Natalia Nissen – @_natiiiii
Doutor Jupter é uma banda da roça, ou melhor, há 319 quilômetros da capital… E em São Paulo isso significa “pra lá do interior”, mesmo que a “roça” seja uma cidade com aproximadamente 700 mil habitantes. A banda de rock surgiu em 2006 em Ribeirão Preto, mas logo os integrantes decidiram mudar-se para a “cidade grande” e conquistar espaço no concorrido mundo da música. A seguir você confere uma entrevista com Ricardo Massonetto, vocalista e violonista da banda Doutor Jupter.
The Backstage: De onde vem o nome da banda? E como tudo começou?
Ricardo: Tudo começou de verdade em nossa cidade, Ribeirão Preto. Lá tivemos um projeto por alguns anos, a banda Sociedade Urbana. Fizemos um trabalho bacana, mas o nome trazia muitas associações com a banda Legião Urbana… aí quando resolvemos mudar para São Paulo, decidimos escolher um nome neutro. Sempre gostamos muito de Legião e toda trupe oitentista, mas para o nosso objetivo, a associação não era bacana. Doutor Jupter foi o nome escolhido para que não tivéssemos novamente os problemas do passado, e por causa do excelente significado mitológico do nome Jupter, tanto na mitologia Grega quanto na Romana. Achamos bem legal, depois encontramos uma composição que combinasse com a palavra, deixamos o Jupter com o “P” mudo pra ficar mais personalizado, e por fim escolhemos Doutor Jupter!
TB: Porque sempre deixar muito claro que vocês são da “roça”? Deixaram Ribeirão Preto por causa da banda mesmo?
R: Sim, deixamos a cidade em busca de mais espaços e de uma vitrine maior (com muita determinação, mas com um grande aperto no peito)… Mudamos para SP em 2006 à bordo de uma Veraneio ano 79, sem dinheiro, sem uma referência na cidade, família, amigos, uma turma ou coisa assim. Passamos por tudo que possa imaginar, mas estamos firmes e focados em nosso objetivo! Agora quanto ao termo roça, estamos falando de algo cultural que percebemos na nossa música, não é algo baseado na infra-estrutura, educação, ou potencial econômico da nossa cidade e região. Ribeirão Preto é um pólo estudantil, possui inúmeras universidades, tem em torno de 700 mil habitantes, e é a capital brasileira do agronegócio. Nos orgulhamos de nossa cidade e de podermos falar dela em qualquer lugar do país. Simplesmente percebemos nestes anos de intercâmbio musical, que realmente tínhamos algo mais “caipira” do que outros artistas e bandas que tivemos a oportunidade de conhecer, como as soluções que encontramos para os arranjos, as vibrações das músicas e outras coisas mais. Utilizamos o termo “roça” para explicar melhor a pulsação sonora da banda.
TB: A Doutor Jupter é uma banda de rock, com pitadas de country, quais são as influências da banda? Quem compõe as músicas?
R: Crescemos ouvindo principalmente o que tocava no rádio. Fomos muito influenciados a princípio, pelo Rock Nacional 80, onde já encontrávamos elementos muito fortes do Folk e do CoutryRock em artistas como Raul Seixas e Legião Urbana. Depois você começa a buscar mais informação por conta própria, e passa a conhecer bandas e artistas que também influenciam em sua formação musical. Podemos dizer que além do Rock Nacional 80, a banda também tem influências de Beatles, Stones, Creedence, Elvis, Los Hermanos, Little Joy, Old Crow the Medicine, Munford Sons, Bob Dylan, Beirut, Suéters (Pirassununga-SP) e uma lista quase infindável… mas resumindo, gostamos de músicas simples, com personalidade e presença de espírito… Não é muito a nossa praia aqueles sons mais turbinados, que se utilizam muito de recursos eletrônicos. Na maior parte dos casos, componho as letras e melodias, levo para banda e aí começamos a dar corpo para a música e trabalhar os arranjos.
TB: O que vocês acham da atual cena do rock, dá para comparar o rock nacional de hoje com as bandas que fizeram sucesso nos anos 80 e 90?
R: Não dá pra comparar, na minha opinião. São fases muito distintas. O papo é outro, o momento mundial é outro, e o comportamento dos jovens também. A cena atual é muito mais rica e muito mais plural do que a das décadas anteriores, o que só faz aumentar a qualidade do que tem sido criado. Acho apenas que a cena precisa encontrar mais acessos. No passado existia um bloco de bandas e artistas que davam certo, que abriam espaços e acabavam puxando outras do estilo, deixavam sucessores e impulsionavam a viabilidade comercial do Rock, das Bandas, das casas de Shows, dos produtores de eventos, das mídias especializadas e todo o comércio de produtos. Hoje a oferta é maior, porém a evidência dos artistas é menor.
TB: Como a banda vê a atual relação da música com a internet? Quais ferramentas da internet vocês utilizam?
R: Sempre fomos uma banda de estrada, sempre vivemos da música, e sempre tivemos nossa realidade fincada nos palcos. A internet é uma ferramenta relativamente nova para nós, e que pretendemos explorar ao máximo. Acho que a internet é fantástica, deixa tudo mais democrático, possibilita contatos, e é uma excelente vitrine. Estamos tirando a banda da idade da pedra e já temos nossas páginas no MySpace, Facebook, Youtube, TNB, Melody Box, Last FM, Twitter, Orkut e etc…
TB: E qual a opinião de vocês em relação aos downloads de músicas?
R: Com relação à divulgação dos trabalhos é muito interessante, mas apostamos mais na tendência dos Downloads remunerados. Imaginamos que isso pode corrigir o que, na nossa opinião, é um dos principais problemas do cenário da musica atual, onde artistas se destacam na internet por um trabalho bem feito e não colhem frutos disso. Achamos que se essa tendência se firmar, os artistas poderão investir mais em suas carreiras, fortalecendo assim a cena independente. Existem excelentes artistas levando suas carreiras como atividades paralelas por falta do retorno financeiro. Arrisco até dizer, que essa é uma realidade da grande maioria de bandas e artistas independentes.
TB: Quais são os principais projetos nos quais a banda está envolvida?
R: Estamos com o lançamento do nosso primeiro álbum previsto para agosto deste ano. Já tem algumas faixas disponíveis para ouvir em nossas páginas na internet, e este disco é, sem dúvida, uma de nossas maiores conquistas. Conseguimos gravá-lo com o prêmio do concurso http://www.vempronovo.com.br, e pretendemos trabalhar muito forte na divulgação desse álbum. Achamos que é nossa grande oportunidade de começar a figurar entre os nomes da atual cena independente, e para isso não mediremos esforços, pois acreditamos demais nesse disco! Pretendemos produzir pelo menos quatro clipes de músicas deste álbum, fazer muitos shows e buscar todos os espaços possíveis e imagináveis para divulgar este trabalho.
[…] banda Doutor Jupter já apareceu aqui no blog em agosto de 2011 em uma entrevista com o vocalista, Ricardo Massonetto. Quase um ano […]
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[…] Há exatos quatro anos rolou entrevista com a banda aqui no blog. E fica a dica para ouvir o primeiro CD, é bom demais […]
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