Débora Giese – @dee_boraa
“I’m free to be whatever I / Whatever I choose / And I’ll sing the blues if I want / I’m free to say whatever I / Whatever I like / If it’s wrong or right it’s alrigh” (Whatever – Oasis)
Apesar dos jingles (aquelas músicas curtas e repetitivas que ficam na cabeça por horas) serem mais populares na propaganda, é cada vez mais comum ligarmos a televisão e nos depararmos com um comercial que possui uma música como trilha sonora. Provavelmente você já ouviu a canção cujo trecho da letra está no início deste post: talvez na tv, no rádio ou em alguma página na internet. “Whatever”, da banda britânica Oasis, é a trilha sonora da nova propaganda da mundialmente famosa fábrica de refrigerantes Coca-cola.
A canção, entoada na voz das crianças, empresta sua suavidade às imagens que motivam os espectadores a lutar por um mundo melhor: “Existem razões para acreditar. Os bons são maioria”, diz a mensagem da campanha.
A escolha certa da música aumenta o impacto da propaganda. Algumas são tão bem escolhidas que se tornam “marca registrada” de determinados produtos. Quando isso acontece, a associação da música ao produto é feita automaticamente pelos consumidores. A grande maioria vai buscar descobrir o autor e nome da música de determinado comercial, mas acaba identificando o som como “aquele do comercial de tal coisa”.
O empresário Julian Ortiz Gonçalves, 25 anos, comenta que é preciso muito investimento para fazer uma propaganda assim. O custo de um comercial com música é absurdo: tem direito autoral, e isso inclui se a música é própria da banda ou se é de outra, se a letra é igual, se é paródia, quantas vezes o comercial vai ser veiculado, enfim, muita burocracia. Um grande risco financeiro, pois a campanha sempre tem a chance de não dar certo, de não emplacar como o esperado.
Exemplos de filmes publicitários que tiveram sucesso nessa parceria entre música já consagrada e propaganda não faltam. O Banco Itaú, no ano passado, utilizou a “Imagine” do John Lenon para fazer seus clientes sonharem. Em 2008, a Ford fazia todo mundo cantar junto “Happy Together” do The Turtles durante a apresentação do novo Focus. Em 2009, enquanto a Claro perguntava “Should I Stay or Should I Go?” (do The Clash), a Coca-cola dizia “what a wonderful world”, numa versão cantada por Joey Ramone.
“Essas propagandas, como a da Coca-cola, trabalham só o institucional. A marca tá tão impregnada na cultura do mundo inteiro que os caras só trabalham a imagem, conceitos” diz o assistente de marketing, Thierry Nowacki Moura, de 23 anos. Os publicitários aproveitam a chance de “escapar” de jingles juntando a consagração da música com uma marca de sucesso e, voilà! Surge um comercial genial com grandes chances de permanecer na memória dos consumidores por bastante tempo.
Não há dúvida sobre a capacidade de a música salvar uma produção ou destruí-la de vez. A sensação que ela provoca nas pessoas é algo único. E a publicidade, assim como o cinema, sabe explorá-la como ninguém. Ou vai dizer que quando você ouve “we will rock you” não lembra da Pepsi e de suas gladiadoras?