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Vinte anos se passaram desde que Pitty lançou Admirável Chip Novo, seu álbum de estreia. Vinte anos se passaram desde que “Máscara” causou estranhamento nas rádios e que revistas destinadas a adolescentes estampavam na capa que Pitty estava “de bode da fama”. Nesses vinte anos, quem apostou que Pitty se moldaria ao sistema e à fama errou feio; é como Residente diz no Vol. 49 do Bzrp Music Sessions: “una cosa es ser artista, otra cosa es ser famoso”. E Pitty é artista. E qual é o trabalho de um artista? Criar uma gama de sensações que possua consistência. Artistas criam afetos e a arte – nesse caso, a música – é a expressão através da qual ele se relaciona com o arrebatamento desses afetos. E isso não se faz do dia para a noite. É preciso cuidado, atenção, obstinação. É preciso que a obra transcorra em seu meio, que possua uma relação entre suas partes. Mesmo que pequena ou curta, ela diz algo – e nos passa algo.

ACN é um álbum de quase 40 minutos que em 16 de abril de 2003, data em que chegou às bancas e lojas de disco, nos passou uma gama de sensações. E no dia 22 de abril de 2023, no auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, nos foi apresentado na ordem e na íntegra, passando novas sensações. Para quem viu a turnê do disco em 2004 e para quem ainda não tinha tido a oportunidade de vê-lo, ouvi-lo e senti-lo ao vivo, pudemos todos entender o porquê de esta ser uma das obras musicais mais consistentes do começo dos anos 2000.

Foto: Vic Martins

Preciso, de saída, avisar: ACNXX não é um espetáculo de arquivo. Não é um show nostálgico. Não somos transportados para 2003; é Pitty quem traz o ACN para 2023, transformando a celebração de vinte anos deste álbum em um espetáculo contemporâneo. Dividido em três atos e com direção da própria, ACNXX é um show com começo, meio e fim, mas com espaço para improvisos. (Vá ver, não vou dar spoilers dos atos 2 e 3.)

Seja no começo do show com o áudio de uma ligação entre Pitty e Rafael Ramos, nas transições com áudios de gravações de uma demo – ou, ainda, nos quadros cênicos de “Emboscada” sob uma luz que a cerca e, na sequência, com a obcecante performance de “Do Mesmo Lado” atrás de um tecido de voal, que cria uma dinâmica como se estivesse dentro de uma caixa transparente (provocando AFU o nosso imaginário [eu poderia passar horas observando aquela cena]), Pitty confirma que, enquanto artista, busca sempre adquirir mais ferramentas para criar sensações e para encontrar novos mundos. Para ela e para nós, público. Ela faz isso ao pensar na iluminação, no caminhar pela passarela, na imposição da voz, na construção do setlist, na forma de tocar guitarra. Falando em guitarra, isso sim acaba sendo uma lembrança do boom do álbum em 2003: uma guria tocando guitarra que mostrava que podemos ser viscerais sem nos rendermos à banalidade; sermos lascivos através do rock – e especialmente através do roll, como ela bem lembrou durante o show –, e que a tríade baixo-guitarra-bateria (com Paulo Kishimoto, Martin Mendonça e Jean Dolabella, respectivamente) segue estimulando pelo que de mais vibrante tem.

Em ACNXX, Pitty cavocou, esculpiu e criou um novo grupo de sensações onde todos nós mergulhamos. Deve ter dado um baita trabalho. Assim como o próprio ACN. E vinte anos depois ele ainda está aí, carregando uma parte do infinito, totalmente pertencente ao mundo.  

Quando reeditaram a obra da Hilda Hilst e o primeiro livro lançado foi A obscena senhora D, o organizador, na apresentação, escreveu: “é uma pancada justa, certeira, para apresentá-la sem meias medidas aos leitores potenciais, capazes dela”. Capazes dela. Capazes de absorver as inquietações, os delírios, a ironia e o hermetismo de Hilda. Com as devidas singularidades de cada obra, mas, vá lá: me parece que com o ACN, em 2003, Pitty também foi apresentada para quem era capaz dela – especialmente se lembrarmos o momento em que o rock nacional se encontrava (e se acomodava). Pitty chegou com o pé na porta afirmando suas capacidades (e incapacidades) e arrebatou para/com ela toda uma geração que, junto, dizia: somos capazes de enfrentar as nossas limitações, capazes de questionar quem decidiu o que era feio; incapazes para fórmulas prontas, incapazes de concordar cegamente com o que dizem ser o correto, incapazes de dizer “amém”.

Vinte anos depois, em ACNXX, a artista atualiza e ressignifica esses mesmos posicionamentos, fixando antigos fãs e capturando uma nova geração que surge sedenta por identificação e voz própria. Afinal, o importante, ainda, é ser você.

Sei que a turnê recém começou e tem shows espalhados por todo o país. Tu confere as datas clicando aqui.

