“Somos o A e o Z em nosso universo”, diz Fábio Cascadura

Posted: 16/09/2010 in Entrevista, Rock
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Carol Govari Nunes – @carolgnunes

Há 18 anos fazendo rock em Salvador, o Cascadura já foi elogiado pelos maiores nomes da música nacional: Lobão, Nando Reis, Pitty, entre outros. Atualmente trabalhando em seu quinto disco, o “Aleluia”, Fábio Cascadura, membro da formação original, nos conta, por e-mail, sobre o processo de divulgação online e todo o retorno que a internet possibilitou (e possibilita cada vez mais) para as bandas independentes.

O Cascadura faz parte dos artistas totalmente independentes, produzindo tudo o que é veiculado (Foto Ricardo Prado)

Veja, a seguir, o que Fábio Cascadura contou para o The Backstage:

The Backstage: Como é a divulgação da banda na internet? Como atingir o público?

Fábio Cascadura: Acho que o processo de divulgação de uma banda na internet não tem mais mistérios. O Cascadura se utiliza dos canais que estão disponíveis na rede, buscando fazer chegar seu som ao maior número de pessoas. Um bom exemplo são as comunidades de relacionamento como MySpace, Orkut, Flickr, Fotolog, Youtube, Twitter… tudo isso soma.
Além disso, para nossas apresentações essas são ferramentas disseminadoras em potencial.

TB : Como é lançar um disco através de um selo independente?

FC: Bem, dentro da realidade atual, é massa. A liberdade é fantástica! E no final, salvo pelos orçamentos que se despendem com divulgação em TVs e rádios, estamos em pé de igualdade no que diz respeito a qualidade técnica. Os discos do Cascadura sempre são indicados ao lado de artistas das chamadas grandes gravadoras e outras, chamadas  independentes, mas que são gravadoras com o mesmo comportamento das tradicionais… Na real, nem selo nos temos, nem somos contratados de selo para lançar discos ou outros produtos do Cascadura. Estamos na faixa mais atuante da música: a do artista totalmente independe. Aquele que é músico, compositor, produtor, empresário. E estamos adorando ser isso e sermos reconhecidos pela excelência do que temos proposto…

TB: Quais os benefícios que a banda têm com a utilização da internet?

FC: É muito simples: não existem fronteiras físicas. Podemos chegar onde quisermos, por quanto tempo quisermos. Lógico que não dá para viver somente no mundo virtual e ele só não basta. Mas vamos pensar que atrás daqueles computadores existem seres humanos, que sentem algo diferente quando escutam algo igualmente diferente… Isso é o que acontece quando se propõe algo bom, realmente artístico. É uma questão de seguir expondo o que se pensa com muita honestidade e responsabilidade… A internet é um campo aberto é preciso lidar com muita responsabilidade com ela.

TB: Como era anos atrás, antes dessa possibilidade de veiculação online?

FC: Não era melhor ou pior que hoje. Era diferente, talvez mais difícil por conta das distâncias. Mas era igualmente realizador.
Geralmente, antes das gravações domésticas digitais, uma banda levava um ou dois anos na garagem, no barzinho, tocando, aprimorando o repertório para então chegar a um estúdio profissional ou semi-profissional para gravar uma fita demo. Era uma delícia. Ao menos para mim que fiz isso algumas  vezes e aprendi um monte de coisas pelo trajeto… Hoje é mais fácil, acho que isso é bom por um lado, mas por outro, nos faz dar de cara com um monte de bandas despreparadas, iludidas pela veiculação virtual fácil.  as vezes os caras tem uma demo com zilhões de acessos e só por isso pensam que são revolucionários e que merecem ” O seu espaço”. Ora, acessos por acessos “A dança do quadrado” tá aí, bombando. Nem por isso lhe atribuem a alcunha de “genial”. Mas, essa é uma característica deste tempo em que estamos vivendo e não é a ruína da música. O trajeto vai selecionando e aprimorando cada um…

Fábio Cascadura utiliza todas as redes virtuais possíveis para divulgar sua música (Foto: divulgação)

TB: E a produção de videoclipe pra circulação online causa o mesmo efeito que na televisão?

FC: Não. Do mesmo modo que a divulgação na internet proporciona liberdade de quem quiser ver um clipe, assisti-lo quando quiser, na TV, essa divulgação mostra essa obra a quem não esperava vê-la. Os dois veículos são importantes e válidos. Devemos usa-los, todos.

TB: A disponibilização de EP’s e CD’s inteiros na internet ajuda realmente na divulgação? Como é o retorno? Há retorno financeiro?

FC: Diretamente, não. Não há retorno financeiro. Mas há o retorno de circulação. É algo que só se pode medir em amostragens dentro de um espaço muito largo de tempo. Nós disponibilizamos a nossa música na internet, especialmente, porquê queremos que as pessoas nos escutem. Isso não inibe a compra de CD’s. Um exemplo é o nosso 4° disco, Bogary. Suas músicas estavam disponíveis na internet o tempo inteiro e vendemos mais de 10 mil cópias deles. Nós mesmos vendemos! De mão em mão. Claro: houve o apoio da distribuidora… mas a grande maioria dos exemplares foi vendida nos shows da banda.
Além disso, mais pessoas passaram a ter acesso ao nosso som, ao nosso ideal, nossa proposta, nossas letras e histórias. Uma curiosidade maior se criou em relação ao que somos no palco e mais gente veio aos shows (em especial na Bahia e em São Paulo). Daí, tivemos retorno, sim. Vivemos de música para a música. ninguém na banda é rico ou tem herança de grana. Mas todos se sustentam com o trabalho na música. Isso é mais importante quando percebemos que somos nós os empresários, produtores, agentes… Somos o A e o Z em nosso universo. Só não podemos ser o nosso público. Por isso ele nos é tão importante.

*Outras informações sobre o Cascadura você encontra no twitter oficial da banda e no twitter de Fábio Cascadura.

Comentários
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  2. […] disponibilizando letras e assuntos relacionados ao disco. Atualmente o Cascadura é composto por Fábio Cascadura e Thiago Trad, dupla a frente da banda há 10 anos. Pela formação já passaram diversos músicos, […]

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  3. […]  20 anos de estrada, 4 discos na bagagem. Sou louca pelo Cascadura e o “Aleluia” é genial. Fábio Cascadura é um dos maiores compositores do Brasil, o disco é duplo, é experimental, é de chorar. Não […]

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