Tema do Dia: sempre haverá um ouvido atento para as notas de uma boa canção de rock

Posted: 13/07/2015 in Rock
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Eles não vestem apenas roupas pretas e usam cabelos compridos, não fazem o estereótipo do quarentão grisalho com jaqueta de couro sobre uma motocicleta, mas são unânimes quando o assunto é música: o rock também é um estilo de vida. Hoje, os amantes da música homenageiam os artistas e comemoram o Dia Mundial do Rock.

Para o músico Max Lima, responsável pelo violão e vocais da Bico Fino Brother’s Band, é uma data para reunir os amigos e celebrar o estilo que influencia diretamente a vida de muita gente. E para os integrantes da Hello! Ms. Take – Walter Silva; Ismael Schossler; Eduardo Machry; Estevan Junges e Bernardo Siqueira – é dia de comemorar a unificação da atitude de pensar, amar, se revoltar, abrir a mente e protestar, de uma maneira sem rótulos nem diferenças.

Com o passar dos anos, o rock mudou, mas a essência se mantém. É um gênero que transmite a identidade de várias gerações. E Lima acredita que o público envelheceu um pouco. Ainda que muitos adolescentes saibam quem foram os Beatles ou quem sejam os integrantes da banda Foo Fighters. Até os anos 2000 poderia se dizer que o rock era o estilo do momento, já que o mercado musical não era tão capitalista e o rock gaúcho, por exemplo, era mais forte e respeitado nas terras riograndenses. “Hoje, a mídia e a indústria estão diferentes, e os estilos mais comerciais são outros. A maioria das pessoas segue o que a moda dita e temos menos jovens ouvindo rock. E eles são o público dominante nas baladas”, diz.

O músico complementa que aqueles que ainda gostam de rock têm um estilo de vida mais caseiro. Os espaços para ouvir esta música diminuíram, e fazer rock nos anos 1970, 1980 ou 1990 era mais fácil do que atualmente. “É preciso buscar novos espaços e construir pouco a pouco o público. Aí está o desafio”, defende. E este desafio das bandas de rock, assim como dos fãs, é encontrar espaços que abram suas portas a um gênero que já foi mais popular.

Segundo Lima, outros estilos que têm menos apelo comercial, como o reggae, o jazz e o blues, também têm dificuldade para tomar conta dos palcos de casas noturnas. “Acho que o formato do mercado musical atual, que cada vez mais trabalha e massifica o modismo, contribuiu muito para isto. Ao mesmo tempo, vejo um determinado público mais de meia idade reclamando por falta de espaços para o rock. Então algo estaria errado. Vejo aí uma dificuldade em conciliar esse público com as casas noturnas”, reflete.

Para os guris da Hello! Ms. Take, o rock é universal e tem recuperado seu espaço. A massificação de outros estilos também cria a possibilidade de agradar a ouvidos cansados daquilo que é imposto diariamente. “Quem vive no mundo rock, seja ele clássico, alternativo ou pesado, sabe que pode tocar em qualquer lugar do planeta que haverá alguém feliz por estar ouvindo o que está sendo apresentado. Mesmo com os regionalismos musicais, os folclores e os estilos midiáticos da música atual, o rock está e sempre estará presente, fazendo história e consagrando ídolos”, afirmam.

Imagem: reprodução

Imagem: reprodução

De pai…

Um solo de guitarra do multi-instrumentista mexicano Carlos Santana fez Arnulfo Bender (64) se apaixonar pelo rock and roll. “Comprei uma coleção com meu primeiro ordenado, aos 17 anos. Depois, fui para os clássicos como The Beatles.” A vida do lajeadense sempre esteve ligada ao mundo da música. Foi baterista, operador de som e, por muitos anos, vendedor de discos de vinil na cidade.

Na loja da família, na esquina da Rua Carlos Von Kozeritz com a Julio de Castilhos, entre as dé- cadas de 1980 e 1990, ele era quem sabia quais os discos iriam se tornar hits nas rádios. “Os clientes perguntavam se eu poderia fazer seleções com os álbuns do momento. Ficava horas escutando as faixas, garimpando as melhores e passando tudo para os rolos de fita K7.” Depois, datilografava a seleção para indicar os lados A e B.  “A experiência me fez gostar de vários estilos”, explica.

O gosto de Bender passeia por diferentes ritmos. Vai do blues ao folk. “Sou crítico. Presto muito mais atenção na melodia do que na letra.” Mas o rock está na sua essência. “Por que não lembrei de trazer minha camiseta do Black Sabbath?” interroga o filho, enquanto faz pose para a foto. “O rock rejuvenesce. O som entra em você. Quando escutamos, incorporamos o ritmo. Queremos estar no palco, ser o próprio músico. Tocar a guitarra dele.”

Mesmo tendo suas preferências, lembra que um bom ouvinte precisa ter repertório. “Temos que escutar de tudo para saber o que é bom e o que não é. Nem é preciso ser rock para ser bom. Gosto da música que entra em mim. Por isso, escutar é um ato individual. Costumo apreciar deitado e sozinho em casa. Ou no meu carro, enquanto estou indo à praia. Nem vejo o tempo passar.”

….Para filho

Na sala de Eduardo Bender (32), uma vitrola da década de 1960 toca a banda de rock inglesa Jethro Tull até cansar os ouvidos dos vizinhos. Ele é colecionador dos rádios valvulados e amante do bom e velho rock and roll. Herdou do pai, Arnulfo, o gosto musical. “O rock é prazer. Um estilo de vida.”

A coletânea de vinis ultrapassa os dois mil volumes. Rush, Black Sabbath, Deep Purple, AC/DC e Creedence estão entre os bolachões que coleciona. O acervo é preservado com enorme cuidado. Todos os discos estão embalados e guardados em caixas. Para não arranhar, Eduardo segue um ritual limpeza antes de colocá-los para tocar. Depois, lustra um por um. “ Som na vitrola é melhor do que nos aparelhos modernos”, observa, com nostalgia.

A série conta com peças raras, como um rádio valvulado da ex-Iugoslávia. O mais antigo é da década de 1930, da marca Philco. “Todos foram restaurados e funcionam. Prezo por isso.” Para escutar as ondas do AM e, em alguns casos até a FM, é preciso aguardar a válvula esquentar. “Isso se tornou mais do que um hobby: hoje é um negócio, que faz parte da minha história de interesse pela música.”

Por Natalia Nissen  e Taciana Colombo

A matéria completa foi publicada hoje (13), no Tema do Dia do jornal O Informativo do Vale.

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