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Carol Govari Nunes@carolgnunes

O objeto que desencadeou toda essa história (Foto: Carol Govari Nunes)

Eu não notava a diferença entre um abajur e uma luminária até me mudar para Portugal. Em Frederico Westphalen eu tenho uma luminária: lâmpada fluorescente, luz branca, clara, boa para ler, dar foco, enxergar melhor. A casa onde moro, aqui em Faro, já estava toda mobiliada quando cheguei, e no meu quarto havia um abajur. Eu não me lembro de ter um abajur desde que era muito criança. O meu era colorido e peixinhos ficavam girando ao redor da lâmpada. Depois da luminária (e das lâmpadas fluorescentes, em geral), ficou tudo muito claro, muito limpo, muito nítido. Tudo parece uma farmácia. Eu sei, devemos economizar energia e as lâmpadas fluorescentes são mais econômicas e têm maior durabilidade, mas só aqui fui valorizar o toque intimista que o abajur dá em um quarto – ou em qualquer lugar em que ele esteja. Pode parecer idiotice, mas a penumbra portuguesa me faz querer chorar de tão confortável que eu me sinto. O abajur ilumina, mas não grita, assim como todas as luzes da cidade velha aqui em Faro.

Você pode estar pensando que eu sou louca por escrever sobre isso em um blog de música e que deveria escrever no diário que eu nem tenho. A verdade é que nem sei onde eu quero chegar com esse assunto. Talvez eu não chegue a lugar algum, são apenas coisas da minha cabeça, até porque o Agridoce ainda não lançou o disco. Eu pensei em esperar o CD da dupla sair para postar, mas acredito que não faria tanto sentido – pelo menos não pra mim. Além do mais, o The Backstage nunca foi um blog de furos de reportagens, “Extra! Extra!”, nunca nos preocupamos em postar primeiro ou seguir um critério vazio de cumprimento de pautas só porque “está acontecendo no momento”.

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As luzes da cidade velha aqui em Faro, na Freguesia da Sé, bairro onde eu moro (Foto: Carol Govari Nunes)

Ok, nem estou tão fora assim, já que “Dançando”, primeiro single oficial do Agridoce, saiu há alguns dias, porém, eu só consegui ouvir agora, devido a um problema na internet da minha casa. Assim como “Upside Down”, que não sai do repeat desde então. Músicas de abajur.

Pitty nunca foi lá muito “luminária” e agora com o Agridoce isso está mais notável. Martin também e isso eu já havia percebido no “Dezenove vezes amor”, onde pudemos ver o guitarrista como letrista e cantando pela primeira vez.

Se eu pudesse escolher como gostaria de ver o show do Agridoce, escolheria um lugar com poucas luzes e uma plateia silenciosa. Por favor, não coloquem holofotes na cara dos músicos, não peçam para cantar “Memórias”, esqueçam que “Me Adora” existe, não gritem, não decomponham o clima. Se não for pedir demais, aplaudam apenas nos intervalos, me deixem ouvir e sentir o que está acontecendo no palco. Mas é lógico que esse show só existe na minha cabeça pensante ao lado do abajur do meu quarto semiescuro, but’s ok, eu vou superar esse pensamento até o dia em que conseguir ver o show deles. Ou não.

Sei que o CD tá chegando e sorte de quem já garantiu o seu na pré-venda. Eu vou comprá-lo quando voltar para o Brasil, gosto bastante da dupla, mas o frete pra cá não é muito barato (então já fica o meu pedido para que alguma alma boa o coloque para download).

Também estou curiosa pra ver as imagens que o Otavio Sousa fez durante as gravações. Talvez eu nem escreva por aqui sobre o lançamento do CD, mas aposto que tem coisa boa vindo por aí.

(Aí eu escrevi isso ontem a noite e eles resolvem lançar um clipe hoje. Não vou modificar nada se não isso aqui vai virar uma folia, mas veja abaixo o lindo clipe):

Carol Govari Nunes@carolgnunes

O vocalista e guitarrista Martin em show no ano de 2006 (Foto: Carol Govari Nunes)

Há algum tempo meu namorado disse que eu sou muito exagerada. Não lembro direito a ocasião, mas provavelmente foi por que um fiapo de corda raspou no meu dedo e eu estava apavorada achando que iria pegar tétano. Ou na ocasião em que eu bebi demais e entrei em pânico pensando que acordaria no dia seguinte e ainda estaria bêbada, ficando assim pelo resto da minha vida.

Aí dia desses viciei completamente no Dezenove Vezes amor – disco de lançamento da dupla Martin e Eduardo. Um belo disco de rock com melodias bem trabalhadas e letras trazendo à tona o cotidiano e reflexões. E desde o dia do lançamento eu não tiro as músicas do play nem sob tortura.

Eu não gostei do Dezenove Vezes Amor: eu morri de amores pelo Dezenove Vezes Amor. Canto todas as músicas pelo apartamento, faço minhas amigas ouvirem na marra, crio clipes e me aposso das músicas como se elas tivessem sido escritas para mim (e por mim).

Todas as manhãs a mesma rotina: se eu não ouvir o disco, vou tropeçar na escada, cair e perder o ônibus para a faculdade. Ou eu coloco “Só” bem alto no fone ou meu dia será péssimo. É pior que passar debaixo de uma escada em uma sexta-feira 13. Então um, dois, três: lá estou eu tocando air drum ao atravessar a rua como se não houvesse trânsito.

Eduardo tocando com a cantora Pitty no Pepsi On Stage, em Porto Alegre (Foto: Carol Govari Nunes)

Reclamo porque falaram que o Dezenove Vezes Amor não é bom. Na verdade, quem disse isso mal ouviu o disco, mas eu não vejo assim: eu fico louca, chorando, esperneando, xingando todo mundo (mentalmente, é óbvio. Sou exagerada, mas ainda me sobra um pouco de bom senso).

Mas calma, não é sempre assim. Às vezes eu consigo me controlar e só coloco 4 vezes no repeat. Repeat, repeat, repeat, repeat.

Perder o show de lançamento de Martin e Eduardo foi uma desgraça, me deixou com o coração partido, foi o fim do mundo.

Ouvir o Dezenove Vezes Amor todo santo dia é algo sagrado, amém.

Eu disse que era exagerada, mas não disse que não era louca.

*O site da dupla é bastante completo e nele você encontra cifras e letras das canções, além de várias informações, vídeos, blog etc.