Como apreender as corporalidades e facetas performáticas de Elvis Presley, Poison Ivy, Lemmy Kilmister, Kate Bush e Kurt Cobain? Quais são as percepções possíveis sobre o feminino/feminismo a partir da vida e da obra de Sister Rosetta Tharpe, Patti Smith, Rita Lee e Pitty? Onde as dimensões políticas presentes nas letras de Pussy Riot, Bob Dylan, Charly Garcia, L7, Raul Seixas e Ratos de Porão se cruzam com seus compositores e intérpretes? O que as performances de Jimi Hendrix, Ma Rainey, Phil Lynott, Bad Brains e Clemente nos falam sobre a negritude? De que maneiras Cássia Eller, David Bowie, Laura Jane Grace, Joan Jett, Secos & Molhados e Little Richards provocam tensionamentos de gênero? Como manifestações e alinhamentos recentes ou recuperados do passado ressignificam biografias de Courtney Love, Johnny Rotten, Lobão ou Morrissey? Quais desdobramentos são vistos hoje das iniciativas de U2, Alanis Morissette, Metallica e Radiohead sobre a indústria musical?
Presença marcante da paisagem global de mídia e consumo, visceralmente conectado à indústria fonográfica como uma de suas commodities centrais, o rock’n’roll, em suas dimensões transculturais, apresenta impactos histórico-sociais e constitui-se em uma importante linguagem específica dentro do contexto da cultura pop. Mais do que isso, também marca a partilha de princípios identitários e sensíveis de amantes do gênero musical no mundo inteiro. Fundamental para a popularização da música pop desde a década de 1950, ao se misturar às transformações e agendas comportamentais sociais e políticas e às novas possibilidades de performances artísticas desde então, vem se recriando como um organismo vivo: desmembrou-se para diferentes subgêneros como glam rock, hard rock, indie rock, e incitou movimentos musicais e culturais como o punk rock, além de ter incorporado influências de gêneros como a soul music e o funk.

Empenhando-se em gerar um levantamento expressivo de pesquisas que interseccionam comunicação, música, história, sociologia e demais áreas das Ciências Humanas e Sociais, a organização do dossiê ESSE TAL DE ROQUE ENROW: perfis que amplificam o gênero musical em suas dimensões midiáticas, sociais, políticas e performáticas convida autoras e autores para a submissão de artigos que reflitam, através de um(a) artista (singular ou coletivo) com aderência no rock, sobre os tensionamentos, atravessamentos, problematizações e transformações que estas e estes produziram ou ainda produzem em questões sociais e culturais que extrapolam o gênero musical.
A baliza para este dossiê tem inspiração em uma prática típica do jornalismo: o perfil biográfico. Nesta direção, a proposta da chamada reside em um olhar microanalítico, como exercício de percepção e sensibilidade para determinados aspectos das vivências de uma ou um artista/grupo, que se concatenam com discussões a respeito de gênero, raça, nacionalidade, etarismo, consumo etc. A partir da visibilidade exclusiva sobre determinados artistas e seus episódios específicos (sejam eles discos, músicas, apresentações, indumentárias, acontecimentos, eras, declarações, liderança de movimentos), vislumbra-se a possibilidade para a composição de um quadro instigante de análise sobre o gênero musical em si.
Nessa direção, o objetivo é jogar luz sobre possíveis protagonistas destas conexões arteriais entre o gênero musical e as ressonâncias culturais e engajamentos subjetivos das mais diversas ordens que, literalmente, fazem o mundo rolar, quando filtrados pelos discursos e performances do rock. Assim, a noção de perfil serve para sugestionar que, focalizando exames em certos protagonistas, é possível reunir um corpus de objetos que, perfilados, apresentem um breve inventário do rock na sociedade a partir de alguns de seus atores.
O dossiê será composto de artigos que, delimitados em uma personalidade roqueira, explorem de que modos os eventos e marcas notáveis de sua construção lírica, sônica ou imagética, suas performances ou suas carreiras por inteiro se impregnaram a determinadas macro narrativas. Assim, diferentes reflexões e abordagens teórico-metodológicas são bem-vindas.
Os tópicos sugeridos incluem, especialmente:
– BIOGRAFIAS: exames que contemplem fatos históricos (movimentos por direitos civis das minorias, a libertação sexual, o anti establishment, o conservadorismo), relativos à memória (individual e social) e a vivência de artistas; cinebiografias (como elas ressignificam entendimentos, imaginários e afetos); biografias literárias (como elas desenvolvem — ou não — a figura da e do protagonista, por exemplo); formações identitárias e estruturas de sentimento (como compreendemos a experiência dos indivíduos e grupos com as disposições sociais em determinado contexto);
– PERFORMANCES: compreensão dos comportamentos de atores sociais em diferentes situações; análises de performances como uma forma de conhecer, através das encenações, as culturas, suas teatralidades e corporalidades; reflexões a partir de álbuns, turnês, revivals, videoclipes, shows, redes sociais;
– MATERIALIDADES: experiências estéticas potencializadas por usos de elementos tecnológicos e midiáticos; produção de presença a partir da execução de uma canção, em eventos musicais, entre outras possibilidades; ensaios sobre capas de discos, artefatos técnicos, descrição de objetos, vestuário, instrumentos musicais etc.
O dossiê aceitará propostas entre 12-25 páginas, em português ou inglês. Para submeter a sua proposta, acesse o link: https://tinyurl.com/troposrock
Dúvidas e outras questões podem ser enviadas à organização através do e-mail oficial deste dossiê: troposrock@gmail.com
Organização: Caroline Govari Nunes (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Jonas Pilz (Universidade Federal Fluminense) e Thiago Pereira Alberto (Universidade Federal Fluminense)
Data limite para envio dos trabalhos: 20 de julho de 2021
Lançamento do dossiê: dezembro de 2021