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Carol Govari Nunes@carolgnunes

Venho para lançar o assunto “memória”. Não sei se vocês sabem, mas meu projeto de dissertação de mestrado sugere pensar a música como objeto de memória afetiva dentro do documentário. Entretanto, aqui-agora (no blog, não no programa do SBT), a música aparece como objeto de memória (das minhas, no caso) dentro de um videoclipe. Não vou ser didática porque uso essa plataforma justamente para fugir do texto acadêmico, embora perceba que ando ficando engessada no quesito “leve”. A começar pelo título, que mais parece de artigo científico do que de um texto em blog (H-E-L-P!).

Pois bem, o clipe a que me refiro foi lançado há 20 anos, mas até hoje está na minha lista de Top 5 dos videoclipes. Na real, gosto muito dos videoclipes do Aerosmith, principalmente dos do “Get a Grip”, um dos meus álbuns preferidos, de 1993.

Os acordes de “Cryin’” me vieram noite passada em um sonho, despertando uma série de sentimentos até então adormecidos. Acho incrível a capacidade que a música tem, pelo menos em mim, de desestabilizar emocionalmente. Ouço, sonho, acordo, fico toda errada – exatamente nessa ordem. Acordar com um gosto de passado na boca me incomoda e me deixa durante todo o dia com aquela sensação amarga do que poderia ter sido e não foi. O Mark Twain que diz que “daqui a 20 anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez”. Pois é. Geralmente brinco dizendo que sou uma “ex-viciada em arrependimentos emocionais”, mas em noites de sonhos assim, volto a querer ser uma viciada em arrependimentos emocionais, não me economizando em frases esdrúxulas e atitudes exageradas.

Posso, inclusive, fazer uma ligação com outros dois clipes do mesmo álbum: “Crazy” e “Amazing”, músicas que me deixam tão doída (e doida) quanto “Cryin’”. Será culpa da Alicia Silverstone? Não sei, mas a voz rasgada do Steven Tyler e as guitarras do Joe Perry me destroem. Enfatizo também as letras, com seus versos dizendo “That kinda lovin’, now I’m never gonna be the same / I go crazy”; “All I want is someone I can’t resist”; “There were times in my life when I was goin’ insane”: digaí, meu amigo, é mais poético ou não que piripipiripipiripiripiradinha? E olha que quem tá fora da casinha hoje sou eu.

Carol Govari Nunes@carolgnunes

O videoclipe, como todos sabem, serve para vestir a música e para que os jornais, revistas, TVs, contratantes e fãs possam não somente ouvir, mas também assistir a banda.

Frame do clipe "Aos 27" (Matiz)

Entrando diretamente na produção de videoclipe para circulação online, Renato Gaiarsa, diretor e editor audiovisual que já produziu vários videoclipes, documentários etc., para bandas independentes, diz que o principal é conseguir o máximo de apoio possível, porque mesmo sendo independente, sempre há gasto de produção:

” Nós, independentes, simplesmente temos que ignorar isso e conseguir, a baixo custo ou custo zero, fazer o melhor produto, para que o retorno seja criativo e não financeiro, além do que é melhor do que não exibir em lugar algum” – explica Renato.

Veja, a seguir, o que Renato contou para o The Backstage:

The Backstage – Como é a criação e produção desses videoclipes?
Renato – Bom, a criação se dá, talvez, da mesma forma com qualquer banda – exceto que grandes bandas devem ter executivos e diretores de criação por trás de tudo. Para o independente, são idéias que surgem do lado dos músicos, ou do lado de nós, diretores. Daí é começar a conversar, saber se há alguma grana, organizar um dia ou dois de gravação. O grande lance é conseguir o máximo de apoio possível – para câmera, luzes, o que for. E mesmo assim sempre há gastos de produção, nunca é exatamente “de graça”. Mas sem dúvida é sempre num esquema guerrilha e que no final sempre dá certo.

Frame do clipe “Se o sol sair” (FFM)

TB – Há algum empecilho – ou benefício – financeiro? No que ajuda?

Renato – Envolver dinheiro é sempre bom, claro, mas a depender da idéia não é algo essencial. Tem muita obra que é custo zero – como eu fiz o da Formidável, por exemplo (Assista o videoclipe aqui). É que na verdade, qualquer produto feito de forma profissional pagaria cachê de diretores, cinegrafistas, iluminadores, maquiadores, produtores, motoristas, câmera, edição, editores… Por isso que pensar num clipe de R$50 mil, que é um preço meio comum, não é assustador, pensando numa equipe completa paga por tabela. Mas nós, independentes, simplesmente temos que ignorar isso e conseguir, a baixo custo ou custo zero, fazer o melhor produto, para que o retorno seja criativo e não financeiro.
Num mundo ideal toda banda teria um orçamento pra 2 ou 3 videoclipes por ano, isso geraria um fluxo de trabalho muito bom para os realizadores e para as bandas. Ganhar prêmios, preencher portfólio, exercitar linguagem, experimentar e conhecer pessoas, são resultados nessa vida de videoclipe independente.

Frame do clipe “Ele, o super-herói” (Cascadura)

TB – Qual o retorno de divulgação pra banda e pro diretor, já que ele primeiramente circula só na internet?

Renato – Ainda é algo complexo. Para bandas independentes, a não ser que seja algo muito diferente e que atraia um público diverso, desconhecido e diferenciado, é muito mais interessante, talvez, conseguir passar numa MTV ou Multishow. Grandes bandas não precisam se preocupar tanto com isso, acho. Para nós, é melhor do que não exibir em lugar algum. E é um universo bom para lançar coisas pouco usuais de linguagem, por exemplo. Ou vídeos pesados demais, em sexo ou violência, o que seja. Internet tem essa coisa liberal, que até incentiva uma produção mais ousada em vários sentidos. Mas o ideal é conseguir um “sucesso” nos dois meios. E como diretor disso… Acho que depende da rede social que envolve esses clipes. Em Salvador, é mais fácil ser reconhecido como tal. Já em SP ou qualquer outro lugar, ainda não. Tem que recomeçar do zero, achando bandas, produzindo mais, ganhando mais portfólio, bandas ganhando mais clipes e chegando lá.

Se liga nas produções que Renato fez, até hoje: