. Estamos falando do Agridoce, projeto de Pitty Leone e Martin Mendezz, o qual foi criando vida na sala da casa da cantora em idos de 2009.

Influenciados por Nick Drake, Iron&Wine, Elliott Smith e tantos outros artistas, Pitty e Martin, acompanhados do produtor Rafael Ramos, do  engenheiro de som Jorge Guerreiro e do fotógrafo/cinegrafista Otavio Sousa, se isolaram na Serra da Cantareira, onde lá permaneceram durante 22 dias do mês de agosto do ano passado para produzir o disco no qual Martin abusa dos violões e Pitty se relaciona carinhosamente com o piano.

Foto: Caroline Bittencourt

Cantando quase todas as faixas do disco, Pitty entona sua voz com uma incrível doçura, mas não se engane: a aparência doce das músicas reveste letras e contextos azedos.

Para dar vida ao disco no palco eles chamaram outros dois músicos: Luciano Malásia (na percussão) e Loco Sosa (que vai soltar os samples “de tudo que não é violão, nem piano, nem percussão”, explica Martin). “O resultado é intimista, mas o sentimento é rock’n’roll. No fundo sinto a mesma coisa que quando estou tocando uma bateria, só que com um pouco mais de inteligência”, diz Loco Sosa, o cara dos samples. Malásia também comenta que “é muito legal tocar e conviver com eles, as músicas são ótimas e é sempre um desafio, estamos começando a fazer shows. Por mais que a gente ensaie nunca sabemos muito bem o que vai rolar e isso é muito estimulante”.

Um pouco do que aconteceu desde o surgimento das  músicas até o lançamento do disco você confere nessa entrevista feita por e-mail para a Revista do Opinião, agora também no The Backstage – sem edições. Enjoy the trip, porque aqui você lê a original (um pouco maior).

Carol – O Agridoce surgiu na sala de Pitty, tomou uma grande proporção e agora está aí, chamando tanta atenção quanto a banda principal. Podem nos contar um pouco sobre como foi desde o nascimento do projeto até a ideia de gravar o disco?

Martin – Quando o repertório cresceu e começamos a nos sentir mais a vontade com esse novo formato a idéia de gravar um disco e fazer shows foi se tornando cada vez mais um desafio atraente e se mostrando um desdobramento natural do projeto. Rafael acabou sendo o grande catalisador desse disco, ele acompanhou o Agridoce a distância desde o começo e sempre manifestou a intenção de se juntar a nós nessa empreitada e de fazer um registro mais cuidadoso das canções.

Pitty – Demorou bastante desde as jam sessions caseiras até o disco. Já estamos há uns dois anos nessa de compor, maturar as ideias, resolver finalmente transformar o projeto num álbum. No começo, nem sabíamos que seria um projeto e muito menos que viraria disco. A coisa foi indo, foi indo…

C – O Agridoce é fruto de encontros descompromissados entre os dois. Demorou até vocês resolverem disponibilizar “Dançando” na internet, já que inicialmente era algo muito particular, ou foi uma consequência natural?

M – Disponibilizamos “Dançando” na internet no exato momento em que ela ficou pronta. Apesar do caráter particular e pessoal não resistimos ao desejo de compartilhar aquilo que tínhamos acabado de realizar e que tinha nos empolgado tanto.

P – Não lembro exatamente quanto tempo demorou entre só tocar em casa e termos uma música de verdade, pronta. Mas lembro que se passou um certo tempo antes disso.

Foto: Otavio Sousa

C – Se isolar em uma casa no meio do mato deve ter sido uma experiência muito interessante, artisticamente e pessoalmente falando. Dá pra perceber que as músicas saíram de uma casa e foram para outra, sem horário marcado em um estúdio. Isso foi pensado para não perder o caráter intimista?

M – Totalmente. Além disso estávamos atrás da aventura de gravar num ambiente que não foi previamente preparado pra isso, o que acaba gerando ótimos desafios e resultados surpreendentes. A maneira peculiar como os instrumentos soavam lá e os ruídos naturais da casa estão presentes em todo o disco e conferem a ele muita personalidade, essas interferências eram elementos que estávamos buscando quando fomos gravar lá.

P – E a imersão total e completa na coisa, sem interferência externa, sem telefone, internet ou televisão. Só a música e criação, 24h por dia.

C – 22 músicas em 22 dias. Existia alguma rotina na casa ou vocês gravavam, dormiam e jantavam na hora em que sentissem vontade?

M – Respeitamos acima de tudo o ritmo natural do disco, tínhamos um prazo e um trabalho a concluir mas tentamos fazer tudo no seu melhor tempo. Essa prolificidade acabou sendo fruto do clima agradável criado por essa rotina.

P – E acabamos criando um fuso horário completamente particular. Café da manhã às duas da tarde, almoço às sete da noite e dormir só quando o último pedia arrego, rsrs. E gravar e tocar o tempo todo que desse vontade.

C – É perceptível que até mesmo as músicas que vocês tinham disponibilizado no Myspace acabaram tomando novos rumos, ficando mais sofisticadas. Ficar apenas entre 5 pessoas ajudou nessa composição, já que vocês não sofriam influências exteriores?

M – Sim. Realizar esse disco em parceria com Rafael Ramos foi um fator crucial pro trabalho tomar esses novos rumos. Temos uma relação muito boa com ele, tanto profissional quanto pessoal, e sabíamos que permitir essa interferência seria muito proveitoso e enriquecedor.

P – É a questão da confiança e da sincronicidade de ideias que permite essa interferência. Desde o começo sabíamos que queríamos o mínimo de gente possível, porque cada um que chega vem com uma energia a mais. E sabíamos que as energias tinham que combinar, então cada um ali foi escolhido a dedo.

Foto: Caroline Bittencourt

C – Alguma ideia sobre o que fazer com as músicas que não entraram no disco, ou ainda é cedo para pensar nisso?

M – Ao seu tempo algumas delas vão tomando seu rumo, por exemplo “La Javanaise”, versão de Serge Gainsbourg que gravamos, entrou como bônus track na venda do disco pelo iTunes.

P – “BDay” apesar de não ter entrado no disco está no repertório do show, e por aí vai. Conteúdo nunca se perde.

C – Martin é guitarrista e no seu projeto com Duda (Martin e Eduardo) apareceu como letrista e vocalista. Como é dividir as composições? Vocês dividiram também as letras, ou um chegava com a letra e o outro com a melodia?

M – Essa divisão é uma característica do projeto, já tínhamos colaborado em composições anteriormente, mas o Agridoce é baseado nessa parceria. Não temos um método para compor, geralmente alguém chega com uma idéia e vamos desenvolvendo, mas temos casos de canções que já chegaram quase prontas e outras em que fizemos tudo juntos partindo do zero.

P – Eu tenho mais costume de fazer as letras/melodias e ele as harmonias por ser mais o terreno de cada um, mesmo. No Agridoce rolaram outros processos além desse, mas ainda prevaleceu a coisa de “cada um canta sua letra”. A tendência é misturar cada vez mais, acho eu, até o ponto de ninguém mais saber quem fez o quê.

C – “Upside down”, só para exemplificar, ratifica a cumplicidade entre a dupla. A letra é natural, bonita e simples, além de uma amargura no refrão. Aquele “I don’t belong here” não vem de hoje, acredito eu. Pensando nisso e na música brasileira, parece que estamos todos em uma geração que foi perdendo a sua personalidade… Infelizmente existe a necessidade de se encaixar para ter espaço. Como vocês enxergam essa adaptação das bandas à modinha atual?

M – Acho que isso se deve a uma “preguiça” que foi inoculada no grande público pelos meios de comunicação em massa, as pessoas esperam que a mensagem venha facilmente digerível e numa embalagem familiar. Apesar dessa estética predominar ainda existem bons exemplos de artistas na contramão dessa tendência, e como tudo é tão volátil quando se fala de mercado acredito que essa mesa, mais cedo ou mais tarde, vai virar.

P – A gente não pensa nem em se encaixar nem em desencaixar. A gente gosta de fazer as coisas que a gente gosta, e depois fica torcendo para que haja um nicho pra ela em algum lugar do mundo. Eu não acredito nessas bandas ou artistas que buscam “se encaixar”. É o que você falou, não tem personalidade e fica evidente a farsa. Só engana quem não tem um pouco de senso crítico- o que, infelizmente, pode ser a maioria.

Foto: Otavio Sousa

C – Você assinam todas as músicas do disco, exceto “Say” e “Please, please, please, let me get what I want”, uma versão do The Smiths. Quem também assina “Say” é Ricardo Spencer, diretor/roteirista que já fez vários trabalhos com vocês. Como foi a composição dessa música? 

M – A música nasceu na varanda da casa de Pitty entre algumas cervejas enquanto nos preparávamos pra ir a um show. Spencer tinha a idéia de uma melodia, peguei o violão e fomos encaixando as coisas. Gravamos toscamente no celular e depois num ensaio eu e ela finalizamos o arranjo enquanto Spencer terminava a letra, foi tudo muito rápido e divertido, essa música foi um presente pra nós.

C – O videoclipe de “Dançando” já tem mais de 320 mil visualizações no Youtube, e sabemos que o Otavio Sousa registrou todo o período em que vocês ficaram na casa. Há previsão de um novo clipe por aí ou um possível DVD?

M – Ainda não sabemos o que vai se tornar o material, mas já assistimos alguns trechos e temos muita vontade de mostrar isso pras pessoas.

P – Eu acho que pode virar alguma coisa; não sei se documentário, filme ou tudo misturado. Mas tem todo o processo de gravação documentado, e acho que pode ser interessante dividir isso em algum momento.

* Nos dias 20 e 21 de abril o Agridoce tocará no Opinião. Como citado no início do texto, essa entrevista está na Revista do Opinião e você pode encontrá-la na própria casa de shows e também no Pepsi On Stage, UFRGS, PUC, ESPM, Lojas Vivo, Lancheria do Parque, Zeppelin CD’s, A Place e Casa da Traça, em Porto Alegre.