Outras fotos do show (todas por Vic Martins):

O álbum Admirável Chip Novo foi um marco na música brasileira por vários motivos. Um disco de rock de uma cantora e compositora baiana lançado por uma gravadora independente fez enorme sucesso em todo Brasil. Um primeiro single, um rock pesado, cantando por uma mulher com o refrão “O importante é ser você mesmo que seja estranho, mesmo que seja bizarro”. Pitty apareceu não só marcando presença, mas abrindo caminho e sendo uma referência tanto para os artistas que viriam pela frente como para o público, que encontrava uma artista falando sobre assuntos que futuramente ganhariam ainda mais importância: feminismo, respeito às diversas existências, o excesso do culto à imagem e o controle da mídia, isso antes das redes sociais.

Vinte anos depois de seu lançamento, as músicas do Admirável Chip Novo (Deck), produzido por Rafael Ramos, são comentadas, discutidas e extremamente atuais, talvez mais atuais do que na época. Um disco que gerou muitos hits (“Teto de Vidro”, “Admirável Chip Novo”, “Máscara”, “Equalize”, “Semana que Vem” e “Temporal”, entre outras), que terminou o ano com um Disco de Platina (250 mil cópias vendidas), o prêmio de “Revelação” no Prêmio Multishow de Música Brasileira e o clipe da faixa-título como o mais pedido da MTV. A cantora também levou para casa os dois principais prêmios do VMB 2004: “Escolha da Audiência” e “Clipe de Rock”.

Foto: Caio Lírio

Por essas e outras, Pitty resolveu comemorar esse aniversário de 20 anos revisitando esse álbum, não num movimento saudosista, mas entendendo seu lugar no mundo em 2023. Batizada de ACNXX, a turnê vai rodar o Brasil, com o disco sendo tocado na íntegra com novos arranjos. “Não é para ser o que ele era em 2003, é para ser o que ele é agora, o que essas músicas representam hoje. Faremos novos arranjos, respeitando os originais, mas com elementos novos, usando as tecnologias disponíveis, interpretando o disco hoje”.

Pitty, que também assina a direção do show, será acompanhada por sua banda Martin Mendonça (guitarra), Paulo Kishimoto (baixo) e Jean Dolabella (bateria).

Além dos shows, os vinte anos de Admirável Chip Novo presenteará os fãs com outras surpresas, que em breve serão anunciadas. Aguarde um box especial cheio de novidades.

As datas confirmadas você pode encontrar aqui  https://www.pitty.com.br/agenda

Em Porto Alegre, o show está marcado para o dia 22 de abril, no Auditório Araújo Vianna, e os ingressos já estão disponíveis no Sympla. Confira, abaixo, o serviço completo:

SERVIÇO
Onde: Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)
Quando: 22 de abril 2023, sábado, a partir das 21h
Abertura da casa: 19h30
Classificação: 16 anos

Ingressos: atualização: ESGOTADOS

Lote 1:

Plateia Alta Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 60
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 55
Inteira: R$ 110

Plateia Alta Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 70
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 65
Inteira: R$ 130

Plateia Baixa Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 90
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 85
Inteira: R$ 170

Plateia Baixa Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 140
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 135
Inteira: R$ 270

Plateia Gold:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível):R$ 180
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 175
Inteira: R$ 350

Lote 2:

Plateia Alta Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 70
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 65
Inteira: R$ 130

Plateia Alta Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 90
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 85
Inteira: R$ 170

Plateia Baixa Lateral:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 110
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 105
Inteira: R$ 210

Plateia Baixa Central:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 160
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 155
Inteira: R$ 310

Plateia Gold:
Inteira solidária (todas as pessoas podem comprar mediante a doação de 1kg de alimento não perecível):R$ 200
Meia entrada (desconto de 50%): R$ 195
Inteira: R$ 390

* Os alimentos deverão ser entregues no Auditório Araújo Vianna, no momento da entrada ao evento.
** Para o benefício da meia-entrada (50% de desconto), é necessária a apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) na entrada do espetáculo. Os documentos aceitos como válidos estão determinados na Lei Federal 12.933/13.

Demais descontos:
* 50% para idosos: Lei Federal 10.741/03 – obrigatória apresentação de identidade ou documento oficial com foto.
* 50% para jovens pertencentes a famílias de baixa renda: Lei Federal 12.933/13 – obrigatória apresentação da Carteira de Identidade Jovem e de documento oficial com foto.
* 50% para pessoas com deficiência (e acompanhante quando necessário): Lei Federal 12.933/13 – obrigatória apresentação do Cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da Pessoa com Deficiência ou de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
* 50% para doadores regulares de sangue: Lei Estadual n° 13.891/12 – obrigatória apresentação de documento oficial válido e expedido pelos hemocentros/bancos de sangue.
* 50% para sócio do Clube do Assinante ZH.

Pontos de venda:
Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – somente em dinheiro):

Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2611 – Loja 249 – Jardim Lindóia – Porto Alegre)

Horário funcionamento: das 10h às 22h.

Online: https://site.bileto.sympla.com.br/araujovianna/

Informações: 
www.araujoviannaoficial.com.br
www.facebook.com/araujoviannaoficial
www.instagram.com/araujoviannaoficial
www.twitter.com/araujovianna_

Telefone: 51 3211-2838

Fontes:
Piky – Mariana Candeias
Assessora de Imprensa – Elemess

Daniela Sangalli
Assessora de Imprensa – Opinião Produtora